… deixa-nos com vontade não apenas de os ver pelas costas, mas quase de igual forma ao país que os gera, alimenta e permite que prosperem.
A mansa desesperança instala-se.
No outro dia, num Daily Show de algumas semanas atrás, via um convidado de Jon Stewart (o autor deste livro) explicar como os irlandeses, sendo naturalmente pessimistas e estando tão habituados a viver desgraças, mal reagiram perante o descalabro financeiro e a intervenção externa.
Já no caso dos portugueses acho que é mais a habitual forma de tentarem acreditar que nada se passa verdadeiramente de anormal. Recorrendo a Eduardo Lourenço, é como se vivessem num estado de representação que perdura até aos limites da (ir)racionalidade, na tentativa de acreditarem que a realidade é outra e não a que temos.
Como se isso permitisse a não-inscrição (usando aqui o conceito de José Gil) da crise no seu quotidiano. E assim os ilibasse da anomia ou da situação de permanente crítica sem produção de alternativas.
E, como de costume, lançando sempre a culpa para os outros.
Os que governam e os que governaram. Os que foram eleitos e os que os elegeram.
A culpa é sempre dos outros. Dos que não votaram. Dos que votaram mal. Dos que, votando bem, não se revoltam. Dos que, revoltando-se, não se revoltam da forma certa. Dos que, revoltando-se da forma certa, não o fazem pelo tempo adequado. Dos que… Dos outros, pronto!
Sempre se vai enchendo o tempo e se dão palmadinhas nas próprias costas. Uma forma estranha de auto-estima que funciona como uma peculiar carapaça que impede o verdadeiro desespero.
Fica a mansidão. Mesmo dos que clamam e gritam.
Outubro 26, 2011 at 9:25 pm
Revolta, precisa-se…
Outubro 26, 2011 at 9:27 pm
Até há 100 anos os irlandeses eram um povo paupérrimo (…e bombo da festa) como nós. Há, porém, uma diferença significativa entre nós e eles, apesar de partilharmos da sua alma celta: a Irlanda é uma das mães dos EUA ou, o que dá no mesmo, a segunda província americana na Europa. O que faz toda a diferença.
Outubro 26, 2011 at 9:28 pm
#2,
Faz com que o colapso do sistema bancário tenha sido ainda maior.
Outubro 26, 2011 at 9:31 pm
Um loci externalizado? … Porventura… mas para algumas coisas concretas e localizadas alguns desses outros estão bem identificados… e só podemos culpar os outros se, no tocante ao que os acusarmos formos pristinos ou quase pristinos… mas no geral sim… como diria Sartre, “o inferno são os outros”… rais’ parta os outros…
Outubro 26, 2011 at 9:35 pm
É preciso é haver mais Miguel Gonçalves! Procurem pelo nome, mais “Prós e Contras” no Google, e assistam à intervenção desse homem do Norte…
Se todos fossem como ele, podíamos ser os melhores do Mundo!
PouparMelhor.com
Outubro 26, 2011 at 9:36 pm
O pior de tudo é que os revoltados de hoje foram os cegos de ontem e os indignados de hoje foram os chupistas e despesistas de ontem!
Quanto a isto não há nada a fazer para além da verdade do facto!
Ambos se consideraram sempre muito inteligentes e progressistas. Os parvos eram os outros.
Desses é que eu ando farto…
Outubro 26, 2011 at 9:42 pm
#6,
Pois!
Outubro 26, 2011 at 9:45 pm
No lugar de um exercício que procure escavar nas idiossincrasias do “ser português” algumas das causas da crise e que ajude a explicar a forma como a (não) enfrentamos, proponho uma abordagem sistémica.
Comecemos por assumir, frontalmente – já passou o tempo das indulgências… -, que o nosso sistema económico e social está a ser suportado pelo esforço e contributo desumanos que foram impostos aos contribuintes, à classe média. O capitalismo financeiro nacional (e, genericamente, por todo o Ocidente) está a sobreviver à custa dos contribuintes.
O mito que os neo e ultraliberais acalentam de que o capitalismo foi, é e sempre será auto-sustentável é uma trágica bravata perante o descalabro dos seus resultados, não só económico-financeiros, mas também – ou sobretudo – sociais: a ruína da classe média, a regressão imparável dos direitos do trabalho e das protecções sociais, de tal modo que já se começa a reconhecer que a manutenção do sistema exigirá que essas terríveis condições se tornem estruturais.
Por isso, temos que corrigir aqui as palavras que PC proferiu: desta situação não se sai empobrecendo; esta situação alimenta-se do nosso empobrecimento – está aí e veio para ficar; ela, infelizmente, é mais um ponto de chegada do que de partida.
Não, não se trata de uma visão pessimista da situação, mas apenas realista e sem complacências. Pessoalmente, só acredito que se possa talvez começar a sair desta crise se/quando se verificar um colapso em grande escala, por exemplo na UE, com a derrocada em cascata das economias mais instáveis.
Para finalizar, não poderia deixar de lembrar aqui as implacável observação do jovem Marx (nas “Contribuições para a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”):
“Devemos tornar a opressão presente ainda mais dura, acrescentando-lhe a consciência da opressão, e tornar a vergonha ainda mais humilhante.”
Outubro 26, 2011 at 9:49 pm
Resumindo, um povo manso…
Como dizia a outra, vão sem mim, que eu vou lá ter…
Seja pela perspectiva sociológica, seja filosófica, seja o olhar lá de fora cá para dentro ou o olhar de dentro, vamos sempre parar à mesma inacção. Talvez esperando que alguém, numa manhã de nevoeiro, venha e resolva…
Outubro 26, 2011 at 9:49 pm
A palavra «resignação» não tem boa reputação. Lembra atitude devota, passividade, lágrima ao canto do olho. E todavia, não é isso. Em face dos limites de uma condição, da morte e do nada que vem nela, que outro nome dar à aceitação calma, à fria impassibilidade? A revolta em tal caso pode falar ao nosso orgulho, à imagem de grandeza que queiramos se tenha de nós. Mas é uma imagem ridícula. Ela responde ainda, não ao reconhecimento do que nos espera, mas a uma notícia recente e não assimilada que disso nos dessem. A coragem não está na atitude espectacular, mas na serena e recolhida e modesta aceitação. Temos assim tendência a julgar herói o que enfrenta a morte com atitudes de grandiosidade, não o que a enfrenta no seu recanto, em silêncio e discrição. Mas o espectáculo é ainda uma forma de compensar o desastre da morte — é ainda uma forma de uma parcela de nós se recusar a morrer. Quem morre resignado morre todo por inteiro, nada ele assim recusa do que a morte lhe exige.
Vergílio Ferreira, in “Conta-Corrente 2”
Outubro 26, 2011 at 9:50 pm
e as ditas potências emergentes são per si uma falácia…
http://bulimunda.wordpress.com/2011/10/25/o-fim-do-boom-das-materias-primas-a-falacia-de-algumas-supostas-potencias-emergentes/
Outubro 26, 2011 at 10:02 pm
Entre a resistência aberta e a resignação existem muitas formas de protesto e de desgaste do poder. E, como o Paulo Guinote já observou, este governo já não diz coisa com coisa. É certo que faltam alternativas, mas se alguns partidos começarem a subir nas sondagens, aposto que o centrão vai começar a ficar rapidamente mais razoável. Não creio que seja hora de desanimar mas de união.
Outubro 26, 2011 at 10:04 pm
No dia 15 de outubro escrevi isto no meu muro da vergonha do FB:
«A Crise não existe, apenas o Outro.
A culpa é dos banqueiros, dos políticos, dos gestores, dos patrões, dos diretores, dos sindicatos, dos trabalhadores, dos desempregados, dos doentes, dos saudáveis, dos outros.
A culpa é sempre do outro, nunca nossa, porque nunca fomos banqueiros, políticos, gestores, patrões, diretores, sindicalistas, trabalhadores, desempregados, doentes e saudáveis, porque nunca fomos o outro, somos sempre eu.
A culpa nunca é nossa porque o meu eu nunca pode ser um outro e a culpa é do outro. O fato é que o outro olha para ti e diz o mesmo, a culpa é dos outros. Daí precisarmos de espelhos para nos vermos, pois o outro do espelho sou eu, logo a culpa não pode ser minha.
Mais fácil é fingir que a vida é fácil, mais difícil é fazê-la fácil, sem que deixemos alguma vez de ser eu e o outro ao mesmo tempo.
Já dizia J.P. Sartre “O Inferno são os outros” ele lá sabia do que falava.»
Há outros que pensam parecido.
Outubro 26, 2011 at 10:05 pm
Nada É Impossível De Mudar
Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito
como coisa natural.
Pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural.
Nada deve parecer impossível de mudar.
Nossos inimigos dizem
Nossos inimigos dizem: a luta terminou.
Mas nós dizemos: ela começou.
Nossos inimigos dizem: a verdade está liquidada.
Mas nós sabemos: nós a sabemos ainda.
Nossos inimigos dizem: mesmo que ainda se conheça a verdade
ela não pode mais ser divulgada.
Mas nós a divulgaremos.
É a véspera da batalha.
É a preparação de nossos quadros.
É o estudo do plano de luta.
É o dia antes da queda de nossos inimigos.
Bertold Brecht
Outubro 26, 2011 at 10:15 pm
Enquanto isso, o colega Ramiro publica um post que considero vergonhoso, onde pretende demonstrar, através de comparações, que os professores ganham MUITO bem.
Nem sei como comente tal texto!
O que pretende com este ataque à classe? Já não bastam os ataques dos que não são professores?
Outubro 26, 2011 at 10:19 pm
Todos temos dias assim. Geralmente por ocasião do Outono, com a chuva. Se isso reconfortar alguém, posso declarar para memória futura que sou eu o culpado do PS/PSD/CDS terem minado os pilares da economia e das finanças. Porquê? Porque aceitei durante os seus governos receber um salário em troca de um trabalho.
Entretanto, não me convindo acompanhar estados de alma outonais, sempre relembro que, sem darmos por isso, estamos a ir direitinhos para as entranhas da Estratégia de Manipulação nº 7:
«7) Substituir a acção pela culpabilidade e o individualismo ( ou o cinismo)
O objectivo é fazer crer ao indivíduo que só ele é o único responsável pela sua desgraça, derivada da sua falta de inteligência ou de capacidades. Assim, o indivíduo desqualifica-se e culpabiliza-se que gera não raro um estado depressivo que o inabilita para a acção e para se associar com os demais para lutar. Uma ilustração desta situação são os milhões de desempregados que aceitam a sua situação sem nenhum protesto. Outro exemplo é o chamado assistencialismo que visa minorar as carências, reforçando ainda mais a auto-culpabilidade e impedindo o emergir de uma consciência social sobre os problemas que afligem as pessoas.»
Outubro 26, 2011 at 10:21 pm
#10
Bolas bulimundo, Vergílio Ferreira, não dá… o autor mais esquecido, mais brilhante e elucidado da cultura universal. VF não. Ele já morreu, e não merece isto. Eu sei, eu sei “que em terra de cegos quem tem um olho é aleijado” e que a maior alienação do homem é a morte” mas bolas derrotar-nos com VF é batota. Não quero olhar para o realismo da emoção do VF e perceber que sou português, universal, demasiado universal, existencialista sem existir para lá do ser. Como escreveu em Pensar: ” Não acredites num tipo que te diz «falar a verdade«. Não porque seja mentiroso, mas porque ele próprio a não sabe.” Portanto só nos resta a revolta da nossa resignação, porque nem o VF tinha a solução. Não nos poupe ao VF, mas não bata mais no ceguinho.
Outubro 26, 2011 at 10:28 pm
#15
ali,
O senhor professor doutor Ramiro está simplesmente preparando a sua ascenção política. Parafraseando a feliz expressão já hoje aqui usada está ocupando o seu lugar na cadeia alimentar. Come uns quantos zecos, (alguns que lhe derem confiança) fica mais gordo, em excelente forma para ser comido em tempo oportuno… É assim que funciona a cadeia política. Como na selva.
Outubro 26, 2011 at 10:28 pm
POR ISSO APÓS MO VF ATIREI O BRECHT..MAS E APESAR DE TUDO É UM BRILHANTE TEXTO SOBRE O SER PORTUGUÊS..QUANTO A MIM..SER RESIGNADO TAMBÉM PODE SER UMA FORMA SUBLIME DE LUTAR..FUI..
Brigar é simples.
Chame-se covarde ao contendor.
Ele olhe nos olhos e:
— Repete.
Repita-se: — Covarde.
Então ele recite, resoluto:
— Pu…ta que pariu.
— A sua, fio da pu…ta.
Cessem as palavras. Bofetão.
Articulem-se os dois no braço a braço.
Soco de lá soco de cá
pontapé calço rasteira
unha, dente, sérios, aplicados
na honra de lutar:
um corpo só de dois que se embolaram.
Dure o tempo que durar
a resistência de um.
Não desdoura apanhar, mas que se cumpra
a lei da briga, simples.
Carlos Drummond de Andrade, in ‘Boitempo’
Outubro 26, 2011 at 10:29 pm
À falta de melhor vamos à cave da nostalgia e recuperamos o Marx ainda de calções hegelianos.
Mas como sabemos, o jovem Marx, que tem algumas das páginas mais interessantes e inspiradas na “Ideologia Alemã”, acabaria por se enterrar no pântano da crítica da economia capitalista, aquela coisa pestilenta e aterradora com que foi tecido o totalitarismo soviético e que resultou na maior fraude ideológica dos últimos 100 anos.
Zizek ainda alimenta a chama, com alguma criatividade neo religiosa ao estilo da cientologia para pobres e carenciados, mas não convence os não crentes.
A união é sempre realizada em torno de algo entendido como “universal”, mas paradoxalmente só alguns parecem conseguir atingir esse “conhecimento” superior e libertador, o que reconduz sempre tudo ao pastoreamento mais ou menos secular do rebanho eleito, com o sacrifício ritual dos “inimigos” e o castigo dos hereges.
Hic Rhodes, Hic Salta
Outubro 26, 2011 at 10:30 pm
Resumindo é um chulo …e tem espinha bifida…nojento…rAMIRICES…
Outubro 26, 2011 at 10:31 pm
Educação
Governo admite não abrir alguns Cursos de Educação e Formação por falta de dinheiro
26.10.2011 – 16:07 Por Lusa
O Governo admitiu a não abertura de alguns Cursos de Educação e Formação (CEF) por falta de dinheiro para os financiar, mas garante que um terço das turmas na região de Lisboa e Setúbal poderá arrancar em Novembro.
Durante uma audição na Comissão de Educação e Ciência, no Parlamento, a secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, Isabel Leite, afirmou sempre que o Governo está apostado na qualidade da formação prestada, mas justificou-se várias vezes com a situação de “emergência dramática” que o país atravessa, por causa da dívida pública.
Questionada pela oposição sobre o atraso na abertura destes cursos, a governante alegou ainda que muitos são constituídos por módulos e não têm necessariamente de começar na abertura do ano lectivo.
“Reconhecemos o valor e a importância do ensino para adultos (…), mas é também responsabilidade do Governo garantir que estão reunidas as condições necessárias ao funcionamento de todos os cursos que são aprovados”, disse Isabel Leite, defendendo que o Governo tem de ser cauteloso ao tomar decisões com implicação no Orçamento do Estado para este ano e nos próximos, visto estarem em causa cursos plurianuais.
O Governo continua a avaliar o que as escolas têm para oferecer, no sentido de saber “aquilo que o Estado pode sustentar neste momento”, indicou.
“Seria irresponsável continuar a autorizar a abertura de cursos para os quais não existem recursos neste momento”, acrescentou.
Segundo Isabel Leite, o Governo quis “acautelar que não serão abertas as turmas que o Estado não conseguir sustentar”.
A secretária de Estado prometeu conclusões “para breve” sobre a avaliação que está a ser feita a estes cursos, no sentido de apurar as reais necessidades, com capacidade de serem sustentadas no futuro.
“Estamos aqui a falar das condições para este ano, mas não nos podemos esquecer que muitos destes cursos são plurianuais, têm impacto no orçamento deste ano, mas também do ano seguinte”, alegou.
Isabel Leite reconheceu que as escolas foram surpreendidas com este compasso de espera, que classificou de essencial para se conhecer com rigor a oferta e se existe sobreposição.
Garantindo que faz parte do programa do Governo continuar a assegurar a formação de adultos, a secretária de Estado adiantou que em relação à educação e formação de jovens não houve qualquer decréscimo no número de turmas, face ao ano passado.
“No ano passado, havia 7.300 turmas e este ano foram aprovadas 7.500”, expôs Isabel Leite, sublinhando que muitos destes cursos têm financiamento comunitário, até 2013.
Nas escolas profissionais, a secretária de Estado revelou que foi autorizada a abertura de mais de 260 turmas novas na região de Lisboa.
Os deputados do PCP Miguel Tiago e do Bloco de Esquerda Ana Drago confrontaram a secretária de Estado com queixas recebidas nos respectivos grupos parlamentares, nomeadamente de pais que inscreveram jovens de 15 e 16 anos, com um percurso problemático, em cursos cujo destino é ainda desconhecido, pelo que estão “em casa” sem saber o que fazer.
Isabel Leite deixou apenas a garantia de que o Governo está a trabalhar “com todo o empenho” para concluir o processo com a maior brevidade possível.
Em relação à avaliação que está a ser feita sobre os Centros Novas Oportunidades, não se comprometeu que esteja concluída no final do ano.
“Estamos a trabalhar para ter a máxima informação até ao final do ano, mas não significa que fique pronto”, disse à saída da sua primeira audição na Assembleia da República.
http://www.publico.pt/Educa%C3%A7%C3%A3o/governo-admite-nao-abrir-alguns-cursos-de-educacao-e-formacao-por-falta-de-dinheiro-para-os-financiar-1518336
Outubro 26, 2011 at 10:46 pm
#20
Talvez ainda não tenha dado por isso, mas Hegel e Marx construiram sistemas de pensamento, com espessura própria, que vão muito para além das vulgaridades genéricas e das fórmulas simplistas.
Digo isto tanto mais à vontade quanto se trata de autores que não são propriamente os meus preferidos…
Mas é possível encontrar neles – ou apesar deles e, porque não, contra eles – pistas de reflexão para abordar compreensiva e criticamente muitos dos problemas que hoje se nos colocam – desde, claro, que ultrapassemos o preconceito ou da vulgata…
Outubro 26, 2011 at 10:49 pm
Eu nunca me sinto (NUNCA) inocente em relação a nada que se passa à minha volta, ignorante sim, inocente não.
Mansa, mansa também não. palmadinhas nas costas ainda menos (autoestima baixa).
Nos momentos que vou com os joelhos ao chão… olha, “meto-me para dentro” e calo-me.
«… não há paisagem que me acolha»
Outubro 26, 2011 at 10:54 pm
#15
Só se for ele!!!!
Outubro 26, 2011 at 11:00 pm
Preparem-se para oq ue aí vem…
Os líderes europeus saúdam os esforços de Portugal, mas indicam que deve estar a postos para novas medidas que se revelem necessárias.
http://economico.sapo.pt/noticias/portugal-deve-estar-pronto-para-tomar-medidas-adicionais_129961.html
Outubro 26, 2011 at 11:02 pm
Quarta-feira, 26 de Outubro de 2011
Do interino… ao definitivo
Ontem Passos Coelho disse:
«Alargar ao privado os cortes feitos à função Pública [de modo a permitir que uns não ficassem tão penalizados e que todos contribuíssem de modo mais equitativo] seria o mesmo que dizer que Portugal não está a fazer ajustamentos, está, apenas, de forma interina, a aumentar a carga fiscal para, do lado da receita corrigir os desequilíbrios que tem. Isto não seria visto de forma credível e o nosso programa de ajuda financeira morreria em Novembro.»
Sublinhei a passagem «de forma interina», porque ela explica tudo acerca das intenções políticas deste Governo e porque ela esclarece tudo quanto à (falta de) honestidade política de Passos Coelho.
O chefe do Governo ao dizer de modo explícito (ainda que por evidente descuido, pois é a negação do que publicamente tem afirmado) que taxar os subsídios de férias e de Natal de todos os trabalhadores (do sector público e do sector privado) não seria visto como algo de credível — porque sendo uma medida interina não era considerada um ajustamento estrutural — está a dizer, sem tergiversações, que a supressão do subsídio de férias e de Natal aos funcionários públicos não vai ser uma medida interina, isto é, não vai ser uma medida provisória, não vai vigorar apenas em 2012 e em 2013, vai ser uma medida definitiva.
Com isto, Passos Coelho reconfirma duas coisas:
1. A sua objectiva impreparação para o cargo a que se candidatou e que agora exerce. Desde que é líder do PSD e até há poucos dias, Passos Coelho não só negou, reiterada e peremptoriamente, que seria este o caminho que seguiria, como afirmou que era «uma estupidez» fazer o que agora está a fazer.
Passos Coelho comporta-se como uma barata tonta. Não sabe o que quer, não sabe o que fazer e como fazer. Da TSU aos impostos, dos vencimentos aos subsídios, do IRS ao IVA, Passos Coelho já afirmou tudo e o seu contrário. Tecnicamente, Passos Coelho é um perigo para quem esteja sob a sua orientação, o que significa, neste caso, que é um perigo para o país;
2. A sua falta de honestidade política. Infelizmente, Passos Coelho já deu provas sobejas de que não é politicamente um homem sério. Em todos os domínios da governação, não tem tido outro comportamento que não seja o de constantemente fazer fintas aos compromissos que publicamente assume, o de obrigar-se e desobrigar-se, com uma naturalidade que impressiona. Neste caso concreto dos cortes dos subsídios de férias e de Natal, Coelho consegue ser ainda mais desonesto: sabe que o seu objectivo é tornar os cortes definitivos, mas anuncia-os como provisórios.
Desgraçadamente para todos nós, e em apenas quatro meses, Passos Coelho já igualou ou até já ultrapassou Sócrates, na desonestidade política.
Portugal não aguenta tanta trapaça.
Publicado por Mário Carneiro
Outubro 26, 2011 at 11:03 pm
É caso para dizer comprem vaselina porque vai sangra para caramba!!!!FUI MESMO….
O homem de acção é um desesperado que procura preencher o vazio do seu próprio desespero com actos ligados mecanicamente uns aos outros e compreendidos entre um ponto de início e um ponto de conclusão, ambos gratuitos e convencionais. Por exemplo, entre o ponto de início da fabricação dum automóvel e o ponto de conclusão dessa fabricação. O homem de acção suspenderá o seu desespero enquanto durar a fabricação do veículo; suspendê-lo-á precisamente porque no seu espírito fica suspensa qualquer finalidade verdadeiramente humana: sente-se meio entre os outros homens, meios como ele. Concluída a máquina ele encontrar-se-á, é verdade, mais inerte e exânime que a própria máquina, mas arrolhará subitamente com uma promoção, com uma medalha, um pagamento a dobrar, ou simplesmente com a construção de um novo automóvel. Efectivamente apresentar-se-á a envolver-se no fluxo alienatório da acção.
Alberto Moravia, in “O Homem Como Fim”
Outubro 26, 2011 at 11:05 pm
Reparem neste comentário do dr Ramiro:
“Caro Luís
Deixe-se de falácias. Não quer admitir mas vai ter admitir: em vez de os professores que estão hoje nos dois últimos escalões – e são mais de metade – poderem trocar o Audi de 10 em 10 anos e de passarem 10 dias de férias por ano no estrangeiro, vão ter de se contentar com um Renault e férias no Algarve. É esse o preço do ajustamento. Nada de muito grave.
Os anos de sempre a subir até à estratosfera acabaram. A ilusão não podia durar sempre.”
Ramiro Marques
26 de Outubro de 2011 22:19
Vergonhoso, continuo a dizer!
Pena fazer moderação de comentários…..
Outubro 26, 2011 at 11:08 pm
29: Por acaso acho mesmo foleiro ter moderação de comentários…
Outubro 26, 2011 at 11:08 pm
DEIXE QUANDO OS POLITÉCNICOS FECHAREM PORQUE VÃO FECHAR É VÊ-LO A DIZER ALGO CONTRARIO…TIVE UMA MIGO QUE LECCIONOU EM SANTARÉM..UI…CALA-TE BOCA-…
Outubro 26, 2011 at 11:17 pm
#6
Exactamente! Descrevê-lo melhor é impossível!
Outubro 26, 2011 at 11:17 pm
Excelente post.
Caro 31, às vezes as pessoas precisam de ser desmascaradas. Haja paciência! Parecem intocáveis…
Outubro 26, 2011 at 11:24 pm
E se nos extinguíssemos?… Por 15 dias… O José Gomes Ferreira queria morrer por seis meses. A carcaça do nosso derradeiro subsídio não dá para tanto. Mas não aparecíamos à escola na primeira quinzena de Janeiro.
Faríamos só o que gostássemos, como se de uma morte anunciada se tratasse.
Inscrevíamos alguma coisa?
Outubro 26, 2011 at 11:33 pm
«Os anos de sempre a subir até à estratosfera acabaram. A ilusão não podia durar sempre.”»
Isto é mesmo fácil de rebater. Com uma daquelas perguntas básicas. Se os preços dos bens de consumo estão tendencialmente sempre a subir, se os salários/rendimentos estagnarem ou forem tendencialmente descendo, um dia nem Renault, nem Algarve, nem livros, nem pão, nem leite, nem filhos, nem médico, nem escola… certo? Ou haverá aí alguma cartada escondida que a gente deva saber. Procuramos a resposta em Marx, no senhor Keynes, em Friedman, ou o senhor Passos aspira a Nobel da economia?
Outubro 26, 2011 at 11:35 pm
#29,
Também li esse comentário no profblog e sinceramente, acho vergonhoso a forma como ele (Ramiro) defende este governo com unhas e dentes. Será que lhe está reservado algum tacho?
Outubro 26, 2011 at 11:44 pm
http://berggruen.org/21stcenturycouncil
Outubro 26, 2011 at 11:44 pm
Não acredito que lhe tenham reservado qualquer tacho,pois o homem com a idade deve ter ensandecido.Como já tem mais de 55 anos,devia pedir a reforma antecipada,como já defendeu, e dar lugar a um professor mais jovem e mais lúcido.
Outubro 26, 2011 at 11:57 pm
#29,
Há ali uma raiva incontida contra muitos professores.
Pena que tivesse enganado tantos durante um bom tempo.
Outubro 27, 2011 at 12:20 am
Vão falando os pobres, os de espírito, os de carteira e os outros que nunca sabemos que o são. O prof. Ramiro não o conheço de lado algum, apenas do que escreve e escreveu. Não sou seu advogado de defesa, nem tão pouco amigo, mas o que incomoda aqui a muita gente não são as opiniões que emana, mas as verdades que infelizmente vai dizendo. Somos uns país que gasta mais do que o que produz, e vive acima das suas possibilidades. É mentira? Temos duas classes docentes, os professores do quadro e os contratados. Ou seja duas realidades paralelas. É mentira? Alguns do quadro têm tanto de professor como eu de anjo, mas enfim, vamos continuar aqui a carpir mágoas e a dizer que o Ramiro quer é tacho.
Já não é de hoje, não gostamos que nos digam as verdades, e muito menos se esse alguém pensar diferente de nós. O Ramiro limita-se a analisar a realidade e a dizer aquilo que não queremos ouvir. O país não está pobre, mas falido. Ou mudamos de facto as coisas, ou isto só vai piorar.
Claro, podem é sempre dizer que a maneira de mudar não é a mais correcta, mas a realidade não se altera. Soluções há sempre muitas, universais só mesmo os alicates.
Não é porque negam o galo que ele deixará de cantar, e não é porque insultamos o mensageiro que a má noticia desaparece. No fundo o que dói não é ter a doença, mas saber que se tem a doença.
Aceitam-se proposta realistas para a mudança e não tretas da ilha que apenas foi escrita.
Eu atiro a primeira:
Olhar nos olhos de uma turma, se é que alguns aqui ainda o fazem e dizer: o vosso país não tem futuro, desistam. Quem atira a segunda pedra?
Outubro 27, 2011 at 12:58 am
#40 António Mar
Há um conjunto de afirmações que muitos políticos e muitos órgãos de comunicação vão fazendo que não correspondem à verdade, que estão até muito longe da realidade, mas como são repetidas até à nausea, já adquiriram estatuto de “verdades”.
Exemplo: “Vivemos acima das nossas possibilidades.” É uma falácia que nos impingiram para justificar mil e uma coisas.
Resta-nos perguntar: Quem é o sujeito dessa frase? Quem é esse misterioso “nós”?
Num país onde todos os estudos sobre a pobreza, desde longa data apontam para percentagens elevadas de pobre que trabalham mas são mal pagos, de gente que tem reformas miseráveis…
Quem é afinal o tal povo que viveu acima das possibilidades?
Outubro 27, 2011 at 1:55 am
“Haja pim!”
Fafe
Outubro 27, 2011 at 9:53 am
#0,
«E, como de costume, lançando sempre a culpa para os outros.
Os que governam e os que governaram. Os que foram eleitos e os que os elegeram.
A culpa é sempre dos outros. Dos que não votaram. Dos que votaram mal. Dos que, votando bem, não se revoltam. Dos que, revoltando-se, não se revoltam da forma certa. Dos que, revoltando-se da forma certa, não o fazem pelo tempo adequado. Dos que… Dos outros, pronto!
Sempre se vai enchendo o tempo e se dão palmadinhas nas próprias costas. Uma forma estranha de auto-estima que funciona como uma peculiar carapaça que impede o verdadeiro desespero.
Fica a mansidão. Mesmo dos que clamam e gritam.»
Parabéns pelo excelente exercício de auto-análise e auto-crítica que constitui o seu post.
Confesso não ter nunca imaginado que fosse capaz de se analisar de forma tão firme e assertiva.
Outubro 27, 2011 at 10:15 am
#15 e outros leitores do ramiro
A culpa não é do ramiro, é minha e tua, é nossa, é de quem o lê e o comenta…
O ramiro que não se iluda, ninguém o vai comprar. Não serve para nada. O ramiro não conhece nada da escola que lhe dá o pão a comer. Não sabe o que se passa no ensino politécnico e muito menos o que se passa no ensino superior. O ramiro só sabe o que se passa no ensino básico e secundário. É estranho este ramiro…
Outubro 27, 2011 at 10:19 am
#43,
Detecte a parte que se lhe aplica.
Uma vantagem imensa aqui do escriba é que não se afirma estar sempre do lado da elite dos 7-8% de puros a quem está reservado o paraíso ideológico da certeza absoluta.
Outubro 27, 2011 at 10:21 am
#40,
Uma coisa é atirá-la a miúdos no início da adolescência, outra perorar em auditórios para adultos.
Quanto ao resto, comparar o que foi dito pelo Ramiro na altura dos cortes de 5% nos salários pelo PS e o que diz agora.
Outubro 27, 2011 at 10:29 am
#40
Aqui vai a segunda. Isto só muda quando cada um de nós mudar. Enquanto formos governados por bandos de mentirosos, incompetentes e ladrões… isto não muda. E o ramiro que comece por ele, pela sua escola, pelo ensino politécnico.
Qualquer dia, mais de metade dos professores do politécnico, no topo da carreira, só leccionam CETs. O ramiro que compare os vencimentos desses professores com os que leccionam os mesmos CETs numa escola profissional. Mas disto não fala o ramiro…
Pois não, o ramiro não sabe nada disto.
No ensino secundário, as turmas têm de ter 28 ou 30 alunos. No ensino Politécnico bastam 10 alunos para um curso funcionar no 1º ano. Como só vão passar 6 alunos para o 2º ano, a escola é obrigada a dar continuidade ao curso, e então a turma só vai ter 6 alunos. E outras coisas que o ramiro não sabe.