A partir daqui, porque no site do Público não encontro a peça completa:

“Há uma percentagem relevante de alunos no sistema, que é difícil de quantificar, que tem reiteradas dificuldades em acompanhar os conteúdos curriculares que as escolas oferecerem. Se calhar deveriam ser justificadamente retidos, mas em muitos casos não o são. Mas é preciso dar resposta a estes casos”, defende. Dirigentes da CNIPE, da Federação Nacional de Educação (FNE) e da ANDE admitem a introdução de mais exames nacionais no percurso escolar obrigatório, nomeadamente através da transformação de uma ou duas provas de aferição, actualmente realizadas, em exames de avaliação. A Fenprof, no entanto, considera esta hipótese “um disparate total” e avisa: “Se esse for o caminho do novo Governo, vão muito mal”, diz Abel Macedo, do secretariado nacional. PSD e CDS já anunciaram que tencionam aumentar o número e o peso das provas nacionais e o novo ministro da Educação, Nuno Crato, é um defensor férreo da introdução de mais exames no percurso escolar obrigatório, nomeadamente no 4.° e 6.° ano. Uma visão oposta à da Fenprof: “O que dizemos é que os exames são a maneira mais pobre de aferir e avaliar os resultados dos alunos, porque não têm nada a ver com a evolução dos alunos ou com o contexto em que se ensina e que se aprende”, afirmou Abel Macedo ao PÚBLICO, antes de conhecer o nome do ministro da Educação.

Aguarda-se, portanto, a exposição da forma mais risca, ou remediada, de aferir e avaliar os resultados dos alunos. Sendo que, se é para avaliar os resultados, se fique sem perceber o que Abel Macedo quer dizer. O que está em causa é aferir e avaliar o desempenho dos alunos (e nesse caso é necessário apresentar uma alternativa aos exames e provas) ou os resultados desse desempenho (e nesse caso já foi feita qualquer coisa, exame ou outra).

Não é rara certa confusão conceptual nestas matérias, na pressa de falar sobre o que até é simples. Abel Macedo não costuma ser um dos casos mais graves de declarações impensadas, mas neste caso alia-se o enviesamento ideológico com a incorrecção prática.

Porque, ao que parece, para Abel Macedo os exames são acontecimentos singulares, esporádicos e interpretáveis sem atender a trajectos e contextos.

Ora, a introdução de uma cultura de avaliação periódica de final de ciclo deve ser feita, exactamente, com o objectivo de avaliar a progressão dos alunos ao longo do tempo e, sempre que possível, contextualizando e ponderando os resultados com variáveis externas que nem se devem limitar às económicas, mas igualmente às culturais (que equipamentos culturais têm os alunos à sua disposição na escola e fora dela, por exemplo).

Algo tentado, mas falhado, por uma equipa dirigida por Sérgio Grácio nos tempos do ministério de David Justino.

O discurso eduquês padrão contra os exames passa por apresentar os resultados dos exames como algo singular, isolado no tempo e no espaço. Ora, qualquer professor habituado a, no plano interno da escola, analisar a evolução dos resultados dos seus alunos ao longo do tempo (quer do mesmo ano de escolaridade ao longo do tempo, quer da coorte de alunos ao longo do seu trajecto), sabe bem que as coisas não são assim.