Mas é melhor preveni-la do que remediá-la.
Querem cheques-ensino? Querem co-pagamentos na Educação?
À moda liberal?
Então comecemos por fazer o seguinte…
Acabemos com os financiamentos por grosso, com base no número de turmas com contrato de associação, e entreguemos o cheque-ensino directamente às famílias para que o apliquem na escola privada que quiserem, da sua escolha, mas façamo-lo de acordo com a lógica fiscal e de concessão de abono de família do Governo: só há cheques da totalidade do valor para quem tiver um rendimento abaixo de 3000 euros anuais, cheques com 75% para quem tiver rendimentos entre 3000 e 6000 euros e 50% para quem receber entre 6000 e 8000 euros.
Acima dos 8000 euros… frequentem a escola pública ou paguem a opção do seu próprio bolso.
Admito diferenças, de detalhe, no caso de famílias com mais de 3 filhos ou para crianças portadoras de necessidades educativas especiais na versão restrita da lei.
Acho que o liberalismo é isto.
Socialismo é dar por igual a todos, sem atenção às diferenças, acabando a promover maior desigualdade, visto que os mais desafogados poderão sempre – ao receberem o cheque universal – pagar as propinas mais elevadas que os colégios do topo dos rankings exigirão.
Outubro 21, 2012 at 12:17 pm
O liberalismo linguístico (ou “multicultural”?) também pode dar nisto: http://lishbuna.blogspot.pt/2012/10/blog-post_21.html
Outubro 21, 2012 at 12:18 pm
o e interior?Ah e as ilhas?Que escolha teriam?
Outubro 21, 2012 at 12:22 pm
#2,
No interior, GPS, nas ilhas, a Igreja.
Outubro 21, 2012 at 12:39 pm
Paulo, o problema não será mais básico (a montante, como é moda dizer-se)?
Ou seja, não estamos, no fundo, a falar de multi-tributações aplicadas a tudo o que fazemos, indiscriminadamente? Independentemente do seu grau de necessidade e, até, de obrigatoriedade?
Outubro 21, 2012 at 12:40 pm
«A cada um segundo as suas necessidades, de cada um segundo as suas possibilidades». Em que é que isto dá a todos por igual e cria desigualdades?
Por que razão é ensino gratuito para toda a gente, na escola pública, mesmo para aqueles que o podem pagar? Já pagam impostos, é certo, mas parece que não chega, pois são desviados pelos amigos do alheio…
Outubro 21, 2012 at 12:43 pm
You must be joking!
Outubro 21, 2012 at 12:44 pm
#4,
Sim, mas há quem queira acentuar mais as coisas, como se percebeu pelos acréscimos diferenciados no IRS.
35.
Não percebi se é uma crítica ao que escrevi.
Outubro 21, 2012 at 12:49 pm
Frase do ano de 2013…
Outubro 21, 2012 at 12:53 pm
Proposta sensata
Outubro 21, 2012 at 1:24 pm
É pá, vamos lá a ser sérios: onde é que o cheque-ensino funcionou, cumprindo os objetivos para que foi criado?
Outubro 21, 2012 at 1:30 pm
Hehe. Boa malha!
Só juntaria ao “caldo” um financiamento aos sindicatos via prémios de “produção”! 😀
Outubro 21, 2012 at 1:51 pm
Só não concordo com a conclusão, que acho um pouco forçada. Liberalismo a sério baseia-se numa igualdade radical entre todos.
Igualdade de direitos, entenda-se, que no resto ninguém dá nada a ninguém.
Claro que isto gera um agravamento das desigualdades sociais, porque efectivamente as pessoas têm capacidades físicas e intelectuais, condições económicas e familiares, condicionantes culturais e mentais muito variados.
Socialismo será, e salvo melhor opinião, porque nos tempos que correm isto anda tudo trocado, tentar dar a cada um segundo as suas necessidades.
Outubro 21, 2012 at 2:08 pm
Quanto às ideologias e suas linhas…antigamente seria uma coisa e agora será outra, numa sociedade global totalmente modificada. Aí não faço ideia, mas gostaria muito de saber, se há novos teóricos pois eu nunca mais li nada disso…não me motiva.
De qualquer forma como ignorante que me sinto (e sou) nestas matérias de política global quer educativa quer económica tenho de concordar sempre com o Paulo e penso que daria um bom primeiro ministro. Já pensou nisso? Quem se rodeie de bons colaboradores e trabalhe em equipa poderá, decerto, ter uma acção governativa eficaz e justa apesar de todos os contextos internacionais desfavoráveis a quem não seja carneiro ( e muito menos ovelha negra). Eu votaria em si.
Outubro 21, 2012 at 2:16 pm
As propostas que se mostram sensatas e equilibradas com as aqui apresentadas defrontam um mesmo problema básico: têm que afrontar os interesses instalados e o preconceitos ideológicos (que os recobrem), que dificilmente desarmam.
Tentemos ver com alguma clareza.
Aos que afirmam, sem mais – e quase sempre por razões ideológicas -, que a liberdade de escolha, na Educação como noutros domínios, reduz as desigualdades, eu contra-argumento mostrando que ocorre precisamente o inverso, que, em muitos casos, essas desigualdades se tenderão a acentuar.
Evidentemente, o problema não reside na liberdade, não se resolve o problema abolindo-a, está, antes, no facto de a liberdade não ser uma mera formalidade a priori (uma pura contingência) e, por isso, não se exerce indeterminadamente, no “vazio”, mas em concreto e em condições sociais, económicas, culturais, etc. – que já supõem e implicam desigualdades objectivas – e que limitam efectivamente o espectro das possibilidades de escolha.
Se todos pudessem dispor por igual da mesma liberdade de escolha – e admitamos que o cheque-ensino a consagra e viabilizará -, teríamos o problema resolvido (ou ele nem se colocaria).
Mas quem vive em zonas mais isoladas do interior (p.ex., no Alentejo, realidade que conheço melhor, mas que decerto não é caso único, pode é ser peculiar) pode escolher outras escolas, situadas a grandes distâncias, até porque na sua zona nem existe oferta privada? Com que rede de tranportes? E quem pagaria estes? Alojamento?…
Ou quem vive numa zona urbana degradada, que tem à disposição uma escola com um ambiente problemático, poderá enviar os seus educandos para uma escola de zonas mais favorecida, com outro ambiente, mas já lotada por aqueles que lá habitam ou simplesmente já lá estão?
Estes não considerarão que defender aquilo que julgam uma necessidade – preservar o bom ambiente da “sua” escola – se antepõe ou sobrepõe à liberdade dos outros?
E depois, há outro tipo de questões, fundamentais, como seja a de saber que tipo de educação e de ensino é que se promoverá com base na pura competição da oferta.
Olhando, objectivamente, para o modo como funcionam bastantaes escolas privadas, é uma questão que deve merecer uma séria reflexão, para além das simples querelas ideológicas.
Outubro 21, 2012 at 2:21 pm
# 14
Já aludi a parte do que escreveu no «post» de ontem.
Há também um problema de responsabilidade pessoal. Se o governo entregar a «grana» diretamente nas mãos das famílias, muitas vão estourá-la em alimentação, habitação, vícios, etc. Foi o que aconteceu por aqui quando, há uns anos, os iluminados da câmara decidiram subsidiar diretamente algumas famílias carenciadas.
Resultado: os papás gastaram o dinheiro em tudo menos nos materiais escolares. Ao fim de dois anos (demoraram tempo a perceber a coisa os iluminados, acabaram com a rebaldaria).
Outubro 21, 2012 at 2:43 pm
Dr. Paulo
Pela primeira vez estou completamente de acordo consigo. A sintonia é perfeita.
Aquilo que escreveu designa-se de “Justiça Social”.
A igualdade de oportunidades pressupõe tratar de forma diversa aquilo que, pela sua natureza, é diferente. Isto sim, é igualdade. Tudo o mais é conversa da treta.
No que toca ao balizamento que fez, desconheço os seus fundamentos mas não me choca. De todo o modo, é bom ter presente o “salário médio” em Portugal para, a partir daí, poder construir as ditas “balizas”.
Outubro 21, 2012 at 2:57 pm
#12,
O uso dos termos “liberalismo” e “socialismo” tem algo de sarcástico.
#10.
Resultou em alguns casos pontuais, na formulação de targeted voucher.
Deixei link para o estudo num post anterior.
Já tem tradução portuguesa e será publicado numa pequena colectânea no próximo mês.
Outubro 21, 2012 at 3:12 pm
Eletrochoques quando pegarem num livro desde os 24 meses aos que vao pertencer a casta inferior.
Outubro 21, 2012 at 3:54 pm
# 16
A igualdade seria, pá, a malta nascer na «mesma família».
A desigualdade começa logo aí, prolonga-se pelo «status», pela zona do país onde se nasceu e cresceu, pelas expectativas que a família deposita nas suas crianças e na escola, pelo ambiente em que se cresce, etc., etc., etc.
Volto a escrever: muita gente, se depositado na sua mão, vai gastar a massa em tudo menos na educação dos seus filhos.
Querem igualdade de oportunidades? Peguem nos alunos das 200 escolas situadas no final do «ranking» e coloquem-nos a frequentar as 50 primeiras do mesmo e vice-versa. Depois conversamos.
Tenho por aqui muitos mongos desejosos de que isso se concretize…
Outubro 21, 2012 at 4:06 pm
19
no país do experimentalismos de boas intenções, acho a ideia excelente!
0
concordo ou é “liberalismo” mesmo a sério ou comem todos do mesmo prato!!!
os neo-liberais dos jotinhas que gravitam nos ministérios que assumam o liberalismo de vez!!!
Outubro 21, 2012 at 6:37 pm
#15
Claro! Só quem não passou pela coisa é que ainda sonha. A proposta presente permitiria consagrar o pior de dois mundos: a desresponsabilização do indíviduo de um e a desresponsabilização do colectivo do outro.
Há uma coisa que não percebo: para os que defendem a bondade do cheque ensino, para quê manter um sistema público paralelo? A primeira coisa a fazer, nessa perspectiva, não seria rever a constituição e acabar com ele?
Outubro 21, 2012 at 6:44 pm
Se o estado cobrar equitativamente e eficazmente impostos, pode fazer um sistema para garantir aos insolventes o direito à educação. Não se percebe porque deveria entregar dinheiro a privados para o fazer. Não só porque já se provou que isso não funciona, mas também por questões de coerência. É que se os privados conseguem imaginar um sistema que funcione não precisam de apoio do estado. Podem pedir crédito aos amigos da banca e conceder crédito aos estudantes. Podem criar sinergias que permitam à sua actividade na área do ensino ser rentabilizada noutras áreas. Enfim, podem ser iniciativa privada.
Outubro 21, 2012 at 7:12 pm
O nosso Dr. Guinote agora deu em dizer que:
“Acho que o liberalismo é isto”
Acha mal! De forma muito resumida, o liberalismo é isto:
Outubro 22, 2012 at 9:16 am
Só mais uma achega para a proposta: as escolas “privadas” não podem, de maneira nenhuma, limitar o acesso à “sua” escola, quaisquer alunos que nela se proponham ingressar.
Deve haver o direito dos alunos escolherem a escola e o dever das escolas de aceitar essa escolha. Caso contrário, apenas estamos a financiar a escola privada que vê assim alargado a sua “base de recrutamento” dos melhores alunos
Outubro 22, 2012 at 9:36 am
#23,
O uso da arma é algo em que acho que certos extremos se tocam.
A definição, claro, é redutora e minguada para cérebros do género “Tea Party”/Paul Ryan/borginhos (daqueles que fazem encostados ao apelido e grupos de trabalho que custam milhões).