Acerca da desmotivação dos alunos
De uma vez por todas se caia na realidade e se deixe de pedir aos professores aquilo que não lhes compete. Estratégias para isto, estratégias para aquilo; lidar com a indisciplina, lidar com a desmotivação. Aos professores não se deve pedir que arranjem estratégias para resolver esses problemas, pois isso é admitir que eles são situações normais, correntes e com tendência a perpetuar-se. Simplesmente não se pode admitir que eles existam como norma.
A escola pública oferece um ensino gratuito (gratuito!, à exceção da aquisição do material escolar), onde os alunos podem usufruir de refeições a um preço pouco mais do que simbólico, em regra com bons e ótimos equipamentos e professores. Os alunos mais carenciados têm comparticipação parcial ou total na aquisição dos seus materiais, nas refeições e nos transportes. De um modo geral os programas são adequados às faixas etárias e ao tipo de sociedade que é o nosso. Estas condições por si só não são mais do que satisfatórias para que os alunos e as suas famílias se sintam naturalmente motivados? De que raio de motivação extra precisam os alunos?
Em África, na Ásia e na América Latina há centenas de milhões de crianças e jovens que frequentam escolas (os que têm essa sorte) em condições miseráveis. E aí muitos deles estão bem mais motivados do que os nossos. Serão os seus professores melhores do que nós? Possuirão eles as tais estratégias mágicas que nós, tecnologicamente apetrechados, não conseguimos vislumbrar?
É mais do que evidente que a motivação é uma treta quando colocada nas mãos dos professores, mas uma realidade quando olhamos para os sítios onde reside a sua génese: na sociedade em geral, nas famílias, em quem nos governa e na legislação obtusa que se produz. Por isso, os professores não têm que motivar quando não há motivos de origem pedagógica para o tipo de desmotivação com que deparam.
A mesma reflexão deve ser feita em relação à indisciplina, que também não é um problema que o professor tenha que resolver. A indisciplina é uma questão que, simplesmente e em circunstâncias normais, não deveria existir! Em circunstâncias normais, para resolver problemas pontuais de indisciplina o professor deveria precisar apenas de uma palavra: “Rua!”
Se houver comportamentos desadequados nas salas de espera e nos gabinetes médicos dos hospitais serão os médicos a resolvê-las? Se a mesma coisa acontecer numa repartição de finanças são os funcionários que vão resolver? Num restaurante, num meio de transporte, numa sala de espetáculos…?
Ora, o professor não tem que motivar nem disciplinar, tem apenas que ensinar, que é aquilo que se lhe pede cada vez menos. Nessas matérias peçam-se, pois, responsabilidades a quem realmente as tem, senão daqui a 50 anos quem cá estiver estará ainda a falar do mesmo.
António Galrinho
Professor
Março 13, 2011 at 6:50 pm
A mesma reflexão deve ser feita em relação à indisciplina, que também não é um problema que o professor tenha que resolver. A indisciplina é uma questão que, simplesmente e em circunstâncias normais, não deveria existir! Em circunstâncias normais, para resolver problemas pontuais de indisciplina o professor deveria precisar apenas de uma palavra: “Rua!”
Se houver comportamentos desadequados nas salas de espera e nos gabinetes médicos dos hospitais serão os médicos a resolvê-las? Se a mesma coisa acontecer numa repartição de finanças são os funcionários que vão resolver? Num restaurante, num meio de transporte, numa sala de espetáculos…?
Ora, o professor não tem que motivar nem disciplinar, tem apenas que ensinar, que é aquilo que se lhe pede cada vez menos. Nessas matérias peçam-se, pois, responsabilidades a quem realmente as tem, senão daqui a 50 anos quem cá estiver estará ainda a falar do mesmo.
António Galrinho
Touché…ou isso ou fazer do professor um policía…
Março 13, 2011 at 6:51 pm
Muito bem!
Março 13, 2011 at 7:05 pm
Nem mais!
O tempo que se perde, quando um menino se porta mal:
chamar à atenção (não de forma violenta);
chamar a auxiliar;
preencher o papel;
aluno para o gabinete de orientação disciplinar, acompanhado pela auxiliar.
Março 13, 2011 at 7:10 pm
Mil e tal por cento de acordo com esta análise do António Galrinho!
Estou fartíssimo de dizer isto na escola ao longo dos anos.
Uma consequência nefasta da pedagogia da treta que levou o ensino a este estado, é também a prática de alguns professores de registarem todas os maus comportamentos dos alunos, e depois baixarem as notas devido a esses registos do “sócio-afectivo”. Eu estou a observar isso com um aluno meu familiar. Parece que é, da parte do professor, uma “vingança do chinês”. Aliás isso está tudo devidamente enquadrado na legislação, esse chorrilho de absurdos.
O que eu digo é que a adolescência e a pré-adolescência é uma idade conturbada (está nos livros e salta à vista) e que nós, como professores devemos estar preparados para lidar com essas perturbações (o desafioi da autoridade, um bocadinho de insolência, o tentar esticar a corda para verem até onde podem ir, etc.) tudo um pouco cansativo, mas previsível e perfeitamente normal, desde que não descambe para a delinquência.
Ora, estar a registar esses comportamentos (o aluno virou-se para trás, o aluno falou com o colega, etc) para depois descontar na classificação, parece-me uma atitude revanchista, quando esses exemplos de mau comportamento deveriam ser logo ali interompidos e castigados com uma repreensão, uma ordem de saída, uma cópia, etc.
Março 13, 2011 at 7:17 pm
Embora nos dias que correm isso fosse irrelevante..pois os ditos -dê por onde der- têm de andar lá até aos 18 anos..a não ser descontado na avaliação então estaríamos ainda mais tramados…
Sou mais do tipo multas aos pais, obrigar os mesmo a frequentar acções de formação para pais…
Março 13, 2011 at 7:34 pm
Fogo no ministério,fora com a escumalha!
Março 13, 2011 at 7:34 pm
100% de acordo!
Março 13, 2011 at 7:40 pm
Concordo plenamente. Por isso, sou apologista de que alguns serviços não deveriam ser gratuitos. Vejo que aqueles que têm subsídios para tudo, seja visitas de estudo, refeições e apoio para os livros são os que sistematicamente desvalorizam tudo. Claro que há excepções!
Março 13, 2011 at 7:45 pm
Meu amigo
Voto JÁ em si para Ministro da Educação.
Março 13, 2011 at 7:57 pm
E aí muitos deles [alunos da África, na Ásia e na América Latina] estão bem mais motivados do que os nossos. Serão os seus professores melhores do que nós?
Muito bem dito.
Eu fui lá professor (Luanda, pós-independência). Posso garantir, por experiência própria, que não era melhor professor. Tinha apenas a tarefa extremamente simplificada porque o problema da indisciplina dos alunos não existia. Mesmo os problemas graves de aproveitamento eram pontuais. Muitas vezes, os alunos chegavam à escola de manhã em jejum. Todo um universo diferente.
Março 13, 2011 at 8:38 pm
100% de acordo!!!!!
Temos de ter coragem e começar a dizer alto e bom som aquilo que pensamos!!
Temos de ter coragem e desmistificar – onde for preciso – todas essas tretas que muitos psicólogos ajudaram a disseminar. Costumo resumir tudo neste simples exemplo – o menino não é mal- educado, apenas tem uma personalidade muito forte! – E assim foram deixando os papás e as mamãs todos babados !!
Março 13, 2011 at 8:52 pm
Concordo completamente, palavra a palavra, sílaba a sílaba!
Março 13, 2011 at 8:54 pm
Sempre achei essa de motivar os alunos uma treta.
É mais uma forma de responsabilizar os professores pela falta de auto-disciplina dos alunos.
A motivação vem de “dentro”. Se não existir auto-motivação não há estratégia que resulte.
Depois de saírem da escola quem é que os vai motivar?
Março 13, 2011 at 8:57 pm
Absolutamente de acordo.
Março 13, 2011 at 9:02 pm
Pois. Há casos de indisciplina nas nossas escolas que se vão arrastando em vez de se cortar o mal pela raiz.
Uma expulsão da sala de aula ou nalguns casos uma palmadita dada na altura certa são mil vezes mais eficazes que os registos nas papeletas e os procedimentos burocráticos que os alunos não entendem, e quando chegam a ser castigados já nem se lembram do que fizeram.
Noutros casos, trata-se de delinquência pura e simples, e a essa não cabe à escola resolver, na minha opinião.
A não ser que se queira sacrificar a educação dos alunos que querem aprender em benefício da socialização de meninos malcriados que respectivos pais não souberam ou quiseram educar.
Março 13, 2011 at 9:11 pm
Uma coisa que sempre me fez impressão é a forma como certos alunos que andam anos a fio na escola, apenas a tentar fazer a vida negra a alguns professores e colegas, quando de lá saem, aprendem no mundo do trabalho, numa semana, o que a escola não foi capaz de lhes ensinar naqueles anos todos que lá passaram.
Às vezes regressam mais tarde à escola, a cumprimentar antigos colegas e professores, e vê-se que cresceram, evoluíram, tornaram-se pessoas diferentes, para melhor. Nunca vos aconteceu?…
Acredito que era mais razoável e equilibrado o sistema pré-socratino de uma escolaridade obrigatória mais reduzida, um ingresso mais precoce no mundo do trabalho para quem não quer mesmo estudar e um ensino nocturno a sério, permitindo a todo o tempo retomar os estudos àqueles que os abandonaram precocemente. Mas agora, de livre vontade, o que faz toda a diferença.
Março 13, 2011 at 9:29 pm
# 16
Precisamente! Já tive essa experiência algumas vezes. Isso quer dizer que a maior parte dos alunos se porta mal porque sabe que se pode portar mal. Permitindo que os alunos se portem mal, o sistema fomenta o mau comportamento.
Março 13, 2011 at 9:39 pm
#17
“porque sabe que se pode portar mal”
precisamente..é aí que reside o problema. já perceberam que a impunidade é total
Março 13, 2011 at 10:58 pm
#0
“o professor não tem que motivar nem disciplinar, tem apenas que ensinar”
Nem mais, nem menos! Excente avaliação!
Março 13, 2011 at 11:07 pm
Colega, não podia estar mais de acordo com a sua reflexão. Comungo inteiramente das suas palavras!!
Março 13, 2011 at 11:32 pm
#0
E obrigado pelo teu Manual de Geometria Descritiva, tenho alunos que por ele é que estudam.
http://antoniogalrinho.wordpress.com/geometria/manual-de-geometria-descritiva/
Março 14, 2011 at 12:40 am
Plenamente de acordo.
Quem precisa da escola ? quem a respeita ?…
É altura de responsabilizarmos alunos e pais que também já o fomos e somos. Deixem os professores trabalhar…
É altura de perguntarmos o que podes fazer pela escola e não o que a escola pode fazer por ti.
Março 14, 2011 at 6:22 am
Decadas de eduques obscureceram as verdadeira prioridades da educacao.
Agora, a camada de sedimento e tanta,que e preciso artigos como o do Antonio Galrinho para desenterrar simples verdades de bom-senso. Um verdadeiro trabalho arqueologico!
Março 14, 2011 at 11:10 am
Concordo plenamente!
O principal papel do professor não é motivar ou disciplinar, mas sim, ENSINAR!!!!
No entanto, creio que também está relacionado com o facilistismo aplicado na avaliação dos alunos e que impera nos últimos anos.
Março 14, 2011 at 9:32 pm
Ora António, inclino-me perante a sua reflexão em sinal de respeito.
E sem me permite eu acrescento mais um ponto, por forma a apresentar mais um problema dos nossos alunos: o insucesso.
Observamos nós professores – e penso que também já é notório a nível social e profissional – que os nossos jovens, depois de 12 anos de escolaridade, evidenciam um insucesso qualitativo muito para além do insucesso quantitativo fictício que já deixa as estatísticas em 8,5 na escala de Richter e de que sistematicamente ouvimos os mais altos dignatários da nação falar.
Quando comecei a leccionar – há 28 anos atrás – eu tinha turmas com 36 alunos e essa era a regra.
Hoje as turmas, na minhas escola, estão entre os 20 e os 28 alunos – no caso do 2º ciclo do ensino básico.
Com menos alunos há muito insucesso na mesma. Com menos alunos, os nossos jovens continuam a apresentar resultados medíocres em provas de avaliação externa e situam-se, em termos de competências, francamente abaixo das médias dos países desenvolvidos.
A tónica deste problema tem sido, insidiosamente, colocada sobre a competência dos professores e a organização local das escolas.
Do mesmo modo, para que se enevoem os espíritos comuns e as estatísticas se apresentem mais favoráveis, têm-se baixado as exigências e os compromissos de aprendizagem até níveis próximos da indigência cognitiva; da mesma forma como se tem ignorado o problema da diminuta ou irregular assiduidade, da ausência de pontualidade e da falta de cumprimento dos deveres escolares.
Ao longo de anos, o Estado vem delapidando o erário público com projectos de isto, CEF’s daquilo, Currículos Alternativos assim, Peti’s assado, PIT’s e Salas de Estudo e Apoios Pedagógicos Individualizados. Tudo isto para alunos que, tecnicamente, não são portadores de dificuldades de aprendizagem, apenas e tão só revelam incapacidade de se integrar nas rotinas escolares, muitas das vezes pela incapacidade que os seus encarregados de educação apresentam, a montante, nesses mesmíssimos domínios.
Os resultados dessas medidas educativas não são aferidos com nada – porque os estudos que deveriam monitorizar a vida futura dessas jovens e medir o nível de relevância que percursos escolares alternativos ou individualizados ofereceram de mudança efectiva dos seus projectos de vida; ou seja, medirem o que o investimento social escolar conseguiu fazer por eles, com projecção no seu futuro – e, por conseguinte, no nosso.
Assim sendo, assitimos ao avolumar das medidas alternativas sem que o sucesso qualitativo aumente. E isso deveria, pelo menos, deixar-nos algumas reticências sobre a bondade dessas medidas.
O que jamais o Estado esteve disposto a investir foi reduzir, para números aceitáveis, a quantidade de alunos por turma – mesmo quando se viveram os tempos aúreos dos fundos comunitários a entrar no país.
O Estado prefere deitar à rua, ano após ano, a possibilidade de mudar a vida dos seus cidadãos mais desfavorecidos – porque, não tenhamos dúvidas, é sobre esses que recai o ónus destes problemas – e fortalecer as competências globais dos seus jovens e futuros profissionais, do que assumir que a essência da mudança social, neste país, passa por tratar as crianças com tempo e em espaços de intimidade.
Ninguém ensina nada a multidões. Muito menos se educa em grandes grupos.
Ontem, nós eramos criados em casa, educados… o nosso imprinting era feito num espaço doméstico, com regras simples – ditadas por poucas cabeças – e com um território pequeno – que se ia alargando a pouco e pouco. E isso durava até aos cinco,seis, sete anos de idade.
Hoje, o espaço educativo inicial faz-se na creche, no meio de outros meninos na mesma condição. Para se fazerem ouvir, as crianças têm de gritar e o seu território, público e grande, é conquistado a pulso. A competição é condição de sobrevivência.
Chegam hoje ao 2º ciclo crianças com problemas graves de socialização – não porque viveram sem contacto com os seus semelhantes, mas antes porque tiveram de aprender a proteger-se deles, a um ponto tal que cada um é levado a defender e a defender-se com agressividade.
Ou seja, não houve espaço educativo qualificado – mesmo que em quantidade ele existisse.
Perceber isto – compreender que muitas das nossas crianças deixaram de ser educadas em casa – seria o primeiro passo para alguma coisa mudar. Não deixando que os problemas se avolumem e que depois de já instalados seja necessa´rio implementar medidas excepcionais – as quais cada vez mais são regra.
Há que defender um espaço escolar de intimidade – e isto significa apenas a possibilidade de cada aluno nosso poder beneficiar da nossa atenção em sala de aula mais do que os actuais 3 minutos que um professor consegue dar-lhes ao longo de 90 minutos.
Não vos parece confuso que, perante dados tão simples, as políticas educativas insistam em criar problemas tão absurdos e insolúveis, como os que vamos vendo ano após ano, decreto após decreto?
Março 14, 2011 at 11:36 pm
#21
Obrigado pela publicidade, da qual não tenho qualquer benefício financeiro, como é óbvio, mas tão só benefício mental, por saber que o meu manual de GD está a ser útil.
#25
Muito bem feita essa análise, que complementa, e muito bem o meu texto. Obrigado pela partilha.
Março 22, 2011 at 8:22 pm
Bingo! Nem mais.
Janeiro 17, 2012 at 11:12 am
Um professor não tem que motivar???!!!!
Este senhor deve viver em Marte ou Saturno… ou então é mais um daqueles intelectuais que olha por cima do ombro para a plebe como um bando de vandalos mal educados e que tem como principal atividade pensar em formas de não fazer nada mas dar nas vistas e ser falado.
Comparar uma sala de aula a uma repartição de finanças, um restaurante, um autocarro ou uma sala de espetáculos (talvez esta ultima por vezes seja semelhante) é no mínimo original para não dizer mais nada.
Nesses locais chama-se a policia… e quando não chega vem a força de intervenção para dispersar os “rebeldes” com o “argumento” do cassetete.
E depois dizer que: “Em África, na Ásia e na América Latina há centenas de milhões de crianças e jovens que frequentam escolas (os que têm essa sorte) em condições miseráveis. E aí muitos deles estão bem mais motivados do que os nossos. Serão os seus professores melhores do que nós?
Possuirão eles as tais estratégias mágicas que nós, tecnologicamente apetrechados, não conseguimos vislumbrar?”
A isto eu pergunto: Será que nesses locais, em condições por vezes miseráveis, os encarregados de educação possuem estratégicas mágicas de educação e motivação que em Portugal, apesar do melhor nível de vida e do maior avanço tecnológico, não conseguimos vislumbrar?
O discurso deste senhor apenas deve ser compreendido, eventualmente, por um cardume de sardinhas. Todo o Ser que tenha um QI ligeiramente mais alto que esse peixe, certamente rir-se-á de tanta parvoíce ao mesmo tempo que acha lamentável que gente desta tenha “direito de antena”… mas a democracia tem destas coisas.
É obvio que o professor tem que motivar os alunos tal como o ministério da educação devia motivar os professores… ou só os professores é que têm o direito de reclamar por falta de motivação?
Já agora como é que se lida com a indisciplina, falta de educação e incompetência de um professor?
Já sei… é impossivel… porque na classe dos professores não há disso, até porque se houvesse já deveria ter havido despedimentos… e não consta que os tenha havido. Por isso devem ser todos exemplares… claro.
Março 3, 2014 at 4:28 pm
Claro que um bom professor tem de saber motivar e manter a disciplina! Ser bom professor não é lidar com os bons alunos. Aprenda isto: ser bom professor é transformar um mau aluno num excelente aluno! E isso é difícil mas é a nossa função. Isso só os bons professores o conseguem!
Março 3, 2014 at 5:02 pm
Finalmente… alguém que acendeu a luz! Obrigado.
Março 3, 2014 at 8:12 pm
Sou professora há mais de 20 anos e a minha tarefa tem sido transformar os indisciplinados em disciplinados, os maus em bons, os difíceis em fáceis. E, modéstia à parte não me tenho saído mal. Talvez por nunca ter faltado um único dia… Talvez por me dedicar a 100% aos meus alunos… Talvez por os tratar como pessoas e não como “burros”… Talvez por acreditar neles… Talvez por saber que ninguém nasce ensinado… Talvez por reconhecer à frente deles que nem eu nem os meus colegas somos os donos da verdade… Talvez por ser primeiro professora deles e só depois amiga… E podia continuar por aqui fora. Vocação? Poucos têm. E é isso que faz toda a diferença! Os meus alunos são sempre os melhores do mundo! É por causa deles que eu existo profissionalmente e só tenho que lhes agradecer tudo o que me dão diariamente. E são os difíceis que nos levam mais longe por serem os mais exigentes. Não é isso que um professor deve ser: exigente? Se os melhores professores são os mais exigentes, os melhores alunos também são os mais exigentes. E ser mais exigente é exigir de nós o máximo possível. Quem é capaz?
Março 3, 2014 at 8:22 pm
Já agora, Paula Pinheiro, para quem é professora devia saber que se escreve “dignitário” e não “dignatário”. Provavelmente, há 30 anos, não teve um professor que a tivesse motivado a escrever sem erros.
Março 4, 2014 at 10:52 am
Um dos problemas está em pensar que os alunos têm que “pagar” e ser arma de arremesso contra erros do estado e dos seus encarregados de educação.
O sistema não é perfeito, longe disso, já todos sabemos. Os encarregados de educação, alguns, igualmente. Quem tem culpa? os alunos?
Dizer que um professor não existe para motivar ou educar mas sim, e apenas, para ensinar… enfim… expressa bem a limitação de algumas “almas” ou a falta de vontade de outras.
Já agora, seria bom que, quem defende essas ideias, não ousasse usar como critério de avaliação de um aluno a sua educação, comportamento ou atitudes… deviam limitar-se a avaliar apenas aquilo que querem ensinar e não utilizar a avaliação do aluno para avaliar os pais ou o estado.
Mas atenção, não defendo que assim seja. Penso que o professor deve avaliar tudo aquilo que transmite, ou tenta transmitir, aos seus alunos e isso engloba, obviamente, atitudes, valores, comportamentos, educação… e por aí fora.
Se um professor não quer ter esta tarefa… deve ir trabalhar para um talho onde as “carcaças” descansam em silêncio, não têm opinião nem sentido crítico.
Março 25, 2014 at 4:46 pm
Já sou veterano o suficiente para ter trabalhado em condições bem diferentes. Entre os finais da década de setenta e da década de oitenta não havia problemas de indisciplina, com ou sem adolescência. Procure-se a origem da indisciplina aí pelo início da década de noventa. Não tem nada a ver com adolescência mas sim com educação e ambiente familiar e com as sucessivas retiradas da autoridade do professor em sala da aula.
E como é evidente a maior parte dos alunos só vai para a escola obrigada pelos pais, que se servem dela como armazém.
Os miúdos de dez anos não conseguem estabelecer a diferença entre estar no recreio e na sala de aula. É a escola lúdica em todo o seu esplendor ! Escola como local de trabalho ? Isso é uma grande seca…
Março 25, 2014 at 5:15 pm
Caríssimo Américo Marques,
Fui aluno do terceiro ciclo e ensino secundário na década de oitenta. Não havia problemas de indisciplina???? Não sei em que escolas lecionou, mas não foi certamente nas mesmas onde eu fui aluno nesse tempo.
Acho que o maior problema reside na memória curta daqueles que teimam em achar que antigamente é que era bom… mas como em todos os tempos há coisas melhores e piores que em outros tempos.