Ao fim de seis meses de insurreição, cinco dos quais apoiados por persistentes bombardeamentos da NATO, os contra-revolucionários tomaram a capital da Líbia. No assalto a Tripoli, a Aliança Atlântica e os mercenários e fundamentalistas islâmicos afectos ao Conselho Nacional de Transição (CNT) mataram tantas pessoas como as vítimas civis estimadas pelo governo líbio durante todo o conflito. […] A queda de Tripoli é uma derrota para todos os progressistas e amantes da paz, mas não a sua rendição ou deserção da luta contra a barbárie.
Agosto 27, 2011
Agosto 27, 2011 at 7:07 pm
Petróleo a quanto obrigas!!!!
Agosto 27, 2011 at 7:09 pm
já agora o resto que falta para o artigo ficar completo…..
Agosto 27, 2011 at 7:09 pm
A batalha final por Tripoli iniciou-se sábado à noite quando colunas do CNT, na sua maioria vindas da região Oeste, começaram a atacar os arredores da metrópole. Nos dias precedentes, os rebeldes já tinham tomado cidades entre a fronteira Norte com a Tunísia e a capital, facto que, aliado às posições mantidas pelos rebeldes a Este fruto do constante apoio aéreo e naval da NATO, deixava ao governo líbio o controle de pouco mais que a faixa litoral entre a principal cidade do país e o porto petrolífero de Ras Lanuf, e, ainda assim, com Misrata em mãos pró-colonialistas interrompendo a ligação costeira entre as martirizadas Zliten e Sirte.
Não deixa de surpreender que o regime líbio tenha resistido tanto tempo. Não raras vezes, empurrou as hordas contra-revolucionárias para o desespero da derrota. No último momento, foram sempre os imperialistas a evitar a aniquilação dos bandos do CNT. Na conquista de Tripoli não foi diferente.
Máquina da morte
Entre 10 e 22 de Agosto, os EUA – cujo presidente, Barack Obama, sempre defendeu que o país não estava em guerra, mas em missão humanitária, evitando, assim, ter de pedir autorização ao Congresso para realizar a actual campanha bélica – despejaram sobre a Líbia e o seu povo toneladas de bombas num mínimo calculado de 55 ataques aéreos (entre quatro e cinco por dia).
No total, em cinco meses de campanha, só a aviação norte-americana realizou 1210 bombardeamentos com aviões tripulados, e 110 com aeronaves comandadas à distância. Desde Março, o conjunto das forças da NATO realizaram mais de 20 mil voos ao arrepio das próprias resoluções que fizeram aprovar no Conselho de Segurança das Nações Unidas, pelo menos 7500 das quais consumados com bombardeamentos que, só por grosseiro insulto à inteligência, podem ser qualificados de missões para protecção de civis.
De dia 22 até ao final de Março, a NATO realizou 180 ofensivas diárias. A 28 de Março registou-se o impressionante número de 600 bombas ditas de precisão e 199 mísseis Tomahawk lançados sobre a Líbia.
Se nos cinco meses de operações criminosas a NATO havia sido responsável pela morte de entre 1200 e 2000 civis líbios, de acordo com cálculos conservadores do governo líbio (excluindo, evidentemente, as centenas de refugiados que sucumbiram à fome e à sede nas travessias entre a Líbia e a ilha italiana de Lampedusa, alguns dos quais vítimas da indiferença dos vasos de guerra franceses que patrulham o Mediterrâneo), entre o passado sábado e a manhã de segunda-feira, pelo menos 2100 tripolitanos terão sido esmagados pela barbárie do eixo atlântico.
Assalto final
O banho de sangue em que Tripoli foi afogada começou na noite de 20 de Agosto, quando células de jihadistas acoitadas na cidade foram chamadas à acção pelos imãs das mesquitas. Aos apelos vindos dos minaretes – que noutras latitutes têm feito tremer nas botas soldados e graduados imperialistas –, somou-se o desembarque de grupos armados multinacionais comandados por membros dos serviços secretos imperialistas. Estava a todo o vapor a «Operação Sereia», que fez tombar nas primeiras horas mais de 370 pessoas, entre civis e militares líbios.
No final da tarde de domingo, Moussa Ibrahim, porta-voz do governo líbio, dizia que só nesse dia as autoridades haviam contabilizado outras 1667 vítimas dos bombardeamentos da NATO e dos ataques rebeldes. Depois disso não foi divulgada nova contagem oficial.
Muito raros foram os órgãos de comunicação social e agências, nacionais e internacionais, que falaram do massacre. Tudo o que interessava era amplificar a campanha mediática que acompanhava o avanço rebelde.
A primeira vítima da guerra
A cobertura informativa do brutal assalto a Tripoli não fugiu à norma da realizada durante a agressão imperialista à Líbia. Confirmou que «na guerra a primeira vítima é a verdade», como disse o político norte-americano Hiram Johnson a propósito da Primeira Grande Guerra Mundial, a primogénita de todas as guerras imperialistas, como bem a definiram, na altura, os comunistas com Lénine na primeira linha.
No início de Fevereiro, um serviço informativo em horário nobre numa televisão nacional relatava a «sublevação popular» líbia com imagens de uma manifestação, sim, de massas, é verdade, com mulheres e jovens, é inegável, mas todos com bandeiras verdes (!).
Nas mais de 48 horas de bombardeamento mediático em torno dos combates em Tripoli, além da ocultação da matança que decorria na capital do território norte-africano, difundia-se que dois filhos de Muammar Kahdafi haviam sido presos pelo CNT.
Saif al-islam, dizia-se, estava mesmo em vias de ser extraditado para Haia a fim de ser apresado pelo Tribunal Penal Internacional, que lhe reserva o mesmo destino que os supostos criminosos de guerra da ex-Jugoslávia.
Para espanto geral, Saif surge horas depois junto ao hotel onde se alojam os jornalistas garantindo que o pai está em Tripoli e que a cidade será retomada pelo exército regular. Tal não veio a verificar-se, mas o aparecimento de Saif embaraçou o imperialismo.
E mesmo que agora o TPI venha dizer mil vezes que nunca confirmou a detenção do suposto sucessor de Kahdafi, talvez seja avisado deter a incontinência verbal do procurador Luís Moreno-Ocampo que, domingo, garantia que Saif seria transferido para a Holanda no dia seguinte.
Recorde-se que Moreno-Ocampo se notabilizou nesta guerra por ter acusado Muammar Kahdafi de ter comprado doses massivas de estimulantes sexuais para que os seus fiéis soldados retaliassem contra a população opositora com violações em massa. No capitalismo o absurdo dos seus mais férreos acólitos não conhece limites.
No mesmo sentido, Mohammed Kahdafi, irmão de Saif, esteve detido pelos insurrectos depois de ser entrevistado pela Al-Jazeera, difundiu-se. Afinal, acabou libertado por militares líbios quando os o juntavam a Saif no inalienável rol de troféus de guerra que os contra-revolucionários coleccionavam na marcha triunfal sobre os bairros da capital.
Na noite de domingo e na manhã de segunda-feira, a Al-Jazzera reproduziu em looping as imagens da manifestação de «regojizo popular» em Bengasi. Mais, forjou as imagens inaugurais dos «festejos populares» e contra-revolucionários na Praça Verde. Conceda-se que a montagem da manifestação de iraquianos em volta da estátua de Saddam Hussein prestes a ser derrubada por um tanque dos EUA foi bem mais conseguida.
Saliente-se que no Iraque como na Líbia e na Síria, a transformação de dezenas ou centenas de pessoas em multidões avassaladoras através de planos aproximados ou imagens de telemóveis distorcidas e sem qualidade, cumprem o mesmo objectivo de retocar a realidade ao sabor dos interesses imperiais e minar a confiança dos agredidos para a acção em sua própria defesa e do respectivo país.
A jornalista independente Lizzie Phelan confirmou o logro televisivo envolvendo a simbólica Praça Verde na Líbia, facto que, ontem, lhe valia uma sentença de morte decretada por supostos jornalistas misturados com profissionais honestos no hotel Rixos.
Na unidade hoteleira de Tripoli, estão igualmente Thierry Meyssan e Mahdi Darius Nazemroaya, repórteres corajosamente independentes, e por isso igualmente ameaçados por agentes da CIA e do britânico MI6 que se fizeram passar por jornalistas das grandes cadeias televisivas ocidentais.
Mergulho no caos
É objectivo dizer que a queda do regime líbio atira todo um povo na incerteza, já que, segundo os resultados das recentes guerras imperialistas, os líbios arriscam-se a mergulhar no caos em que se encontram iraquianos e afegãos.
Tal confirma-se quando, um dia antes da entrada dos mercenários do CNT em Bab Al-Azizya – complexo fortificado que era o último reduto dos patriotas líbios e onde se supunha que Muammar Kahdafi estivesse resguardado –, é o próprio chefe do conselho contra-revolucionário que ameaça demitir-se caso os grupos rebeldes insistissem nas pilhagens, na destruição gratuita e no bacanal do ajuste de contas em Tripoli.
Mustafa Abdul Jalil enfrenta, porém, muito mais duras provas. Apresenta-se como comandante de um Conselho cujos subordinados não obedecem. Sublinhe-se as lutas intestinas que culminaram nas últimas semanas com a morte do principal e mais respeitado chefe militar insurrecto, ou a menos intensa participação dos grupos fundamentalistas islâmicos que controlam o Leste da Líbia no assalto a Tripoli. Muitos destes não é de hoje que avisam que não se submeterão ao poder do CNT.
Acresce que, por muito que as grandes potências capitalistas tenham pressa em «estabilizar» o território para, como admitiu o congressista Ed Markey, «sacarem petróleo» o mais depressa possível, o facto é que a revolução Verde e Kahdafi gozam de enorme prestígio na Líbia. São os próprios chefes imperialistas quem o admite adiantando que a guerra vai continuar. O objectivo é extinguir as derradeiras bolsas de resistência patriótica.
Barack Obama, Nicolás Sarkozy ou David Cameron conseguiram afogar Tripoli num banho de sangue, como alertou Silas Cerqueira em conversa com o Avante!, publicada a 7 de Julho.
Na ocasião, o militante comunista e membro dos corpos directivos de estruturas unitárias de defesa da paz lembrava ainda que, na sua última viagem a Tripoli, os líbios haviam apelado à solidariedade internacional para com o seu povo. Pediram-lhe para transmitir aos portugueses que resistiam por todos nós ao imperialismo, apelando tão somente à nossa acção pelo fim dos bombardeamentos.
A queda de Tripoli é uma derrota para todos os progressistas e amantes da paz, mas não a sua rendição ou deserção da luta contra a barbárie.
______________
* Com Agências, Réseau Voltaire, Global Research, Telesur e The Economist.
Agosto 27, 2011 at 7:20 pm
Há quem não entenda o sarcasmo. É lá com eles.
Agosto 27, 2011 at 7:26 pm
#4
Toda a gente sabe que o que se passa na Líbia é derivado à existência do petróleo.
Agosto 27, 2011 at 7:29 pm
O Obama devia receber um segundo prémio nobel da paz.
Agosto 27, 2011 at 7:35 pm
#6
isso só depois de invadir o Irão.
Agosto 27, 2011 at 7:47 pm
Não tendo eu simpatia por ditadores em geral e por Khadafi em particular, parece-me evidente que em todo este processo há muita história mal contada. Muita hipocrisia, muita mentira, muito encobrimento.
Também há os ditadores bons, os maus, e os que vão sendo as duas coisas ao longo do tempo, como foi o caso de Khadafi. Isto na perspectiva ocidental, que parece ser a única que conta, já que a rua árabe serve apenas para encenar o protesto ou para alimentar de carne os canhões.
Enquanto nas chancelarias, nos conselhos de administração multinacionais e nas bases militares se decide o futuro dos países…
Agosto 27, 2011 at 7:51 pm
#8
Dava no mesmo sendo na tasca da esquina. Que é melhor do a outra – que não tem esquina.
Agosto 27, 2011 at 7:52 pm
O revolucionário kadafi que que mandou abater um avião comercial e que escreveu um livro para atrasados mentais continua a impôr o seu charme a quem aprecia este género de personagens hediondas e imorais.
E depois a barbárie é só do lado direito, porque do lado esquerdo são só “excessos” e “erros”.
Que tristes são estes fantoches que só têm metade do cérebro a trabalhar.
Agosto 27, 2011 at 8:37 pm
O meu cérebro, não sei de que lado, diz-me que a hipocrisia só é evidente para alguns.
Os amigos de antes são os assassinos de agora, à vontade dos interesses internacionais, nunca dos povos sofredores.
Agosto 27, 2011 at 8:58 pm
Avante… Avante… Avante!!!!….
Agosto 27, 2011 at 9:03 pm
The West Wants to take Control of Libya’s Oil Wealth
Agosto 27, 2011 at 9:09 pm
A China não vai gostar. Mas financia doutro modo.
Agosto 27, 2011 at 9:20 pm
#6
Da Líbia, Obama só quer o petróleo. As pessoas líbias são o que menos lhe interessa.
Agosto 27, 2011 at 9:29 pm
Acho um piadão a estes entes que percorrem o deserto. E de carro!
Agosto 27, 2011 at 9:38 pm
é uma sorte Portugal não ter petróleo; estamos de parabéns. Obrigado Deus!
Agosto 27, 2011 at 9:40 pm
#17
Quem disse? Vai ali a Sines…
Agosto 27, 2011 at 9:49 pm
“Um terço dos ataques da NATO contra Kadahfi, um terço do petróleo”.
Foi nestes termos que o canal de informação permanente, I-Télé (grupo Canal Plus), anunciou esta tarde que o Governo de Paris já garantiu, com o Conselho Nacional de Transição (CNT), 35% do petróleo futuro do país.”
http://aeiou.expresso.pt/libia-franca-ja-assegurou-um-terco-do-petroleo-futuro=f669282
E para os plumitivos que desde a primeira hora defenderam a agressão ao povo líbio não vai nada, nada, nada?
Nem um barril de alcatrão?
Agosto 27, 2011 at 10:09 pm
Os mais infatigáveis a percorrer o deserto de carro (de assalto – e não no sentido figurado)?
Washington’s ties to Gaddafi
Agosto 27, 2011 at 10:29 pm
Quando a princesa Diana ainda era noiva…
Newsweek, 3 de Agosto de 1981 (não é engano, mil novecentos e oitenta e um
The details of the plan were sketchy, but it seemed to be a classic CIA destabilization campaign. One element was a “disinformation” program designed to embarrass Kaddafi and his government. Another was the creation of a “counter government” to challenge his claim to national leadership. A third — potentially the most risky — was an escalating paramilitary campaign, probably by disaffected Libyan nationals, to blow up bridges, conduct small-scale guerrilla operations and demonstrate that Kaddafi was opposed by an indigenous political force.
Tony Cartalucci
Agosto 27, 2011 at 10:29 pm
hoops.. tag negrito não fechada. Sorry
Agosto 27, 2011 at 10:40 pm
France has spent €160 million on this war but has already contracts with the CNT for $28 billion
Marinella Correggia
Agosto 27, 2011 at 10:41 pm
A Líbia era uma democracia?
Agosto 27, 2011 at 10:45 pm
Tal como a Coreia do Norte. Depois admiram-se que haja mortos, tal como dantes.
Agosto 27, 2011 at 10:58 pm
Só tenho uma pergunta a fazer:
Iraque, Afeganistão, Somália…. resolveu?
Agosto 27, 2011 at 10:59 pm
A Líbia era uma ditadura.Terá sido óptimo mais a queda de um ditador.Só que tal deve acontecer quando o seu povo quiser de acordo com as suas possibilidades – Portugal,Espanha, Países de Leste… Poque não invadir o Irão,a Síria,a Arábia Saudita,vários países de África.No Egipto ou na Tunísia a situação foi diferente.No Iemen as 1ªs manifestações foram violentamente reprimidas pelas forças sauditas. O que fez a Nato e os EUA? O problema é o Petróleo. Quem dominava a maior parte da sua exploração eram empresas inglesas,francesas e até a Itália(Eni).Segundo parece Kadafi estava a fazer acordos de exploração do petróleo com a Rússia e a China. Cá estão os petrodólares.Quanto a Kadafi,ficaria satisfeito que tivessem sido os líbios a tirá-lo do poder e julgá-lo pelos crimes que cometeu.Esperemos que não restejamos perante um novo Afeganistão. Quanto ao texto do Avante não há qualificativos.É o msemo que defender a “democracia” da Coreia do Norte .
Agosto 27, 2011 at 11:01 pm
E o que farão com a Argélia quando, de caminho, o povo se revoltar … contra a ditadura militar imposta pelos EUA?
E no Egipto os militares vão largar o osso?
Agosto 27, 2011 at 11:03 pm
E os russos marcam uma linha na Síria como fizeram na Geórgia ou deixam-se andar?
Agosto 27, 2011 at 11:12 pm
A democracia exporta-se?
Agosto 27, 2011 at 11:14 pm
#30,
Não.
Não é isso que está em causa.
Nem se impõe.
Nem acredito que a Líbia se torne numa democracia liberal ocidental.
Mas…. derrubar uma ditadura é assim tão mau?
Agosto 27, 2011 at 11:19 pm
Paulo, na “democracia” do Iraque já morreram muito mais do que no tempo do ditador Saddam.Será que a maioria dos iraquianos queria o seu derrube? S e queria mais cedo ou mais tarde cairia.E no Afeganistão? E quando os talibans chegarem outra vez ao poder? Que fazer?
Agosto 27, 2011 at 11:22 pm
Se o PCP tivesse levado a dele “Avante”, qual seria a nossa avaliação do pronunciamento dos oficiais em 25 de Abril?
Agosto 27, 2011 at 11:31 pm
Os ganhos sociais são fruto de lentos processos de desenvolvimento das contradições internas. Isso havia sido consagrado nos acordos de Helsíquia. Mas hoje quer-se fazer tábua rasa disso e as antigas potências coloniais tratam a democracia como vulgar produto de exportação em troca de petróleo, deixando um rasto de milhões de mortos atrás.
Também entre os professores havia divergências e até situações de injustiça, mas as recentes alterações do poder, promovendo a intromissão sistemática de elementos estranhos à escola, pelo que tenho sabido, não têm contribuido para melhorar a qualidade do ensino. De cada vez que se escultam declarações na televisão, vindas de quem desconhece em absoluto as condições de trabalho dos professores, os nervos destes ficam em franja.
Agosto 27, 2011 at 11:39 pm
A Somália é uma democracia?
Agosto 27, 2011 at 11:44 pm
#31
A respeito do tema, é elucidativo recodar a diferença entre príncipes novos e príncipes velhos, genialmente tratada no clássico livro de Maquiável. E não se diga que o tema é maquiavélico, por duas razões: a primeira, porque Maquiável soube descrver uma realidade que transcendia em muito a sua simples vontade. Em segundo lugar, porque a imposição constante de príncipes novos corresponde a impor às populações o pagamento repetido dos custos associados sem qualquer retorno.
Agosto 27, 2011 at 11:44 pm
#34
António Ferrão,
Estou de acordo consigo.Fui professor provisório durante 10 anos e só efectivei após fazer um estágio(Formação em serviço)em 1989.Vários alunos que passaram por nós efectivaram primeiro(vindos da U. do Minho e de Évora.As injustiças existiram já nessa altura.Para mantermos o vínculo tinhamos que concorrer a todo o país e não só a 1 zona como aconteceu depois.Não vamos é continuar a lamentarmo-nos constantemente com o passado. Mesmo assim,bendito 25 de Abril.
Agosto 27, 2011 at 11:47 pm
#32,
Para o bem e o mal, as intervenções no Afeganistão e Iraque foram de outro tipo.
No norte de África há, com muita clareza, uma dimensão popular na revolta que não existia nesses países.
Quanto à Somália, não é um país, é uma coisa em forma de país, como o era o Sudão e muitos outros (Congo, Ruanda, etc, etc).
Agosto 27, 2011 at 11:52 pm
A Somália? Claro que sim. Todos os sítios em que os marines desembarcam transformam-se imediatamente em democracias ou paraísos fiscais. É um dom.
Agosto 27, 2011 at 11:52 pm
A lógica absurda que questiona a legitimidade do derrube de kadafi, em nome dos “custos” em vidas e em destruição, sempre ligada a “negócios escuros”, é a mesma que pode facilmente produzir argumentos semelhantes contra o derrube de Marcelo Caetano.
Já se esqueceram do que aconteceu a seguir ao 25A?
Será que a criminosa guerra civil em Angola (inclusivé com o envio de militantes do PCP) e o respectivo negócio do petróleo, não teve ligação com o que se cozinhava entre os EUA e a URSS através dos seus peões em portugal?
O sectarismo cega e incapacita a possibilidade de se ver e analisar a realidade.
Agosto 27, 2011 at 11:55 pm
Dimensão popular? Como no Irão do Xá, no Chile de Allende e na Venezuela de Chavez. Mas se a coisa não se resolve e os fundos cativados não forem enviados aos rebeldes líbios, se calhar a “dimensão popular” mostra que não revoluciona à borla.
Agosto 27, 2011 at 11:56 pm
Para o mal ou para o bem, os estados africanos saídos dos processos de descolonização subsequentes à derrota das potências do “eixo” na Segunda Guerra Mundial concertaram entre si, na fundação da Organização da Unidade Africana, que as antigas fronteiras coloniais seriam mantidas.
Era uma base de entendimento razoável, para não prolongar de forma interminável as rivalidades fronteiriças. O processo de revisão das fronteiras em curso representa um grande perigo para África.
Agosto 27, 2011 at 11:58 pm
Se soubesse como colocaria aqui o Cartoon da P2 do público sobre a Líbia.É dum cartonista canadiano.Penso que não seja anti-americano ou anti-Nato.Vale a pena analisar.
Agosto 27, 2011 at 11:58 pm
#40
Exactamente. Dadas as condições em que foi feito não se deveria ter descolonizado (abandonado) logo. Qual é a dúvida? Basta comparar com o que foi feito na África do Sul para perceber isso.
Agosto 27, 2011 at 11:59 pm
#40
Não se importa de fundamentar melhor os seus pontos de vista, anunciando, por exemplo, o número de empresas soviéticas que exploraram petróleo na Angola independente, confrontada com o número de empresas norte-americanas, francesas, italianas, etc? Se não consegue, informe-se primeiro.
Agosto 27, 2011 at 11:59 pm
Pegam fogo e viram costas sem sequer chamar os bombeiros. Questão de fugir às responsabilidades.
Agosto 28, 2011 at 12:00 am
Demos graças pela democracia exemplar que reina na actual rússia (antes URSS) desde 1917.
Os grandes democratas Lenine, Estaline e Trotsky são o paradigma do que de melhor a democracia já produziu.
E o gulag é o culminar da democracia e permanecerá sempre como o equivalente ao paraíso na terra.
Agosto 28, 2011 at 12:02 am
O que tem isso a ver com a discussão? Justamente o ponto é que os que se dizem democratas são-no na prática tanto como os russos.
Agosto 28, 2011 at 12:06 am
Mas enfim, cada fase da História tem a superpotência que merece. Até que aprendamos.
Agosto 28, 2011 at 12:13 am
#40,47
Parece-me que há um pouco/ou muito de revanchismo em relação ao 25 de Abril.Muitos erros foram cometidos.Mas hoje éssas questões estão já ultrapassadas.Embora não seja saudosista de nada,apetece-me dizer,desculpe lá, 25 de Abril sempre. -ortugal de hoje com tudo o que há de mau, está muito melhor que no dia 24 de Abril.
Agosto 28, 2011 at 12:24 am
#40
Não basta dizer que é fácil comparar duas situações históricas: é preciso fazê-lo.
Líbia: toneladas de bombas lançadas durante meses por aviões tripulados e não tripulados, além de mísseis lançados de barco.
Portugal, 25 de Abril: derrube do governo praticamente sem derrube de sangue. Um milhão de portugueses na rua a festejar o acontecimento passados seis dias.
Agosto 28, 2011 at 12:28 am
#45
A ideologia era o principal “negócio” da URSS no tempo da guerra fria, tal como continua a ser para os partidos comunistas, fascistas e nazis.
Mas não nos podemos esquecer que tem sido a ideologia o principal motor das carnificinas e dos genocídios.
O Holocausto, o Gulag, o Fundamentalismo Islamita, para não recuar ao tempo das Cruzadas, são empreendimentos basicamente irracionais, se não retivermos o aspecto ideológico e profundamente visceral que os alimenta.
Destruir uma raça, uma religião ou uma classe, é na essência uma pulsão de morte e faz apelo aos instintos mais animalescos e obscenos da humanidade.
A narrativa que se constrói por cima é apenas a cobertura social da perversão criminosa de que a besta humana é capaz.
Agosto 28, 2011 at 12:35 am
Hoje em dia produz-se e mata-se em massa com a tecnologia e já não se crucifixa individualmente ninguém porque isso dá muito trabalho (quanto muito enforca-se).
É apenas esse o avanço – o da tecnologia – que nos permite viver melhor, porque moral e eticamente estamos um patamar abaixo do de há 5500 anos atrás.
Agosto 28, 2011 at 12:45 am
avante o cara1…labrego!