Ministério estuda fim de aulas extras de Inglês e Música
Notícia parcialmente motivada pelo documento aqui divulgado e que furou a barreira de silêncio que se tem tentado criar em torno de uma reforma curricular que está a ser discutida em moldes demasiado privados para o debate público prometido.
Já na semana anterior tinha aqui divulgado a existência de outra reunião com professores no MEC sobre temas parecidos, em que também a discrição foi uma ideia-chave. E que mereceu um ataque descabelado por parte de uma criatura genial em História da Contabilidade (se bem estão lembrados os mais regulares aqui).
Só que as coisas se sabem e, mesmo se não há aquela animosidade dos tempos dos governos de Sócrates, há sempre forma de se saber uma parte do que se passa, sem ser pelo filtro do porta-voz do actual MEC na blogosfera.
Desde sempre defendo a transparência deste tipo de discussões e não iria mudar, de forma alguma, uma maneira de estar só porque tenho estima intelectual e pessoal pelo actual ministro.
Mas o conhaque é uma coisa (amarga, não gosto muito), a política outra.
Ao contrário daqueles que fizeram em 2010 e 2011 de muralha d’aço em torno da ex-camarada de lides, 0 meu papel é dar a minha opinião sobre aquilo que vou sabendo e tem interesse para divulgação pública.
Se alguém (desta, desta ou desta cor, embora por motivos diferentes) alguma vez pensou que seria de outra forma, enganou-se.
Agora, desculpem-me mas vou ali tratar do contraditório para o processochitas…
Novembro 11, 2011 at 10:22 am
A Música é uma forma de expressão – uma língua – universal. Está intimamente ligada ao desenvolvimento emocional e à socialização. Tem reflexos externos que ultrapassam, de longe, a sua especificidade técnica, antes se relacionam com elementos básicos da formação da personalidade, como a confiança, o conhecimento do outro e a auto-disciplina consentida.
Tão lesto foi o governo em apontar a não existência de subsídios de Natal e de férias por essa Europa (escamoteando a parte que não interessava) que agora apete-me perguntar em que raio de país, Europeu ou de qualquer outro continente, estará o nosso governo a inspirar-se.
Novembro 11, 2011 at 10:29 am
#0
Irra homem mais bem informado que a própria Maya cartomante dos famosos…
É bem feita para o-do-mau-feitio-da-contabilidade que até me pareceu o Fafe quando acorda com os pés virados para fora do jardim de pedra…
Novembro 11, 2011 at 10:30 am
#1
Também acho. Mas para que interessa a Música ou qualquer outra expressão da Arte? O que interessa é cortar!
Novembro 11, 2011 at 10:40 am
E agora uma pergunta muiiiito loiiiiirinha:
“E quem vai dar essas horas todas de Apoio ao Estudo?????”
Musica = 3x45min/semana
Ingles= 3x 45min/semana (3º e 4º anos) e 2x45min/semana (1º e 2º ano)
ou seja são 6 tempos lectivos semanais!!!!
Vai aumentar a carga lectiva dos Profs do 1º ciclo????
Já tem: 25 h lectivas + 2 não lectivas com o Apoio ao estudo= 27h com aulas com a turma toda!!!
O Ministro bem disse na dita reunião que temos de nos habituar a trabalhar mais e a receber menos!!!!
Novembro 11, 2011 at 10:41 am
E já agora… para quê mais estudo??? os miudos já andam amalucados… mas agora o insucesso já está no 1º ciclo???? Mas os maus resultados escolares afinal são em que ciclo???
Deve haver qualquer coisa que me anda a escapar…
Novembro 11, 2011 at 11:07 am
Ainda não sabem nada do que vão fazer.
Opinião consensual das pessoas com quem contacto acerca destes assuntos: não há um rumo, apenas a submissão à necessidade de cortar e a busca de soluções que não “friccionem” muito.
Basta ver que as TIC nos últimos anos já passaram quase todos os níveis de ensino e anos de escolaridade.
Novembro 11, 2011 at 11:18 am
Já alguém fez uma avaliação séria do “inglês” que a garotada entretanto aprendeu? Da ´”música” (sim, solfejo, ritmo, educação auditiva, não “batucada” e palhaçadas inconsequentes) que a miudagem aproveitou?
Espero que sim e que a mesma contrarie a percepção empírica: quase zero!
Novembro 11, 2011 at 11:19 am
pois… que não “friccionem muito” os pais… deve ser essa a ideia… porque os profs das AEC… que vão ficar no desemprego e sobrecarregar os alunos com aulas de apoio ao estudo assim como os profs não deve ser um problema…
A fricção pode ser um problema é com a opinião pública…
Novembro 11, 2011 at 11:23 am
Quem é o “porta-voz do actual MEC na blogosfera”? Não é sarcasmo. Juro que não sei…
Novembro 11, 2011 at 11:35 am
Como diz o Arcebispo, nada de confiar em batuteiros.
http://arcebispodecantuaria.blogs.sapo.pt/1240386.html
Novembro 11, 2011 at 12:04 pm
#9
Talvez este…
http://www.profblog.org
Novembro 11, 2011 at 12:07 pm
Bom dia a todos.
Acabei de ler a noticia no Jornal de noticias sobre o provável fim das AEC.
Realmente , substituir o Inglês e música por mais horas de APOIO ao ESTUDO, é de fazer rir. Não queria particularizar, mas na escola dos meus filhos , os professores titulares , que , são aqueles que dão as aulas de apoio ao estudo, que é obrigatório, dão-se ao luxo de pedir aos pais de alguns meninos para os irem buscar ás 15:30 , porque estes são bons alunos e não precisam e só lá estão a estorvar os professores. Digam-me em que país nós estamos. Já foi relatada esta situação e outras semelhantes á DRELVT, que concordou connosco e tentou promover a resolução deste problema. Mas a conivência entre a coordenadora da escola, dos professores e da Diretora do agrupamento mantem a situação. Não sei como o ministério resolverá uma situação destas com a nova proposta !! A ver vamos , o futuro o dirá.
Novembro 11, 2011 at 12:09 pm
uma tristeza este MEC. De facto é um luxo termos toda a garotada a saber inglês e música.
Só os ricos têm direito a aprender música e inglês nos colégios privados.
Voltamos a ter uma escola pública de 2.ª
Novembro 11, 2011 at 12:44 pm
Para quando este título?
MINISTÉRIO ESTUDA FIM DO ENSINO E DA ESCOLA PÚBLICA
Novembro 11, 2011 at 12:47 pm
http://noticias.sapo.pt/fotos/henricartoon_99890/2854bb4ecd2af81c6d000000/
Novembro 11, 2011 at 1:37 pm
Não vale a pena estarmos com mais “paninhos quentes”:
A educação – à imagem do resto do país – está entregue a contabilistas, a simplórios e a oportunistas.
Os cortes orçamentais têm uma perversa virtude: são como o algodão – não enganam. Porque nestas ocasiões difíceis é que se vê a têmpera e a visão dos governantes. Em tempos de vacas gordas, qualquer um fazia umas “flores” e botava figura…
Novembro 11, 2011 at 3:00 pm
# 13
Ano escolar 2013/2014 – cheque ensino no seu explendor
Novembro 11, 2011 at 3:09 pm
Ex-plêndido.
Novembro 13, 2011 at 1:02 am
Não faz sentido promover-se o enriquecimento Escolar com Inglês e Música à custa de um voto militante na continuidade do empobrecimento Escolar numa disciplina tão fundamental como a Matemática, visto ser ela a mãe de todas as Ciências, e o melhor invento para se aprender a pensar rigorosamente de forma autónoma e, sobretudo, a única capaz de denunciar muitas das mitologias com Agenda e outras cabotinagens. Aliás, falando de um dos “presentes” pago pelos contribuintes que é esta novidade de folhagem caduca configurada na “aprendizagem” da “Música” na Primária, convém ter em conta que não é possível, por exemplo, aprender-se devidamente solfejo ou escrever um ditado musical contornando o conhecimento de fracções numéricas. Ora esta restrição a priori condiz, nem mais nem menos, que com o actual status do próprio 4º ano, ou seja, um atraso prático de cerca de três anos logo no arranque da formação das crianças, quando o termo de comparação continuar a ser o Ensino da Matemática de há 50 anos.
Ademais, no que concerne a música na Primária, os respectivos formadores nem sequer têm de possuir um curriculum compatível com o Curso do Conservatório (eu conheço um deles), e daí que as crianças estejam condenadas à acumulação de mais uma brincadeira cara, e mais um pseudo-estudo inconsequente, que em muito pouco irá influenciar uma futura profissionalização em Música. Se a idéia é, contudo, ensinar esses jovens a gostar de música, sairá muito mais barato pô-las a ouvir passiva ou activamente trechos musicais clássicos por corredores e refeitórios, como por exemplo, os que saíram do célebre Programa televisivo de música para jovens nos anos 60 da autoria do grande Leonard Bernstein, que marcou toda uma Geração. Ver, por exemplo: http://www.youtube.com/watch?v=KJB_RyESQqs&feature=related
Por outro lado, a Solução compulsiva do Ministro com esta outra fuga para a frente que é a promessa de mais um “Apoio ao Estudo”, é outra forma, menos directa, de nos continuarem a “dar música”, e da pior, e é isso que me preocupa dado que catalisa a permanência deste País no Erro, sendo que o Erro é aliado daqueles pais que ainda não compreenderam que o sucesso escolar dos seus filhos não se coaduna, por um lado, com a gritante impreparação de muitos dos actuais professores primários, (sobretudo em matemática, como se pode comprovar facilmente); e, por outro, com a sobre-dosagem de horas de permanência improdutiva na escola; e se há coisa para o que não há ainda protésicos inventados foi para todo esse Tempo Perdido na Infância que fere, de morte, qualquer Esperança nas Futuras Elites deste País.
Existe, sem dúvida, uma Crise Escolar que tentam mascarar, de qualquer forma, com estes “faits divers” ao sabor da Moda como sejam mais aulas disto e daquilo. Porém, essa crise é apenas o epifenómeno e o bode expiatório de um Síndrome da Desagregação Familiar Adquiria (SDFA) que tem consistido no desaparecimento do Pai como centralizador simbólico de toda a Educação até à banalização dos Divórcios — já de si a marca, não rara, de uma impreparação brutal dos jovens casais para estes Casamentos reinventados — e, ainda, o desaparecimento da Mãe do centro do Lar, dado que ela escolheu ou foi escolhida por um Sistema que acabou por explorá-la quando, a seu tempo e ao invés, prometeu libertá-la.
Estas alterações do paradigma familiar redundam num ataque ao cerne da própria Antropologia na medida em que privam os futuros Homens e Mulheres da benéfica aferição de afectos, emoções e raciocínios que só a constelação familiar (O pai, a mãe, os avós, os tutores escolhidos pelos pais, etc.), pode providenciar e contextualizar através do convívio natural e espontâneo com a pequenada.
Daqui se conclui a necessidade urgente de reduzir o tempo de permanência obrigatória na Escola dessas crianças a fim de terem uma vida mentalmente mais natural e saudável como sucedia nos bons velhos tempos em que ler, escrever e contar passava principalmente pela insistência das pessoas afectivamente mais chegadas aos jovens, sendo os professores apenas os continuadores e treinadores desse tipo de tarefas.