Ontem coloquei nas Páginas FB de Anibal Cavaco Silva e da  Presidência da República o seguinte:

Exmo Senhor Presidente,

Tomo a liberdade de me dirigir a Vª Exª através do Facebook, a fim de protestar contra as medidas hoje anunciadas pelo Primeiro-Ministro Passos Coelho. Vª Exª afirmou hoje mesmo que a”experiência de 15 meses” de programa de ajustamento mostra que “é uma boa altura para se fazer uma revisão dos compromissos assumidos”.

E mais sublinhou Vª Exª, sobre mais sacrifícios para os portugueses, que é necessária “equidade nas decisões” e que “só se podem considerar para acréscimos de sacrifícios os que ainda não foram afetados” pelos cortes já realizados.

Hoje assisti, pelas 19.20, à continuação do esbulho do meu trabalho, sem que o Primeiro-Ministro tenha sequer explicado porque é que a receita que nos é imposta, não produz resultados.

A fadiga tributária, como referiu o Professor Doutor Adriano Moreira, já mora nas carteiras vazias dos portugueses, dos sectores públicos e privados, nomeadamente trabalhadores por conta de outrem.

Referiu o Primeiro-Ministro que as medidas anunciadas iriam ajudar as empresas: não sendo economista, não acredito. Com menos dinheiro a procura interna irá diminuir, as empresas não venderão, as exportações não serão o maná que irá levantar o País. Sem procura interna as empresas não vendem, não vendendo despedem trabalhadores e não compram a fornecedores. Por outro lado, estes fornecedores, não vendendo, despedirão pessoal,não comprarão a outros fornecedores e serviços, transformando-se a economia nacional num pântano, numa perigosa espiral de pobreza contínua, da qual será difícil sair.

Como refere o economista Nicolau Santos, do jornal Expresso, “o atual colapso da economia portuguesa não é apenas resultado de erros acumulados no passado. Resulta tambem da orientação económica que tem vindo a ser seguida. As medidas ontem anunciadas insistem no mesmo caminho. É pouco inteligente pensar que os resultados serão diferentes”.

Por outro lado, o economista Paulo Trigo Pereira, em o jornal Público, afirma que as medidas anunciadas “não resolvem o problema do Tribunal Constitucional”, sendo inconstitucionais, mantendo “um tratamento diferente entre os trabalhadores do privado e os funcionários públicos e pensionistas.”

Por outro lado, o Professor Doutor Jorge Miranda sublinhou que o PM anunciou “que iria haver impostos sobre o capital e riqueza, mas não concretizou, enquanto relativamente aos rendimentos do trabalho, concretizou. É de recear que continue a haver falta de equidade”.

Como Presidente da República e Primeiro magistrado da Nação, espero de Vª Exª actuação conforme as palavras que, sabiamente, produziu.

A Democracia não é só votar. É colocar os nossos problemas aos órgãos de soberania e esperar que tenham acção consentânea com os pensamentos que exprimem.

Perante estas medidas inconstitucionais espero de Vª Exª o veto sobre as mesmas.

O País, como Vª Exª já se apercebeu, não aguenta mais. Se Vª Exª não actuar qualquer dia não restará País.

Agradecendo a atenção para o exposto, apresento os meus cumprimentos

Assinado: Fernando José Rodrigues, Professor, Leiria.