Segundo os dados do Ministério da Educação, cada relator (professor avaliador) teve em média cinco professores para avaliar e uma hora e meia por semana do seu tempo para fazer essa tarefa. Contas feitas, o ensino público consumiu ao todo 30 mil horas por semana neste processo, o que equivale a 1250 dias no total.
“Há uma enorme variação de caso para caso. Os 90 minutos semanais poderão ser mais do que suficiente para os relatores que avaliam colegas sem aulas assistidas; esse mesmo tempo pode ter sido ultrapassado para os que tiveram a seu cargo os candidatos às classificações de topo”, avisa Paulo Guinote, professor da Escola Básica Mouzinho da Silveira (Moita), explicando ainda que enquanto houve escolas que obrigaram os professores a entregar a avaliação em suporte multimédia, outros estabelecimentos aceitaram os documentos em papel.
[…] diz José Rafael […] Agora a “dor de cabeça” passa para a comissão de coordenação da avaliação, um júri composto pelo director e mais quatro docentes nomeados pelo conselho pedagógico de cada escola. São eles que determinam quem são os merecedores das notas – insuficiente, suficiente, bom, muito bom e excelente – em função das quotas para cada agrupamento.
[aqui]
Julho 21, 2011 at 11:02 am
Exactamente!
Eu, relatora obridada, tive 45 minutos semanais para avaliar 3 colegas e todos com aulas assistidas.
Lá fui eu assistir 6x às aulas e tenho os relatórios (3) cá em casa para começar a ler. AINDA HOJE.
Julho 21, 2011 at 11:23 am
Depois de ler o conteúdo do post, posso afirmar que, no ciclo avaliativo prestes a terminar, estive num semi-céu que preservou a sanidade mental de muitos professores:
– houve poucos colegas candidatos a quotas ( no meu grupo, que é constituído por 14 professores de línguas, apenas 2 dos que não tinham necessariamente de sujeitar-se ao pacote completo arriscaram segui-lo);
– são esses colegas que estão a acusar maior ansiedade, nesta altura. Não os censuro, porque decidiram em conformidade com o que queriam ( e são livres, nas suas escolhas), mas também não os defendo, dado que poderiam ter-se poupado a um desgaste suplementar e assim não entenderam;
– a maioria dos relatores não teve trabalho absolutamente nenhum até Maio, sensivelmente, altura em que eu própria fiquei finalmente a saber quem era a minha relatora;
– o relacionamento pautou-se pela cordialidade e pelo trabalho cooperativo;
– a Direcção Executiva foi a primeira a alertar os avaliadores/relatores para as perigosas consequências de exageros em relação ao modo de proceder, no que concerne aos avaliados ( nada de portefólios; possibilidade de entrega do relatório em suporte de papel, simplificação nas evidências a apresentar e, acima de tudo, bom senso e partilha das preocupações, através de um trabalho colaborativo).
Julho 21, 2011 at 11:31 am
Os merecedores… das quotas?
A História ensina que quando há racionamento, raramente os bens racionados chegam àqueles que a eles têm direito.
🙄
Julho 21, 2011 at 11:51 am
Depende muito de cada escola, a forma de lidar com tudo isto. E os que quiseram o Muito Bom, agora não se queixem…
Julho 21, 2011 at 11:57 am
Pois, eu pelos algarves vejo isto: vamos atribuir os Muito Bons e os excelentes aos prof.s que pediram! Não interessa quem foram, ou se tudo é límpido, transparente e honesto! Isto é que é uma avaliação de mérito! Até me arrepio ao olhar para os nomes de quem a vai receber, com algumas honrosas excepções. Tudo combinado numa sala muito confidencial….ora agora toma tu, ora tomo eu e porque tu pediste aulas assistidas, porque eu (quase)te obriguei a isso, então eu tenho direito ao excelente, porque tive muito trabalho contigo!!!!!
Julho 21, 2011 at 12:11 pm
Muito bom a quem pediu, regra geral.
Julho 21, 2011 at 12:19 pm
#5,
Não se arrepie, mariaporto,
o verdadeiro culpado é o modelo/o sistema que exige o cumprimento da aberração das quotas …
Palpita-me que a progressão na carreira, futuramente, dependa da vontade individual, do tamanho das unhas e da qualidade da viola …
( mas posso estar enganada! …)
Julho 21, 2011 at 12:23 pm
Mais ainda do que o enjoo de ver um país com taxas de insucesso e analfabetismo funcional enormes investir despudoradamente numa fraude aceite como politicamente correcta, o que me causa mesmo muita perplexidade é o facto de se verificar que existem 30000 horas, porventura muitas mais, que não são destinadas aos alunos e que fazem parte da componente dolce fare niente dos professores. É certo que essas horas foram desperdiçadas com a tenebrosa ADD, mas elas seriam, em qualquer caso, desperdiçadas. Este é um problema que os professores têm que resolver rapidamente, para merecerem ainda maior consideração pública.
Julho 21, 2011 at 12:27 pm
E quem as implantou? Antes deste modelos havia redução por idade … eu acho até que se podia-se discutir o nº de horas dessa redução todavia não havia esta alarvidade…
Julho 21, 2011 at 12:28 pm
É preciso fundamentar a proposta de M.B e Exc. para a CCAD tomar a decisão final.
Isto é um mundo que nunca mais acaba.
Sabem, por exemplo, como é observar o trabalho de profs que estão em exclusivo nas NO? Como atribuir pontuação nas diversas dimensões? Enfim…
Julho 21, 2011 at 12:29 pm
Muito importante: NÃO HOUVE FORMAÇÃO PARA RELATORES.
Nomeação e já está. Agora, segue em frente e seja o que Deus quiser!
Julho 21, 2011 at 12:51 pm
Penso que faltou bom senso a muita gente envolvida no sistema de ensino português e o que se passou nas Escolas portuguesas é surrealista. E se o ciclo governativo de Sócrates terminou, sendo este político apelidado de inconsistente e incompetente, nos actos e nos discursos políticos, que tão danosamente contribuíram, para deixar um país em destroços, nada do que se diga a respeito desta avaliação de professores faz sentido.
O país cai de farsa em farsa que estranhamente muitos sustentam. E o que seria correcto era iniciar uma reflexão sobre a actuação do Ministério da Educação desde o processo maquiavélico da nomeação aleatória dos professores titulares, seguindo todo o desenvolvimento do sistema de avaliação kafkiano, a célebre ADD, que decorreu ao sabor e interesses de cada director e cap, nas diferentes escolas do país.
Julho 21, 2011 at 12:53 pm
#8: Deves ser anormal. Que componente é essa em que as horas são desperdiçadas? Horas destinadas aos alunos implica estar na presença deles? E prepara-se essas horas presenciais quando? No fim-de-semana?
Julho 21, 2011 at 12:58 pm
Estou numa Escola na qual o trabalho realizado pelo júri foi sério… passaram muitas horas a averiguar o trabalho dos relatores….
quanto ao “toma tu, toma tu” e ao discurso da má fé e desonestidade que para aqui leio, não caiam na falácia da generalização…
e já agora os colegas não são responsáveis? Em que escola é que estão? O que fazem lá?
Julho 21, 2011 at 12:59 pm
ISTO…
Julho 21, 2011 at 1:16 pm
Há pessoas sérias e muito esforçadas …
(e a inversa também é verdadeira …)
Não há avaliação séria com modelos desonestos…
Julho 21, 2011 at 1:21 pm
#13,
Mais de 90% das horas de redução de componente lectiva, seja lá por que for e para o que for são desperdiçadas.
E, “anormal era a tua tia, pá!”, como diria o estudante para filósofo.
Julho 21, 2011 at 1:30 pm
No texto: “30 mil horas por semana” ??
Gralha certo?
Julho 21, 2011 at 1:36 pm
#18,
Não, não! É isso mesmo: 30000 horas por semana!
Pelas minhas contas, até um pouco mais.
Julho 21, 2011 at 1:41 pm
Adoro esta relação fraterna entre a política e os media! Gosto de observar esta coincidência de agendas!
Notícias destas só agora aparecem, porque até aqui foram inconvenientes.
Sobre este assunto, além de escrever em vários sítios públicos, dei nota ao Presidente da República antes do senhor vetar a suspensão da ADD.
Todos surdos! Incluindo os agitados professores.
Porque teria sido?!
Julho 21, 2011 at 1:51 pm
Ora aqui está uma boa noticia par o tt e para todos nós..andar a pé é bom..mora a 15 km do trabalho? Vá de bicicleta…emagreça…O PRESIDENTE ESTÁ MORTO…NEM COM CREOLINA REAGE…
Os preços dos bilhetes e dos passes sociais vão aumentar em média 15 por cento a partir de 1 de agosto, avança o “Diário Económico”. Um aumento sem precedentes que, em alguns casos, pode atingir 25 por cento. Noutros casos, os preços não terão atualização. A revisão das tarifas de transportes públicos era uma das medidas acordadas com a “troika” e que deveria avançar até ao final de julho.
Julho 21, 2011 at 1:56 pm
Mas uma coisa TT EU ACHO estranho: se és trabalhador por conta própria porquê tanta coisa sobre os professores ???E como -supostamente- sabes tanto sobre isso.?Familiares a dar aulas? Já deste aulas..??.inside informers? O Casanova é teu vizinho? O Nogueira faz parte do teu condómino?
QUANTAS HORAS DE DESPERDÍCIO SE QUEIMAM EM COMISSÕES DE ASSEMBLEIA DA REPUBLICA ?E QUE DINHEIRO SE DESPERDIÇA COM ISSO.? ENFIM OS MALES DE TODO O MUNDO SÃO CULPA DOS PROFESSORES…
Das Fúrias infernais foi sempre a Inveja
No mundo a mais fatal e a mais medonha,
Pois faz dos bens dos outros a peçonha
Com que a si mesma se envenena e peja.
Com ira e com furor, raivosa, arqueja,
Com vinganças, traições, com ódios sonha.
Onde quer que se encoste e os olhos ponha,
Tragar as ditas dos mortais deseja.
Mãe dos males fatais à Sociedade,
Vidas, honras destrói, cismas fomenta,
Nutrindo n’alma as serpes da Maldade.
O próprio coração que come a alenta,
Vive afogada em ondas de ansiedade,
Da frenética raiva se alimenta.
Francisco Joaquim Bingre
Julho 21, 2011 at 2:02 pm
#1 é o que digo … os profs adoram complicar
vais ler pq queres
Julho 21, 2011 at 2:05 pm
#18,
Não.
Se cada relator tiver 5 relatados tem direito a 2 horas semanais de CNL.
Multiplicando…
Julho 21, 2011 at 2:06 pm
#17: Então explique lá essa percentagem. Fez um estudo?
Julho 21, 2011 at 3:02 pm
#22,
“A curiosidade matou o gato.”
Bem sei que deve ser desconfortável para muitos professores saberem que há quem, nada tendo a ver com os pastores da corporação, se interesse verdadeiramente pelo estado da educação do seu país, talvez por, quiçá, utopicamente, persistir na ideia de que sem um ensino de qualidade não há país que se aguente.
Julho 21, 2011 at 3:13 pm
PARA MIM NÃO O É..APENAS ACHO QUE TREINADORES DE BANCADA NESTE PAÍS HÁ MUITOS…..MAS DEIXA LÁ TUDO ISTO NÃO É MAIS DO QUE UMA REPETIÇÃO REPETIDA -É ENFÁTICO-UMA ENGRENAGEM CÍCLICA QUE DÁ VOLTAS DE 360 GRUAS……
Nós estamos num estado comparável, correlativo à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma ladroagem pública, mesma agiotagem, mesma decadência de espírito, mesma administração grotesca de desleixo e de confusão. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país católico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa – citam-se ao par a Grécia e Portugal. Somente nós não temos como a Grécia uma história gloriosa, a honra de ter criado uma religião, uma literatura de modelo universal e o museu humano da beleza da arte.
Eça de Queirós, in ‘Farpas (1872)’
Julho 21, 2011 at 3:17 pm
Corporação tem a ver com Corpus Christi? Vai lá ver o tipo também era corporativo… e tinha apóstolos que o seguiam cegamente…e defendia ferrenhamente os interesse da suposta corporação..contra os interesses na altura do estado -ou dos patrões da altura – vigente…curiosamente foi Salazar a acabar cm os sindicatos e a criar as corporações..ele lá saberia…
Julho 21, 2011 at 3:23 pm
Vá lá, Bullizinho!
Vá com Deus!
😉
Julho 21, 2011 at 3:28 pm
PRAISE THE LORD!!!!ALLELUIA..I SEE THE LIGHT..I SEE THE LIGHT..
IT’S A MIRACLE!!!!.
o TEXTO DO EÇA É ELUCIDATIVO..ELE TAMBÉM VIU A LUZ….FUI DE FACTO..
Julho 21, 2011 at 3:37 pm
Ah e para que haja confusões:Buli é o outro eu sou o alter ego dele…o que eu sou não è ele o que ele é eu não o sou…logo eu sou não o tal mas outro que tal e que se especializou entre outras coisas em:Bananalidades, actividade paranormal e evidências nunca demonstradas por portefólios..PARA QUE.CONSTE E NÃO SE DÊ AZO A CONFUSÕES DE IDENTIDADE…HASTA LA VISTA BABY…!!
Julho 21, 2011 at 5:28 pm
Eu: 5 relatados e 95 minutos por semana (componente não lectiva).
Julho 21, 2011 at 8:37 pm
Esta avaliação é tão séria tão séria , que na minha escola uma senhora que se encontra destacada no sindicato , á uns bons 15 anos ( para mim não é professora) pediu avaliação e para meu espanto só pode ter muito Bom ou Exc…Isto é justo com os outros colegas?por isso eu como relator não mexi uma palha, os meus avaliados fizeram o que quiseram ( lançaram os foguetes e apanharam as canas)avliaram-se a eles proprios. Não vou criar mau ambiente numa guerra que não fui eu que a comprei……ha…e já agora também a ex presidente do conselho executivo (10º ou 9º escalão) tambem pediu aulas assistidas (só dava apoio a 5 alunos) e exigiu excelente…..Isto é sério?Não estou nada arrependido , tenho 37 anos de serviço e sou coordenador.
Fui avaliado pelo meu departamento, essa sim é a minha AVALIAÇÃO, por os alunos sou avaliado todos os dias…..
Julho 21, 2011 at 8:43 pm
#33 muito bem …
coerencia acima de tudo
penso igual
ps- tb fiz o mesmo como relator
Julho 21, 2011 at 11:28 pm
#33
” por os alunos sou avaliado todos os dias…..”
Aqui também. “á”?
Julho 22, 2011 at 1:46 am
Já não tenho palavras para expressar o meu espanto por tudo o que vejo e oiço.
Surrealismo. (lá consegui arranjar uma …)
🙂
Julho 22, 2011 at 1:51 am
Desculpem. Há muito ignorante, incompetente no ensino.
A sensação que tenho é que sou uma “E.T.” depois de ler comentários, ouvir o pessoal falar e vê-los em actuação.
É uma tragicomédia !
🙂
Julho 22, 2011 at 1:52 am
Burrada Em Três Actos
Julho 22, 2011 at 6:43 am
No texto: “30 mil horas por semana” ??
Voltando às horas:
Afinal quantos professores foram avaliados? O artigo fala em “Quase 20 mil professores tiveram de avaliar mais de 118 mil colegas. ” ??
118 mil? Ou seja este ano até Agosto são avaliados 138 mil professores (incluindo os relatores)?
Grande empreitada de avaliação na educação!
Estão a por no mesmo saco os que pediram e os que não pediram aulas assistidas! Alguém consegue dados com isto separado?
E agora a pergunta chata… como em muitas escolas até Abril não se fez nada em termos de avaliação… onde é que se gastaram as tais 30 mil horas por semana de Setembro até Abril?!
E o que fizeram os relatores até Junho nos casos sem pedidos de aulas assistidas?
Ai, Ai… se calhar é melhor nem falarmos muito nos dramas dos relatores!
Assim se percebe os que ao longo de todo o ano se empenharam em criar inúmeros instrumentos de medida e registo de actividades, quais grelhadores profissionais (que até seria melhor terem estado quietos). O certo é que duvido que tenham feito avaliação ao longo de 2 períodos.
Portanto acho que a tese incómoda é que 30 mil horas (uns 857 horários de 35 horas) foram dados como benesse e borlas em cada semana. Ora como isto não se aplica ao universo dos professores mas apenas aos 20 mil relatores, tudo concentrado até daria uma percentagem bonitinha de relatores a dormir sem nada fazer!
Ai estes números!
Julho 22, 2011 at 12:02 pm
Sou relatora, tive 5 avaliadas, tudo na componente não letiva.
Julho 22, 2011 at 12:06 pm
É mentira que os relatores gastaram não sei quantas mil horas…………….na minha escola, salvo algumas excepções, as horas de avaliação saíram da componente não letiva. Eu até fui avaliar a um concelho diferente e tudo GRÁTIS……………………O meu horário letivo ficou intocável…………….eu é que estou quase a pifar……………….
Julho 22, 2011 at 11:46 pm
#40 e 41: gostei de ler. E sendo na componente não lectiva já não podemos falar que estes milhares de horas foram metidos ao bolso pelos relatores!
Assim é importante fazer valer este ponto, pois muito do que foi feito foi retirando tempo ao destinado para a preparação das próprias aulas e reuniões ligadas à prática lectiva.
Deixando correr a ideia do artigo do jornal, damos mais uma vez uma péssima ideia dos professores que teriam tido inúmeras horas sem aulas para fazer avaliação… quando quase toda foi feita de Abril a Junho (muita gente até só teve aulas assistidas em Junho e a correr!). Ora de Setembro até Abril seriam muitos abusos!
A pergunta continua: como é que chegaram aos números das 30000 horas? É que tem de existir algo melhor do que dividir “A por B vezes Pi elevando ao quadrado”!
O ministério tem ou não informação de quantas horas foram para esta tarefa? Não tem.
Devemos dizer que foram atribuídas 30000 horas lectivas? não
Então e que tal começar por colocar um novo artigo aqui no blogue precisamente a questionar o número?