Educação: Fenprof e ministério continuam emperrados nas quotas no modelo de avaliação de professores
Lisboa, 29 ago (Lusa) – Ministério da Educação e Federação Nacional dos Professores (Fenprof) continuam emperrados na “gorda questão” das quotas de classificação na avaliação de desempenho, mas os sindicatos reconheceram hoje alguns “avanços” na negociação.
Em declarações aos jornalistas à saída de um encontro com o secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar, João Casanova de Almeida, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, afirmou que “há alguma abertura” do ministério para aceitar as propostas dos sindicatos mas que a questão “mais gorda” que divide as duas partes é a intenção de colocar quotas no modelo de avaliação.
“Um modelo de avaliação bem feito, rigoroso, que distinga bem o mérito excecional do mérito normal não precisa de quotas para que essa distinção se faça e não aconteça o que o ministro diz, que sem quotas somos todos excelentes”, afirmou Mário Nogueira.
Agosto 29, 2011 at 9:18 pm
fui beber à fonte
http://www.fenprof.pt/?aba=27&mid=115&cat=34&doc=5786
Agosto 29, 2011 at 9:22 pm
Paulo, acabei de colocar no meu blogue a nova proposta do ME relativa à ADD…
http://profslusos.blogspot.com/2011/08/projeto-de-despacho-da-add-revisto-29.html
Agosto 29, 2011 at 9:35 pm
Segundo a nova proposta do MEC:
7- Não há lugar à observação de aulas dos docentes em regime de contrato.
É o fim dos *s?
Agosto 29, 2011 at 9:38 pm
#3,
Acho há muito tempo que deveria ser essa a via…
Mas não é por aí que isso se afere, mas pela ausência de enunciação dos efeitos da avaliação nesse particular.
#2,
Obrigado pela referência. Já fiz post a linkar.
Agosto 29, 2011 at 9:46 pm
Também me agrada o fim das aulas assistidas para os contratados, que foi uma questão que aqui levantei de tarde.
No entanto, atenção: sem aulas assistidas não se chega ao Xalente, mas pode-se obter o Muito Bom. Ou seja, desaparece o asterisco e fica o quê? Meio asterisco?…
Seria necessário um pouco mais de coragem política para simplificar realmente o modelo e renegar a má herança socratina: nomeadamente reduzir de 5 para 3 as classificações a atribuir e retirar os efeitos da ADD nos concursos nacionais.
Agosto 29, 2011 at 9:49 pm
#5
Então mas os asteriscos só desaparecem para os contratados????
Agosto 29, 2011 at 9:52 pm
Sobre os efeitos da ADD nos concursos, o MEC ainda não se manifestou com clareza. O que pode querer dizer que admitem abdicar da coisa, se a contestação for muita, mas que querem guardar isto como um trunfo negocial…
Agosto 29, 2011 at 9:55 pm
Não refere só os efeitos nos concursos dos profs que se encontram no período probatório?
Agosto 29, 2011 at 10:02 pm
#8,
Sim.
Mas já desde a proposta anterior que eu acho que essa “coisa” caiu.
Só se as “partes” combinaram fazer a revelação apenas no final…
Agosto 29, 2011 at 10:02 pm
Quando se chega ao ponto de considerar a questão das quotas como simples coreografia, está tudo dito sobre o que faz mover a inestética cicatriz no meio da barriga.
Entretanto, e porque ainda restam uns quantos frequentadores deste espaço que gostam de ser informados, aqui fica o relato do estado em que estão as negociações:
MEC clarifica algumas posições, mas mantém um dos mecanismos que os professores mais contestam!
O MEC apresentou esta segunda-feira, dia 29, uma nova versão do seu projeto de regime de avaliação do desempenho docente que mereceu, da FENPROF, uma primeira apreciação.
A posição apresentada pela FENPROF mantém críticas a aspetos que o MEC já propunha na versão anterior. Na verdade, este projeto continua a não apresentar uma matriz formativa, como deveria, e a confirmação está na manutenção das quotas, na existência de 5 menções avaliativas e na consideração da observação de aulas, não como uma partilha de práticas, numa lógica de enriquecimento profissional e de aperfeiçoamento do processo de ensino, mas como um procedimento através do qual se procuram demonstrar evidências artificialmente produzidas para efeitos de avaliação. Torna-se também necessário esclarecer que a avaliação não terá implicação nos concursos.
A FENPROF considera que o projeto apresentado pelo MEC apresenta alguma simplificação burocrática relativamente ao modelo em vigor e, sobre o mesmo, apresentou uma primeira posição que será complementada na próxima sexta feira, após a realização da reunião do seu Secretariado Nacional. Um dos aspetos que mais dúvidas levantou junto dos professores foi a forma de operacionalizar a designada “avaliação externa”. Neste domínio, o MEC parece não ter ainda respostas sobre como pretende concretizar esse procedimento remetendo para momento posterior a sua regulamentação.
Sobre a fixação de um procedimento especial de avaliação, proposto pelo MEC para aplicar a alguns docentes, a FENPROF considera que deverão
ser ponderados outros requisitos para além do escalão em que estes se encontram.
A partir de agora o processo de revisão do regime de avaliação de desempenho obedecerá ao seguinte calendário:
•2 de setembro: apresentação, pela FENPROF, de um parecer definitivo sobre o projeto do MEC;
•6 de setembro: apresentação, pelo MEC, de uma nova versão do seu projeto;
•7 de setembro: realização de um Plenário Nacional de professores e educadores, promovido pelos Sindicatos da FENPROF, com expressão nas capitais de distrito e em outras localidades;
•9 de setembro: nova ronda negocial que poderá resultar no encerramento das negociações, com ou sem acordo, ou na possibilidade de marcação de nova ronda negocial por acordo entre as partes ou no âmbito da designada negociação suplementar.
O Secretariado Nacional da FENPROF
29/08/2011
………………………….
VER TAMBÉM a Posição da FENPROF sobre a Proposta do MEC
Agosto 29, 2011 at 10:04 pm
#10,
A questão das quotas está inscrita no ECD, negociado e validado pelas maiores estruturas sindicais em 7-8 de Janeiro de 2010.
Depois de aceitarem amianto na estrutura do prédio, queixam-se que o 5º esquerdo esteja contaminado?
Coreografia, sim.
Agosto 29, 2011 at 10:08 pm
#8
Parece-me que não é bem isso. O concurso já ocorreu antes, o professor em período probatório já está provisoriamente colocado num lugar de quadro, mas só se tiver Bom ou nota superior na ADD é que a nomeação se torna definitiva.
Agosto 29, 2011 at 10:15 pm
A questão das quotas parece-me ser uma discussão algo estéril, pois o governo não quer abrir mão por causa do precedente que criaria. E porque o quadro mental com que esta gentinha do PSD olha para os funcionários públicos não difere substancialmente do dos socratinos.
Portanto, será provavelmente daquelas em que, no final, governo e sindicatos, se o resto for escapatório, até poderão concordar em discordar…
Mas isto digo eu, que não sou negociador, não faço a mínima ideia do que por lá se tem passado nos bastidores e ainda não fui às tais reuniões em que hão-de esclarecer e ouvir as bases…
Agosto 29, 2011 at 10:27 pm
Finalmente dou razão ao que diz Mário Nogueira:
“Um modelo de avaliação bem feito, rigoroso, que distinga bem o mérito excecional do mérito normal não precisa de quotas para que essa distinção se faça”
Só que isso é o mesmo que aceitar exactamente aquilo que aparentemente se recusava recusava, ou seja, o afunilamento da progressão na carreira.
Porque na prática, ao afinar e ao tornar mais rigoroso e exigente o processo de avaliação, é possível obter uma diminuição do número de notas/classificações máximas (a curva de distribuição apresenta um grande concentração, densidade, nos valores médios)
Qualquer pessoa com bom senso percebe como se pode fazer isto, e também não compreendo tanta irredutibilidade em torna de uma questão que pode ser resolvida/iludida de várias maneiras.
Mas por isso mesmo acredito que estamos perante uma manobra de diversão, artificialmente empolada por ambos os lados, para ocultar o principal que não é sequer discutido.
Bigodices da FENPROF que desacreditam a seriedade de todo o processo e que nos faz crer que andam todos a jogar à cabra cega.
Agosto 29, 2011 at 10:45 pm
#14
Está a distorcer as coisas…
É que a Fenprof nunca aceitou que as classificações de mérito pudessem servir para impedir a progressão aos escalões de topo. Nunca aceitou o “afunilamento” de que fala.
A excelência e o mérito devem existir e ser estimulados na profissão, mas por isso mesmo não devemos confiná-los a uns quantos “eleitos” cuja superioridade foi supostamente reconhecida.
É importante que as chamadas “boas práticas” se disseminem e as quotas não contribuem para isso, ao colocar os professores a competir entre si e ao “autorizarem” apenas um número restrito a ver reconhecido o seu esforço e o seu mérito.
Agosto 29, 2011 at 11:20 pm
#15
Olhe que não, olhe que não…
As palavras de MN são claras e inequívocas, diria mesmo que são um “lapsus linguae, de tão transparentes se apresentarem.
Mn revela que a “questão mais gorda” (SIC) são as quotas. Não é mais nada.
O que se conclui é que é possível obter um consenso, uma vez que o líder da FENPROF até está a revelar como o fazer, com tranquilidade, sem ninguém perder a face.
O “afunilamento” será apenas uma consequência inevitável da nova coreografia para tótós.