Há dois dias, o jornal Público publicou um texto de Esther Mucknik que visava directamente um post deste blogue. Fica aqui esse artigo e a resposta do António Duarte, autor do dito post.
Exma. Senhora Directora do jornal Público
O jornal que V. Exa. dirige publicou no passado dia 30 de Junho um texto de opinião da autoria de Esther Mucznik (EM) no qual, a propósito da realização de um seminário sobre o ensino do Holocausto, se tecem considerações acerca do actual regime de formação contínua dos professores. Sendo parcialmente transcrito, na referida peça, um texto de minha autoria, publicado no blogue “A Educação do Meu Umbigo”, para a partir dele se desenvolverem considerações abusivas e, em minha opinião, ofensivas da dignidade profissional dos professores portugueses, solicito a publicação do seguinte texto, ao abrigo do direito de resposta previsto na lei.
Concordando com a ideia central que EM defende no seu texto de opinião – o actual sistema de formação de professores é errado e perverso – não posso aceitar que a partir daqui, e baseando-se numa leitura parcial e distorcida de uma situação concreta, em que a autora esteve envolvida, se façam generalizações apressadas e se tente pôr em causa o profissionalismo de uma classe, apenas porque ousa defender os seus direitos e a sua dignidade profissional, postos em causa perante o que outros decidiram unilateralmente. Concretamente, o Centro de Formação e Associação de Escolas Minerva, que propôs aos professores de História uma acção de formação creditada subordinada ao tema “Ensinar o Holocausto, como e para quê?” e a decorrer, entre outros, nos dias 17 de Junho, sexta-feira, das 20:30h até à meia-noite, sábado, 18, e domingo, 19, durante todo o dia.
Mas porque EM parece desconhecer algumas regras a que se submete actualmente a formação contínua de professores, tirando conclusões apressadas, cometendo incorrecções factuais e eventualmente induzindo em erro, dessa forma, os leitores, importa esclarecer alguns aspectos.
1. A formação contínua é um direito e simultaneamente um dever de todos os professores, que estes nunca se recusaram a cumprir. Para proporcionar acções de formação, as escolas agrupam-se em centros de formação, que organizam e acreditam junto das entidades competentes as acções a realizar, nas quais os professores se inscrevem em função da adequação às suas necessidades e à respectiva área disciplinar.
2. Como dever profissional que é, a formação contínua faz parte do horário dos professores, mais concretamente da sua componente não lectiva. Ou seja, e ao contrário do que EM falsamente sugere, não há acções de formação que permitam aos professores faltar às aulas. Assim, se não pretende ser acusada de atacar os professores com base em ideias falsas e preconceituosas, desafio EM a indicar uma só acção de formação de professores que tenha sido realizada, no presente ano lectivo, “em coincidência com o horário escolar”.
3. Também é falso que a acção “Ensinar o Holocausto, como e para quê?” tenha sido proposta da forma como foi para permitir a participação de um maior número de professores. Porque uma das propostas dos professores interessados em participar – e eu fui um dos professores inscritos, sei do que estou a falar – foi justamente a divisão das horas de formação por dois fins-de-semana, de forma a não sobrecarregar o horário não-lectivo dos docentes. E aqui, há que dizê-lo, houve completa inflexibilidade da parte da organização, nomeadamente da associação a que EM pertence, no sentido de modificar o cronograma, de forma a adequá-lo minimamente às disponibilidades dos participantes.
4. Há já muitos anos que os professores fazem formação aos fins-de-semana, geralmente aos sábados. Esta situação é consensualmente aceite, perante a necessidade de reunir profissionais com horários muito diversos e oriundos de escolas diferentes. Assim como fazerem-se ajustamentos ao cronograma proposto inicialmente, sempre que isso é do interesse da generalidade dos participantes.
5. O que não é aceitável é propor-se a profissionais que trabalharam toda a semana e que na segunda-feira seguinte retomarão o serviço nas suas escolas, para já não falar no trabalho que tragam para fazer durante o fim-de-semana, uma formação intensiva que lhes irá ocupar todo o período de descanso semanal a que, de acordo com o artigo 59º da Constituição, têm direito. Quando falo em abuso e desprezo, palavras que repito e sublinho, refiro-me concretamente à tentativa de impor a determinado grupo de professores uma decisão que, violando o disposto em várias alíneas do referido artigo da Constituição, priva os professores de um direito previsto constitucionalmente. Com o significado que isto tem na situação em apreço mas também como abertura de um precedente para situações futuras.
6. O direito/dever de realizar formação creditada não se pode sobrepor aos direitos constitucionalmente garantidos e era essa situação anómala que, com a atribuição dos créditos, estava a acontecer, pois na ausência de outras acções propostas pelo Centro de Formação Minerva, a inscrição e frequência daquela de que estamos a tratar tornar-se-iam, em termos práticos, obrigatórias para todos os professores de História dos ensinos básico e secundário. Os direitos das pessoas hierarquizam-se segundo a sua importância, e isto é algo que uma pessoa que se tem dedicado ao estudo do Holocausto, um processo histórico que negou a milhões de pessoas o mais básico de todos os direitos – o direito à vida – deveria saber sem terem que lho estar a recordar.
De resto, o cancelamento da acção de formação não comprometeu a realização do seminário com o mesmo nome, que ao que parece foi um êxito com o qual me congratulo. De facto, nunca foi intenção, nem dos professores envolvidos, nem do sindicato que condignamente os representou, qualquer “boicote” a esta iniciativa, como lamentavelmente EM insinuou. Foram todos os que quiseram e puderam, e certamente deram o seu tempo por bem entregue. Se as condições de participação fossem outras, eu também teria ido.
António Duarte
Professor de História do 3º CEB e Ensino Secundário
Julho 2, 2011 at 7:15 pm
Uma acção de formação em “Antropologia e psicologia do genocídio: de Herodes a Hitler” é que era. Estas coisas devem ser devidamente enquadradas senão confundem-se com propaganda.
Julho 2, 2011 at 7:24 pm
Os professores sabem que, nos próximos anos, vão progredir “muitíssimo” na sua carreira (será de 6 em 6 meses?).
Esta senhora vive em que mundo? No real, não é com certeza absoluta !!!!
Julho 2, 2011 at 7:28 pm
Com o devido respeito pelo tema e pela senhora, obviamente que não sabe o que é a nossa profissão. Há aqui uma série de imprecisões respeitantes aos docentes, às suas subidas de escalão e às suas disponibilidades.
Só se um tema me interessasse muito ( e este é um destes casos) é que eu disporia de um fim de semana para ir a uma acção. Mas compreendo quem não o faça.
Julho 2, 2011 at 7:30 pm
Nem li a carta do antónio Duarte…
Julho 2, 2011 at 7:30 pm
António, naturalmente…
Julho 2, 2011 at 7:31 pm
Um excelente texto do António Duarte perante a argumentação deturpada da cronista. Defende-se melhor uma causa quando olhamos não apenas para nós próprios mas também em redor.
Julho 2, 2011 at 7:36 pm
Está visto que a senhora é adepta do trabalho escravo sem descanso… acho que isso esteve em voga… lá pela Alemanha… há umas décadas.
Julho 2, 2011 at 7:38 pm
Li agora. Não tinha visto a resposta do nosso António Duarte.
Excelente, António.
Julho 2, 2011 at 7:38 pm
Essa senhora passa a vida a fazer a propaganda de Israel no Público e a desvalorizar o martírio dos palestinos! E quanto ao Holocausto, também só se interessa por propaganda! Leiam o livro A INDÚSTRIA DO HOLOCAUSTO, publicado em Portugal pela Antígona. O autor é, ele mesmo, um judeu e filho de sobreviventes do Gueto de Varsóvia!!!!
Julho 2, 2011 at 7:40 pm
Tudólogos. Portugal está cheio deles. Pululam na TV e nos jornais.
Julho 2, 2011 at 7:43 pm
#3
Aquela adversativa está mal colocada…
“e compreendo quem não o faça”.
Julho 2, 2011 at 7:46 pm
Passo para deixar um abraço ao António Duarte.
Nada tenho contra o evento nem contra a autora do artigo.
Contudo não posso deixar de manifestar o mais vivo repúdio pela seguinte afirmação do último parágrafo de Esther Mucznik:
” O Ministro da Educação vai ter uma árdua tarefa: não só de alterar o que vai mal na educação em Portugal, mas também a de confrontar este espírito de defesa de pequenos privilégios e de direitos (mal) adquiridos que vezes demais se sobrepõem ao interesse geral da educação e do país.”
Pretender que o descanso no final de uma semana de trabalho e a presença junto da família é um privilégio, e/ou um direito (mal) adquirido, no mínimo é partir do princípio que os professores não devem ter acesso aos mesmos direitos que os outros cidadãos, Porquê?
Se estas palavras “privilégio, e/ou um direito (mal) adquirido” fossem dirigidas a outros grupos profissionais, ou a minorias étnicas, caíria o Carmo e a Trindade, mas sendo dirigidas a professores, ninguém reage.
Que estranha razão move Pessoas de Bem, Homens e Mulheres de Boa Vontade, contra os professores?
Julho 2, 2011 at 7:51 pm
O lobby judaico! Esta Muckznik é da Mossad
Julho 2, 2011 at 8:04 pm
A verdade é que esta senhora é uma antroponecrófaga , alimenta-se dos cadáveres de milhões de judeus mortos. É triste que a memória dos que morreram seja enxovalhada porque, inevitavelmente, ao assistirmos a comportamentos como o desta senhora, haverá generalizações “ela é judia, os judeus são assim”. Os que morreram não mereciam este segundo assassinato.
Julho 2, 2011 at 8:16 pm
#12 Mais uma a “bater”. Deve estar de mal com a vida. Eu que estudo bichos e pedras, não entendo por que razão a acção não foi dividiva por dois fins de semana, como foi pedido pelos formandos.
Não confundir acções de formação com congressos realizados por outros grupos p+rofissionais, em estâncias turísticas, com programas de variedades, etc… E tudo pago. Haja paciência.
Julho 2, 2011 at 8:16 pm
Estava bem a gerir um gulag, sem dúvida…De defensora do piqueno privilégio da liberdade e direito (mal atribuído) ao descanso, não lhe encontro nada.
Trabalhos forçados em nome de uma ideologia, muitos obrigaram.Já não têm é direito a coluna nos jornais a desancar em quem quer continuar a ser livre.
Julho 2, 2011 at 9:18 pm
Fosse a acção de formação “Como Fazer desaparecer Israel do mapa?” e veriam como a disponibilidade dos formandos que ora se escandalizaram se estenderia pelo mês de Agosto. E pelo 5 de Outubro. E pela noite de Natal.
Julho 2, 2011 at 9:28 pm
Realmente esta ideia do “interessa geral” tem muito que se lhe diga.
Há quem se aproprie dela e argumente como se estivessem investidos dessa missão, quer por direito divino, quer pela consciência de classe.
Neste campo, tanto os sionistas como os comunistas partilham o mesmo sentimento de superioridade moral e não se cansam de dar lições aos outros.
Estão bem uns para os outros…
Julho 2, 2011 at 9:55 pm
António Duarte mostra como uma escrita ponderada é mais eficaz. Os meus parabéns.
Julho 2, 2011 at 9:58 pm
É apenas uma fdp.A quem o Público dá guarida.
O normal.
Julho 2, 2011 at 9:59 pm
Cuidado aí com as adjectivações.
Chega-me o caso do outro shit.
Julho 2, 2011 at 10:12 pm
A relativização dos genocídios tem destas coisas.
Uns contabilizam o nº de palavras que aparecem nos textos, outros contentam-se com o estilo de maior ou menor ponderação.
A importância da liquidação de milhões de seres humanos e a compreensão da História ficam irremediavelmente, e ironicamente, dependentes da tradição cristã do descanso ao domingo.
Será que a indústria do Holocausto parava ao domingo para descanso dos guardas nazis?
Julho 2, 2011 at 10:16 pm
Pois eu acho muito bem que um seminário sobre o Holocausto visto apenas da perspectiva dos judeus não seja acreditado, pelo que me congratulo com o facto de o ter deixado de ser.
Há operações de marketing que já cansam, sobretudo as que atribuem uma superioridade moral insuportável a umas vítimas sobre outras.
Julho 2, 2011 at 10:26 pm
# 22
Outros usam a indústria do holocausto. É capaz de ser pior.
Julho 2, 2011 at 10:27 pm
que pena misturar uma acção que até devia ser interessante (mesmo ao fim de semana…) com outras coisas que não “interessam nada”
Julho 2, 2011 at 10:28 pm
Isto da EM estar zangada apenas reflecte o fracasso do lóbi da Memoshoah, pelo menos até à data. E isto está a ressabiar a criatura. Nada mais evidente. Conheço quem embarcou nesta estória e viu que a subalternização da história nacional perante a história do povo escolhido não fazia nenhum sentido. A objectividade das ciências sociais não é um mito e esta senhora acha que tudo se resume à história do seu povo. Não desvalorizando o mesmo, também não o elevo a uma escatologia! Bom, mas aposto que em Agosto lá vai a senhora com mais uma carneirada de professores visitar Israel e os seus highlights! Boa viagem e que não enjoem…
Julho 2, 2011 at 10:39 pm
#22
«A importância da liquidação de milhões de seres humanos e a compreensão da História ficam irremediavelmente, e ironicamente, dependentes da tradição cristã do descanso ao domingo.»
Acho que a questão aqui é outra: o escândalo, que tem que acabar, de os professores não trocarem o seu direito ao descanso por propaganda imposta seja por quem for. Ainda para mais, difundida ao abrigo da obrigatoriedade de obter créditos para progredir na carreira. E de borla…que beneméritos.Acredito que os formadores tb nada recebem. Aliás, toda a gente sabe que uma das características dos sionistas é serem completamente desprendidos dos bens materiais.Fizeram bem os que se negaram.
Ou muito me engano ou a a titude desta personagem foi muito mal calculada, ainda para mais numa altura destas.
E se eu, ao desafio velado feito a NC em “acabar com os privilégios dos Professores” (neste caso, utilização livre dos fins-de-semana) usasse da mesma franqueza e lhe manifestasse a minha vontade em que alguém acabasse com os privilégios dos Judeus (concentração da riqueza)?
Julho 2, 2011 at 10:56 pm
Eu, que sempre fui professora da noite, tentei sempre que os colegas pedissem acções para o sábado, o que nem sempre era pacífico. Mas fiz algumas à noite, tendo que mudar aulas com os alunos. Já prescindi de fins-de-semana para me deslocar a congressos, (sem créditos!) sobre temas de meu interesse pessoal e profissional. Penso porém, que as acções devem ser sempre marcadas nos dias úteis (A felicidade é que faz os dias úteis, Sérgio Godinho), tendo em conta que os fins-de-semana são um direito e não um privilégio, direito esse que passa, também, por preparar coisas e corrigir trabalhos. Ontem corrigi um portfólio de 115 pgs. Hoje vou na pg 56 de um de 93. Tenho mais 2 portfólios no e-mail. Amanhã vou fazer os relatórios e papeladas para a minha turma EFA. É este um fim de semana atípico? Não!!! É típico.E com a internet, fica tudo registado. Se for caso disso, mostro! Tanta desinformação sobe nós, tanta vontade sempre em menosprezar-nos. Não há paciência!
Julho 2, 2011 at 11:27 pm
Pergunto-me se esta pessoa tivesse nascido na Alemanha pós I Guerra Mundial, de que lado estaria num campo de concentração?
Nos prisioneiros ou nos guardas?
Julho 2, 2011 at 11:33 pm
Gostei da carta.
Julho 2, 2011 at 11:35 pm
Esta senhora acha no alto da sua cabeça coroada e iluminada, que os professores não têm direito ao descanso?
Estranha esta forma de criticar a postura dos professores, perante o desabafo e revolta dos mesmos.
Ninguém fala das formações dos médicos, advogados, juízes, enfermeiros.
Será que também são assim escravizados?..
As formações dos professores, são necessárias, quer seja para subir de escalão, ou acrescentar e atualizar saberes científicos. Isto ninguém pode contestar. O que é contestado, é o tipo de formações que é dado, e o tempo que as pessoas têm para fazer tal formação.
Posso contar o que se passou com um grupo de professores, (onde eu me incluia), há três anos, numa formação de matemática.
A lei diz que, se a hora da formação coincidir com as aulas de apoio ao estudo, o professor fica dispensado.Só que como não tinham outro professor, o meu diretor, obrigava-nos a fazer o AE.
Chegavamos à formação atrasados e a formadora, barafustava, com os professores, que tinham o AE a essa hora, pois não podíamos chegar atrasados.Estou a falar dum 1º ciclo, com aulas das 9h até às 17h 30m, nos dias de AE.
Ás 17h 30m, começava a formação, nem havia tempo para lanchar, além de ainda ouvirmos da formadora, palavras menos agradáveis, por chegarmos atrasados.Eram mais 3 horas de formação. Eram tantas horas seguidas, que a maioria das pessoas, lógicamente revelava cansaço, e desligava.Não por desprezo ou indiferença, pelos conteúdos abordados, mas porque era impossível, “continuar ligado”, ao fim de tantas horas seguidas.
E esta senhora, critica e acha que são os professores que são preguiçosos, indolentes, e não querem é trabalhar.
Deveria justificar-se melhor, e fundamentar..
Julho 3, 2011 at 12:04 am
Será que a senhora Esther não sabe que no Sabath se fica na cama?
Julho 3, 2011 at 12:05 am
#31Foi gente como a formadora que descreve que criou a ADD, pois como estão de fora pouco se importam com o clima de guerra civil lançaram nas escolas…
Julho 3, 2011 at 12:05 am
Agora a sério. Gostei da resposta do António Duarte!
Julho 3, 2011 at 12:19 am
#33
Quem lançou a guerra civil nas escolas não está lá.
E muitos comentadores, que lançam opiniões oblíquas, sobre a escola ou sobre os professores, também desconhece a realidade. Dizem coisas, porque lhe pagam para dizer.
Entretanto, vão moldando perversamente as mentes, de muito boa gente..
Julho 3, 2011 at 3:11 am
Convém ter algum cuidado com as generalizações e com a moda dos consensos, António.
Concordo, na generalidade com o que escreve mas não posso deixar passar (sem contestar) esta frase: “Há já muitos anos que os professores fazem formação aos fins-de-semana, geralmente aos sábados. Esta situação é consensualmente aceite…”
Nunca fiz formação aos fins-de-semana. Enquanto PCE nunca permiti que o Centro de Formação a que a escola “pertencia” desenvolvesse acções aos fins-de-semana se não as “repetisse” noutros dias. E a situação, contrariamente ao que afirma, não é (pelo menos aqui pela zona) nada consensual. Aliás, estas acções de lesa descanso e tempo para a família só proliferaram sob a tutela da maluquinha da Av. de Roma.
Julho 3, 2011 at 3:49 am
A minha alma está parva com esta ‘Sra.’ Mas o que é que nós temos de diferente ou a menos que os outros profissionais? O pior é que estas alarvidades e mentiras sobre os professores vão sendo difundidas em larga escala e fazendo enormes estragos. Para o que eu havia de estar guardada…
Um grande amigo meu, sociólogo, há uns tempos atrás, num momento em que eu lamentava a nossa situação e dizia que não entendia o porquê de todos atacarem os profs., disse-me que o ‘problema’ é que os pais nos vêem como adversários com quem disputam o respeito e o afecto dos filhos, pois invejam a proximidade que temos com os miúdos. Disse-me que a questão se tornou mais visível a partir do momento em que os pais começaram a estar mais envolvidos e mais presentes na escola. Basicamente, sentem-se ameaçados, temem ser substituidos pelo prof. no afecto do filho porque se aperceberam do verdadeiro ‘ascendente’ que o prof. tem nos alunos e não gostaram. Como os pais e as mães são muitos, muitas são as indisposições com os profs.
Julho 3, 2011 at 3:55 am
Tenho pensado muito nisto e creio que está bem próximo da verdade, mais próximo do que alguma vez se admitirá.
Julho 3, 2011 at 10:12 am
Não li a crónica da senhora ( lerei mais tarde), mas li a carta do António Duarte e quero dar-te os parabéns! Foste claro como água. Boa argumentação. Nos queixos, senhora Esther!
Julho 3, 2011 at 10:48 am
Concordo com o António, mas também com o Apache: precisamente porque a formação é, no nosso caso, um dever laboral (para além de um direito), não deve realizar-se aos fins-de-semana.
Ester M. percebeu bem o problema: o sistema de formação é perverso, ao obrigar, tantas vezes, à realização de acções de formação que podem não interessar aos professores. Mas não tirou a devida conclusão: a de que não pode ser uma organização, por meritória que seja, a impor a formação que um professor deve frequentar, ainda por cima, no mais bizarro dos horários.
Certamente, a culpa não é da organização, mas sim do tal sistema perverso de formação. É lamentável, portanto, que depois de acertar no diagnóstico, EM embarque na moda: a culpa, obviamente, é dos professores e dos sindicatos.
Julho 3, 2011 at 11:14 am
Parabéns ao colega António Duarte pela resposta à senhora intelectual. Concordo com o Apache: precisamente porque a formação é, no nosso caso, um dever laboral (para além de um direito), não deve realizar-se aos fins-de-semana, temos direito ao nosso descanso.
Nunca tinha ouvido falar nesta senhora. Não se pode processá-la?
Julho 3, 2011 at 11:36 am
#37
Mas que grande disparate.
Trata-se quanto muito de uma questão de poder.
Bastava estar presente em algumas reuniões de um Conselho Geral para perceber que pais e professores disputam sim um terreno muito sensível: quem manda e em quê.
E nesta matéria o paternalismo e o centralismo fazem “escola” (passe a metáfora) e os professores não gostam que a sua reserva seja invadida por estranhos, habituados como estão a não serem escrutinados por alguém exterior ao ME.
Diria que a falta do exercício democrático é a regra nas escolas, em todos os sentidos…
Julho 3, 2011 at 5:32 pm
Só agora pude ler as reacções que o post suscitou.
Depois de tudo o que foi escrito, gostaria apenas de esclarecer que esta acção/seminário tinha diversas temáticas e participantes envolvidos, incluindo professores universitários que estudaram a história do judaísmo em Portugal e insuspeitos de simpatias pelo sionismo internacional. Claro que depois havia outros participantes e envolvimentos, como a senhora e a associação de que aqui se falou.
Mas eu, intencionalmente, não quis ir por aí, pois os sionistas conseguem ser ainda melhores que os nossos bem conhecidos socratinos no exercício da vitimização. Coloquei a questão onde ela, a meu ver, tem de ser posta, que é haver um direito/dever à formação contínua, e um direito de todo o trabalhador ao descanso semanal. E este, protegido constitucionalmente, deve sobrepor-se àquele.
De resto, aceito que alguns colegas se recusem a fazer formação ao sábado, assim como a outros prejudica mais o horário pós-laboral. O que deve haver sempre é flexibilidade para encontrar a melhor calendarização possível, o que aqui nunca existiu da parte da associação a que EM pertence.
Julho 3, 2011 at 6:39 pm
Se duvidas houvesse quanto à não inocência desta “polémica”, elas desvanecem-se com este último “esclarecimento”.
Julho 3, 2011 at 9:32 pm
#44
Sinceramente, não entendo onde quer chegar. Se houve polémica, ela circunscreveu-se ao centro de formação, aos professores e escolas envolvidos e à organização desta acção/seminário. Agora quando uma das organizadoras, descontente com a atitude dos professores, vem para a comunicação social transmitir a sua versão do sucedido, é natural, é desejável até que a outra parte também se pronuncie. Foi por muitos professores terem aceite, no tempo dos socratinos, comer e calar, que certas coisas chegaram ao ponto a que chegaram. Da minha parte, isso acabou. Metem-se comigo, levam o troco. Podem ser judeus, cristãos ou ateus, podem ser de qualquer partido político, isso a mim não me interessa nada.
Ou está convencido de que a maioria dos professores de História das escolas e agrupamentos associados no Centro de Formação Minerva são militantes de alguma causa anti-judaica? Acha que nos move algum preconceito contra o estudo e o ensino do judaísmo, do Holocausto ou de qualquer tema com ele relacionado? Não entende que o problema aqui foi mesmo o cronograma? Formação sexta até à meia-noite, sábado e domingo todo o dia?… Se fosse sobre outro tema qualquer, o pessoal refilava à mesma, pois não somos escravos, temos vida familiar, temos direito ao descanso depois de uma semana inteira de trabalho…
O texto que o Paulo amavelmente postou foi escrito de forma a poder vir a ser publicado no jornal onde EM escreve. Procurei usar por isso uma linguagem clara, de modo a que todos que lessem e, mesmo não sendo professores nem estando por dentro destas questões, entendessem. Pelos vistos houve pelo menos um, provavelmente professor, que leu e não entendeu.
Julho 4, 2011 at 12:50 am
#45
Entendo. Tudo.
Entendo, até, que o início do terceiro parágrafo do seu esclarecimento (#43) borra a excelente escrita que era a sua carta à directora do “Público”. Nesse deslize (?) acaba por alinhar com muitos dos comentários cretinos e pouco sérios (passe a redundância) com que a cidadã israelita (que tem dado provas de seriedade e lucidez) foi mimada.
Só isso.
Cumprimentos
Julho 4, 2011 at 11:04 am
#46
Como lhe disse, não vou por aí. A “cidadã israelita” tem uma coluna de opinião para se defender de comentários, cretinos ou não, que lhe façam. E até para atacar os outros, fazendo juízos de valor sobre pessoas que não conhece, apenas porque não agem da forma que ela pretende. Apresentou a sua versão dos factos, eu apresento a minha. Quem tiver dúvidas, consulte as leis, o centro de formação, os professores e escolas envolvidos, e conclua por si quem fala verdade.
Sobre sionismos e outros judaísmos, tenho a minha opinião formada. Que não vou aqui exprimir pois, reafirmo, nunca foram convicções ideológicas que estiveram em causa. Acrescento apenas que não seriam discordâncias a esse nível que me colocariam problemas em frequentar uma acção de formação com interesse científico e cujo âmbito ia muito para além da temática do Holocausto.
Estou a ser sincero no que escrevo, que é aliás o que tento fazer sempre que uso a caixa de comentários deste blogue. Lamento que não consiga ou não queira compreender.
Cumprimentos
Julho 4, 2011 at 11:19 am
#47
Creio que o compreendi. Desde o início, aliás. O mesmo não posso garantir que tenha acontecido consigo em relação a mim – mea culpa, garantidamente.
Tenha um excelente dia.