CAP nomeada no novo mega em Castelo da Maia. Ao que parece, o senhor DREN recompensou a desafeição da directora da Secundária, Paula Romão, com o seu afastamento, optando pelo director do Agrupamento de Escolas de Castelo da Maia para chefiar a dita CAP e não a directora da escola-sede.
Vou acreditar que nada disto tem a ver com aquele Prós e Contras e depurações à moda da outra senhora, mas tudo com opções legítimas e fundamentadas nas vontades dos envolvidos.
Junho 29, 2012 at 4:30 pm
Pois… o que mais se anda a ver por aí são opções legítimas e fundamentadas… basta saber é em quê.
Junho 29, 2012 at 4:36 pm
“(…)Vou acreditar que nada disto tem a ver com aquele Prós e Contras e depurações à moda da outra senhora, mas tudo com opções legítimas e fundamentadas nas vontades dos envolvidos.
E eu acredito no Pai Natal.
À boa maneira Estalinista! Só não mandam @ss@ssinar porque suja e dá muito nas vistas!
O SOS “Socorro Estão A Bater-me” saiu-me uma boa encomenda:
Também nunca gostei dele.
Reduzir custos ou garantir o melhor funcionamento das escolas.
A polémica sobre a agregação de estabelecimentos de ensino.
Os grandes agrupamentos favorecem ou põem em causa o sistema educativo?
Na altura em que também é conhecido o novo estatuto do aluno, Governo e professores, frente-a-frente, no maior debate da televisão portuguesa.
A Gestão das Escolas no Prós e Contras, 2ªfeira à noite, na RTP
Junho 29, 2012 at 4:43 pm
“(…)Neste momento, o Prós e Contras não se aconselha aos seguidores-porque-sim do governo que sejam pessoas sensíveis. O Secretário de Estado da Educação João Casanova está sendo impiedosa e inapelavelmente demolido pela directora da Escola Secundária de Castêlo da Maia, Paula Romão. Trata-se da gestão do sistema escolar e da formação (?) de agrupamentos, esses fulgurantes instrumentos para os amanhãs que berram.
É claro que, no show, se sentam os serviçais do costume – nada de novo: o trio misólogo Lurdes Rodrigues/Pedreira/Lemos também os tinha sempre à mão. É bicharada que medra sempre num certo tipo de ecossistemas.
As pessoas com estômago (e cérebro!) podem assistir ao espectáculo da mera sensatez frente ao discurso redondo e abstracto do Secretário de Estado.
http://correntes.blogs.sapo.pt/1413289.html
Junho 29, 2012 at 4:45 pm
Terça-feira, 5 de Junho de 2012
Mega KO técnico
O Prós e Contras de esta noite prendeu-me pela presença de Paula Romão, professora de uma escola do concelho da Maia. Sozinha bateu o governo na questão das «agregações de escolas» ou mega-agrupamentos. Não foi aos pontos.Foi por KO técnico. O país, com a ajuda do catedrático Adelino Costa, ficou ciente da borrada que se prepara no Ministério da Educação, ainda antes deste explodir às mãos da equipa de Nuno Crato…
http://cortex-frontal.blogspot.pt/2012/06/mega-ko-tecnico.html
Junho 29, 2012 at 4:51 pm
Cá pelo Norte, escolhe-se o director que mais convém e a DREN dá-lhe autonomia para ele decidir o que fazer com os directores das outras escolas agrupadas. Antes parece que ainda se ouviam os de um lado e de outro, agora basta um…
Junho 29, 2012 at 4:51 pm
Dedicado ao Sr. DREN:
Quarta-feira, 30 de Maio de 2012
Os mega-agrupamentos, essa ideia peregrina…
Na publicação on line Educare, Paula Romão, diretora da Escola Secundária de Castelo da Maia, é entrevistada e fala sobre as agregações, os mega-agrupamentos, os mega-problemas… A ler, apesar de se saber que esta fúria das agregações e dos mega-agrupamentos vai continuar. Aqui se reproduz uma das respostas de Paula Romão: «O que mais me custa entender é que isto seja feito, em muitos casos (talvez a maioria), sem a concordância das escolas, dos pais e das autarquias. Eu não acredito em medidas impostas que não sejam antes estudadas e testadas em situações-piloto e que possam, então sim, sustentar a imposição. Continuamos na senda pouco sensata de se implementar “novidades” sem estudos prévios, sem análises de impactos, o que só acontece porque, quando corre bem, serve como propaganda política, se corre mal, nunca se responsabilizam os responsáveis.»
É duro, mas é verdade…
Publicada por JRR em 19:29
http://nestahora.blogspot.pt/2012/05/os-mega-agrupamentos-essa-ideia.html
Junho 29, 2012 at 4:54 pm
Recordando antes de ir:
“Uma escola de megadimensão inviabiliza a autorreflexão”
Sara R. Oliveira | 2012-05-30
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Paula Romão, diretora da Secundária de Castêlo da Maia, critica a agregação de escolas e avisa que é insensato avançar com novas medidas sem estudos prévios e sem analisar impactos.
Paula Romão, diretora da Secundária de Castêlo da Maia, doutoranda em Ciências da Educação no âmbito da administração escolar, contesta a agregação de escolas e fá-lo baseada em questões exclusivamente de carácter técnico e científico, assentes na sua experiência e sem qualquer pretensão política.
Na sua opinião, uma escola de megadimensão inviabiliza a busca das melhores soluções porque, sustenta, “a dimensão dos problemas vai ficar mega e a dimensão de quem intervém na solução vai ficar mini. Em alguns pontos do país, a constituição de mega-agrupamentos está a ser criticada.
“A profissão de professor é intemporal e quase missionária”, refere. A diretora tem desafiado os pais da sua escola a fazerem os seus trabalhos de casa, que não passam apenas por estudar com os filhos, mas educá-los de forma a saber estar, respeitar os outros e ter expectativas quanto ao futuro.
EDUCARE.PT: Contesta a agregação de escolas. O Ministério alega que a medida permite reforçar o projeto educativo e a qualidade pedagógica. Estes argumentos não a convencem?
Paula Romão: O reforço do projeto educativo faz-se de dentro para fora da escola, no seio da comunidade e nunca ao contrário. A realidade é que não tem sido nada fácil a elaboração partilhada do projeto educativo e a sua apropriação por toda a comunidade nas atuais dimensões das escolas, quanto mais nas mega em curso. Mais uma vez, a intenção é boa mas não deixa de ser quase uma utopia. Por outro lado, quando o MEC faz a ponte entre as agregações e a melhoria da qualidade pedagógica, tem de se explicar melhor pois os estudos sobre esta matéria dizem-nos que a qualidade pedagógica depende muito mais do “efeito professor” do que do “efeito escola” – ou mesmo das políticas educativas pelo que é preciso investir nos professores, apostando na sua qualidade científica e pedagógica, investindo na sua formação inicial e contínua (esta última praticamente inexistente nos últimos anos), restituindo-lhes a autoridade junto dos seus alunos e reforçando o seu reconhecimento perante as famílias e restante comunidade.
Na verdade, considero que os sucessivos ministérios têm tido algumas dinâmicas e intervenções interessantes, se vistas de um ponto de vista isolado. O problema, como dizia um professor que tive, é quando nos esquecemos de considerar os três eixos de análise: a qualidade, a quantidade e a direção do esforço. Ora podemos fazer muitas coisas (quantidade) e bem feitas (qualidade), mas não fazermos o que é preciso que seja feito nesse momento (direção do esforço). Logo, falhamos a nossa missão.
“O problema (…) é quando nos esquecemos de considerar os três eixos de análise: a qualidade, a quantidade e a direção do esforço.”
E: O facto de delinear um projeto educativo comum não será uma mais-valia deste processo?
PR: Mas porquê? Agora fala-se muito em “pensar global e agir local”, o que faz todo o sentido. Não sou defensora de projetos educativos concelhios que tenham a pretensão de intervir em questões pedagógicas, pois a realidade atual das escolas não assenta na igualdade mas sim na diversidade. Problemas diferentes exigem soluções também diferentes e pensadas caso a caso. Cada escola é uma escola e cada aluno é um ser com identidade própria. Em educação, há muito poucas certezas dado o sucesso educativo ser uma variável multidimensional.
António Nóvoa dizia que quando alguém em educação diz “evidentemente”, mente! É uma frase interessante que nos faz recuar sempre que consideramos que “finalmente encontramos a solução”, pois a verdade é que a educação é um desafio permanente que obriga a que nos reinventemos permanentemente e a solução de hoje amanhã já não serve. Quanto maior a dimensão da escola, menos eficazes vamos ficar na busca das melhores soluções para “agir local”, “agir no tempo certo”, “agir na direção certa”, ou seja, “agir com eficácia”. Além disso, um projeto educativo comum faz mais sentido até ao 9.º ano, pois a diversidade de opções que o aluno tem no Secundário não permite ter a pretensão de se pensar que o aluno vai iniciar e terminar o seu percurso escolar no mesmo agrupamento – isso implicaria não fazer uma gestão da rede escolar eficaz, nem tão pouco gerir de forma eficiente os recursos humanos e materiais entre as escolas.
E: Defende que o aluno deveria ser o foco de atenção das escolas. Esse aspeto estará em risco com esta fusão de escolas? Na prática, o que o aluno poderá perder?
PR: Penso que todos estaremos de acordo quanto ao facto de que as escolas só existem porque os alunos existem. Logo é neles que todos nos devemos concentrar, é para eles que devemos trabalhar. A questão é que desde que a escola se democratizou (e bem) passou a ser um local em que a diversidade de públicos trouxe novos problemas, a exigirem também novas soluções e paradigmas diferentes. Nos últimos anos, o conceito de “igualdade” foi substituído pelo de “igualdade de oportunidades”. Sendo o ponto de partida de cada aluno diferente (estatuto socioeconómico e cultural, motivação, expetativas, competências de raciocínio, etc.), o desafio das escolas passou a consistir em atenuar esta décalage de partida, tentando não retardar o desenvolvimento dos alunos mais proficientes, mas investindo para que os “menos favorecidos” à partida também consigam alcançar níveis de excelência. Aliás, é muito importante ter consciência de que estas medidas agregacionistas poderão vir a ser mais penalizadoras para os alunos mais desfavorecidos dado que, para estes, o peso do factor escola tem um impacto muito relevante na conclusão dos seus estudos e no rendimento escolar em geral.
Ora isto, na realidade, é uma tarefa hercúlea que exige uma atenção muito pormenorizada desde o pré-escolar. Aliás, defendo que é neste nível de ensino, bem como no 1.º ciclo, que nos devemos concentrar por excelência, como forma de nos anteciparmos a insucessos futuros, tentando que os alunos recuperem no imediato as insuficiências detetadas e, acima de tudo, investindo na sua capacidade de reflexão e espírito crítico sobre tudo o que os rodeia. Para isto, os professores precisam de ser apoiados, em certos casos, por equipas multidisciplinares de técnicos. Este tipo de apoios é importantíssimo e não deve ser visto como um custo adicional, mas como uma poupança e um investimento futuro.
“O que mais me custa entender é que isto seja feito, em muitos casos (talvez a maioria), sem a concordância das escolas, dos pais e das autarquias.”
E: “A escola não é uma empresa em que o diretor não tem contacto direto com os clientes”. A frase é sua. A proximidade da comunidade educativa poderá estar em risco?
PR: Um ambiente acolhedor, sereno e seguro deveriam ser princípios elementares em cada escola para que os diretores das escolas e os professores consigam preconizar um ambiente, como dizia Hattie, onde o erro é bem-vindo como uma oportunidade de aprender. Percebe-se que isto exige um clima de proximidade e mesmo de cumplicidade onde todos os elementos da comunidade se sintam seguros para aprender e reaprender, sem ter medo de errar porque cada um se sente parte da solução e não do problema.
Ora, uma escola de uma mega-dimensão inviabiliza, na prática, esta autorreflexão permanente na busca das melhores soluções, dado que a dimensão dos problemas vai ficar mega e a dimensão de quem intervém na solução vai ficar mini (redução do número de professores, de assistentes e de elementos da direção).
E: O que lhe custa entender neste processo de agregação? O que cai na base?
PR: O que mais me custa entender é que isto seja feito, em muitos casos (talvez a maioria), sem a concordância das escolas, dos pais e das autarquias. Eu não acredito em medidas impostas que não sejam antes estudadas e testadas em situações-piloto e que possam, então sim, sustentar a imposição. Continuamos na senda pouco sensata de se implementar “novidades” sem estudos prévios, sem análises de impactos, o que só acontece porque, quando corre bem, serve como propaganda política, se corre mal, nunca se responsabilizam os responsáveis.
E: As escolas estarão preparadas para esta mudança? Teme que o caos se instale no próximo ano letivo?
PR: Cada caso é um caso e não respondo por realidades que desconheço. Mas se atendermos a tantas manifestações de insatisfação, penso não estarem reunidas as condições para que estas agregações se realizem desta forma tão massificada. Mas não são só as escolas que não estão preparadas. A tutela também não porque isto altera radicalmente muitas das estruturas sobre as quais ela própria funciona e nada disto foi acautelado em devido tempo, pelo que antecipo, uma vez mais, muito trabalho “desnorteado” a ser feito sem grande qualidade, sem qualquer planeamento, a resolver assuntos que decorrem de toda esta precipitação, consumindo energias e centenas de horas de trabalho em tudo, menos no que realmente tem interesse e devia ser o nosso foco de atenção privilegiado: o sucesso educativo dos nossos alunos. E há muito a fazer, basta ver os últimos resultados nas provas de aferição e nos testes intermédios.
É questão para nos perguntarmos se é o aluno que deve adaptar-se à escola ou a escola ao aluno? O insucesso dos alunos nestas megadimensões é que nos devia preocupar, esse é que devia ser o principal foco de atenção, começando por identificar onde estamos (currículos, programas, resultados), para onde queremos ir e o que precisamos de fazer para lá chegar. E este movimento das agregações não vem, com toda a certeza, contribuir para o encontro destas soluções. Pelo contrário, é mais um elemento altamente perturbador que vai, no imediato, fazer-nos desviar a atenção do que é prioritário e, a longo prazo, exigir todo um trabalho de reorganização, de ganho de identidade e de maturidade nos novos agrupamentos. A identidade de uma escola é algo que demora muitos anos a conseguir, pelo que é quase leviano ignorar esta variável.
E: O agrupamento Castêlo da Maia e a Secundária Castêlo da Maia ficarão com 3010 alunos. É um número exagerado? Como se organizarão? PR: Para se ter uma ideia da dimensão em que o nosso agrupamento vai mergulhar, façamos uma analogia com uma empresa, relembrando que uma empresa com 500 trabalhadores (professores, assistentes operacionais e técnicos), uma carteira de 3000 “clientes diretos” (alunos) e 6000 “clientes indiretos” (pais) e ainda toda a comunidade envolvente (mais umas largas dezenas), é já de si uma grande empresa. Mas se atendermos ao facto de que o nosso “produto” (aluno) não pode ser produzido em série nem através de um molde, começamos a perceber que o que nos propõem é impensável, inconcebível, ingerível, inexplicável, ou seja, contraditório com as finalidades e os princípios que subjazem a esta iniciativa de agregação de escolas.
Além disso, é preciso não ignorar o que nos dizem os estudos feitos nesta matéria, como é o caso do último relatório da OCDE, em que Paulo Santiago relembra a “posição privilegiada” dos diretores para assegurar que as políticas educativas tenham impacto na sala de aula, sublinhando a questão de proximidade com os professores no sentido de conjuntamente delinearem estratégias de “liderança pedagógica”, pelo que a OCDE defende “maior autonomia e poder de decisão” para os diretores. Como se concilia estas evidências da investigação com estas megadimensões de escolas?
E: Os aspetos financeiros falaram mais alto nesta decisão da tutela?
PR: Não detenho dados para responder a essa pergunta pois já a fiz inúmeras vezes a quem de direito e a resposta é sempre, invariavelmente, “nim”, por isso devolvo esta pergunta à tutela. Mas seria bom que esses números fossem do domínio público, pois se esse é o verdadeiro motivo destas agregações, as escolas enquanto unidades autónomas poderiam ter encontrado no seio da sua comunidade formas alternativas de ajudar a resolver esse constrangimento financeiro. Nunca se deve subestimar as iniciativas e o poder local.
“É questão para nos perguntarmos se é o aluno que deve adaptar-se à escola ou a escola ao aluno? O insucesso dos alunos nestas megadimensões é que nos devia preocupar (…)”
E: Lembra que não é este o cenário comum em vários países da Europa que têm escolas com menos alunos. Acha que isso seria viável no nosso país? Portugal chegou a ter escolas com mais de 4000 alunos…
PR: Os tempos mudaram. É preciso não esquecer que a escola é muito o espelho da sociedade em que vivemos, daí que sistemas de ensino dos países nórdicos, francófonos, anglófonos ou latino-americanos podem aprender boas práticas uns com os outros, mas nunca importá-las entre si porque as soluções só são soluções se adaptadas ao problema em foco. Assim, no nosso caso (mais próximos da realidade latino-americana), há alunos que transportam para a escola inúmeros problemas de índole social que perturbam muito o funcionamento da turma onde estão inseridos e, consequentemente, o da escola. E é por isso que quando se comparam escolas nos rankings, estamos a comparar o incomparável porque a realidade das escolas é muito diferente – começando desde logo pelo contexto local onde a escola está inserida e que é, por sua vez, um fator de contaminação do estatuto socioeconómico desses alunos que, como se sabe, são variáveis não displicentes no que ao sucesso escolar dos alunos dizem respeito.
O número de alunos em cada escola não pode ser analisado exclusivamente sob um ponto de vista numérico, tal como acontece com o número de alunos por turma, dado que uma escola em que a maioria dos alunos tem elevadas expetativas quanto ao seu futuro e trabalham para isso (tal é a realidade de alguns colégios de excelência e de escolas públicas situadas em zonas privilegiadas das cidades) pode ter uma dimensão maior do que uma escola inserida num contexto difícil, em que cada aluno vai exigir uma atenção muito mais personalizada. O mesmo acontece com a dimensão da turma, por isso é que reajo sempre negativamente a que o número máximo e mínimo de alunos seja uma medida “top-down” prescrita pela tutela. Desde que esse rácio seja estabelecido numa relação número alunos/turma/escola, porque é que uma escola não pode ter uma turma de 32 alunos sem problemas e uma de 20 cujos alunos exigem uma especial atenção? Vale a pena ler José Verdasca, que tem reflexões muito interessantes sobre esta matéria. Enfim, é preciso que a tutela tenha coragem política para dar uma verdadeira autonomia às escolas, responsabilizando-as depois pelos seus resultados, e não este conjunto de medidas avulsas que aparentemente permitem maior autonomia, mas que, na prática, a métrica da tutela está sempre presente a impedir a tão necessária criatividade e inovação local. Se países como a Finlândia, cuja matriz social é muito mais equitativa do que a nossa, tem escolas entre os 300 e os 500 alunos (em média), penso podermos inferir quanto à enormidade desta medida.
E: Diz que o elo mais fraco da educação é a prevenção. O que poderia ser feito para que esse cenário se alterasse?
PR: Prevenir implica um conhecimento muito profundo das situações, grande experiência prática e um planeamento a longo prazo dos objetivos a alcançar. Implica ainda o domínio de conhecimentos teóricos, ancorados em estudos científicos, que nos permitam agir com coragem e determinação, não a curto prazo – porque em educação o tempo é um fator importantíssimo -, mas implementando iniciativas inovadoras e corajosas. Para isso era preciso que houvesse coragem política para dar verdadeira autonomia às escolas (desde que ancorada numa matriz de prestação de contas), que se confiasse mais no trabalho dos diretores e dos professores.
Na investigação que tenho vindo a fazer, no âmbito da minha tese de doutoramento, de entre as variáveis consideradas, tanto na disciplina de Matemática como na de Português (9.º e 12.º anos), o histórico (percurso escolar prévio) dos alunos é a variável que mais importância parece ter nos resultados dos alunos nos exames nacionais. Assim, a prevenção implica que as escolas tenham instrumentos que lhes permitam intervir em tempo útil junto dos seus alunos, mal surgem as dificuldades. Para isso, precisam de maior autonomia na constituição das turmas, maior flexibilidade na distribuição do serviço docente, maior intervenção na seleção dos professores, etc. Aliás há inúmeros projetos de iniciativas das próprias escolas que têm vindo, dentro da pouca autonomia que detêm, a dar um precioso contributo para a melhoria dos resultados dos alunos – tal é o caso do Projecto Fénix, das Turmas Mais Sucesso, da Turma Mais, e, no caso da nossa escola em particular das Turmas Projeto (atualmente denominado projeto NEPE) e que nos permitiu reduzir o insucesso no ensino básico para níveis históricos. Alerto para o facto de trabalharmos para os alunos e não para os rankings que, em muitos casos, são realidades incompatíveis.
“(…) A prevenção implica que as escolas tenham instrumentos que lhes permitam intervir em tempo útil junto dos seus alunos, mal surgem as dificuldades.
E: No geral, concorda com as mudanças que se anteveem na área educativa para o próximo ano letivo?
PR: A tendência dos responsáveis pela política educativa, quando os resultados dos alunos não são bons, é agir em questões que possam alterar essa situação rapidamente, logo não de uma forma sustentada, pois em educação os resultados normalmente só são visíveis muitos anos depois, ou demoram mesmo algumas gerações a aparecer. Mas isto não se compadece com os timings políticos que exigem sempre resultados rápidos, com elevada visibilidade e impacto na opinião pública.
Ao pronunciar-me já sobre o conteúdo de tantas mudanças em curso, estaria a ser precipitada pois ainda não houve tempo suficiente para perceber qual a missão que este governo tem para a educação. Parece-me, no entanto, que continuamos na senda de muitas alterações em pouquíssimo tempo o que provoca elevados índices de instabilidade nas escolas, sendo mesmo, por vezes, perturbadora.
Sou diretora há já muitos anos e sempre me baralhou esta forma quase desconcertante de agir da tutela em que se fazem inúmeras reuniões, mas a maioria com pouca qualidade (bastava enviar as informações por email), com o tempo muito condicionado, sendo que na maioria são convocados em simultâneo centenas de diretores (ou seja, não são reuniões, apenas servem para passagem de informação de decisões já tomadas e onde as intervenções de cada um apenas permitem um momento de catarse pessoal, pois de nada valem). Depois, é um procedimento normal que a tutela se arrogue o direito de invariavelmente escrever em DR que “foram ouvidos os…” mesmo que os respetivos pareceres sejam negativos. Isto é de uma desonestidade e de uma habilidade política inadmissíveis.
Por seu lado, os sindicatos agem por meras convicções corporativas e de própria subsistência, defendendo tudo e todos a qualquer preço, cujo retorno tem sido, muitas vezes, um perfeito desastre para a educação. Li uma entrevista do professor Joaquim Azevedo, em que referia o estado “esquizofrénico” em que a educação se encontrava – confesso que na altura achei que só alguém com tanto peso e respeitabilidade no panorama educativo se podia arrogar a ser tão incisivo. Só passado todo este tempo percebi o alcance do que ele pretendia dizer e o seu alerta à sociedade civil.
Quando os resultados dos alunos são fracos (o índice de retenções em Portugal é elevadíssimo), há uma tendência quase irresistível para que os responsáveis se debrucem sobre a matriz curricular, pelo tamanho das turmas, pela avaliação dos professores, etc. No entanto, os investigadores sugerem, por exemplo, que a melhoria das relações entre professores e alunos poderá ser um caminho poderoso e menos dispendioso para melhorar o sucesso educativo dos alunos.
“Sou adepta de que nos primeiros anos de escolaridade dos alunos, muito para além da importância da aquisição de conteúdos, deve-se priorizar as competências do saber ser, do saber fazer, do saber pensar (…)”
E: Os alunos do 4.º ano de escolaridade terão exames no próximo ano letivo. É uma boa medida?
PR: Defendo que o maior investimento nos recursos humanos e materiais deve, exatamente, ser feito ao nível do ensino pré-escolar e 1. º ciclo, visto o percurso escolar dos alunos ser determinante para o seu sucesso académico futuro. Não sou muito apologista deste enfoque nos exames nestes níveis de ensino, pois temo que os professores se concentrem em demasia nos conteúdos e num ensino muito baseado na reprodução e não tanto na reflexão, o que tem efeitos muito nefastos na vida académica futura dos alunos.
Sou adepta de que nos primeiros anos de escolaridade dos alunos, muito para além da importância da aquisição de conteúdos, deve-se priorizar as competências do saber ser, do saber fazer, do saber pensar, no fundo, competências que autonomizem o aluno, que é talvez uma das maiores fragilidades que encontramos no ensino secundário: a falta de autonomia na resolução dos problemas e nas tarefas propostas. Já David Justino dizia que o maior problema dos alunos portugueses é que “não sabem pensar”.
No entanto, é importante clarificar que a existência de exames nos diferentes ciclos tem objetivos e impactos diferentes nos alunos, já que no Ensino Secundário a sua existência faz mais sentido. No entanto, coloco sempre muita reserva ao foco excessivo nos resultados, em detrimento dos processos, principalmente nos primeiros anos de escolaridade. Confesso que, às vezes, me parece que os exames existem mais para regular o ensino dos professores e não tanto as aprendizagens dos alunos, o que para mim é um perfeito paradoxo, pois são situações distintas.
O último relatório da OCDE refere que uma das prioridades em Portugal devia incidir na melhoria das práticas avaliativas, reduzindo, por exemplo, a excessiva atenção dada à avaliação sumativa (notas) dos alunos. Em Portugal, talvez exista uma certa obsessão pelos resultados escolares dos alunos, nomeadamente nos exames, e que é bem visível no destaque que é dado aos rankings, ao facto de as práticas dentro da sala de aula serem muitas vezes excessivamente focadas na preparação para os testes e exames. E no facto de se confundir qualidade do ensino e das aprendizagens com resultados escolares.
http://www.educare.pt/educare/Detail.aspx?contentid=BFAA9E884A8CCEE6E0400A0AB8002B34&channelid=9E69080D12820D4E9497B31FFB72BB08&schemaid&opsel=1
Junho 29, 2012 at 5:04 pm
Deve haver algum engano,..num país democrático como o nosso, esse tipo de coisas não acontecem!
Será que voltamos ao Estado Novo?
Junho 29, 2012 at 5:06 pm
Estamos é num estado velho……
Junho 29, 2012 at 5:15 pm
Deve ter havido “qualquer ” engano…
Já vale tudo !
Junho 29, 2012 at 5:17 pm
Depois daquela realista intervenção no programa Prós e Contras, num país como este em que a democracia e a liberdade já estão suspensas há muito, era previsível que algo acontecesse com aquela diretora. Esperemos que daqui a 1 ano se faça justiça naquele mega!
Junho 29, 2012 at 5:18 pm
o Sr. DREN é o “relvinhas do norte?”……sentiu-se pressionado pelo secretário de estado…Casanova?
Junho 29, 2012 at 5:18 pm
Há por aí muita gente que gosta é de complicar. Então não será legítimo a Direcção Regional nomear o “chefe” da CAP que, segundo os seus critérios, demonstrar melhores capacidades! Porque razão terá que ser obrigatóriamente o diretor da escola secundária? É que geralmente os agrupamentos de escolas têm mais alunos que as secundárias, para além de uma diversidade de níveis de ensino mais abrangente, pois vão da pré-primária até ao 3º ciclo. Acho que o “chefe” da CAP não deve ser necessariamente o diretor da secundária, mas sim aquele que oferecer melhores condições. Os Mega-agrupamentos poderão funcionar, se existir boa vontade de todos. Cada estabelecimento ficará com um coordenador, existem os departamentos e os grupos disciplinares… poupar-se-á nos diretores, adjuntos, administrativos. Para os alunos não haverá grandes alterações, poderá mesmo haver benefícios, se pensarmos em projectos com continuidade em todos os níveis de ensino, na facilidade de colocar em prática projetos incluindos vários estabelecimentos de ensino..
Junho 29, 2012 at 5:20 pm
#13,
Onde é o ninho do coelhinho da Páscoa?
Junho 29, 2012 at 5:20 pm
outro “lapso”, obviamente 😦
Junho 29, 2012 at 5:27 pm
Esta situação não passa de uma desagradável coincidência! Como se viu no dito programa a Sra. Paula Romão não reúne as condições fundamentais para assumir um cargo tão importante. Era o que faltava agora termos directores que pensam pela sua cabeça e criticam publicamente os senhores secretários de estado. O país precisa de contenção… democrática e um controle da… liberdade de expressão, caso contrário ainda se torna num país desenvolvido.
Junho 29, 2012 at 5:38 pm
Conheço localidades onde a escola secundária fica literalmente paredes meias com a EBI (sede do agrupamento). A escola secundária tem 400 ou 500 alunos e o agrupamento 1200 ou 1300. Não entendo porque têm que existir duas direções, duas secretarias, dois refeitórios… Nestas situações faria muito mais sentido, na minha óptica, um projeto único, sinceramente, e pensando unicamente nos alunos.
Junho 29, 2012 at 5:49 pm
A isto alguém lhe chamou de «ditadura subtil». Eu concordo.
E esta forma de ditadura só será aniquilada quando a fronteira entre os lugares políticos e os lugares técnicos se encontre circuncrita à orgânica do respetivo ministério. Enquanto isso não chega, todos nós continuaremos a sentir os tentáculos do poder, verde para os cartões políticos em vigor, vermelho para todos os outros.
Junho 29, 2012 at 6:04 pm
#13 #17
Cara Ana Martins,
Em apenas dois post’s, distanciados de 20 minutos entre eles, a cara Ana Martins passou da competência do Diretor para a situação circunstancial, enquanto fundamentação da sua concordância com a tutela.
Pergunto eu, se o outro é mais competente do que este porque razão foi este convidado a ir à televisão e não o outro? Ou a televisão priveligia a presença dos menos competentes?
Atenção que este é um problema sério para a Democracia. E não apenas circunscrito à Maia. Também conheço um paredes meias onde a resolução da DREN foi exatamente a mesma. Obviamente, venceu o bom aprendiz do nepotismo que, neste caso também, veste usualmente uma gravata laranja.
Junho 29, 2012 at 6:06 pm
#13 e #17,
Pois eu conheço também escolas, aqui da DREN, onde acontece exactamente o contrário: a secundária com menos alunos e o agrupamento com muitos mais e o director escolhido foi o da secundária. Dizem as más línguas que é por ter cartão do partido, mas eu não acredito nisso!
Junho 29, 2012 at 6:18 pm
Más línguas, todos!…
O único critério é o do perfil dos nomeados;
-Dóceis;
-Facilmente manobráveis;
-Disponíveis para não fazerem fretes, ao assumirem tudo de bom grado!…
-Membros da Concelhia do Partido, há pelo menos, dois meses!…
-Amigos pessoais do(a) Vereador(a) do Pelouro da Educação;
-Terem entregue os OIs no 1º Ciclo da ADD;
-Nunca terem estado na Avenida da Liberdade!…
– Nunca se terem pronunciado… contra!…
Olhem que um perfil destes é raro, felizmente, e tem de ser valorizado!…
Junho 29, 2012 at 6:47 pm
Neste país manda-se cortar as árvores para que não façam sombra aos arbustos, como dizia o Sttau Monteiro.
Junho 29, 2012 at 6:53 pm
Ao tempo, mas ao tempo, que se dizia que iria ser a direção da EB2,3 a engolir a Secundária, e isso vem do tempo em que a Direcção da Secundária andava agarrada à DREN Lurdista… .
Não há nem houve inocentes nestes Agrupamentos. Seja o do Castêlo, sejam os outros.
Junho 29, 2012 at 7:23 pm
… e a DREL já começou a mandar caps pró ar?
ainda cá não chegou nada!
Junho 29, 2012 at 7:36 pm
A relação, a ter acontecido, é grave mas eu não só não a descuro como lhe dou alguma fé… já vi coisas piores….
Junho 29, 2012 at 9:00 pm
Enfim… mais um nojo!
Claro que “não há coincidências”,
Triste país.
Junho 29, 2012 at 9:11 pm
É mandar isto para os OCS: “Crato saneia directora contestatária!”
🙂
À Paula Romão resta mexer-se. Arranja uma lista bacana para o Conselho Geral Transitório… e Pim! Lá vai o professor Marco… “de vela”.
Tem uma grande vantagem, o apoio da CM da Maia.
Junho 29, 2012 at 9:16 pm
Não me cabe na cabeça que uma pessoa de bom senso que tem a opinião que tem a Paula Romão acerca destes agrupamentos, depois se perfile para os dirigir. Por isso só tenho respeito por aqueles que sendo convidados, rejeitam e nunca se canditarão a diretores destas instituições que consideram igovernáveis.
Junho 29, 2012 at 9:37 pm
Se a Paula Romão é publicamente contra esta política de Mega, porque razão seria convidada a formar CAP?
Não entendo alguns comentários que passam por aqui!
Claro que o DREN, à partida, já sabia que ela recusaria o convite.
Será que ela ficou surpreendida por não ser convidada? Se ficou, não revela bom senso.
Pois eu penso que a atitude do DREN foi coerente com a posição que ela tomou à frente de milhares de docentes.
Junho 29, 2012 at 10:20 pm
Pelos vistos essa senhora tem aquilo que merece. Cá se fazem, cá se pagam. Tenho dito.
Junho 30, 2012 at 12:19 am
Mais uma pouca vergonha! Muito bem sr. ministro!
Junho 30, 2012 at 1:44 am
Onde é que eu já vi isto? Há dois anos, zona de Lisboa.
Junho 30, 2012 at 2:22 am
Mas a diretora Paula queria ser diretora do mega? Queria mesmo dirigir uma coisa ingovernável, ainda por cima sem ter condições para o fazer?
Suponho que é uma pessoa coerente, que depois do espetáculo que deu nos prós e contras mostrou indisponibilidade para ser nomeada.
Alguém lhe perguntou?
Julho 6, 2012 at 2:41 pm
Sim senhor! Grandes cabeças pensantes! qual é a incoerência??? posso discordar, tal como a Dra Paula dos mega agrupamentos e ainda assim considerar que reúno mais competências, capacidades e inteligência que os sabujos dos poder!!! Deixar isto entregue à incompetência tem sido a marha dos últimos anos. Os inteligentes e honetos saem e a porta fica aberta para o gentio que nos desgoverna. São novos tempos, mudam-se os tempos,mudam-se as vontades, mas permanece o medo os inteligentes. Ah pois é!!!
Julho 6, 2012 at 2:43 pm
corrijo
Sim senhor! Grandes cabeças pensantes! qual é a incoerência??? posso discordar, tal como a Dra Paula dos mega agrupamentos e ainda assim considerar que reúno mais competências, capacidades e inteligência que os sabujos dos poder!!! Deixar isto entregue à incompetência tem sido a marcha dos últimos anos. Os inteligentes e honestos saem e a porta fica aberta para o gentio que nos desgoverna. São novos tempos, mudam-se os tempos,mudam-se as vontades, mas permanece o medo os inteligentes. Ah pois é!!!