Um Doutor entre os meninos (ou de como nem tudo o que parece é)
(Os pontos nos ii)
O Paulo Guinote teve a amabilidade de postar no “Umbigo” um texto meu que alude à estreia parlamentar de Nuno Crato. Nesse texto são referidos dois episódios da minha vida com cerca de trinta anos de distância um do outro – o mais recente ocorreu, se bem me lembro, na Primavera de 2006, não posso precisar a data, e tratou-se de uma reunião informal na sede do PS no Largo do Rato entre professores, sindicalistas docentes militantes do PS e a então Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. Nessa altura integrava, sem qualquer cargo executivo, a Direcção do SPGL e fui convidado para essa reunião por outros dirigentes sindicais igualmente militantes do PS. Obviamente a Direcção do SPGL, enquanto entidade orgânica, nada teve que ver com esse “Encontro” onde também nada foi negociado, tratou-se apenas de tentarmos, nós professores filiados no PS, entender o furioso e inusitado ataque que o Governo de Sócrates desferiu contra os docentes quando durante a campanha eleitoral de 2005 nada o faria esperar, Sócrates até foi recebido com todas as honras e esperanças na Fialho de Almeida.
O episódio mais antigo, evoca uma conversa havida na Cantina Velha da Cidade Universitária em Lisboa nos idos do Outono de 1975.
Ambos servem no texto para ilustrar duas teses, a primeira sobre a confusão entre a esquerda propalada e a política de direita realizada; a segunda sobre a discrepância entre uma certa estatística e uma certa realidade.
Nada disto parece ter sido entendido por alguns atentíssimos “comentadores” do Blog, que enquistados em “fait divers”, não leram, antes tresleram, o texto e vai daí ao chorrilho de processos de intenção, foi um “ver se te avias”.
Devo ser muito “naif” para não perceber como pode gente que se esconde em “nicks “ e não me conhece de lado nenhum, destilar tanta bílis. Mas apresento-me:
Chamo-me António José Carvalho Ferreira, tenho 55 anos, fundei a Secção do PS no Barreiro em 29 de Abril de 1974, sou professor da Escola Pública desde 76/77, fui membro de uma Assembleia Municipal entre 1989 e 2009 e membro dos Corpos Gerentes do SPGL, de que sou sócio desde 1977, entre 2000 e 2009. Por “ser do contra” fui “saneado “das listas do PS para a autarquia, por “ser do PS” sou atacado por gente que nem sequer sabe quem eu sou, mas que é doente do espírito com certeza, sofrendo de “maniqueíte” aguda. Fui dos que desfilaram nas manifs. (a dos 100000 e a dos 120000) com o cartão do PS ao alto, fui dos que fizeram todas as greves contra a hostilidade dos “camaradas” do Partido; os meus textos e intervenções públicas atestam o que penso da política “des”educativa dos Governos Sócrates I e II. Nunca tive tachos, vivo do meu trabalho e estou, por isso, como muitos concidadãos, mais pobre do que há 20 anos; tenho felizmente amigos, mas daqueles a sério, não é na política; não tenho “patrões “, a não ser o Estado e só na profissão; quem me conhece sabe que não traio, nem nunca traí e tenho, por ter escrito o que penso, que aturar uns “abencerragens” a chamar-me tudo, menos pai.
Era só o que mais faltava.
“Quousque tandem”?
Ponte que os partiu!
António José Ferreira
Julho 3, 2011 at 9:12 pm
“Quousque”, assim é que está correto, como na Catiliária.
Julho 3, 2011 at 9:13 pm
Catilinária
Julho 3, 2011 at 9:34 pm
Muito obrigado JO.
Julho 3, 2011 at 9:43 pm
“Quodo erat demonstrandum”!
Foi o que fez!
Julho 3, 2011 at 9:43 pm
Perdão: “Quod”.
Julho 3, 2011 at 9:58 pm
Não li o seu outro texto mas gostei deste.
Julho 3, 2011 at 10:01 pm
#0
Bem-vindo ao clube.
Mais um que percebeu que há por aqui muita alminha nunca que teve a “opotunidade” de aprender a Ler.
Julho 3, 2011 at 10:08 pm
“Ponte que os partiu!”
Brilhante e subscrito.
Julho 3, 2011 at 10:09 pm
António José Correia: não participei na viscosidade humana do episódio que referiu… mas dou-lhe os parabéns por este texto. Considerando-me uma humilde e pequenina umbiguista gostaria de continuar a ler as suas publicações neste sítio.
Gente séria e frontal necessita-se!
Um abraço.
Julho 3, 2011 at 10:13 pm
#0,
Expresso aqui a minha compreensão pela reacção.
Afinal, sei do que ele fala há uns anos, graças a quem – jogando pelo escuro – gosta de atirar a quem joga limpo.
Julho 3, 2011 at 10:24 pm
Ontem:
“A Direcção do Sindicato estava mais do que informada, como seria natural, pois era do interesse de todos. Não só apoiou o Encontro, como esteve na sua organização.”
https://educar.wordpress.com/2011/07/01/opinioes-antonio-jose-ferreira-18/#comment-592762
Hoje:
“Obviamente a Direcção do SPGL, enquanto entidade orgânica, nada teve que ver com esse “Encontro”.”
Amanhã: ?
Julho 3, 2011 at 10:25 pm
#0: Há comentadores que têm, como único ofício provocar. São sempre os mesmos e têm esta atitude em todos os posts. Não vale a pena perder tempo com eles nem a ler os seus comentários, nem a dar-lhes resposta. Não merecem que se perca tempo com eles.
Quanto à história contada no outro post: pois, realmente as coisas mudaram muito desde então até agora, mas apesar das dificuldades dos mais pobres e de serem os ricos quem mais tinha acesso à educação, os outros, graças à sua força de vontade e esforço, também lá conseguiam chegar. Na verdade, antes do 25 de Abril, os cursos superiores eram todos cursos superiores e não havia licenciaturas elitistas.
Julho 3, 2011 at 10:33 pm
#0
O meu sincero agradecimento pela frontalidade.
Julho 3, 2011 at 10:34 pm
Não sei a que comentários se refere, mas posso imaginar.
Há quem não aprecie a honestidade.
Parabéns pelo seu texto!
Julho 3, 2011 at 11:05 pm
A onda de crispação e o nervosismo são evidentes. O que nos vai acontecer daqui a uns tempos?
Julho 3, 2011 at 11:23 pm
Caro colega
Li o seu outro texto e este e como o compreendo.
Parabéns pela honestidade, pela frontalidade e principalmente pelo discernimento
Julho 3, 2011 at 11:27 pm
Subscrevo o 1º parágrafo do comentário 12.
Quando encontro determinados nicks, passo logo ao comentário seguinte.
Julho 3, 2011 at 11:52 pm
#12
“….realmente as coisas mudaram muito desde então até agora, mas apesar das dificuldades dos mais pobres e de serem os ricos quem mais tinha acesso à educação, os outros, graças à sua força de vontade e esforço, também lá conseguiam chegar”.
Olhe que não, Srª professora, olhe que não!!!
Não sabe de que fala. Os outros (os pobres), mesmo com a tal força de vontade e esforço, não conseguim lá chegar!!
Julho 4, 2011 at 12:43 am
Percebo perfeitamente a reacção deste nosso colega. Há por aqui pessoas, a quem se chama “trolls”, que só querem denegir/destruir os outros e se possível o seu trabalho. Esses comentários com um nick (que não me diz nada), é como se fosse um espaço em branco, pelo que passo imediatamente à frente.
Parabéns pelos seus 2 textos que li com muita atenção e também porque gosto de pessoas honestas, sérias, frontais e trabalhadoras.
E p*** que os p**** !!
Julho 4, 2011 at 4:05 am
copy paste #17
Julho 4, 2011 at 7:47 am
#18: Não se admire, senhora admirada. Sei mesmo do que estou a falar. Terminei o ensino secundário em 1972, os meus pais não tinham “quintas nem quartas” e, a muito custo, cumpri o sonho da minha mãe que também era o meu: tirei a minha licenciatura e fiz-me “Professora de Letras”. Foi assim, com esta designação, que pela primeira vez tomei conhecimento da existência deste curso, pela boca de uma “menina” de posses da minha terra e olhe que lá houve mais como eu.
Julho 4, 2011 at 11:24 am
O anti-elitismo e a aversão aos que se distinguem pela sua inteligência perseverância e dedicação pessoal, que não a submissão a “colectivos”, é a imagem de marca dos ressentidos e incapazes.
No fundo são preconceituosos e racistas, que partem do princípio de que os pobres são todos estúpidos e derrotados.
O classismo de catecismo é a sua religião e não suportam o mundo com toda a variedade e liberdade de ser e de pensar de forma diferente.
São mesquinhos e invejosos, actuam a coberto do bando colectivo e terapêutico onde se transmutam em super-heróis de BD para crianças cruéis.
Julho 4, 2011 at 12:00 pm
#22
Deve o individualismo servir como justificação para a apropriação e acumulação de riqueza por parte de alguns indivíduos?
Se eu sou mais inteligente ou apenas mais esperto que o parceiro do lado, isso significa que tenho o direito de o explorar?
Se eu nasci rico, será que faço parte da elite por nascimento, e posso conservar-me ignorante, enquanto o pobre tem de estudar para tentar lá chegar?
O corpo jurídico, as polícias, exércitos e tribunais que mantêm a superestrutura da sociedade em que vivemos são ou não são “colectivos”? Haverá colectivos bons, os que mantêm aquilo que está e que nos convém, e colectivos maus, que a querem subverter?
Essas é que são as questões!…
Julho 4, 2011 at 4:41 pm
A questão (da propriedade) do Estado tem estado subjacente a toda a narrativa marxista.
A vulgata coloca o Estado ao serviço de uns CONTRA os outros.
Daí a necessidade de elaborar um Colectivo que represente miticamente o que de melhor existe em/para todos.
O “bem comum” é a falsa resposta encontrada por Rousseau, embora a sua representação tenha estado sempre nas mãos de agentes que se destacam, pelas piores razões, do colectivo/comunidade.
Morto o sonho/pesadelo comunista, só nos resta alargar o debate e procurar o que ainda não existe.