Até 2009 temos, portanto, uma evolução em que o saldo natural (natalidade menos mortalidade) é desfavorável a partir de 2007 (o que é diferente de falar em natalidade negativa). Mas em que esse saldo é compensado pelo migratório, permitindo que a taxa de crescimento efectivo seja positiva.
Agora passemos aos dados dos censos de 2011, aqueles que tanto entusiasmam os apologistas da demografia negativa. Os gráficos são da Pordata:
A população cresce, conseguindo a última década ultrapassar mesmo os dados para a década de 80, que verificou um crescimento residual.
E agora a distribuição por grandes grupos etários:
Em termos relativos, o grupo etário dos jovens perde 1,1% em relação a 2001, enquanto aumenta o dos idosos. Chama-se a isto o envelhecimento da população. É quando a base da pirâmide etária encolhe e a dita cuja parece ficar algo obesa.
Vejamos agora os números absolutos:
É aqui que a insurgência passista-relvista fica toda entusiasmada porque vai a 1960 e vê ali muito mais criançada e estabelece a relação entre a demografia negativa e as (des)necessidades de professores porque há menos crianças em idade escolar.
Esquecem-se quem 1960 a escolaridade obrigatória era de 4 anos. Um detalhe. E que só em 1967 passou a ser de 6 e nos anos 80 de 9 anos. E em 2009 foi aprovada a de 12 anos.
Chamam a isso uma questão administrativa.
Se nos concentrarmos agora na evolução mais recente da população percebe-se que entre 2001 e 2011 os jovens até aos 14 anos (que não incluem muitos abrangidos pela escolaridade de 9 anos e nem sequer contemplam os já abrangidos pela de 12 anos) são menos 84.000, algo acima dos 5%.
Resta agora saber se esse valor corresponde efectivamente a menos alunos matriculados no ensino não-superior. É assunto para outro post que isto não é um artigo para revista especializada… e há que digerir a informação. Há que não forçar muito as sinapses funcionais.
Dezembro 27, 2011 at 10:13 pm
Há umas contas aparentemente mais preocupantes do que saber se nascem muitos ou envelhecem mais ainda. Nada mais natural do que envelhecer. O Palisse dizia que todos os anos um indivíduo fica uma ano mais velho.
Dizia eu que há quatro contas que é preciso estar sempre a fazer e a refazer: Primeira, a dívida. Qual é a dívida actual e quanto será daqui a 10 anos? Segunda, a produção. Quando seremos alimentarmente auto-suficientes ou lá perto? Terceira, daqui por 10 anos qual será a % de território totalmente desertificado? Quarta, emigraram cerca de 1/2 milhão de pessoas nos últimos 6 anos. E a média de saídas tende a ultrapassar rapidamente as 120 000/ano. Daqui por 10 quantos habitantes terá Portugal?
Das duas três: ou se faz muita coisa para inverter o desastre ou amanhã nem precisamos que nos sugiram a saída.
Dezembro 27, 2011 at 11:15 pm
[…] Posts a não perder. O Problema Demográfico-Educacional 1 – Os Bebés, Os Defuntos, Os Que Entram, Os Que Saem, Os Que… […]
Dezembro 27, 2011 at 11:49 pm
Há um dado que me intriga: voçês acreditam que só sairam 16 000 e picos em 2009?
Dezembro 28, 2011 at 2:17 am
Ainda há uma taxa de crescimento efectivo positiva mas (fazendo um pouco de futurologia) julgo que tal não se verificará nos próximos anos, as saídas tenderão a aumentar um pouco e as entradas a diminuir (mais significativamente), se não se implementarem políticas de incentivo à natalidade (e o Governo não parece para aí virado) o crescimento populacional está “condenado”.
#1
“Qual é a dívida actual e quanto será daqui a 10 anos?”
A dívida actual? Qual? A pública (com ou sem parcerias público-privadas, com ou sem autarquias)? A externa? A total?
E daqui a 10 anos? Dez anos é muito tempo, é impossível prever com algum rigor mas nos próximos 3 ou 4 a dívida pública vai aumentar, no mínimo, uns 50% (é só fazer as contas do dinheiro que aí vem, a que taxa de juro e qual vai ser o crescimento do PIB).
Dezembro 28, 2011 at 9:29 pm
#o
😀
O próprio título não poderia estar mais esclarecedor. Para totós. 😀
Dezembro 29, 2011 at 5:01 pm
[…] Posted on 29/12/2011 por António Fernando Nabais O Paulo Guinote, em quatro textos (aqui, aqui, aqui e aqui), demonstrou que os argumentos demográficos que tornam desnecessários mais […]
Janeiro 2, 2012 at 4:25 pm
[…] primeiro post, ele argumenta que população está a crescer. É verdade. Mas ele sabe muito bem que o que está […]
Janeiro 2, 2012 at 8:20 pm
[…] _ O Problema Demográfico-Educacional “Os Bebés, Os Defuntos, Os Que Entram, Os Que Saem, Os Que Ficam“, “A Evolução Das Matrículas“, “Alunos E Professores“, “A […]
Janeiro 2, 2012 at 11:56 pm
[…] primeiro artigo só me apetece mesmo adicionar que no máximo conseguiu provar que serão necessários mais […]