Ainda os salários dos professores. O relatório da OCDE tem mais quadros e alguns mais complexos do que aqueles que são mais rápidos a ser assimilados para títulos fortes.
E há ainda os quadros que, na sua letal objectividade, enganam imenso. Ou não. Tudo depende de sabermos o que está na base de certos números.
Vejamos o quadro seguinte:
A primeira conclusão (uma que é repetida há muito) é que os professores no topo salarial da carreira ganham muito mais do que os professores na base.
E os dados do lado esquerdo parecem confirmar: o ratio do topo em relação à base é de 1.76, acima da média da OCDE (1.64) e de um conjunto de 21 países da UE (de 1.57 a 1.61).
O problema é que…
… actualmente no topo salarial da carreira (10º escalão, índice 370) não está qualquer professor.
O que significa que aquele valor (1.76) é puramente fictício. Resulta daquele escalão que foi incluído na revisão da carreira mas a que ninguém ainda chegou ou penso que chegará alguma vez.
Por outro lado, se espreitarmos para as colunas da direita encontramos o valor da remuneração da hora de trabalho dos docentes nos vários países e as médias da OCDE e UE, com as adaptações estatísticas necessárias para comparações.
Já repararam que, espantosamente para quem afirma que são uns privilegiados, os professores portugueses recebem razoavelmente menos do que a média?
Março 14, 2012 at 9:39 pm
ESTÃO PAULO … OS REFORMADOS….
Março 14, 2012 at 9:45 pm
Nem mais!!! Finalmente alguém que sabe ler quadros estatísticos. Mas independentemente, disso, com tantos licenciados a trabalhar como caixas de supermercado e em outras profissões que não exigem estudos superiores, não surpreenderia que os professores ganhassem mais.
Março 14, 2012 at 9:49 pm
Continuo a afirmar que os números, se forem torturados o suficiente e durante o tempo necessário, acabarão sempre por confessar tudo que nós quisermos.
Tanto trabalho para nada…
Março 14, 2012 at 9:50 pm
pois…
Mentira é a recriação de uma Verdade.
O mentidor cria ou recria. Ou recreia. A fronteira entre estas duas palavras é ténue e delicada. Mas as fronteiras entre as palavras são todas ténues e delicadas.
Entre a recriação e o recreio assenta todo o jogo. O que não quer dizer que o jogo resulta sempre. Resulte seja o que for ou do que for.
A Ambiguidade é a Arte do Suspenso. Tudo o que está suspenso suspende ou equilibra. Ou instabiliza. Mas tudo é instável ou está suspenso.
Pelo menos ainda.
Ainda é uma questão de tempo. Tudo depende da noção de tempo ou duração ou extensão. A aceleração do tempo pode traduzir-se pela imobilidade pois que a imobilidade pode traduzir-se por um máximo de aceleração ou um mínimo de extensão: aceleração tão grande que já não se veja o movimento ou o espaço ou a duração.
Tudo está sempre a destruir tudo. Ou qualquer coisa. Ou alguém. Mas estamos sempre a destruir tudo ou qualquer coisa. Ou alguém.
Os construtores demolem. No lugar onde estava o sopro, pormos pedras ou palavras: sinónimo de construção. Ou destruição. Ou acção.
Ana Hatherly, in ‘O Mestre’
Março 14, 2012 at 9:51 pm
Paulo, achas que enviar para o Público a tua análise pode resultar em alguma correcção das interpretações deles (ou veiculadas por eles)?
Março 14, 2012 at 9:57 pm
#5,
Eles passam por aqui. Certamente completarão a sua leitura logo que exista tempo…
Março 14, 2012 at 10:00 pm
Vão entrar mais dois posts sobre isto, confessando que após um dia de trabalho bastante preenchido fora e dentro da escola, não é coisa que faça sem algum esforço e moderada acrimónia…

Março 14, 2012 at 10:06 pm
#7:
Admiro-te.
No fim de um dia de trabalho…
Março 14, 2012 at 10:11 pm
O 370 era só a partir de 2012.
Março 14, 2012 at 10:14 pm
#9,
Mas foi legislado antes…
Março 14, 2012 at 10:14 pm
#8,
Diz o roto ao esfarrapado…
Março 14, 2012 at 10:29 pm
Ai, estas análises estatísticas da OCDE, utilizadas oportunisticamente pelos meios de comunicação social para ajudar a denegrir ainda mais a nossa imagem profissional.
Na disciplina de Matemática, ao introduzir a Estatística, gosto de citar a frase:
“Existem os mentirosos, existem os muito mentirosos e… existem os estatísticos” 🙂
Março 14, 2012 at 10:43 pm
#11:
Incomodas muita boa gente.
Ainda estou para saber porque é que uma “determinada” esquerda não te grama nem com molho de tomate.
Retrógrado!
Março 14, 2012 at 10:48 pm
QUESTÃO DE ACIDEZ NO MOLHO DE TOMATE!!!!!!
Março 14, 2012 at 11:24 pm
[…] melhor do que eu alguma vez faria, o Paulo Guinote analisa o estudo: leiam aqui, aqui, aqui e aqui. Leiam, também, o que escreve o Palavrossaurus. Releiam este texto do João Paulo. […]