Acho sempre muita graça aos tolerantes que se encrespam quando alguém pretende fazer algo diferente. Eu cá dou as minhas aulas, relaciono-me com os meus alunos e atinjo (ou não) resultados com base numa combinação do que sou, do que aprendi e da forma como encaixamos na sala de aula, professor e alunos.
Longe de mim achar que sou exemplo ou modelo para alguém, que tenho mais do que generalidades a dizer sobre isso, pois as especificidades são intrínsecas a cada situação. Por isso mesmo chateiam-me, claro que chateiam, aquele(a)s que acham que o seu modelo, mais do que ser o melhor, deve ser o único.
Uma coisa é criticar, debater. Outra é impor e proibir. Mas é isso que pretendem fazer quase sempre os pseudo-arautos da tolerância fofinha. Façam as coisas, demonstrem as vossas competências, melhor ainda se as desenvolvem nos alunos mas, por caridade, evitem achar que a vossa solução é a única. Ditaduras, nem dessas, as enjoativas.
Junho 23, 2011 at 5:05 pm
VERDADE Paulo..muita verdade nas tuas palavras…
Como é difícil entendermo-nos com a vida. Nós a compor, ela a estragar. Nós a propor, ela a destruir. O ideal seria então não tentarmos entender-nos com ela mas apenas connosco. Simplesmente o nós com que nos entendêssemos depende infinitamente do que a vida faz dele. Assim jamais o poderemos evitar. E todavia, alguns dir-se-ia conseguirem-no. Que força de si mesmos ou importância de si mesmos eles inventam em si para a sobreporem ao mais? Jamais o conseguirei. O que há de grande em mim equilibra-se nas infinitas complacências da vida que me ameaça ou me trai. E é nesses pequenos intervalos que vou erguendo o que sou. Mas fatigada decerto de ser complacente, à medida que a paciência se lhe esgota em ser intervalarmente tolerante, ela vai-me sendo intolerante sem intervalo nenhum. E então não há coragem que chegue e toda a virtude se me esgota na resignação. É triste para quem sonhou estar um pouco acima dela. Mas o simples dizê-lo é já ser mais do que ela. A resignação total é a que vai dar ao silêncio.
Vergílio Ferreira,
Junho 23, 2011 at 5:13 pm
“Uma coisa é criticar, debater. Outra é impor e proibir.”
Totalmente de acordo ainda que n esteja a ver concretamente a q te referes.
Junho 23, 2011 at 5:14 pm
afinal estou a ver…
“chateiam-me, claro que chateiam, aquele(a9s que acham que o seu modelo, mais do que ser o melhor, deve ser o único.”
Junho 23, 2011 at 5:15 pm
os eduqueses pensam que o modelo que defendem deveria ser o único, por ser o mais que perfeito…
Junho 23, 2011 at 5:33 pm
Se as coisas se dividissem em eduqueses e não eduqueses tudo estava facilitado. Mas as coisas não são assim. Há os sacanas, os oportunistas, os adesivos, os cretinos, os desonestos… e com esses é que me custa lidar. Ai como custa!
Junho 23, 2011 at 5:42 pm
Concordo com a miss “Há os sacanas, os oportunistas, os adesivos, os cretinos, os desonestos… e com esses é que me custa lidar. Ai como custa!”.
Junho 23, 2011 at 5:55 pm
Convém desmascarar essa ditadura eduquesa que, de forma “fofinha”, tem implantado o modelo monolítico do “pedagogicamente correcto”.
Para isto não ficar nas penosas abstracções que são o apanágio daquele diktat, vou reportar-me à minha experiência de docência na Filosofia.
A Filosofia, para ser ministrada de uma forma que não atraiçoi a sua natureza e o seu passado (vá lá, a sua reputação) , tem que procurar instilar o gosto e o rigor do pensar.
Isso faz-se mostrando que as grandes questões que os filósofos nos colocam e com que se debatem têm, em si mesmo, sentido (não são elocubrações fantasiosas), e que tal não se consegue com grandes tiradas do género “vejam bem a importância destes grandes problemas para o Homem”, mas explorando e dilucidando as questões “por dentro”, analisando os próprios textos, a sua estrutura argumentativa, para que o seu núleo problemático “brote” do interior da própria análise e reflexão e se “abra” para o aluno. E então acontece que os alunos se surpreendem a si mesmos e dizem: “nunca tinha pensado nisto, ou visto isto desta maneira”.
E depois compreendam que as respostas que os filósofos dão são aquilo que é menos interessante – e cujo resumo se pode encontrar em qualquer sítio. Então, quando ocorre o debate sobre, p. ex., temas que hoje se denominam “fracturantes” se possa estabelecer uma discussão que vá para além da simples opinião avulsa (“acho que”, “parece-me que”) e enriqueça e faça “crescer”, na diferença fundamentada, os intervenientes. E que as provas nas “provas escritas” (não testes) nem adianta levar “cábulas”, porque até o manual poderá ser consultado – só que, quem se limita a “despejar”, tem seguramente classificação baixa…
Ora, o que acontece hoje em dia, é que os programas e os manuais de filosofia, seguindo aquela “pedagogia fofinha”, se limitam aos enunciados (com textos mais “ligeiros” e “ilustrados”) genéricos de temas de “Filosofia pronta a deglutir”. E que aparecem “testes” e “exames” com perguntas de resposta múltipla.
A juntar a isso, retirou-se à Filosofia o estatuto de disciplina nuclear nas Humanidades, para encostá-la no sotão das “velharias chatas e incómodas”…
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Junho 23, 2011 at 5:58 pm
errata: atraiçoe
Junho 23, 2011 at 6:08 pm
Ensinar não é uma técnica que usa o modelo A, B ou C, como pretendem @s que vivem das ciências da educação, inventores e defensores acérrimos do eduquês (conjunto de enigmas circulares.
Ensinar é uma arte. E como todas as artes, pode ter correntes, mas não tem modelos definidos.
Há, por isso, os que se destacam na arte de ensinar e os que se socorrem dos enigmas circulares para justificar incapacidades e insucessos. Há, ainda, os mais perversos, que produzem, normalmente com ajuda, um estudo a que chamam científico, que se encarrega de comprovar o enigma da sua autoria.
Junho 23, 2011 at 6:15 pm
O presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Joaquim Azevedo, defendeu hoje a necessidade de uma “nova política pública de educação”, apelando ao fim da “obsessão avaliativa”.
“A obsessão avaliativa só serve a tecnologia social e política que a sustenta (muito populista, aliás), não vai servir para nada em termos de melhoria do desempenho dos professores, dos alunos e das escolas. Será uma obsessão que passará como todas as outras paixões que já por cá passaram”, escreve o professor catedrático da UCP, em texto publicado na mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA, esta terça-feira.
http://oinsurgente.org/2011/06/22/a-«obsessao-avaliativa»-na-educacao/
Junho 23, 2011 at 6:23 pm
Sempre fui contra a formatação. Contra o modelo único. Contra a verdade absoluta!
Concordo com o debate, a troca de experiências, a procura de alguns pontos de convergência e de alguns critérios básicos comuns mas, nunca, com a imposição da uniformidade!
Eu próprio tenho, quantas vezes, de adaptar o meu modo de ensinar aos contextos específicos de cada turma ou grau de ensino, como é lógico. Dou 3º ciclo e secundário.
É fundamental sermos capazes de adaptar e aplicar o nosso modo de ensinar à diversidade e multiplicidade de situações (alunos) que se nos deparam. É isso que ainda é estimulante na nossa profissão e faz com que cada dia possa ser diferente do anterior. É isso que nos ajuda a aprender e a evoluir. É isso que nos permite renascer em cada ano…
Junho 23, 2011 at 6:30 pm
Não percebi se o J Azevedo se referia à avaliação dos alunos, à dos professores ou a ambas…
Junho 23, 2011 at 6:45 pm
“É urgente focar a educação em melhor ensino e em melhores aprendizagens por parte de cada criança, jovem ou adulto, o resto pouco interessa”, prossegue.
Num momento de crise, frisa Joaquim Azevedo, “focar os recursos no essencial passa a ser uma prioridade irrenunciável”, que deve incluir na rede escolar “todas as incitativas que contribuem para melhor ensino e melhores aprendizagens, tenham elas o estatuto jurídico que tiverem”.
O novo ministério da Educação, acrescenta, deve “aplicar um novo estatuto de ampla e verdadeira autonomia escolar, em que cada agrupamento ou escola contratualiza, no prazo máximo de três anos, aquilo que vai fazer para atingir as suas novas metas de melhoria nas aprendizagens”.
Para o presidente do Centro Regional do Porto da UCP, deve ser criado “um novo, eficaz e independente meio de avaliação externa das escolas, apto igualmente a desencadear dispositivos de apoio às escolas com pior desempenho”.
Uiiiiiiiiiii o J Azevedo disse isso????
Será que sabe de algo que…..’
Esperemos.
Junho 23, 2011 at 7:05 pm
“Há os sacanas, os oportunistas, os adesivos, os cretinos, os desonestos… e com esses é que me custa lidar. Ai como custa!”.
Mas esses auto apresentam-se como sendo os verdadeiros pedagogos, os do verdadeiro saber de como ensinar, ou o que quer que seja. depois resultam nisso tudo e em ditadorzecos quando ocupam cargos e cargitos nas escolas.
Junho 23, 2011 at 7:08 pm
“Há, ainda, os mais perversos, que produzem, normalmente com ajuda, um estudo a que chamam científico, que se encarrega de comprovar o enigma da sua autoria.”
os perigosos! os verdadeiros sacanas! Os nazis tb se intitulavam científicos. Nas ditas “cc humanas” todo o pretenso “cientificismo” resulta em grande porcaria, totalitarismo e banditismo.
Junho 23, 2011 at 7:10 pm
Neste contexto “pseudo-arautos da tolerância fofinha” = “homens e mulheres de esquerda” (com uma ou outra rara excepção)
Junho 23, 2011 at 7:16 pm
Fiem-se no Joaquim Azevedo e daqui a uns tempos entra a UCP e as empresas Another Step e outras pela porta adentro das escolas…
Há muito espaço de mercado. O Nuno Crato que tenha mão firme nesta gentinha.
Junho 23, 2011 at 7:17 pm
Mas tb vos vou dizer uma coisinha mto simples: com outra gente a MLR nem um mesito, nem um simples mesito, tinha durado. Quanto mais 4 anos! Desculpem a franqueza…
Junho 23, 2011 at 7:23 pm
Existem demasiadas professoras e profs que acreditam terem a verdade de como ensinar, ou o que quer que seja, pq para elas e eles o próprio termo ensinar (ou aprender) n faz sentido. Afinal é tudo um processo de interagir, valorizar os conhecimentos que os alunos trazem de casa (como agredir os colegas, insultar os profs, fazer chantagem como todos de forma a tirar proventos e ter poder…), e aquilo q todos sabemos e cujos resultados se irão vendo ao longo dos tempos vindouros. Assim se compreende como a outra durou 4 anos. 4 ou mais anos!
Junho 23, 2011 at 7:31 pm
E desta forma, muito pedagógica e mto didática, se chegou a um ponto em que a sociedade portuguesa necessita de ser policiada, em que as leis têm de ser alteradas, em que o código penal tem de deixar de copiar os códigos dos países culturalmente desenvolvidos e adptar-se à realidade social (e criminal) criada pelos eduqueses. É a bandidagem “comum” é a bandidagem económica, é todo o género e feitio de bandidagem que agora tem de ser devidamente “tratada”. E esta bandidagem formou-se nas escolas do ensino básico, onde não foram obrigados – obrigados repito – a respeitar os outros.
Junho 23, 2011 at 7:37 pm
Mtos profs sofrem de depressão devido aos maus tratos que receberam nas escolas. Mas a bandidagem que essas mesmas escolas criaram vai acabar – com este ou outro governo eleito por dentro ou imposto pelo exterior – de ser tratada a chicote, porque tem de ser, porque é o único meio, porque senão o país morre.
Junho 23, 2011 at 7:46 pm
ISTO SIM É ESCOLA…
Junho 23, 2011 at 7:47 pm
Aqui tem-se pedagogias inovadoras e tecnologia de ponta -VER O OUTRO VÍDEO TAMBÉM…talvez um dia lá cheguemos…
Junho 23, 2011 at 8:00 pm
Extra, Extra: Durão Barroso tem uma prenda para o Pedrinho:
http://blaguedeesquerda.blogspot.com/2011/06/o-troiko-mor-e-muito-generoso-e.html
Junho 23, 2011 at 8:29 pm
faltam as últimas 2 alíneas
e reler tudo
a inspiração é abaixo de zero!
Junho 23, 2011 at 11:32 pm
Caro ifigénio obstruzo,
Repare nas mesas individuais! Em Portugal, seria considerado, pelos defensores do status quo, algo elitista, do tempo da outra senhora, socialmente condenável, etc., e que contribuiria para a competição entre as crianças e os jovens, levaria ao egoísmo, à falta de solidariedade e até, pasme-se, à exclusão social…
Em Portugal, o facto da professora utilizar um método pedagógico “conservador”, e nada pós-moderno, poderia levar a que imensos sociólogos da educação (seja lá o que isso for), psicólogos da educação (seja lá o que isso for) e cientistas da educação (ciência dos “factos” circulares) a ter uma reação alérgica e até mesmo a ataques de pânico. Tudo isto poderia levar a uma afluência demasiado grande às urgências dos hospitais portugueses… tendo, depois, a troika muita dificuldade em fazer os cortes previstos neste sector…
Os “cientistas” da educação até escreveriam teses de pós-doutoramento com temas tão interessantes e relevantes para o futuro da humanidade como:
– A exclusão social e as mesas individuais;
– A socialização das crianças e as mesas individuais;
– As consequências sociais das mesas individuais;
– Os métodos pedagógicos ultra-liberiais no neo-conservadorismo social;
– O estanho nas redes sociais como uma inevitabilidade das mesas individuais e da pedagogia centrada no conhecimento;
– etc..