Teolinda Gersão
Escritora
Tempo de exames no secundário, os meus netos pedem-me ajuda para estudar português. Divertimo-nos imenso, confesso. E eu acabei por escrever a redacção que eles gostariam de escrever. As palavras são minhas, mas as ideias são todas deles.
Aqui ficam, e espero que vocês também se divirtam. E depois de rirmos espero que nós, adultos, façamos alguma coisa para libertar as crianças disto.
Redacção – Declaração de Amor à Língua Portuguesa
Vou chumbar a Língua Portuguesa, quase toda a turma vai chumbar, mas a gente está tão farta que já nem se importa. As aulas de português são um massacre. A professora? Coitada, até é simpática, o que a mandam ensinar é que não se aguenta. Por exemplo, isto: No ano passado, quando se dizia “ele está em casa”, ”em casa” era o complemento circunstancial de lugar. Agora é o predicativo do sujeito. “O Quim está na retrete” : “na retrete” é o predicativo do sujeito, tal e qual como se disséssemos “ela é bonita”. Bonita é uma característica dela, mas “na retrete” é característica dele? Meu Deus, a setôra também acha que não, mas passou a predicativo do sujeito, e agora o Quim que se dane, com a retrete colada ao rabo.
No ano passado havia complementos circunstanciais de tempo, modo, lugar etc., conforme se precisava. Mas agora desapareceram e só há o desgraçado de um “complemento oblíquo”. Julgávamos que era o simplex a funcionar: Pronto, é tudo “complemento oblíquo”, já está. Simples, não é? Mas qual, não há simplex nenhum,o que há é um complicómetro a complicar tudo de uma ponta a outra: há por exemplo verbos transitivos directos e indirectos, ou directos e indirectos ao mesmo tempo, há verbos de estado e verbos de evento,e os verbos de evento podem ser instantâneos ou prolongados, almoçar por exemplo é um verbo de evento prolongado (um bom almoço deve ter aperitivos, vários pratos e muitas sobremesas). E há verbos epistémicos, perceptivos, psicológicos e outros, há o tema e o rema, e deve haver coerência e relevância do tema com o rema; há o determinante e o modificador, o determinante possessivo pode ocorrer no modificador apositivo e as locuções coordenativas podem ocorrer em locuções contínuas correlativas. Estão a ver? E isto é só o princípio. Se eu disser: Algumas árvores secaram, ”algumas” é um quantificativo existencial, e a progressão temática de um texto pode ocorrer pela conversão do rema em tema do enunciado seguinte e assim sucessivamente.
No ano passado se disséssemos “O Zé não foi ao Porto”, era uma frase declarativa negativa. Agora a predicação apresenta um elemento de polaridade, e o enunciado é de polaridade negativa.
No ano passado, se disséssemos “A rapariga entrou em casa. Abriu a janela”, o sujeito de “abriu a janela” era ela, subentendido. Agora o sujeito é nulo. Porquê, se sabemos que continua a ser ela? Que aconteceu à pobre da rapariga? Evaporou-se no espaço?
A professora também anda aflita. Pelo vistos no ano passado ensinou coisas erradas, mas não foi culpa dela se agora mudaram tudo, embora a autora da gramática deste ano seja a mesma que fez a gramática do ano passado. Mas quem faz as gramáticas pode dizer ou desdizer o que quiser, quem chumba nos exames somos nós. É uma chatice. Ainda só estou no sétimo ano, sou bom aluno em tudo excepto em português, que odeio, vou ser cientista e astronauta, e tenho de gramar até ao 12º estas coisas que me recuso a aprender, porque as acho demasiado parvas. Por exemplo, o que acham de adjectivalização deverbal e deadjectival, pronomes com valor anafórico, catafórico ou deítico, classes e subclasses do modificador, signo linguístico, hiperonímia, hiponímia, holonímia, meronímia, modalidade epistémica, apreciativa e deôntica, discurso e interdiscurso, texto, cotexto, intertexto, hipotexto, metatatexto, prototexto, macroestruturas e microestruturas textuais, implicação e implicaturas conversacionais? Pois vou ter de decorar um dicionário inteirinho de palavrões assim. Palavrões por palavrões, eu sei dos bons, dos que ajudam a cuspir a raiva. Mas estes palavrões só são para esquecer. Dão um trabalhão e depois não servem para nada, é sempre a mesma tralha, para não dizer outra palavra (a começar por t, com 6 letras e a acabar em “ampa”, isso mesmo, claro.)
Mas eu estou farto. Farto até de dar erros, porque me põem na frente frases cheias deles, excepto uma, para eu escolher a que está certa. Mesmo sem querer, às vezes memorizo com os olhos o que está errado, por exemplo: haviam duas flores no jardim. Ou : a gente vamos à rua. Puseram-me erros desses na frente tantas vezes que já quase me parecem certos. Deve ser por isso que os ministros também os dizem na televisão. E também já não suporto respostas de cruzinhas, parece o totoloto. Embora às vezes até se acerte ao calhas. Livros não se lê nenhum, só nos dão notícias de jornais e reportagens, ou pedaços de novelas. Estou careca de saber o que é o lead, parem de nos chatear. Nascemos curiosos e inteligentes, mas conseguem pôr-nos a detestar ler, detestar livros, detestar tudo. As redacções também são sempre sobre temas chatos, com um certo formato e um número certo de palavras. Só agora é que estou a escrever o que me apetece, porque já sei que de qualquer maneira vou ter zero.
E pronto, que se lixe, acabei a redacção – agora parece que se escreve redação. O meu pai diz que é um disparate, e que o Brasil não tem culpa nenhuma, não nos quer impôr a sua norma nem tem sentimentos de superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós somos pequenos. A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e julgamos que se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do Brasil, como se nos puséssemos em cima de sapatos altos. Mas, como os sapatos não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões, a entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros.
E agora é mesmo o fim. Vou deitar a gramática na retrete, e quando a setôra me perguntar: Ó João, onde está a tua gramática? Respondo: Está nula e subentendida na retrete, setôra, enfiei-a no predicativo do sujeito.
João Abelhudo, 8º ano, turma C (c de c…r…o, setôra, sem ofensa para si, que até é simpática)
Junho 13, 2012 at 7:49 pm
Esta carta está uma maravilha, já a tinha lido no fb, deveria ser publicada nos jornais de maior tiragem.
Junho 13, 2012 at 7:58 pm
o que me ri com os palavrões da TLEB’s!!!!
Junho 13, 2012 at 8:09 pm
Soberba!
Junho 13, 2012 at 8:33 pm
🙂
Junho 13, 2012 at 8:50 pm
O texto é fabuloso, mas quem não conhece o Programa de Português ainda fica a pensar que isto é mesmo verdade, e não é, porque muitos dos termos gramaticais referidos estão no DT, mas não no Programa. Felizmente, digo eu!
Fico sempre surpreendida quando percebo que alguns críticos, como a «setôra» em causa, nunca o leram.
Junho 13, 2012 at 8:52 pm
#5,
Mas o DT é uma espécie de vocabulário oficial do Programa.
Junho 13, 2012 at 8:58 pm
Espero que o Sr Ministro da Educação, apesar de ser das Matemáticas, tenha alguém no seu ministério que leia esta carta…que se dedique a estes termos e repense toda esta salganhada!
Junho 13, 2012 at 9:02 pm
Infelizmente a maioria dos “termos” utilizados conseguem baralhar os alunos e os professores. Ainda não percebi as vantagens destas mudanças. Quais são?
Junho 13, 2012 at 9:05 pm
A vantagem (para alguns) é apenas a venda de novas gramáticas, não é?
Junho 13, 2012 at 9:07 pm
#6,
Não me parece que assim seja, mas posso estar errada. Mal estaríamos se assim fosse, até porque alguns termos nem no Programa do Secundário são referidos.
Penso é que o Programa é o referencial primeiro (goste-se ou não das opções) e este não obriga à explicitação de termos como existencial (nos quantificadores), polaridade, etc.
Assistimos a uma histeria generalizada, que passa por fotocopiar o DT e dá-lo aos alunos. Como se isso resolvesse o que é verdadeiramente importante que, para mim, passa por colocar a gramática ao serviço da leitura, da escrita e da oralidade.
Junho 13, 2012 at 9:18 pm
Obrigada, professora Teolinda, minha professora Teolinda, que também é tão simpática 🙂
Como nos entende!….
Junho 13, 2012 at 9:19 pm
Vou usar numa formação sobre o DT… 🙂
Junho 13, 2012 at 9:27 pm
#10,
Nunca faria isso.
Há termos que, efectivamente, não é obrigatório transmitir aos alunos mas… por exemplo os docentes dos 2º CEB são muito olhado de soslaio quando defendem isso mesmo…
Junho 13, 2012 at 9:31 pm
Profa
Identifique-se, por favor quero saber se não é mais um submarino dos que aqui andam a tentar baralhar as pessoas.
O que diz é MENTIRA. Tem razão quando diz que não estão nos programas, mas todos os termos e conceitos, mesmo os mais abstrusos – incluindo disparates científicos de todos os teores, estão a ser introduzidos nos manuais, nos livrinhos de preparação para exame, e noutros projectos de comercialização do monstro. Os quantificadores existenciais estão nesse caso – já constam., pelo menos, dos manuais e gramáticas do segundo ciclo e secundário.
Junho 13, 2012 at 9:32 pm
Belo texto!
Publique-se nos jornais.
Isto é verdade!
E como ninguém se entende, em cada manual há algumas diferenças. As gramáticas tb andam todas baralhadas.
Nas reuniões de Português, este ano, quando surgia alguma dúvida, andávamos de gramática em gramática a tentar perceber e cada uma tinha sua interpretação.
Isto é aberrante!!
Junho 13, 2012 at 9:36 pm
Só para dar um exemplo: no 5º ano, qdo damos as funções sintáticas, aparece-nos, agora, a função de modificador, que tanto pode ser modificador do verbo como de toda a frase. Qdo é modificador do verbo está dentro de predicaado, qdo é da frase, está fora.
Ex: Ontem, o João deu um presente à irmã.
Ontem tem a função de modficador da frase.
Mas se a frase for:
O João deu ontem um presente à irmã,
Ou:
O João deu um presente à irmã, ontem.
Passa a estar incluido no predicado e tem função de modificador do verbo.
Não era muito mais simples qdo desempenhava a função de complemento circunstancial de tempo??
Junho 13, 2012 at 9:40 pm
Outra coisa aberrante nos manuais é a quantidade de pseudo-textos. Folheia-se um livro à procura de textos narrativos e só aparecem no 2º período.
Os livros estão cheios de tretas, notícias, artigos, lengalengas e sei lá mais o quê. E a gramática aparece ali pelo meio, metida a martelo, tornando os livros, graficamente, pesados, confusos, lixo.
Custa-me ter que observar dezenas de manuais à procura de um que seja decente…
Junho 13, 2012 at 9:42 pm
para uma disléxica como eu, esta treta não se encaixa na minha forma de viver e pensar…. quando vou às compras os passo a ferro para que me interessa a TLeb’s?????
Junho 13, 2012 at 9:46 pm
Que me perdoe a autora.
Redacção divertida? Eu fiquei estarrecido.
Junho 13, 2012 at 9:46 pm
Ora eis aqui uma prova do quanto isto baralha todo o mundo… especialmente porque não há uma verdadeira gramática explicativa: o DT não é uma gramática, de todo.
É que, Reb, o exemplo não foi o melhor: “ontem”, em ambos os casos, é um modificador do grupo verbal, a meu ver…
😦
Mas, isto exemplifica o que a própria Reb dizia antes: “Nas reuniões de Português, este ano, quando surgia alguma dúvida, andávamos de gramática em gramática a tentar perceber e cada uma tinha sua interpretação.” 😉
Junho 13, 2012 at 9:48 pm
#17, concordo completamente.
# 18, a Tlebs, enquanto tal, já não existe há uns anos – umas coisas foram aproveitadas e outrras não. Agora impera o DT, Dicionário Terminológico
http://dt.dgidc.min-edu.pt/
Junho 13, 2012 at 9:49 pm
#20, Fátima, tivemos essa dúvida e o que nos apareceu, em várias gramáticas, foi que, caso apareça fora do predicado, o comple. circunst. passa a ser um modificador da frase e não do grupo verbal.
Junho 13, 2012 at 9:59 pm
Não, mas não é por aí, Reb. E as gramáticas, algumas que conheço, não são de confiança… enfim, anda tudo à nora.
No caso, o estar “fora” não tem a ver com a vírgula. Os modificadores de frase, na generalidade, são “opinativos”, não podem ser negados ou interrogados (é esse o teste que se faz), como “felizmente”, “sem dúvida” e por aí fora.
“Ontem” é modificador pois não é exigido pelo predicado, mas tem valor locativo.
(e desculpem lá a aula de ocasião… vicío de professor – creio que haverá alguns por aqui… :p)
Junho 13, 2012 at 10:04 pm
# 23, olha, a propósito: http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=30685
Junho 13, 2012 at 10:07 pm
# não é locativo, é temporal, como é óbvio :))
(ai a miragem das férias…)
Junho 13, 2012 at 10:13 pm
#14,
O «identifique-se, por favor», parece-me um pouco pidesco, quanto aos manuais, gramáticas, livrinhos que refere, se utilizam esses termos – e eu sei que muitos o fazem – ou ignoram o Programa, ou são auxiliares dos professores e não dos alunos.
A «MENTIRA» de que fala é qual? Não entendo.
O Programa já nos dá trabalho q.b. (talvez um pouco mais do que isso), não entendo por que razão havemos de complicar mais, nem por que razão havemos de adotar manuais ou aconselhar gramáticas que não o cumprem.
Junho 13, 2012 at 10:16 pm
# 14. No caso do Português, as “complicações” estão no programa, sem tirar nem pôr 😉
Até foi revisto e entrou, novinho em folha, no básico, neste ano letivo…
E como no fim de cada ciclo temos exame nacional…
Junho 13, 2012 at 10:17 pm
Estou mesmo a precisar de descanso, arre! na anterior era para indicar #26 🙂
Junho 13, 2012 at 10:22 pm
O DT, Dicionário Terminológico, deixa qualquer um… estarrecido.
Junho 13, 2012 at 10:27 pm
A carta está uma delícia!
Embora e pareça que a dita professora fererenciada estivesse a fazer confusão em alguma aplicação do que ainda consegue ser mais ou menos inteligível na maldita TLEBS.
Mas a destruição dos C cistunstanciais é um disparate. Toda aquela terminologia é ua tradução barata de alguns francesismos, até pela ordem dos termos .
E os criadores do disparate alegam que é apenas um instrumento de “reflexão” para professores!!!
Mas deviam dizer isso ao GAVE e ao Mec. que depois o enfia nos exames!
Esse é que é o problema.
É ridículo tanto professor do secundário acabar por ter de dizer aos seus alunos coisas como: Não concordo com nada disto, quase nada tem sentido ou lógica, como vêem, mas como pode sair no exame… decorem e… depois do exame esqueçam!
Não há quem páre com este avantesma da TLEBS, assim como com o AO?
Incrível como nunca corrigem os erros, nem que venham de anteriores governos! Limitam~se a criar erros novos! 😦
Junho 13, 2012 at 10:28 pm
Desculpem mais uma vez as gralhas acima. Não revi e escrevi a correr.
Junho 13, 2012 at 10:28 pm
O texto é excelente! Quanto à discussão acima, deixo-a para os colegas de Português. Só gostaria de acrescentar que, para os professores de Inglês, que também estão obrigados pela orientações programáticas a levar os alunos a estabelecerem o paralelo das estruturas da língua estrangeira com as da língua materna, o que sempre fez todo o sentido, a TLEBS veio trazer um enorme problema que sentimos diariamente. A terminologia da gramática inglesa continua a tradicional e o professor tem a maior dificuldade, senão mesmo incapacidade (por falta de conhecimento de termos e noções tão “inovadoras” e complexas) em fazer esse trabalho.
Junho 13, 2012 at 10:30 pm
Felizmente sou do tempo em que não passava pela cabeça dos alunos (principalmente dos primeiros ciclos), que os professores não dominavam completamente (ou pelo menos minimamente), a matéria que tentavam ensinar…
Junho 13, 2012 at 10:31 pm
#23, Fátima, dantes, os complem circunst. eram sintaticamente analisados fora do grupo verbal/predicado. Acontece que agora, na análise sintática da frase, eles aparecem, enqto modificadores do verbo, dentro do grupo verbal.
O que nos colocou dúvidas foi que o mesmo advérbio, qdo posicionado noutro lugar da frase, passava a funcionar como modificador da frase e não do verbo.
Mas a confusão é tal que admito que isto esteja errado. Acontece que foi assim que explicámos aos miíudos…
Junho 13, 2012 at 10:35 pm
#23, Fátima, se, em vez do “ontem” tivessemos uma frase iniciada por “naquele tempo” ou ” Numa manhã de chuva”, como classificavas o modificador?
Junho 13, 2012 at 10:36 pm
#33, experimente ler os novos programas de Português e depois entre na conversa connosco!
Junho 13, 2012 at 10:36 pm
Admiro a Teolinda Gersão e não me parece verosímil este texto (ainda que à luz de uma voz adolescente).
No entanto, concordo que a ausência de formação que todos (professores de português) deveríamos ter tido e não tivemos para a operacionalização do DT se manifesta de uma forma confrangedora. O MEC deveria compreender que é inadmissível a forma como o DT nos foi imposto.
Por outro lado, é dramática a carga de CEL (ex-gramática, porque em contexto, etc, etc), de tipologias textuais (etc,etc) em detrimento da descoberta da arte da palavra.
Junho 13, 2012 at 10:37 pm
# 34 😉
Junho 13, 2012 at 10:38 pm
#32, Gui, eu dou Port. e Inglês e vejo-me grega para explicar aos alunos que um determinante possessivo é, em inglês, um adjectivo possessivo.
Neste caso, não concordo com a gramática inglesa. “My” não é um adjectivo…
Junho 13, 2012 at 10:41 pm
#28,
Eu não disse que as «complicações» estão fora do Programa. Sim, estou a falar do Novo. Mas vários manuais e gramáticas vão além do Programa. É essa complicação que refiro. Não nos bastam os oblíquos? Ainda vamos acrescentar os complementos do nome e do adjetivo, os existenciais e universais (quantificadores), a polaridade, a implicatura (adoro este)? Repito: estes termos não estão no NPP. Aliás, até estão, mas a cinzento, para não serem explicitados…. Afinal, tudo é sempre uma questão de cor!
Junho 13, 2012 at 10:44 pm
Exatamente do mesmo modo. Realizam-se, apenas, de modo diferente: ontem é um modificar adverbial, esses são preposicionais.
Amabos podem ser interrogados e negados:
– Foi numa manhã de chuva ou foi numa manhã de sol?
– Foi numa manhã de sol, não de chuva.
É simples de explicar: pelo menos, eu gosto de simplificar estes monstros. São os “opiniativos” (terminologia minha). Se eu digo – felizmente, está a chover. Não vou dizer: é felizmente que está a chover? ou Não é felizmente que está a chover?
E isso aplica-se aos restantes: obviamente, naturalmente, sem dúvida, com certeza… por aí fora.
🙂
Junho 13, 2012 at 10:47 pm
👍
Junho 13, 2012 at 10:47 pm
# 40. Compreendo.
Mas no início do texto, a Teolinda fala de exames do secundário. No fim é que assina como aluno (ficcionado?) do 8º
As implicaturas (que tem nome feio mas até é fácil de ensinar :D), os complementos do nome, a polaridade, são matéria do secundário (os pobres… o que eu gosto mesmo é de lhes ensinar LITERATURA!)
Junho 13, 2012 at 10:58 pm
Acordo ortográfico, TLEBS, DT tem tudo a mesma origem, rapaziada/raparigada mui moderna, na vanguarda do progresso, a gritarem pela mudança e pelo novo que avança e a apelidarem os que não cantam em coro com eles que são conservadores e atrasados; gente muito frenética, muito moderna e sempre numa escola perto de si a destruirem geração atrás de geração com a trampa que a maior parte das vezes nem elas percebem, mas sabendo que se agitarem as águas elas turvam e assim parecerem mais profundas. A boa gramática tradicional (ó, por Baco, disse a palavra proibida…), reparem, a que se aprendia naquela 4ª classe que tinha exames e passava diplomas que o responsável deste blog lembrou, a velha GRAMÁTICA TRADICIONAL era mais que suficiente para permitir um conhecimento-funcionamento da língua, coisa que esta coisa inominável não faz, o que faz é lançar a confusão generalizada e afastar pessoas minimamente inteligentes daquilo que seria fundamental saberem. Se bem recordo tivemos um responsável primeiro por programas de português que depois de marginalizar autores do cânone, como Camões, veio para os jornais dizer ah e tal não está bem, como se não fosse responsável, uma espécie de Paulo Campos da coisa. Isto tudo só lá vai de outra maneira. Tem de haver gente presa e muita e por muito tempo, de contrário há gente que tem de tomar a coisa em mãos e pisar, esmagar as víboras, por bem vestidas que estejam. Estão a destruir Portugal e enchem todas as noites as TV.s com palavreado de prós e contras e outras fantochadas. Por outro lado, a ter em conta o número de comentários, os meus colegas acham muito mais importante que a classificação de Educação Física conte para a média final. Opiniões…
Junho 13, 2012 at 11:02 pm
«Recentemente, um matemático da envergadura de René Thom não hesitou em escrever estas palavras manifestamente desproporcionadas:”La Linguistique a, parmi les sciences, un statut très particulier. Parmi tous les sciences, elle offre cette particularité d’être rigoureusement inutile”»
V A e Silva, As Humanidades os Estudos Culturais, o Ensino da Literatura e a Política de Língua Portuguesa, Coimbra, Livraria Almedina, 2010, p. 164
Eu penso que é este tipo de terminologia e conceitos que nada ajudam na desocultação do texto, que levam certos cientistas a ver na linguística uma “ciência rigorosamente inútil”, embora não o seja!
Junho 13, 2012 at 11:02 pm
Mein Got! Fuzilem os mangas de alpaca que inventaram estas m*rdas porque estão a assassinar a língua! A ociosidade é a ferrugem da alma, a mãe de todos os vícios. Para as galeras, já! Expulsem-se os badamecos.
Bom, estou no ir.
Junho 13, 2012 at 11:03 pm
Aproveito para lembra a origem da COISA – linguística computacional.
Junho 13, 2012 at 11:03 pm
#43,
Também prefiro a literatura, mas se os alunos souberem identificar um sujeito, talvez percebam melhor o que estão a ler. A implicatura foi escolhida de propósito (ai os nomes das coisas).
E insisto, perguntando: os complementos do nome (é só um exemplo, entre muitos outros possíveis) estão no Programa, ou estão nos manuais, livrinhos e livrecos do E. S.?
Junho 13, 2012 at 11:04 pm
#36
Sabe que houve colegas suas (poucas) que sempre se recusaram a dar patetices mesmo que tivessem nos programas? Há pelo menos uma bem conhecida…
Mas leia, por favor, #44.
Junho 13, 2012 at 11:05 pm
“estivessem”
Junho 13, 2012 at 11:07 pm
#41, ou seja, os compl, circunst de modo ( sejam adverbiais ou preposicionais) têm função sintática diferente dos de tempo e lugar. É isto?
Junho 13, 2012 at 11:08 pm
Ora, isto serve para concluir que… o DTLP serviu para encher a barriga a muita gente, excepto a quem interessa.
Junho 13, 2012 at 11:10 pm
# 47, precisamente, e o primeiro assalto deu-se com a tentativa de colocar nos programas, creio que após 1977, o modelo da gramática generativa transformacional, que terá muitas virtudes mas teve o inegável vício de formar a primeira geração que não apanhou nada de sintaxe, e a partir daí é sempre a cair…
Junho 13, 2012 at 11:10 pm
# 49 – correndo o risco de meter foice em seara alheia, não me vai levar a mal, não?
Eu até posso ser heroína por conta própria, mas… em Português há exames. Que acharia da professora do seu filho que não deu estas patetices e ele, em exame, desce a médias uns bons valores, que o impedem de entrar no curso tão desejado?
Diria ao seu filho que ela era uma heroína?
Junho 13, 2012 at 11:12 pm
A polaridade dá-se no 5º ano.
Eles nem a palavra conseguem dizer direito, engasgam-se sempre. 🙂
Junho 13, 2012 at 11:14 pm
#49 “estivessem nos programas” 🙂
Já agora. 😉
Junho 13, 2012 at 11:15 pm
#41, Fátima, vou levar esse teu “opinativos” para a minha escola. 🙂
Junho 13, 2012 at 11:15 pm
# 51 🙂 Não, também não podemos simplificar assim… aliás, julgo que eles pretenderam mexer, precisamente, nisso (emboara tenham exagerado nas modificações).
Convenhamos: “felizmente, está a chover” – “felizmente” não indica o modo como está a chover, pois não?
Mas, se dissermos “chove intensamente”, este já indica o modo como chove.
É diferente, não é?
Assim, antigamente, ambos eram cc de modo.
Agora, “felizmente” é um modificador de frase e “intensamente” é um modificador do grupo verbal.
Junho 13, 2012 at 11:17 pm
#54
Duvido que dar literatura a sério em vez de textos sobre a vida de artistas pimba, de regulamentos de concursos televisivos ou artigos de jornais, possa prejudicar seja quem for, mesmo em exames. Se assim for o caminho é denunciar os exames (de que eu sou a favor se restrições)… Mas um exame de Português, ou de uma língua estrangeira, não pode ser transformadp num exame de culinária, onde o importante é conhecer as receitas.
Junho 13, 2012 at 11:22 pm
# 59. Mas eu não podia estar mais de acordo! Completamente. Mas falávamos, até, da gramática, do funcionamento da língua, e de todas estas alterções e do desgaste que elas provocam, mais ainda quando não são claras, sequer para os professores.
Cinco valores do exame recaem sobre esta matéria. Mesmo não gostando, discordando, não podemos pôr em causa o futuro dos alunos que nos são confiados.
“Denunciar exames”? acredite que tem sido feito. Verbalmente, por escrito… já conhece a máquina, não já? quando produzem erros, até nos exames, e muitas vezes nem os querem admitir…
Junho 13, 2012 at 11:29 pm
#59
Fugiu, como gato sobre brasas, ao perguntado em 54…
).
(Como quem tergiversa numa questão de exame a que não sabe como responder. Bem me parecia que um examinando como você tinha chumbo certo
Junho 13, 2012 at 11:31 pm
Quando quero acompanhar a minha filha em Português ,é uma grande confusão ! Procuro em gramáticas recentes e já não é nada assim ….Pergunto aos colegas de Português que me indicaram uma boa Gramática aínda no ano passado e eles respondem-me que é preciso comprar outra pois a que comprei já está desactualizada .Enfim ,a minha pequena que aprendeu duma forma até ao 6º ano não compreende porque é que com esta professora tudo tem designações diferentes !
O mais complicado e estranho é que uns colegas dizem uma coisa e outros dizem outra ! Assim ninguém se entende ….
Eu que sou prof. de língua estrangeira também na aula faço muitas vezes comparações com o Português …..já me apercebi que é melhor parar com isso .Os miúdos dizem :”Ó professora ,em Português ,agora não há complementos circunstanciais !” E eu penso :”Ah ! Pois ,a Tlebs…..” .
Até os colegas de Português ,tiram dúvidas na sala dos professores .
O que noto é que a gramática está a ser muito mal dada ,não se aprofunda nada ,é tudo dado no ar …..acho que isto se deve ao facto dos próprios professores se sentirem mal preparados para ensinarem a TLEBS .
Quem vai sofrer as consequências ? Os alunos ,é claro.
Junho 13, 2012 at 11:35 pm
A minha filha não deu a polaridade no 5º ano .A professora dela era professora de História e nunca deu a TLEBS.
Junho 13, 2012 at 11:35 pm
Tratando-se de um verbo copulativo, já anteriormente, o grupo que viesse a seguir (é bonito/ está em casa/ continuo amanhã/ parece um anjo), exercia a função sintática de predicativo do sujeito.
Junho 13, 2012 at 11:37 pm
# 63. Nunca ninguém a deu, anamaria 🙂
O problema é esse…
Junho 13, 2012 at 11:39 pm
Vós que estais ainda no segundo ciclo – ou mesmo no terceiro, vede o que vos espera: ESPECIAL ATENÇÃO AO EXEMPLO vii
Esta é do DT – mas uma boa parte já circula no Secundário.
Na frase (i), o grupo nominal “o bolo” é complemento do verbo “comeu”. Sabe-se que este constituinte é um complemento do verbo, porque a sua presença na frase depende deste verbo, conforme se atesta em (ii):
(i) O João comeu o bolo.
(ii) *O João tossiu o bolo. (frase agramatical porque “o bolo” não é seleccionado por “tossiu”)
O João tossiu.
Na frase (iii), a oração completiva “de comprarmos uma casa” é complemento do nome “ideia”. Sabe-se que este constituinte é um complemento do nome, porque a sua presença na frase depende deste nome, conforme se atesta em (iv):
(iii) A ideia de comprarmos uma casa agrada-me.
(iv) *A camisola de comprarmos uma casa agrada-me.
A camisola agrada-me.
Na frase (v), o grupo preposicional “do filho” é complemento do adjectivo “orgulhoso”. Sabe-se que este constituinte é um complemento do adjectivo, porque a sua presença na frase depende do adjectivo, conforme se atesta em (vi):
(v) O Pedro está orgulhoso do seu filho.
(vi) *O Pedro está louco do seu filho.
O Pedro está louco.
Na frase (vii), o grupo nominal “casa” é complemento da preposição “em”:
(vii) O Pedro está em casa.
O complemento distingue-se do modificador, porque este não é seleccionado. Assim, a ausência de um complemento pode gerar uma frase anómala (i), o que não acontece com um modificador (ii).
(i) a. O João porta-se mal.
b. *O João porta-se.
(ii) a. O João cantou mal.
b. O João cantou.
Junho 13, 2012 at 11:40 pm
Fátima e Reb, já começo a perceber melhor por que é que os alunos chegam ao secundário sem saber escrever ou interpretar.
Com todos esses disparates – TLEBS, DT e outras coisas sinistras – que se lhes infligem, é caso para dizer que ainda muito bons nos saiem eles…
Um abraço solidário para quem, denodadamente como vocês, tem que aguentar esse calvário.
Tanto mais que, a julgar pelo andar da carruagem, vos começarão a cobrar (ainda) mais pelos (maus) resultados.
Junho 13, 2012 at 11:45 pm
# 67 😉
É o costume!… e é a sina de todos.
# 66 – isso já é maldade pura! 😀
Junho 13, 2012 at 11:57 pm
#61
És completamente, e não apenas intelectualmente, desonesto. Nunca tenatste sequer rebater os meus argumentos, optando sempre pela ofensa fácil.
Mas se queres saber a verdade: fui “spamado” quamdo tentei responder a #56 (que não leu #50). Porquê não sei. Mas tu podes facilmente saber que isto é verdade, junto do responsável pelo blogue.
Junho 14, 2012 at 12:03 am
DT, Dicionário Terminológico
http://dt.dgidc.min-edu.pt/
não seria menos complicado mudarem já para este endereço?
(DT, Dicionário Terminológico)
http://dt.dgidc.min-edu.com.br/
…
Junho 14, 2012 at 12:05 am
#61, trata-se de insanidade, ó Farpas, in-sa-ni-da-de, pura e simples, veja se compreende que é a confusão generalizada e que os colegas de português têm andado à nora a tentar “operacionalizar” (ao que eu cheguei…) o que sendo por vezes incompreensível para eles ainda o é mais, se tal é possível, para os alunos. Repare que o problema também se põe com o AO que, note bem, NÃO ESTÁ EM VIGOR, – perdoe as maiúsculas – e se tenta impor enquanto facto consumado. Qualquer professor, é esta a minha opinião, que deve motivar os alunos para o espírito crítico, devia começar por o espevitar nele próprio e se recusar, repito, recusar ao que é ilegal, é que se trata, também, ou melhor, sobretudo de cidadania. No que a este assunto, do AO, diz respeito houve mesmo uma portuguesa, creio que médica de profissão, que escreveu ao sr. ministro dando conta, se não erro, de que impedia o ministério de obrigar o filho a aprender uma nova ortografia, na pessoa dos seus zelosos funcionários que devem adubar o espírito crítico dos alunos e prepará-los para exame impondo-lhes uma ortografia ILEGAL. A cidadania passa também por estas coisas, dizer que o rei vai nú, dizer que não se cumprem ordens porque sim, fazer, afinal, objecção de consciência a quem quer fazer dos professores palhaços. Coisa que têm tentado com afinco e em certos casos têm conseguido, embora ainda não tenham começado a distribuir os narizes vermelhos em forma de bola. Quando o fizerem, pode estar certo que há colegas que prestimosamente o correm a pôr. Ah, não tenho notícia de resposta do sr. ministro à carta da médica que é muito sólida e contundente (posso passar-lhe a ligação, se não conhecer.)
Junho 14, 2012 at 12:15 am
“61
Como de costume, apenas conseguiste enlamear uma discussão onde todos tentam argumentar honestamente. A tua especialidade é mesmo inventares “processos de intenções”… Que depois e facilmente, claro, “desmascaras”…
Junho 14, 2012 at 12:19 am
# Ó Gabriel, não me leve a mal, nada tenho contra si, que nem sequer conheço, mas tenho esta tendência teimosa de nem pôr nariz vermelho nem de endeusar contestatários só por o serem (e olhe que eu até o sou bastante… :)).
Essa senhora doutora precipitou-se. Primeiro, porque o seu filho não vai ser submetido (para já) a exames com o acordo ortográfico e, segundo, porque está em vigor.
http://www.gave.min-edu.pt/np3/373.html
Naturalmente, está em todo o direito de não concordar, de contestar, de assinar petições, de não aplicar, pessoalmente. Não pode é avançar, a tal médica, com alegações destas.
Junho 14, 2012 at 12:21 am
Este texto é digno de ser enviado para a comunicação social…
É a prova de um país que caminha sem qualquer rumo ..
Gostaria de saber os interesses económicos que ditaram esta aberração!…
Pobres portugueses!..
Junho 14, 2012 at 12:25 am
#69,72
😆 😆 😆
Junho 14, 2012 at 12:27 am
Simplesmente espectacular e bem pertinente! Amanhã vou tirar uma cópia e afixá-la num placard da sala de professores. Raios partam o modificador apositivo!!! Ou será culpa da coesão catafórica???
Junho 14, 2012 at 12:34 am
Comentário irónico. Pondo o complicómetro a funcionar deveria haver não um quantificador existencial
[quantificador utilizado para asserir(*) a existência da entidade designada pelo nome com que se combina sem remeter para a totalidade dos elementos de um conjunto (i) ou para expressar uma quantidade não precisa (ii) ou relativa a um valor considerado como ponto de referência (iii).],
mas dois, que permitisse distinguir:
(a) a existência de pelo menos uma identidade; exemplo: “existe um número” que verifica a condição enunciada;
(b) a existência de uma e uma só entidade; exemplo: “existe uma e uma só proposta” que cumpre os requisitos estabelecidos.
(*) Desconheço esta palavra e o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa também.
Junho 14, 2012 at 12:37 am
mas dois, que permitissem distinguir:
Junho 14, 2012 at 12:39 am
#73, levar a mal? Ó Fátima, discuto ideias, troco opiniões e não espero que digam amén às minhas orações… Deixe-me assim, esclarecido isto, recordar-lhe o conceito de performatividade enquanto uma identidade entre input e output, que é como quem diz que se o Gave diz é lei. Olhe que não é bem assim…
Quanto às alegações da médica aqui lhas deixo e ajuize:
Click to access carta.pdf
Ah, se souber qual a resposta do ministro faça-ma chegar.
Junho 14, 2012 at 12:41 am
#75
Parafraseando o Juca Chaves na anedota da hiena, que segundo ele está sempre a rir, mas come excrementos e tem relações sexuais uma vez por ano: “estás-te a rir de quê”?
Junho 14, 2012 at 12:42 am
Combinado, Gabriel! 🙂 e lerei, sim, mas hoje já não vai ser…
# Américo, mais uma maldade gramatical 🙂 Com exemplos assim, não tarda os nossos colegas internam-nos :))
Junho 14, 2012 at 12:43 am
#77
Correcção:
Comentário irónico. Pondo o complicómetro a funcionar, deveria haver não um quantificador existencial
[quantificador utilizado para asserir(*) a existência da entidade designada pelo nome com que se combina sem remeter para a totalidade dos elementos de um conjunto (i) ou para expressar uma quantidade não precisa (ii) ou relativa a um valor considerado como ponto de referência (iii).],
mas dois que permitissem distinguir:
(a) a existência de pelo menos uma entidade; exemplo: “existe um número” que verifica a condição enunciada;
(b) a existência de uma e uma só entidade; exemplo: “existe uma e uma só proposta” que cumpre os requisitos estabelecidos.
(*) Desconheço esta palavra e o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa também.
Junho 14, 2012 at 12:44 am
# 79… ah, quanto ao input e output… bem, também não acredito em bruxas mas habê-las hai-las 🙂
O Gave não publicou aquilo sem estar bem respaldado… só fui buscar aquela fonte por estar mais diretamente ligada ao ensino. Há outras.
Junho 14, 2012 at 12:47 am
#80
Junho 14, 2012 at 12:53 am
[…] Redacção “Declaração de Amor à Língua Portuguesa”Da escritora Teolinda Gersão; assim mesmo, com dois “c”, que isto do Acordo Ortográfico tem os dias contados. Terá?A Língua Portuguesa é muito traiçoeira!Quem já se esqueceu da famosa TLEBS?Leiam aqui. […]
Junho 14, 2012 at 1:24 am
Excelente texto!
Dramáticas perspectivas para uma geração (para já)!
Humilhante para a escola e para os professores!
Aterrador para a Língua Portuguesa!
MEGALOMANIAS!!!!!!
-Que uns quantos (com interesses particulares) impõem às maiorias.
Esta MEGALOMANIA (pseudo acordos, terminologias da treta, gramáticas estúpidas…) é como as outras que estamos a pagar bem caro (e mais caro ainda num futuro já bem próximo)… a megalomania dos estádios, dos centros culturais, das auto-estradas, das renováveis, dos mega-contratos, dos centros comerciais, da construção desenfreada, do crédito fácil, dos “campus da justiça”, das parcerias público-privadas, dos TGV, …, dos “inovadorismos e empreendedorismos”,…, das derrapagens…
Como as anteriormente mencionadas, também esta SERVIRÁ UNS POUCOS e LIXARÁ A MAIORIA.
Já agora… os netos não terão que ter a mesma idade …ele há cada um… pelo que parece normal as referências, no texto aos níveis secundário e básico.
(ainda que fosse todo resultante da criatividade de uma só pessoa, qual o problema de equacionar a “transversalidade e/ou articulação vertical do problema???)
(O que chateia é a imbecilidade ou incompetência… como os outros… coitados… aqueles que estranharam muito os números do desemprego … mas… e nem assim aprendem… vão persistir nos erros… claro, pagamos nós!)
Junho 14, 2012 at 1:28 am
Gabriel
A carta da médica é fabulosa e acima de tudo muito bem fundamentada (aos mais diversos níveis)!
Estou expectante com a resposta!
Junho 14, 2012 at 1:31 am
Se os colegas de Português não colocarem urgentemente termo a este devaneio a “coisa” pode-lhes rebentar nas mãos.
A julgar pelos comentários anteriores, mais rapidamente o problema será dos professores do que dos alunos. O risco de alimentar esse complicómetro “armadilhado” pode ser a descredibilização dos próprios professores que persistam em ensinar o aparentemente inensinável..
Junho 14, 2012 at 1:50 am
É uma redação do c*r***o!
Está é mal pontuada como o c*r***o!
😉
Junho 14, 2012 at 9:15 am
Reb, a Fátima está correta. Trata-se de um mofificador do predicado ou do grupo verbal e está no predicado, mesmo colocado antes do sujeito.
Junho 14, 2012 at 9:24 am
# 77 #82 Américo
Ponhamos o descomplicómetro a funcionar (também faz jeito)
Identidade, problema posto pelo quantificador particular [existencial]
1) Existe pelo menos uma razão para esperar
2) Existe quando muito uma razão para esperar
3) Existe uma e uma só razão para esperar
A tradução da proposição 1) não oferece dificuldade, dado o sentido que atribuimos a ‘∃’. Em contrapartida, não nos é possível exprimir 2) sem introduzir um novo predicado. De facto, dizer que existe, quando muito, uma razão para esperar, é dizer que, se tivermos encontrado uma razão para desperar e alguém pensar ter encontrado outra, as duas razões, a existirem, são idênticas.
…
O signo ‘=’, que introduzimos no cálculo dos predicados, vai ter um estatuto único. Com efeito, as letras que usámos até agora, ‘r’ e ‘s’, etc, se designavam relações, faziam-no de modo ambíguo, com significado que se alterava de contexto para contexto. O novo símbolo ‘=’, pelo contrário, designrá sempre a mesma relação de identidade, de moso que poderemos chamar-lhe uma constante.
(Jean-Blayse Grize)
Lógica e conhecimento científico, Jean Piaget e outros, Vol I, Livraria Civilização, Barcelos Maio de 1980 (pág 192)
Junho 14, 2012 at 9:32 am
Não me admira nada que haja tal cacafonia entre os docentes. Aqueles que tiveram alguma iniciação à linguística ainda vá que não vá conseguem entender algo no meio desta floresta de enganos e relativizar as coisas sem embarcar numa moda de tudo pôr em causa em nome da modernidade. A verdade é que quem dominava a espinha dorsal da gramática tradicional ainda podia aventurar-se a perceber e aplicar algumas achegas interessantes das linguísticas que entretanto começaram a teorizar e a gerar novos esquemas de interpretação dos mecanismos da língua e da fala. A tentativa de generalização destes novos conceitos a docentes perfeitamente desconhecedores do ambiente teórico das linguísticas deu m****! Palpita-me que as novas gerações docentes cavalgam modismos teóricos sem sequer terem boas bases e fundamentos na Gramática Tradicional. Com estas do “complemento oblíquo” e outras “pessegadas” obtusas e pouco óbvias estamos a cair nos tempos da “pedra lascada” do ensino com a “Tlebs” e os resultados esses é que são óbvios. Parabéns a Teolinda Gersão que bandarilha o “minotauro” pelo lado mais frágil que é o das gerações mais novas que começam a aperceber-se do “monstro” que as espreita e os vampiriza.
Junho 14, 2012 at 9:42 am
#92,
No seu comentário cruzam-se duas tendências quase opostas.
A da crítica aos professores que não são versados em linguística (no fundo uma crítica aos do 2º CEB que, como eu, não surgem do lado das Literaturas e Língua) e, ao mesmo tempo, uma crítica ao que se foi colocado em vigor.
Aquilo que não problematiza é: e o que ganham os alunos com isto?
É esta a forma mais correcta de lhes ensinar o que os faz entender melhor o funcionamento da língua?
Não será apenas torná-los a carne para canhão de disputas sectárias e de facção no âmbito da linguística?
Deveremos colocar os alunos de Ciências a discutir os quanta antes de terem uma base sólida de conhecimentos, mesmo que mais conservadores?
Junho 14, 2012 at 9:44 am
Bom dia.
Não quero defender o DT, mas tenho a certeza de uma coisa: não é de agora que a gramática cria confusões.
Havia professores que diziam que o predicado era APENAS o verbo, sendo que todos os complementos estavam fora deste; outros colocavam todos os complementos circunstanciais fora de predicado outros não; nas orações coordenadas e subordinadas era à vontade do freguês e da gramática consultada…
Junho 14, 2012 at 9:45 am
Ia-me esquecendo: claro que há colegas excitadísima(o)s com a possibilidade de agora mostrarem a sua imensa superioridade intelectual apenas por dominarem um pouco melhor estas coisas.
Como se eu ficasse super-entusiasmado só porque sei um pouco mais sobre todo o contexto histórico do Gil Vicente, Camões, Eça, Herculano que ele(a)s… coisa que até sei e de muito longe, porque até dá dó perceber a pobreza da contextualização que é feita de algumas obras, como se fossem produtos ex nihilo.
Junho 14, 2012 at 9:50 am
#94,
O problema é quando os manuais (que são feitos por gente certificada nas coisas) diziam uma coisa e nós tínamos de dizer outra.
E usar o verbo (núcleo do predicado) para ajudar os alunos a entenderem toda a acção praticada (o predicado propriamente dito) não me parece o maior dos erros, em especial quando a terminologia sobre os tipos de predicado era “oscilante” (digamos assim) e mesmo nos critérios e classificação de algumas provas de aferição dos últimos anos se aceitava tudo e mais alguma coisa.
Ainda me lembro de que no ano em que existia um excerto do “Kurika” em que as propostas de classificação do predicado estavam “menos bem” foram feitos aditamentos à última da hora, levando a que todas as “experts” presentes tivessem de mudar a sua forma de ver as coisas e o ignorante se ficasse a rir.
Junho 14, 2012 at 9:53 am
As minhas dúvidas, no que respeita ao DT, surgem na operacionalização dos conceitos. Há coisas que não fazem sentido e outras difíceis de perceber e de ensinar. A composição é disso um exemplo! Dizer aos meninos que é um composto morfológico constituido por dois radicais gregos(!) ou latinos (!) é um fartote de rir. Vejo-me grega!!
Junho 14, 2012 at 9:54 am
#96 É isso mesmo, Paulo. As dúvidas não são de agora!
Junho 14, 2012 at 10:07 am
# 95, ó Paulo, não percebes nada. É Caeiro! é simples falar de um autor: “Não há nada mais simples/Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte. ”
😉
Junho 14, 2012 at 10:23 am
#91 António
“Ponhamos o descomplicómetro a funcionar (também faz jeito)”
Se faz!
Junho 14, 2012 at 10:45 am
Les programmes ont été déstructurés, évidés des connaissances simples et élémentaires à partir desquelles tous les savoirs sont construits. On leur a ôté presque toute progressivité de l’école primaire jusqu’à la fin du collège, et on a masqué le délitement des apprentissages de base en affichant des objectifs démesurément ambitieux, destinés non pas à être atteints mais à jeter de la poudre aux yeux. Les disciplines elles-mêmes ont été remises en question, et plus que toutes les autres, le français et les mathématiques dont les horaires ont fondu : par exemple de plus du tiers pour l’horaire de français du primaire, depuis les années 60.
Les méthodes ont été bouleversées. Les leçons et tout ce qui pourrait y ressembler ont été proscrits par la nouvelle doctrine officielle, celle de l’élève qui doit construire lui-même ses savoirs. On a banni l’apprentissage des éléments et les exercices systématiques, et on a prétendu transformer les enfants en petits chercheurs, leur demandant de retrouver chacun en une douzaine d’années ce que l’humanité entière a élaboré en plusieurs millénaires. Ce n’est pas seulement la lecture – c’est tout qu’on a voulu enseigner globalement, confrontant systématiquement les élèves à des textes et des connaissances complexes sans leur donner préalablement les éléments qui permettraient de les comprendre.
Laurent Lafforgue</
Junho 14, 2012 at 11:15 am
Com tantas mudanças e alterações terminológicas, começo a sentir-me muito ignorante e perfeitamente ultrapassada, no que respeita à minha língua materna. O mais estúpido é que muitas dessa alterações parecem completamente ABSURDAS, pelo menos para uma leiga…
Junho 14, 2012 at 11:44 am
#101
Com opiniões dessas não admira que:
«Nommé, par le président de la République Jacques Chirac, membre du Haut Conseil de l’éducation (HCE), instauré par la loi Fillon, il en démissionne à la demande du président du HCE, le 21 novembre 2005, au lendemain de la première réunion de travail. Selon Laurent Lafforgue, le motif invoqué serait le contenu virulent d’un courriel où il exposait ses réticences concernant la qualification des experts du ministère de l’Éducation nationale pour mener à bien le travail du HCE 2. Il est remplacé le 2 mars 2006 par Antoine Compagnon, professeur à l’université Paris-IV Sorbonne.
Il a écrit avec Liliane Lurçat un livre intitulé La Débâcle de l’école (éditions François-Xavier de Guibert, 2007), et donné de nombreuses interviews et conférences sur l’éducation.»
http://fr.wikipedia.org/wiki/Laurent_Lafforgue
Junho 14, 2012 at 12:12 pm
#103
Há um lado llaforguiano em Nuno Crato, em notório conflito com imposições chiraquianas. Pobre académico, onde se meteu.
Junho 14, 2012 at 3:12 pm
É por esta e por outras que há anos que passei a seguir e a aplicar a lógica da gramática inglesa. Afinal ninguém em seu juízo perfeito me poderá criticar. Já toda a gente usa e abusa do inglês, não é?
Junho 14, 2012 at 3:16 pm
#104
O link leva à mensagem “Desculpe, não existem artigos que correspondam ao seu critério.”
Junho 14, 2012 at 4:33 pm
#0
PG pela primeira vez fiquei aterrorizado com um poste.
Ainda só vou no 4º ano, e já tinha reparado que existiram alterações na gramática do 2º para o 3º, e do 3º para o 4º (regressando em algumas terminologias ao 2º ano).
Se os colegas de português são tão criticos em relação à gramática do 5º ano temo o início do próximo ano lectivo; pois mais uma vez vou ter que ouvir que os professores estão sempre a mudar o nome das “coisas” e a complicarem tudo.
Felizmente os meus alunos da noite aprenderam gramática do antes …. e eu consigo acompanhá-los na descodificação de algumas frases menos perceptíveis…
Junho 14, 2012 at 5:06 pm
#106 Erro no link
Nuno Crato
O «eduquês» em Discurso Directo
Uma crítica da Pedagogia Romântica e Construtivista
http://www.filedu.com/ncratoeduques.pdf
Páginas 3,4 (Nota de rodapé 7)
Junho 14, 2012 at 5:32 pm
#108 Obrigado, agora está OK.
Junho 14, 2012 at 11:14 pm
[…] “Redacção” de Teolinda Gersão no “Educação do meu Umbigo” , artigo em alta no wordpress. Já fiz o “share” no facebook. Share this:TwitterFacebookEmailGostar disto:GostoBe the first to like this. […]
Junho 14, 2012 at 11:27 pm
Maravilhosa redacção que deveria ser o mais publicitada possível para ver se abre os olhos a quem de direito…
Junho 21, 2012 at 8:40 pm
“Impor” não tem acento circunflexo, nem nenhum dos verbos derivados de “pôr”. Corrijam lá isso antes que alguém veja 😉
Junho 22, 2012 at 5:55 pm
Tenho pena que estejamos sujeitos a subserviências lesivas da dignidade e garantia das raízes sobre que nos edificamos.
Afinal,quem somos?Meros coitadinhos estigmatizados pelo complexo da pequenez territorial desde que perdemos as nossas possessões?…
Parece…
Julho 10, 2012 at 3:17 am
A Língua Portuguesa é tão rica gramaticalmente e não só, e devido a um acordo ortográfico, me desculpem mas feito especialmente por (um doente-SÓCRETINO), somos todos obrigados a escrever de uma forma sem FORMA nem sentido. COMO ESTÁ A MINHA PÁTRIA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Julho 10, 2012 at 3:19 am
Reparem nesta frase: De facto tenho um cágado no meu quintal e actualmente será: De fato tenho um cagado no meu quintal !!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Agosto 11, 2013 at 2:42 pm
Será que há alguém no MEC que saiba ler os portugueses?