… reflexivas e criteriosas sobre a ADD, mas a repescagem da proposta da Fenprof e o facto de ter passado cá por casa uma jornalista a entrevistar-me sobre o assunto deixaram-me com o tutano a escassear para sair coisa de sustança. Assim, o prometido fica indevido.
Como ando meio cansado disto tudo, vou ver o que sai daqui por uns dias do que disse (a corda anda meio solta) e fico-me pela enunciação da coisa, sem explicação: acho que uma avaliação do desempenho com um mínimo de qualidade e sentido ético tem vantagens internas (pode pressionar para um maior cuidado na performance…) e externas (não nos faz parecer um grupo de gente que tem medo que se avalie o que faz).
Podia demonstrar com pontos e alíneas diversas, mas acho que é mais útil ir ali escolher umas músicas dos anos 80 para postar e voltar amanhã.
That’s all (for now), folks.
Agosto 5, 2011 at 11:46 pm
#0
Resolvido aquele assunto de ontem.
Venha música. Faço de conta que ouço, pois aqui não chega.
Agosto 5, 2011 at 11:55 pm
tenho algumas dúvidas, compreendo a vantagem externa, não acredito na vantagem interna. Na escola só vejo muito trabalho desnecessário. Acho que mesmo um sistema de avaliação razoável será mal aplicado. O meio torna-se mais importante que o fim, até porque os objectivos na educação não estão nada claros.
Agosto 5, 2011 at 11:58 pm
Tenho aqui ao lado um summer sessions a passar música dos anos 80, amanhã ficarei por palmela a caminho de casa.
Agosto 6, 2011 at 12:22 am
🙂
Agosto 6, 2011 at 12:52 am
Quem é que poderá alguma vez mais confiar nos Sindicatos portugueses!!???
A minha mãe tem uma amiga que estudou no Liceu de Castelo Branco e não conseguiu fazer aí o exame de Português do antigo 5º ano do Liceu (.chumbou uma série de vezes). O pai inscreveu-a na Escola Comercial de Tomar, na qual tinha uma pessoa amiga e com infuência. E, então, a filha lá entrou na ESE de Castelo Branco.
A amiga da minha mãe tornou-se professora do 1º Ciclo e fez, há cerca de 12, ou 15 anos, o tal curso “complementar” que os Sindicatos inventaram, para tornar estes professores dotados de uma Licenciatura. E em grupinho lá iam, ao sábado, entregar uns trabalhinhos, em Coimbra (As Novas Oportunidades começaram há muitos anos, em Portugal, e foram implementadas pelos Sindicatos).
Os que malharam … malharam … nos livros da Clássica de Lisboa ficaram, na altura, boquiabertos com o desplante com que estes grupos de “licenciados” se vangloriavam do seu canudo obtido nas pré – Novas Oportunidades …!?
E para concluir: a amiga da minha minha mãe aposentou-se aos 52 anos (olha, os sortudos …! e como 3 anos já foram gozadinhos, no paraíso) e arrecada todos os meses, com o rabinho no fofo, 2.500 euros.
A minha mãe tem uma licenciatura de 5 anos, o Estágio do Ramo Educacional da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, uma Pós- Graduação em Administração Educacional e Gestão Escolar, um mestrado em Educação, comunicação e linguagem, e vai reformar-se aos 67 anos, e com meia dúzia de tostões (se ainda houver no baú).
Assim, até lá, a minha mãe vai cumprir a bandalheira da ADD e toda a fantochada de avaliação portuguesa seja lá qual for o tipo de modelo da treta.
“Biba” a ADD …! E os Sindicatos …! E toda a fantochada do Ensino Português ..!
Agosto 6, 2011 at 1:12 am
“influência”
Agosto 6, 2011 at 4:03 am
Sempre que o governo dá um pum é o caraças. Cheira mal? A culpa é do sindicato. Cheira bem? O governo é o maior.
Até hoje nunca vi um sindicato fazer uma Lei, Decreto-Lei, Despacho, Portaria ou seja lá o que for.
Há quase 10 anos que deixei de ser sindicalizado porque não confio nos nossos sindicatos. Mas não é deles a culpa do desgoverno da educação no nosso país. Nem pouco mais ou menos.
Agosto 6, 2011 at 8:20 am
Madalena
Os sindicatos têm uma parte da culpa significativa da degradação em que os professores se encontram; essencialmente porque não souberam fazer passar a mensagem do que efectivamente nos preocupa, preocupava e preocupou. Já fui dirigente sindical, delegada sindical na escola e desvinculada de sócia há alguns anos. Os lobbies dos complementos de formação serviram vários senhores: as ESE’s e os professores. Estes “complementaram” a sua formação e, se fosse para exercer a profissão acho muito bem; no entanto, uma grande maioria dos que conheço foi para se aposentarem como licenciados, sem nunca terem dado uma aula nessa condição. Agora culpa, culpa têm os sucessivos governos que criam esta desgovernança educacional.
Agosto 6, 2011 at 9:29 am
#8 ana, mas esses complementos de formação da treta (conheço casos flagrantes) foram os sindicatos de esquerda que lutaram para serem aprovados. Não se opuseram, pois não?
Para muitas centenas, ou talvez milhares, foi melhor que o euromilhões. Agora já estão a gozar as reformas enquanto que os que andaram cinco anos para se licenciarem têm de morrer a trabalhar. Grandes vitórias sindicais!
Agosto 6, 2011 at 10:10 am
Que eu saiba, não foram os sindicalistas a estabelecer os planos curriculares, nem a dar as aulas, nem os responsáveis pelas avaliações, nem pela certificação dos cursos… Nem foram, tão pouco, os que abriram as portas às Univ. privadas em Portugal.
Agosto 6, 2011 at 10:44 am
#5, #9
Os sindicatos em geral lutaram para que fosse reconhecida a licenciatura como habilitação necessária para leccionar no 1º ciclo. Obviamente que aos professores que já estavam no sistema deveria ser facultada a possibilidade de complementarem a formação.
Agora a aprovação desses cursos e o seu funcionamento foram da responsabilidade do governo e das escolas superiores de educação, públicas e privadas, que os facultaram.
Quanto aos “sindicatos de esquerda”, devo dizer que nunca estiveram ligados a estas formações, ao contrário de certos “sindicatos de direita” que patrocinaram directamente algumas dessas formações faz-de-conta. Ainda posso acrescentar que na altura houve professores que se dessindicalizaram de sindicatos da Fenprof para se inscreverem noutros sindicatos que ofereciam descontos em propinas e outras vantagens na frequência dos tais cursos.
Agosto 6, 2011 at 10:47 am
#5.
Também conheço.
E como são caroços que estão entalados na garganta dos professores, temos mesmo de falar nisso. É importante que se fale de tudo, para que tudo fique claro e não se pense que há uma classe profissional imensa a dormir com o que se tem feito e com o que se fez. E a História é importante! Saber como chegámos aqui é importante. Os branqueamentos, de que natureza for, não são úteis.
Também os conheço. Conheço alguns – os mestres – que passaram do nono ano para a licenciatura de uma forma inexplicável. Conheço alguns de “10º escalão”. Conheço alguns que foram Titulares. Conheço alguns que foram presidentes de Conselho Directivo e/ou Executivo.
Estes fantasmas, as causas e os efeitos, devem ser publicamente discutidos para que se perceba muito do que às vezes corre em paralelo nos corredores, nas pizzas, nas manifestações de “dor” nos blogs.
Os cursos complementares, as “lutas” que se desenvolveram em torno da questão das “franjas”, têm de ser abordados abertamente e sem complexos.
Agosto 6, 2011 at 10:47 am
E acrescento outra coisa: a melhor maneira de estragar uma ideia justa é implementa-la mal, quiçá propositadamente.
Agosto 6, 2011 at 11:24 am
Em conclusão, precisamos de uma ADD séria, muito séria, com avaliadores externos devidamente preparados (1º problema), que surjam nas escolas sem avisar (2º problema) para assistir a um número suficiente de aulas (3º problema), reunindo posteriormente com os docentes, para que as aulas já assistidas sejam contextualizadas nas respectivas planificações.
Ter aulas assistidas não deveria ser problema para ninguém. A questão está no contexto em que as mesmas acontecem e no seu reduzido número (duas ao longo do ano), além da (falta de) preparação de quem as observa e analisa.
Lembro que, neste último ano, tivemos professores de matemática a avaliar/assistir às aulas de professores de educação física e vice-versa (os directores da escola avaliaram todos os coordenadores e todos os relatores, das mais variadas disciplinas). Se isto não é uma fantochada, que nome tem?
Lembro ainda que quem tiver que avaliar, não pode ser obrigado a fazê-lo e, muito menos, a ter um horário completo com 130 alunos (média de 5 turmas) e proceder ao trabalho de avaliação na componente não lectiva. Quem avaliar, deverá apenas avaliar (por períodos de tempo definidos, voltando à docência findo esses prazos) e ser também criteriosamente avaliado. Não será fácil…
Agosto 6, 2011 at 11:52 am
#14
Não será fácil, nem barato e para ser bem feito leva vários anos a implementar. Países mais organizados e com muito melhor gestão da coisa pública do que nós não se metem nisto. Preferem fazer uma selecção criteriosa das pessoas que admitem nos cursos de formação de professores e no exercício da profissão e confiar depois no trabalho e na gestão das escolas.
Mas em Portugal fez-se da avaliação dos professores um cavalo de batalha, de uma forma que se tornou perfeitamente irracional. Tantos políticos que vemos, tolerantes com a corrupção e o tráfico de influências, com os BPNs e as negociatas público-privadas, mas que olham para este assunto como se estivesse aqui a salvação da Pátria.
Agosto 6, 2011 at 12:29 pm
#0 Agora já não o podem acusar de pretensiosismo.
#15 Se ao menos salvasse a pátria esta malfadada avaliação. Mas numa coisa concordo consigo: seria bem mais eficaz fazer uma “selecção criteriosa das pessoas que admitem nos cursos de formação de professores e no exercício da profissão”.
Problema: é que depois não se pode “confiar no trabalho e na gestão das escolas”. A consequência que se retira da sua argumentação António, é que durante décadas a selecção dos profissionais da educação nunca foi criteriosa (os relatos aqui deixados sobre os cursos de “complemento de formação” são apenas a ponta do icebergue), por isso a escola actual está cheia de professores que nunca o seriam se tivesse havido selecção. Ora, como os medíocres para se protegerem funcionam em manada e procuram obter poder simbólico e burocrático (sindicalizando-se, muitas vezes), como por terem mais tempo de serviço tem mais reconhecimento simbólico e poder legal, são eles que definem grande parte do modo de ser das escolas.
Por tudo isto, não se pode confiar nas escolas.
Agosto 6, 2011 at 1:36 pm
lá voltamos nós aqui no blog ao ..
EU É QUE SOU BOM … SOU D+
OS OUTROS SÃO MER.D@
pq é que as pessoas são assim mesquinhas e nao vêem o essencial?
Agosto 6, 2011 at 2:44 pm
#14 e #15
Muito bom.
Ou predomina a avalição externa (sem ser o vizinho do lado) ou isto não passa do faz de conta. A avaliação interna só deve ser formativa. Ainda há um caminho muito longo para se confiar numa verdadeira avaliação interna.
Por isto, é que concordo, plenamente, no que diz o António Duarte.
Agosto 6, 2011 at 3:00 pm
Temos que dificultar ao máximo a nossa avaliação para parecermos sérios e ficarmos bem perante a opinião publica?
Como é a avaliação dos outros grupos profissionais?
O nosso objectivo último não pode ser a nossa avaliação. Nem ela pode ser de tal forma que nos esmague em termos de burocracia, tempo, stress, etc.
Ela deve incidir sobre um trabalho realizado ao longo do ano inteiro e não sobre umas quantas aulas assistidas. E não é o colega do lado, nem o da escola vizinha que sabe avaliar este todo (não está dentro do assunto, como é compreensível). Eu avaliei este ano e senti essa limitação.
Quem tem a noção do trabalho global do professor é a Direcção da escola. Para o bem e para o mal, esta é a realidade.
Pode haver injustiças? Pode sempre. E na avaliação pelos colegas? Eles são mais justos?
Agosto 6, 2011 at 3:23 pm
19, “Quem tem a noção do trabalho global do professor é a Direcção da escola.”
Concordo com tudo que escreve, excepto com isso.
A direcção da escola “emprenha pelos ouvidos”. Há colegas que passam a vida a soprar-lhe os seus pontos de vista (que não passam disso mesmo) influenciando-a e nem sempre há o “contraditório”.
Para não falar da “escovice” e dos frequentadores dos almoços periódicos…
E depois há os pais: há um que se queixa à direcção e fisso é que fica registado. A opinião favorável dos outros 99% fica esmagada pelo albino de cada escola.
Não deveria nunca ser permitida a avaliação pelo(a) director(a). Seria uma arbitrariedade, até porque há a questão científica que tem de ser primordial.
Agosto 6, 2011 at 3:25 pm
#14,
Concordo.
#19,
Como gosto de ser professor, não me incomoda muito como avaliam os arquitectos, juízes, cantoneiros, pescadores ou médicos.
Discordo da concentração de poderes na Direcção sem o devido controle. infelizmente, a IGE não chega a tudo (e por vezes quando chega tem dificuldade em “ver”) e os Conselhos Gerais são muitas vezes de uma inutilidade confrangedora.
Agosto 6, 2011 at 3:29 pm
isso, em vez de “fisso”
E também espero que o PG tenha desistido de lutar pela “aula pública”.
O nosso público são os alunos e nem todos gostamos de espectadores ou temos necessidade de nos exibirmos.
Fazer de um pai par de um inspector, do director e do coordenador, na avaliação docente?!…
Agosto 6, 2011 at 3:37 pm
#16
Durante décadas nem sequer existiu selecção, pois havia carência de profissionais habilitados e os alunos não deviam ficar sem aulas. Então, entrava quem aparecesse. Recordo-me bem de, no meu início de carreira, numa das pequenas ilhas dos Açores, a maioria dos meus colegas ter como habilitações académicas o 11 ou o 12º ano.
Actualmente, se tivéssemos governos com visão a longo prazo destas questões, em vez de precarizarem a profissão, dariam maior estabilidade de emprego aos jovens professores e reduziam o número de vagas e cursos de formação de professores, fechando os que não têm qualidade. Isto tornaria o ensino uma saída profissional muito mais aliciante e o aumento da procura permitiria então a selecção dos melhores.
Mas isto é pedir demais à classe política que governa ao país. Era esperar que fizessem uso de quase tanta inteligência e sentido de responsabilidade como os que são exigidos aos professores para se desembaraçarem diariamente no exercício da sua profissão.
Agosto 6, 2011 at 3:49 pm
#21
Eu também gosto de ser professora, por isso me incomoda tanto pensar que ser professor é estar focada essencialmente na minha avaliação. E é para onde nos empurram os diferentes modelos.
E quem controla o colega da nossa escola /escola vizinha? E o colega que vem de fora com a sua visão parcial das coisas?
Invista-se no controlo da avaliação por parte da Direcção. As Direcções estão ou não preparadas para avaliar? Não tenho dúvidas que sim.
Considero que ver como são avaliados os outros pode ser esclarecedor e ajudar bastante. Se algum modelo funciona e é relativamente eficaz, talvez possa ser adaptado à nossa realidade.
Agosto 6, 2011 at 4:51 pm
#24
“Invista-se no controlo da avaliação por parte da Direcção. As Direcções estão ou não preparadas para avaliar? Não tenho dúvidas que sim.” Olhe que não, não estão. Estão preparadas para controlar, não para avaliar os colegas.
“Não deveria nunca ser permitida a avaliação pelo(a) director(a). Seria uma arbitrariedade, até porque há a questão científica que tem de ser primordial.” #20
Agosto 6, 2011 at 5:07 pm
É curioso que quanto mais os linguistas mandam na língua menos se questiona a semântica das coisas.
Por exemplo “classe política que governa o país” não tem sentido seja qual for o país.