Agradeço a quem me enviou este pormaior das amostras de alunos que fizeram os testes PISA 2006 e 2009 em Portugal. De um ano para o outro, aumentaram bastante (10%), os que já estão no 10º ano. Podem dizer que é sinal do maior sucesso. Mas também se pode dizer que a selecção da amostra foi mais … sei lá… atenta.
Dezembro 10, 2010
Dezembro 10, 2010 at 10:41 pm
Pois.
Enquanto não se souber de que escolas provieram os alunos do estudo este tem tanta credibilidade como as pulseiras de equilíbrio.
Depois de se saber poderemos aferir do seu grau de representatividade.
É assim que se faz em qualquer estudo.
Dezembro 10, 2010 at 10:43 pm
#1
Mas pelos vistos isso não interessa a ninguém. Só os resultados…
Dezembro 10, 2010 at 10:44 pm
e foram incluídos os cursos profissionais?
Dezembro 10, 2010 at 10:47 pm
#3
Excelente pergunta !!!
E quem escolhe as escolas e os alunos?
Dezembro 10, 2010 at 10:48 pm
São seleccionadas turmas ou alunos de uma escola?
Se não forem turmas ainda há a possibilidade de selecção dos alunos pelas notas.
?!
Dezembro 10, 2010 at 10:49 pm
[…] Aqui. Ou como, afinal, os resultados não são tão extraordinários quanto isso. […]
Dezembro 10, 2010 at 10:52 pm
Um sr. detalhe…sei mais umas coisinhas mas tenho de fazer o check
Dezembro 10, 2010 at 11:00 pm
Cá para mim que estou a meio caminho entre o crente e o agnóstico, houve aqui um milagre do GAVE.
Mas não me refiro a uma instituição acusada de ser especialista em falsificar exames.
Refiro-me mesmo ao rio de águas miraculosas que passa no Santuário de Lourdes, onde se curou Bernardete e que se chama GAVE.
Foi milagre, de certeza!!!
Os jornalistas que tentem investigar o que houve de diferente em 2009!!!…
Dezembro 10, 2010 at 11:03 pm
#5 São seleccionados alunos.
Dezembro 10, 2010 at 11:09 pm
5
leia a partir da p10
Click to access np3content
Dezembro 10, 2010 at 11:25 pm
•Vasco Cardoso
São os lucros e não os salários
No dia seguinte ao chumbo pelo PS, PSD e CDS da proposta do PCP na Assembleia da República que visava a tributação dos dividendos dos grupos económicos, cuja distribuição estes decidiram antecipar de 2011 para 2010 – roubando assim umas centenas de milhões de euros ao Estado –, surgiu com grande estrondo nos principais meios de comunicação social a notícia de que, nos Açores, os salários dos trabalhadores da administração pública regional não seriam alvo de cortes.
As reacções foram as que se esperavam. Na tentativa de fazer esquecer a vergonhosa recusa da proposta do PCP sobre a taxação dos dividendos e de recentrar o debate ideológico no corte nos salários, sucederam-se declarações durante toda a semana.
Desde logo do próprio Presidente da República (e também candidato), que tinha ficado calado perante a golpada dada pelos grupos económicos com a antecipação da distribuição dos dividendos mas que, em relação aos cortes salariais, até a Constituição da República decidiu invocar para exigir a penalização de todos os trabalhadores. Uma declaração, aliás, coerente com uma vida de ataque aos salários quer como primeiro-ministro, quer como Presidente.
Manuel Alegre, também ele candidato à PR, no seu contorcionismo habitual, nuns dias criticou a decisão dos Açores, noutros considerou-a legítima. Enfim, o costume de quem quer andar à chuva sem se molhar.
E no meio desta erupção mediática, onde medram cálculos e oportunismos vários, registe-se ainda a dupla face de BE e CDS. Quem ouviu a deputada do CDS condenar o Governo por permitir a «excepção» aos cortes nos salários não imaginaria que o seu partido se tinha afinal abstido em relação a esta proposta nos Açores. E quem viu os deputados do BE a votar contra esta decisão na Assembleia Legislativa Regional nunca imaginaria que dias depois Francisco Louçã haveria de a defender com tamanha convicção.
Enfim, sobra o claro posicionamento de classe e a respectiva coerência de argumentos do PCP. Que não só esteve contra o corte nos salários como propôs e votou a favor de um apoio compensatório aos funcionários públicos nos Açores. E que não só denunciou a inaceitável manobra dos grupos económicos de fuga o fisco como apresentou uma proposta concreta para impedir tal golpada. Pois sabemos que é nos lucros escandalosos dos grupos económicos e não nos salários que se encontram as razões de tantas injustiças.
Dezembro 10, 2010 at 11:25 pm
Alguém sabe se a participação dos alunos de 15 anos dos CEF/s foi deixado ao critério de cada Escola … Etc, Etc, Etc.
Dezembro 10, 2010 at 11:25 pm
Os batedores
São muitos, exibem cada vez mais descaradamente a sua vocação fascistóide e ocupam cada vez mais espaço e mais tempo nos média dominantes.
Integrando a legião que leva por diante a operação de branqueamento ou negação do fascismo, desempenham o papel de batedores, com a função provocatória de atirar o barro à parede a ver se pega.
Um deles, de seu nome António Ribeiro Ferreira, actua no Correio da Manhã, onde dispõe de uma coluna que baptizou com o nome do pasquim que foi, durante anos, o órgão oficial do salazarismo: Diário da Manhã.
A inspiração que o levou à escolha de tal título manifesta-se com igual evidência no conteúdo dos textos que ali verte regularmente, disparando ódio e raiva contra tudo o que lhe cheire a Abril, a democracia, a liberdade, a direitos dos trabalhadores e dos cidadãos, a lutas – e a verdade é que quase tudo lhe cheira a isso…
As lutas, então, põem-no fora de si: se Ferreira pudesse varria tudo à bordoada e a tiro – e os que sobrassem, prisão com eles.
Há duas semanas, a propósito da manifestação contra a cimeira da NATO e contra a presença em Portugal dessa organização terrorista, Ferreira, no seu Diário da Manhã, chamava aos manifestantes «criminosos» e exigia que fossem tratados «à pancada. Forte e feia».
Agora, a pretexto da greve dos controladores aéreos espanhóis, deu um gigantesco passo em frente na exposição pública do seu sonho de um Portugal fascista.
Aplaudindo com entusiasmo as medidas repressivas do governo espanhol, considerou que assim é que é, porrada nos gajos, prisão com os gajos – e lamentou que, por cá, «não se vislumbre por aí ninguém capaz de chamar uns coronéis para acabar com esta imensa e triste choldra democrática»
Está visto: Ferreira tem saudades do Diário da Manhã, de Salazar, do fascismo… e, no Portugal dos seus sonhos, imagina-se já a assinar o compromisso de honra fascista na tomada de posse do cargo de director da PIDE, ou coisa assim…
Ferreira é um Silva Pais serôdio, um Silva Caldeira à espera de vez, um torcionário não realizado, um torturador frustrado.
Mas é, acima de tudo, um resíduo sólido à espera do inexorável destino.
Dezembro 10, 2010 at 11:27 pm
•Aurélio Santos
Não estão todos no mesmo barco
Anda pelo país – e não só – uma grande revoada de apelos às ajudas misericordiosas.
Fala-se muito em interajuda, em solidariedade, em «protecção dos mais desfavorecidos pelos que não se encontram tão atingidos pela «adversidade»..
Sujeitos de papada gorda afirmam com ar convicto que «a luta de classes está ultrapassada»; senhoras de rosto seráfico garantem que «numa sociedade em dificuldades as lutas só vêm dificultar as soluções».
Os partidos de direita em coro com o PS repisam que «é necessária uma conjugação de todos para ultrapassar as dificuldades». E o Presidente-Candidato garante: «eu bem avisava» (só que ninguém deu por isso!).
A conciliação de interesses é sempre uma forma tentada pelos círculos dominantes (e pelo poder) para amortecer, dificultar ou impedir as lutas contra eles travadas. Modernamente tem como pano ideológico de fundo as veemência do ultra-liberalismo económico e a via reformista da social democracia (por vezes com discreto recurso à doutrina social da Igreja).
Portugal tem uma dolorosa experiência de onde podem levar essas piedosas declarações.
Só que, em Portugal, a conciliação foi imposta à força, cm o «Estado Novo Corporativo», figura jurídica de topo que representava politicamente um povo submetido com mão de ferro aos interesses do capital dominante, em todas as estruturas «sociais» do regime fascista: e qualquer organização social que tentasse fugir a esta «harmonia nacional» era simplesmente ilegalizada.
Não é fácil aos modernos conciliadores fazer o mesmo. Mas a filosofia que tentam instalar é idêntica: vai directamente à preparação de um conformismo atentista e desistente – socialmente instalado como solução «credível», «de bom senso», «pacífica» e de «urgente necessidade».
Mas atenção: é que em Portugal e no mundo – não estão todos no mesmo barco…
As classes sociais existem, e os que as negam bem sabem que sim. Muitas vezes o que querem é apresentar-se como clientes das classes privilegiadas…
Na sociedade capitalista não têm todos os mesmos interesses – nem podem aceitar as soluções que os senhores da Banca querem impôr ao mundo.
Por isso mesmo: A LUTA CONTINUA!
Dezembro 10, 2010 at 11:28 pm
Tigres em extinção
O «Tigre Celta», que durante anos foi propagandeado como «caso de sucesso» da integração europeia, acabou devorado pela União Europeia e o FMI. É o destino fatal dos «casos de sucesso» do capitalismo dos nossos dias. Já foi assim com a Islândia, como antes o fora com os «tigres asiáticos» ou a Argentina. Desta vez, a versão oficial é que os bancos irlandeses «se excederam». Mas em Julho passado, os dois grandes bancos irlandeses (Anglo Irish e Bank of Ireland) foram aprovados nas «provas de resistência» que a União Europeia conduziu ao seu sistema bancário. Os «excessos» sempre tiveram a chancela oficial daqueles que lucraram com os excessos. Que não são os mesmos que agora vão pagar a factura.
Fala-se do pacote de 85 mil milhões de euros e diz-se que é dinheiro do FMI e da UE «para a Irlanda». Mas mais de 20% (17,5 mil milhões) desse montante é dinheiro irlandês, na sua maioria do Fundo Nacional de Reserva para as Pensões (Financial Times, 29.11.10). Que agora vai ser saqueado para entregar à banca. Mais concretamente, para entregar aos credores séniores das obrigações dos bancos, que não vão ficar a arder nem um cêntimo: «Após muito debate, foi também decidido que os obrigacionistas séniores que emprestaram dinheiro aos bancos irlandeses [para cometer «excessos» – NA] não vão sofrer perdas. “Não haverá nenhum corte de cabelo na dívida sénior” disse Olli Rehn, o Comissário da UE para as questões económicas e monetárias» (FT, 29.11.10). E quem são estes credores séniores, que ficarão com a melena intacta, enquanto o povo irlandês vai à máquina zero? Segundo o Financial Times (23.11.10), os bancos europeus são credores de mais de 500 mil milhões de dólares de dívida irlandesa. Os bancos ingleses de 150 mil milhões (6,6% do PIB britânico). Os bancos alemães vêm logo a seguir com 139 mil milhões de dólares (4,2% do PIB alemão). No caso da pequena Bélgica a dívida é de 54 mil milhões (uns estonteantes 11,7% do seu PIB). O pacote UE/FMI não foi para salvar a Irlanda, mas para salvar o grande capital financeiro dos centros da UE, que se arriscava a sair tosqueado do regabofe. Mais uma vez, salva-se a banca e enterram-se os estados. As dívidas da Irlanda já não serão dívidas aos bancos, mas aos estados da UE (através dos mecanismos EFSM e EFSF). Amanhã dirão de novo que as contas dos estados são insustentáveis, que é preciso cortar salários, pensões, serviços públicos. E o saque continua: «o governo espanhol está a estudar a venda de participações na empresa gestora da lotaria nacional e nos aeroportos, enquanto a Irlanda encara privatizações nos seus sectores de electricidade e gás, como parte de um pacote de ajuda conjunta da União Europeia e FMI» (Telegraph, 1.12.10). Do tigre não vai sobrar nem a carcaça.
Se alguma virtude tem esta mais recente tempestade europeia, é a de mandar às malvas boa parte das patranhas que nos têm sido vendidas (com argumentos de direita ou «de esquerda») sobre o capitalismo europeu e a União Europeia. Cada dia se torna mais claro que a UE não é mais que um centro de comando do grande capital.
Dezembro 10, 2010 at 11:28 pm
“De um ano para o outro, aumentaram bastante (10%), os que já estão no 10º ano”
O QUÊ??? 10%?????????????????
Não desprezável em termos de amostra. Significativo.
Dezembro 10, 2010 at 11:30 pm
Nota da Comissão Política do Comité Central do PCP
Governo quer destruir a ADSE
Se quem mais desconta sair, fica em causa a sustentabilidade do sistema, alerta o PCP, na nota que publicamos na íntegra, sobre as mudanças no Estatuto da ADSE que o Governo pretende pôr em prática em Janeiro.
O Governo do PS – depois de acordar com o PSD um inconstitucional corte nos salários dos trabalhadores da Administração Pública e do sector empresarial do Estado (que o CDS também aceita); depois de utilizar a ADSE para favorecer os interesses privados na área da saúde, como o demonstram os acordos feitos com os hospitais privados da Luz e dos Lusíadas, por imposição do ministro das Finanças, não potenciando o sistema de saúde público, antes o degradando – avança agora com medidas para a ADSE, sistema de saúde dos trabalhadores da Administração Pública, que perspectivam a sua destruição.
A pretexto da adaptação à contestada Lei dos Vínculos, Carreiras e Remunerações, o Governo pretende adoptar diferentes soluções que visam o esvaziamento da ADSE, o seu estrangulamento financeiro e a transferência, para o sector privado, dos cuidados de saúde dos trabalhadores com remunerações mais elevadas.
O PCP alerta que tais «diferentes soluções», plasmadas ao longo de 68 artigos, consubstanciam uma inadmissível retirada de direitos, designadamente:
– No domínio dos Encargos Familiares e Outras prestações de Segurança Social, que hoje permitem a intervenção da ADSE, sempre que se registe uma alteração desfavorável do equilíbrio entre as necessidades dos beneficiários e os meios de que dispõem para as satisfazer;
– Na definição da tipologia dos benefícios, que será determinada pela capacidade de financiamento do sistema;
– Na exclusão dos cuidados de saúde de situações hoje abrangidas, prevendo-se ainda a possibilidade da exclusão de outras, mediante portaria do membro do Governo responsável pela área das Finanças;
– Na possibilidade de fixação de limites (sem os definir) ao «número de actos, cuidados ou bens a conceder», bem como aos próprios benefícios previstos nas tabelas de preços, que podem ser limitados quantitativamente;
– Na fixação de preços, que não devem exceder os preços médios, ou os preços mais frequentes praticados no mercado, com base no sistema de reembolsos disponível na ADSE;
– Na imposição ao beneficiário do pagamento de uma quantia pela devolução de documentos relativos à prestação de cuidados de saúde.
Porém, para se ficar com uma noção dos malefícios destas medidas, terão de se conhecer e analisar os diplomas que as irão regulamentar. Mas é, desde já, possível dizer que o objectivo central é o de uma brutal retirada de benefícios aos trabalhadores, acompanhada de uma grande margem de discricionari edade da ADSE.
A ADSE sempre foi o sistema de saúde que, no âmbito da Administração Pública, garantiu aos seus trabalhadores o direito à saúde que a Constituição da República consagra. Como tal, deverá ser respeitado. Na opinião do PCP, a retirada de direitos e, em simultâneo, o reforço da possibilidade de renúncia à qualidade de beneficiário titular, é um caminho para a sua destruição.
Com efeito, a retirada e ou degradação dos benefícios levará, sobretudo, os que mais ganham e mais descontam e os que ganham tão pouco que 1,5% de desconto lhes traz problemas, a equacionarem a hipótese de saírem, podendo os primeiros optar por seguros de saúde privados, abandonando o sistema, colocando em causa a sustentabilidade da ADSE.
O Governo PS não hesita, pois, em atacar o direito à saúde dos trabalhadores da Administração Pública (como tem feito para os restantes trabalhadores), para lhes retirar mais uns milhares de euros que se recusa a fazer pagar ao capital financeiro, a quem continua a atribuir escandalosas benesses fiscais. E a quem quer dar uma nova «benesse», com a possibilidade de inscrição dos trabalhadores da Administração Pública com vencimentos mais elevados (a sair da ADSE) nas empresas de saúde privadas que dominam. Acresce que o esvaziamento e destruição a prazo da ADSE teria impactos altamente nefastos no Serviço Nacional de Saúde que, por via dos ataques sucessivos por parte do Governo, está já muito fragilizado.
O PCP apela a todos trabalhadores da Administração Pública para que lutem contra mais este objectivo da política de direita e que, apesar da grande fragilidade económica a que o Governo PS os levou, não caiam na sua armadilha, mantenham a qualidade de beneficiários e lutem por uma ADSE melhor e com mais benefícios.
1 de Dezembro de 2010
A Comissão Política do CC do PCP
Dezembro 10, 2010 at 11:31 pm
Governo não protege o interesse colectivo PS, PSD e CDS/PP impedem tributação de dividendos
Ajoelhar ao capital
Não passou no Parlamento o projecto de lei do PCP que visava tributar ainda em 2010 os dividendos que grandes empresas prevêem antecipadamente distribuir como forma de escapar ao fisco. A essa medida de elementar justiça fiscal opuseram-se PS, PSD e CDS/PP, num exemplo acabado de submissão do poder político ao poder económico.
«Se este projecto for chumbado, prova-se que quem decide o voto destas bancadas não são as mesmas ou a sua direcção, nem sequer o Governo e o seu núcleo duro. Quem decide é o poder económico. Eles mandam e aqui há quem lhes vá obedecer». Sem medo das palavras, pouco antes da votação, a encerrar o debate, antevendo o que aí vinha, era assim que o líder da formação comunista interpretava já a posição e o sentido de voto das forças políticas que viriam a impedir que fosse dado um passo moralizador no sentido da equidade fiscal.
Confrontando todos e cada um dos deputados com a sua responsabilidade política, Bernardino Soares tocou ainda num ponto essencial ao assinalar que a única verdadeira razão para o desfecho que haveria de se dar não era técnica nem económica mas apenas a «de proteger os lucros dos grandes grupos económicos em vez de se proteger o interesse colectivo».
O presidente do Grupo Parlamentar do PCP não podia ser mais directo e incisivo na crítica aos que, abdicando da defesa do interesse colectivo, haveriam poucos minutos depois de se «vergar perante o interesse de um punhado de accionistas».
Poder submisso
Clarificada estava a questão que o deputado comunista Honório Novo lançara no arranque do debate: saber se «em Portugal os poderosos continuarão a ser ferreamente protegidos por um poder político submisso e obediente». Esta votação vinha confirmá-lo, uma vez mais.
São aqueles, com efeito, os únicos beneficiários da reprovação da proposta comunista cujo intuito era, afinal, tão só, não permitir que a antecipação até final do ano da distribuição de dividendos pelas sociedades gestoras de participações sociais (SGPS) se traduzisse numa fuga legal ao pagamento de impostos que teriam de pagar em 2011, face às novas normas inscritas no Orçamento do Estado.
Trava-se de impedir o que o deputado comunista António Filipe classificou de «evasão fiscal e fuga ao fisco» por parte dos grandes accionistas de grupos económicos, visando ludibriar o Estado e contornar a aplicação do OE para 2011». Chamou mesmo a tal operação uma «infâmia e uma indignidade», lembrando a propósito palavras do próprio ministro das Finanças quando este reconheceu que tal antecipação punha em causa a reputação das empresas que assim procedessem.
Ceder às pressões
Pactuar ou não com esta infâmia e esta indignidade era, pois, o desafio que estava colocado à câmara. E a ele o PS respondeu da pior maneira, em linha com o PSD e o CDS/PP. Depois de ter imposto disciplina de voto à bancada, chegando a ameaçar com a demissão, segundo o que veio a público, o líder parlamentar do PS, Francisco Assis, perante as críticas duras de Bernardino Soares, dando ares de quem sente a «honra ofendida», afirmou não admitir a ninguém que pretenda «lançar a ideia que por detrás da nossa orientação de voto estão interesses ou pressões ou cálculos fora da natureza puramente política».
Noutra direcção apontavam porém os factos, descontada a retórica e o tom áspero de Francisco Assis. O líder parlamentar do PCP não deixara aliás de estranhar na sua intervenção a imposição da disciplina de voto na bancada do PS nesta matéria: «é que sempre que se trata de tocar num cêntimo dos lucros de grandes grupos económicos, há sempre disciplina de voto». Significativamente, assim voltou a acontecer.
Argumentos estilhaçados
Todos os argumentos invocados pelo PS e PSD para rebater o projecto de lei do PCP caíram por terra ao longo do debate. Provado foi nas intervenções dos deputados comunistas que a sua iniciativa não implica qualquer tipo de aplicação retroactiva da lei fiscal, como tentou fazer crer o deputado Vítor Baptista (PS), já que não se trata da aplicação de um novo imposto, mas da eliminação de um benefício que limitava a tributação destes dividendos.
«Era o que faltava que não houvesse retroactividade para aumentar o IRS sobre os salários e as reformas em 1 e 1,5 por cento como o Governo e o PSD fizeram este ano, mas que para tributar os dividendos dos lucros destas grandes empresas já houvesse retroactividade», ripostou Bernardino Soares.
Referido foi, por outro lado, que se «alguém antecipa alguma coisa indevidamente, não é a proposta do PCP», seguramente, mas sim quem decidiu antecipar a distribuição do dividendo para tentar não pagar o imposto devido pela alteração das normas de tributação no OE de 2011.
«Não é o projecto do PCP que antecipa o imposto para apanhar os dividendos, é a PT (e outras empresas) que antecipa o dividendo para não pagar o imposto», sublinhou o líder parlamentar do PCP.
A ideia de que o diploma introduziria perturbação na «estabilidade fiscal» – o deputado Duarte Pacheco (PSD) num desvario completo viu mesmo na iniciativa comunista a tenebrosa mão de quem «gostaria de instaurar uma economia sem lei, sem ordem, perseguindo empresas» – caiu igualmente pela base, sendo considerado caricato que tal argumento surja logo no ano em que aumentou o IVA em Julho e em que aumentou com a aprovação do PSD o IRS sobre os trabalhadores também em Julho.
Refutada pela bancada comunista foi também a tese de que a medida por si preconizada assusta os investidores. «As normas que consideram que é uma nefanda perseguição de capitalistas e que levariam à fuga de capitais é precisamente o que vai entrar em vigor a partir de 2011, com o orçamento do Estado que os senhores viabilizaram», sublinhou António Filipe, respondendo aos deputados Manuel Seabra (PS) e Duarte Pacheco (PSD) que em coro viram na proposta comunista um ataque à «confiança dos investidores».
O derradeiro argumento de que a medida seria ineficaz porque não haveria tempo de concluir a tramitação legislativa até final do ano foi igualmente desmontado pela bancada do PCP que lembrou não só ter apresentado um aditamento para concretizar a aplicação das normas em 2010 como salientou ainda o facto de a votação final do diploma poder estar concluída até dia 9, pelo que só um eventual veto presidencial poderia impedir que a sua aplicação fosse efectivada ainda este ano.
Uma vergonha
É um verdadeiro esquema legal de ausência de tributação e de pagamento de impostos pelos grandes grupos económicos e financeiros o que a legislação fiscal prevê quando os accionistas que recebem os dividendos sejam Sociedades Gestoras de Participações Sociais (SGPS). Estas estão assim «legalmente e automaticamente» isentas de pagar impostos sobre dividendos, como referiu o deputado comunista Honório Novo, dando como exemplo o caso da maioria esmagadora dos accionistas da PT, nomeadamente do BES, da CGD, da Ongoing, do Grupo Visabeira ou da Controlinveste.
São estes que vão receber essa verdadeira «Taluda do Natal» que é a distribuição antecipada pela PT de 60 por cento dos dividendos extraordinários resultantes da venda da brasileira Vivo, cerca de 900 milhões de euros do total de 1500 milhões a distribuir.
Outras empresas como a Portucel ou a Jerónimo Martins já anunciaram o propósito de fazer o mesmo e antecipar ainda em 2010 a distribuição de dividendos, o que normalmente só aconteceria no segundo trimestre de 2011.
Ora este precipitar dos procedimentos pelas empresas apenas acontece porque o Governo, finalmente, introduziu alterações no quadro fiscal privilegiado para as SGPS que entrarão em vigor com a vigência do próximo Orçamento do Estado.
O grave é que o Executivo, que anunciou a sua intenção de alterar normas nesta matéria ainda no Verão – e face ao propósito não escondido de empresas como a PT de distribuir dividendos extraordinários –, não tenha entretanto avançado com nenhuma medida por forma a produzir efeitos ainda em 2010.
Um conveniente «esquecimento» do Governo que permite que os accionistas dos grandes grupos económicos e financeiros organizados em SGPS, como salientou Honório Novo, «continuem a beneficiar, mais um ano, da isenção plena de tributação dos dividendos que lhes são distribuídos».
Dezembro 10, 2010 at 11:36 pm
#9
#10
Gracias.
Dezembro 10, 2010 at 11:38 pm
«Os lucros do capital nos EUA batem recordes com 60 anos» Números recentes ilustram sistema criminoso
Capital norte-americano engorda enquanto os trabalhadores definham
A taxa de desemprego e a pobreza avançam nos EUA enquanto os lucros do grande capital batem recordes. A situação assume contornos criminosos quando Democratas e Republicanos aliviam a carga fiscal sobre a grande burguesia e a transferem para os trabalhadores, a quem cortaram ainda o subsídio de desemprego e outros benefícios.
Foto LUSA
A taxa de desemprego oficial nos EUA subiu para 9,8 por cento em Novembro, o mais alto índice em sete meses e o 19.º mês consecutivo com uma taxa acima dos 9 pontos percentuais, o mais longo período desde a Segunda Grande Guerra Mundial
O total de trabalhadores admitidos como desempregados cifra-se, assim, acima dos 15 milhões, dos quais cerca de 40 por cento se encontram desocupados há mais de meio ano. Em média, um trabalhador necessita de quase 34 semanas para encontrar um novo posto de trabalho.
A estes, há que somar os cerca de 2,5 milhões de trabalhadores norte-americanos que, de acordo com as estatísticas, desistiram de procurar emprego, aos quais acrescem outros 9 milhões que, trabalhando a tempo parcial, pretendem uma colocação a tempo inteiro.
Tudo somado, são já mais de 26,5 milhões de norte-americanos directamente atingidos pelas consequências da crise capitalista no mercado de trabalho, isto é, cerca de 17 por cento da população activa dos EUA ou, se quisermos, um sexto dos adultos em idade laboral.
Se contabilizarmos as famílias, então o conjunto das pessoas envolvidas directa ou indirectamente pelo flagelo do desemprego ascende aos 100 milhões. Quase 25 por cento dos jovens adolescentes enfrentam o desemprego crónico.
A retoma do emprego de que tanto se fala em Washington só é visível de forma significativa, segundo os dados divulgados pelas autoridades, nos postos de trabalho a tempo parcial, uma vez que nos maiores sectores de actividade nos EUA continua a assistir-se à sangria de empregos a tempo inteiro.
Entre o Estado Federal e os municípios, a indústria, o comércio, a construção civil e os serviços financeiros, foram delapidados em Novembro mais de 60 mil empregos. A criação de postos de trabalho só foi um facto nos sectores da saúde, educação e turismo. Os dois primeiros animados pela crescente desresponsabilização do Estado e a decorrente privatização dos serviços públicos, e o último à boleia dos altos rendimentos da classe dominante e dos estratos a ela ligados que, sem rebuços, gozam a abastança.
Situação dramática
A situação torna-se ainda mais dramática se considerarmos que, entre o final deste ano e o decurso de 2011, quase 10 milhões de norte-americanos vão perder a prestação social recebida a título de desemprego. A decisão tomada a semana passada pelo Congresso dos EUA consolidou-se após a revogação da extensão dos benefícios aos desempregados findas 26 semanas, medida que os deputados avisaram não ser possível voltar a retomar.
Dito de outro modo, os eleitos pelo povo na «grande democracia norte-americana» assumem que, terminado o tradicional período de benefício, os desempregados não terão direito aos miseráveis 300 dólares semanais que, em média, o Estado lhes atribui.
Mais, cerca de dois milhões de trabalhadores federais têm, por decisão de Obama, os respectivos salários congelados. A adminsitração Democrata acordou ainda com os Republicanos impor um pacote fiscal que recai de forma brutal sobre os trabalhadores e as famílias, com reflexos no consumo, na saúde, na educação e nas deduções, ao mesmo tempo que prepara a manutenção das escandalosas isenções à grande burguesia herdadas da administração Bush.
Recorde-se que as estimativas indicam que, nos EUA, 44 milhões de pessoas vivem na pobreza, 19 milhões dos quais na mais absoluta miséria, e que cerca de 50 milhões de adultos não tiveram, em algum período do ano, um seguro de saúde válido.
Pressupõe-se que, em 2009, um milhão de crianças passou pelo menos um dia inteiro sem ter o que comer.
À tripa forra
Em contraste, os lucros do grande capital norte-americano batem recordes com 60 anos. No terceiro semestre deste ano, o líquido apurado alcançou os 1,6 biliões de dólares, admitiu o Departamento do Comércio. Pelo sétimo trimestre consecutivo, os lucros do capital crescem e correspondem agora a mais de 11 por cento do Produto Interno Bruto da nação.
A revista Forbes, por seu lado, diz que em 2010 o património dos 400 norte-americanos mais ricos cresceu 8 por cento, superando, por exemplo, o Produto Interno Bruto da Índia, país com mais de 1,2 mil milhões de habitantes.
No mesmo sentido, os bónus anuais dos altos quadros das 450 maiores empresas dos EUA aumentou 11 por cento no último ano fiscal, diz o Wall Street Journal, enquanto que os dividendos dos accionistas cresceram 29 por cento.
No ano passado, os bónus das empresas financeiras cotadas na bolsa de valores de Wall Street cresceram 17 por cento. A compensação média dos executivos das grandes empresas ascendeu a 7,2 milhões de dólares, mais 3 por cento, e os bónus subiram 11 por cento para uma média de 1,6 milhões de dólares.
Só nas ocupações do Iraque e do Afeganistão, estima-se que os EUA gastem 500 milhões de dólares por dia, fundos que, através da contratação de serviços por parte do Departamento de Defesa, acabam em grande parte nos bolsos do capital.
Ditadura do capital financeiro
No topo dos espoliadores do povo norte-americano está o capital financeiro. De acordo com os números divulgados pela Reserva Federal (Fed), entre Dezembro de 2007 e Julho de 2010, foram feitas 21 mil transacções através de 11 linhas de crédito com um único sentido: do erário público para os mega-bancos, à boleia da «crise financeira» e a taxas de juro próximas o zero.
Importa referir que neste rol não está contabilizado o montante transferido pelo então secretário do Tesouro de Bush, Henry Paulson, no valor de 700 mil milhões de dólares, nem os demais créditos garantidos por programas estatais, os quais ascendem a dezenas de biliões de dólares.
Contas feitas, os créditos do Fed ao capital financeiro no período considerado assumiram a astronómica quantia de 3,3 biliões de dólares, um quinto da riqueza global produzida nos EUA.
A oportunidade aguçou o engenho e, por exemplo, a gigante Goldman Sachs recorreu à Fed 84 vezes no espaço de sete meses, ao passo que o Merrill Lynch aproveitou a facilidade 226 vezes.
Mas não se pense que apenas o capital financeiro norte-americano beneficiou das mãos largas do governo; também as sucursais do UBS, Deutsche Bank ou BNP Paribas gozaram da facilidade.
Importa referir que, se a Fed insiste que grande parte destes empréstimos foram reembolsados, não é menos verdade que as instituições financeiras usaram o referido capital reproduzindo-o, por exemplo, em empréstimos concedidos aos estados soberanos ou em operações especulativas.
Dezembro 10, 2010 at 11:42 pm
#11,12,13,14,15,17,18…
Não é que não seja útil diversificar as perspectivas e chamar os distraídos mas, sobre o Pisa, não há nada?
Dezembro 10, 2010 at 11:57 pm
#10 citizen
obrigado
gostava de ver um manual dos testes anteriores, para ver se tiveram o mesmo cuidado na identificação de alunos com NEE… e umas provas para comparar… e a lista das escolas…
não há por aí uma wikileaks no ME?
Dezembro 11, 2010 at 12:10 am
#22 Mvaz
o Gave só disponibiliza isto:
http://www.gave.min-edu.pt/np3/158.html
Dezembro 11, 2010 at 12:11 am
deixem o pisa em pace.
isso só serve para nos distrair do essencial, e o essencial é a luta…como sempre.
Dezembro 11, 2010 at 12:15 am
Documentos oficiais confirmam
EUA acolheram altos quadros nazis
Nos anos que se seguiram à Segunda Grande Guerra Mundial, os EUA transformaram-se num refúgio para altos quadros nazis. O acolhimento de criminosos encontra-se reportado nos documentos elaborados pela Agência de Investigações Especiais (OSI), aos quais o New York Times teve acesso recentemente.
A missão da OSI, criada em 1979, era identificar e expulsar os nazis dos EUA, diz o texto que confirma, mais uma vez, que, durante anos, ex-oficiais nazis trabalharam para o governo norte-americano como agentes secretos ou em projectos de investigação civis e militares.
O informe, não contendo informações maioritariamente deconhecidas, tem a particularidade de incluir detalhes sobre como os ex-colaboradores hitlerianos foram recebidos nos EUA, e de ter sido libertado a muito custo pela administração Obama, que depois de tomar posse continuou a esgrimir argumentos na justiça com a organização Arquivos de Segurança Nacional (ASN).
Desde 2006 que a ASN pretendia que o relatório (incompleto por corte dos recursos, disse entretanto à AFP um funcionário sob reserva de anonimato) de mais de 600 páginas lhe fosse disponibilizado sem censura, o que só aconteceu nas últimas semanas. Comparando a versão truncada com a actual versão integral, fica claro que Departamento de Justiça ocultou informações sem nenhuma justificação jurídica, considerou David Sobel, advogado da ASN.
Ora a «justificação» não era, de facto, jurídica, mas política, uma vez que o texto aprofunda, por exemplo, as ligações entre a CIA e ex-nazis. Um dos casos é o de Otto Von Bolschwing, contratado pelos serviços secretos apesar de se saber que havia trabalhado com Adolf Eichmann, alto quadro da Gestapo.
Outro exemplo é o de Arthur Rudolph, engenheiro responsável pelo programa de foguetões nazis durante a guerra, e comprovado explorador de milhares de trabalhadores que lhe foram enviados como mão-de-obra escrava para os projectos que dirigia. Rudolph acabou por desenvolver o poderoso foguetão Saturno que propulsionou o primeiro voo tripulado dos EUA à Lua, em 1969.
Apoio ao golpe facista de Pinochet
As informações divulgadas pelo New York Times sobre o acolhimento de nazis por parte dos EUA foram divulgadas uma semana depois de um outro lote de documentos desclassificados terem atestado o envolvimento da Casa Branca no golpe de Estado no Chile, em 1973.
Entre outros arquivos, os milhares de documentos entregues às autoridades chilenas reportam um conversa entre Augusto Pinochet e o conselheiro de segurança nacional e secretário de Estado, Henry Kissinger, no qual o político norte-americano reitera o apoio dos EUA ao ditador. «Você está a ser vítima de todos os grupos de esquerda do mundo e o seu pecado não foi outro senão derrubar um governo que se converteu ao comunismo», terá dito Kissinger.
No acervo fica ainda claro que desde 1971 que os EUA planeavam um golpe de Estado contra o Governo socialista liderado por Salvador Allende.
Dezembro 11, 2010 at 12:16 am
Paulo Rangel, hoje na RTPN, disse EXACTAMENTE aquilo que eu penso e não se coibiu de chamar à Maria de Lurdes CRIMINOSA naquilo que fez em relação à educação. Disse que não embarcava nos foguetes do PISA, que os alunos de 15 anos de hoje não estão melhor preparados que os de há 10 anos, que não concorda nem com as afirmções nem com o que o PSD tem feito e dito a nível da educação. Quanto aos ex-ministros fofinhos que estiveram na SICN ontem, achou lógico e óbvio o discurso, “fazem parte do sistema”.
Gostei mesmo muito de o ouvir e de perceber que afinal nem todos são iguais. Vou tentar arranjar a gravação do programa e enviar aos meus contactos. Nada de consensos idiotas, de elogios cretinos nem de paz podre.
Acho que lhe devíamos mostrar que não está sozinho, por mail ou na página do FB e mostrar-lhe que não está sozinho, já que o Correia de Campos e o jornalista frisaram bem essa circunstância, a de que ele está sozinho na análise que faz. E não está e acho que merece sabê-lo. Quanto à avalanche de elogios e de “parabéns” de que temos sido alvo, “com papas e bolos se comem os tolos.”
Dezembro 11, 2010 at 12:17 am
Este foi o comentário que lhe deixei na página dele no FB:
Finalmente alguém que não tem medo de assumir que os caminhos que a educação trilha em Portugal nos estão a levar vertiginosamente para o abismo e que não se deixou cegar pelo folclores do PISA. Não está sozinho na sua análise: o Pisa vale … o que vale (eu, por exemplo, gostava que forem tornados públicos os critérios que estiveram na origem da escolha das escolas e dos alunos participantes. Terão os alunos dos EFAS e NER e profissionais, etc, etc, participado na amostra???) e a Maria de Lurdes Rodrigues foi CRIMINOSA na forma como destruiu a educação em Portugal. MUITO OBRIGADA, mostrou que muitos de nós, professores, não estamos tão sozinhos quanto pensávamos.
Sugiro leitura atenta (acerca dos alunos que foram ou não seleccionados para o PISA): https://educar.wordpress.com/2010/12/10/pisa-2009-um-detalhe/ e https://educar.wordpress.com/2010/12/10/material-para-pisa/
Dezembro 11, 2010 at 12:19 am
#24
Ah, então as batalhas pequenas e grandes, os confrontos, o desgaste do inimigo, a compreensão e denúncia das suas tácticas, a tentativa de ir conseguindo pequenas vitórias que levem à sua derrota final, tudo isso é distracção, devemos ficar à espera do grande, decisivo, inigualável, estrondoso momento da vitória total e absoluta. Ok, então quando é a próxima greve? Será ainda em 2011, ou há que preparar muito bem a luta desisiva e deixá-la ficar para 2012?
Dezembro 11, 2010 at 12:19 am
•Jose Luis Forneo
«Os comunistas eram tão inocentes que punham por escrito os seus crimes para que fossem conhecidos no futuro pela humanidade inteira …» O caso Kátine
E no entanto, ela move-se…
Como se a verdade histórica dependesse de uma decisão parlamentar, a Duma russa, cuja maioria é constituída por partidos burgueses, decidiu [26.11] que foram os soviéticos quem executou os oficiais polacos, enterrados numa vala comum em Kátine. Uma curiosa demonstração da grande semelhança que existe entre a visão da verdade das supostas democracias capitalistas e a da Igreja Católica do Renascimento.
Tal como já Galileu Galilei tinha comprovado, quando para salvar a vida teve de renunciar à defesa da sua descoberta científica de que a Terra se movia em torno do Sol e não o contrário, a ciência continua a estar subordinada à ideologia oficial e, no caso de Kátine, por muito que Goebbels reconheça no seu diário que os alemães estavam a conseguir lançar a culpa do massacre sobre os soviéticos, seus inimigos, o dogma impõe hoje que o Sol tenha que girar em torno da Terra, ou seja, que os maus são com toda a certeza os comunistas.
Todavia, como também se diz que afirmou o cientista italiano, depois do que poderia ter sido a votação da Duma da altura: «No entanto, ela move-se».
O caso Kátine foi uma das armas a que o aparelho de propaganda nazi dedicou maior capacidade de manipulação durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse período, tanto os ingleses como os norte-americanos, e o resto dos aliados, estavam convencidos de que os verdadeiros assassinos foram os soldados alemães, após o ataque à URSS e o abandono pelo Exército Vermelho dos campos de prisioneiros polacos, que foram tomados pelos alemães.
No entanto, depois da vitória do Exército Vermelho na II Guerra Mundial, com a tomada de Berlim, os outros vencedores rapidamente aproveitaram tudo o que puderam dos seus inimigos militares, mas irmãos ideológicos. E para além de salvarem milhares de nazis da prisão para os colocar ao serviço do novo império, ao qual podemos chamar IV Reich, adoptaram as técnicas da propaganda de Goebbels e continuaram a defender as suas mentiras com o objectivo de desprestigiar a poderosa União Soviética.
Uma mentira recuperada
A partir de então, as valas comuns de Kátine, objectivo principal da manipulação dos nazis, converteram-se no centro da manipulação dos media de propaganda capitalistas, e, subitamente, os aliados assumiram a opinião defendida por Hitler e pelos nazis a respeito do fuzilamento dos oficiais polacos – num ápice os assassinos passaram a ser os soviéticos. E tudo isto, claro, apesar dos milhares de testemunhos de camponeses da zona, apesar de se encontrarem entre os restos dos esqueletos postais com data posterior à invasão nazi, e, porventura mais evidente, mesmo tendo lido no diário de Goebells, o seu grande mestre, que as acusações contra os soviéticos eram criação da propaganda nazi.
Tanto fazia, pois neste caso, como para a Igreja da época de Galileu, não importava se os factos e as provas mostravam quem eram os verdadeiros assassinos, já que o essencial era manter a ordem das coisas, de que a Terra era o centro do Universo ou que os capitalistas são boa gente e os comunistas a pior espécie.
Com a queda da União Soviética, a coisa tornou-se muito mais fácil. Subitamente, com Gorbatchov, Iéltsine e toda a ralé de traidores que venderam o povo soviético e entregaram os seus direitos e riquezas nas mãos de mafiosos, os arquivos do KGB abriram-se e começaram a aparecer provas «definitivas» e «inquestionáveis» sobre todos os crimes dos comunistas. Assim, até o próprio Stáline teria enviado uma nota manuscrita a Béria, apoiando a sua ideia de se livrar de todos os oficiais polacos sem julgamento.
Incrivelmente, os comunistas eram tão inocentes que punham por escrito os seus crimes para que fossem conhecidos no futuro pela humanidade inteira (apesar de, no entanto, curiosamente, não se conhecer nenhum documento assinado por Hitler que o relacione com a campanha sistemática de eliminação das minorias étnicas, políticas e religiosas – será porque até os nazis e os EUA, os maiores genocidas da história, sabem que ordens como a que supostamente teria dado Stáline, isto é, condenar milhares de pessoas sem julgamento prévio, não se põem por escrito?).
O dogma e a dominação
Vinte anos depois, em pleno processo de desintegração do capitalismo, quando a oligarquia entusiasmada de há 20 anos vê que afinal o fim da história não chegou, a cuidadosa construção do dogma, indicando claramente quem é Deus e quem é o Diabo, parece mais necessária do que nunca. É a maneira de evitar que os ateus e os hereges continuem a multiplicar-se e que o status quo, que custou tantos anos a recuperar, volte a inverter-se, que o poder e a riqueza passem para as mãos dos que a produzem e se acabe de novo com as negociatas da oligarquia e de outros parasitas, que hoje voltaram a governar a União Soviética e continuam governando a maior parte do mundo.
O sabbat normativo teve lugar na Duma russa, naquela que antes foi a Assembleia dos Sovietes, que representavam todos os trabalhadores e camponeses da URSS, ou seja, os que produzem toda a riqueza, e hoje é, sobretudo, o lugar onde se reúnem delegados das mafias, empresas e lobbys, cujo fim principal, pelo contrário, é manter os trabalhadores e camponeses bem domesticados. Assim, apesar das demonstrações que o Partido Comunista da Federação Russa tem vindo a fazer sobre as falsificações dos arquivos soviéticos na época do alcoólico, assassino e fascista Boris Iéltsine, o parlamento russo decidiu que os trabalhadores soviéticos, isto é, que o seu Estado foi o culpado pelo massacre de Kátine, como dizia Goebbels (ao fim e ao cabo este está muito mais próximo dos interesses da oligarquia russa do que os soviéticos), e que os nazis estavam inocentes.
Como se em questões científicas a democracia (este simulacro de democracia) tivesse autoridade para transformar as provas e resultados em verdades absolutas, à semelhança da época de Galileu, em que o voto de seis, suponhamos, sobre o de quatro converteu em algo de inquestionável que a Terra era e seria para todo o sempre o centro do Universo, também a Duma russa deu a sua achega para consolidar o dogma ideológico, que assegura que os trabalhadores continuem ajoelhados e resignados, fechando para isso os olhos às provas que demonstram o contrário (se bem que os factos e os argumentos nunca convencerão os que justificam o seu poder com base em mentiras convertidas em dogmas).
Um instrumento de fé
Definitivamente, a Duma russa do capitalismo votou que a Terra é o centro do Universo e que o Sol gira em seu torno, demonstrando, como sabiam os antifascistas que lutaram contra os nazis, franquistas e fascistas italianos durante a Segunda Guerra Mundial, que o capitalismo e o fascismo são apenas duas faces da mesma moeda. Deu razão a Goebbels, apesar dele próprio (o lhe teria seguramente provocado um êxtase assassino não tivesse já sido comido pelos vermes, a menos que lhes tenha provocado asco). Para isso não se hesitou em usar a democracia como instrumento a favor da fé na verdade oficial (o dogma), em vez de um instrumento de luta a favor do bem-estar do povo ou da justiça. Na realidade há pouca diferença entre a democracia burguesa e a Igreja da Inquisição (ao fim e ao cabo ambas defendem as mesmas coisas).
Não obstante, como bem sabia Galileu, o Sol continuará sendo o centro do sistema solar, apesar das decisões das igrejas ou daqueles que usam a democracia para justificar as supostas verdades que favorecem a sua dominação. Apesar de hoje vivermos tristes momentos da história, e talvez haver agora mais fascistas pululando pelo mundo do que nunca antes, como já nos demonstrou o génio italiano – «…ela move-se».
________________
Tradução e subtítulos da responsabilidade da Redacção do Avante!. Texto publicado no blog do autor em 27.11 (http://imbratisare.blogspot.com/2010/11/caso-katyn-y-sin-embargo-se-mueve.html).
Dezembro 11, 2010 at 12:21 am
24
caçar eventuais maroscas e divulgá-las tb é uma forma de luta.
Mas estou pronto para outras mais… efectivas
Dezembro 11, 2010 at 12:22 am
Carlos Marques
esses lençóis são uma massacre. Podia resumir, sff?
Dezembro 11, 2010 at 12:28 am
O Carlos é um homem friorento..preciso de grandes lençóis…
Dezembro 11, 2010 at 12:29 am
Aí têm a subida milagrosa dos alunos portugueses, em 2009 participaram 10% menos repetentes que em 2006 (que é o mesmo que dizer 10% mais alunos que frequentam o 10.º ano). Os bi-repetentes ou tri-repetentes do 7.º ano, caíram para um terço (de 6,6% em 2006 para 2,3% em 2009). Recordo que a melhoria de resultados em 2009, face a 2006, em pontos, não chegou a 3%.
Dezembro 11, 2010 at 12:29 am
http://www.avante.pt/pt/1932/temas/111595
Dezembro 11, 2010 at 12:30 am
Curioso, os CEF’s nem aparecem. Já agora outro detalhe o dos 15 anos que não é bem assim: intervalo entre os 15 anos e 3 meses de idade e os 16 e 4 meses. Está na ficha técnica.
Somemos as partes…
Dezembro 11, 2010 at 12:30 am
Atrasos I
Um livro publicado esta semana pelo Laboratório das Desigualdades avança dados tenebrosos. Por exemplo, Portugal é dos países mais assimétricos da Europa na distribuição de rendimentos, onde os 20% mais ricos ganham 6,1 vezes mais do que os 20% mais pobres. Em 2007, no conjunto dos 27 países da UE, só a Letónia era pior do que Portugal e ao nosso nível estavam a Roménia e a Bulgária. Os baixos salários são apontados como a razão central destas disparidades, onde surge um exemplo esmagador: 12% da população activa – ou seja, mais de 500 mil trabalhadores – estão em risco de pobreza e não ganham o suficiente para dar condições adequadas de sobrevivência à família.
Aqui está, na violência dos factos e dos números, ao que conduziu a recuperação capitalista conduzida nos últimos 30 anos por PS e PSD, enquanto se assenhoreavam do regime e dos seus mecanismos.
Atrasos II
A desqualificação quase generalizada da população portuguesa é outro dado relevante, destacado no supracitado livro Desigualdades Sociais 2010 – Estudos e Indicadores. Em 2008, apenas 28,2% da população com idade entre 25 e 64 anos tinha concluído pelo menos o secundário (só Malta tinha um valor mais baixo), enquanto o abandono escolar precoce bate todos os recordes: 35,8% em 2008, contra 14,9% da média europeia. Acrescenta-se a isto as baixas qualificações generalizadas, que chega ao ponto de, em média, os trabalhadores portugueses serem mais qualificados que os seus empregadores.
Finalmente, os autores do estudo admitem que o desemprego é, actualmente, a «questão central» que Portugal enfrenta, alertando que há o «sério risco» de contribuir para uma sociedade ainda mais desigual e agravar os problemas estruturais do País.
Perante esta perspectiva catastrófica, o Governo de Sócrates, de conluio com o PSD, impuseram um «PEC» miserável que corta salários, pensões e investimento público, exactamente o caminho mais curto para o desastre anunciado.
E note-se que já não são apenas os comunistas a denunciá-lo – agora é um organismo científico a afirmá-lo, com o peso e a consistência dos números e do estudo comparado.
Adjudicações
Segundo uma auditoria do Tribunal de Contas (TC), as entidades do sector empresarial do Estado, em 2007 (ano auditado), adjudicaram por ajuste directo 70% dos trabalhos externos contratados com entidades privadas. O TC sublinha este pormenor: segundo a lei, o ajuste directo é uma excepção devidamente tipificada, que este comportamento das instituições públicas tornou em regra! Esta auditoria permitiu ainda verificar que as «empresas tuteladas pelo Ministério das Obras Públicas Transportes e Comunicações são as que adjudicaram mais serviços externos de consultadoria, representando quase 40% do total, cerca de 39 milhões de euros». Note-se que falamos de «consultadoria», ou seja pareceres técnicos que, na generalidade, podem ser obtidos nos próprios e múltiplos serviços de que o Estado dispõe.
Entretanto, o Governo de Sócrates quer pôr a população e o País a pão e água para «diminuir o défice»…
Dezembro 11, 2010 at 12:31 am
Margens de lucro e mercado social (VI)
Da estagnação passou-se fulminantemente a sucessivas fases de aceleração da acção. O que agora é, dentro de uma hora talvez já não seja. Mas há sempre um fio condutor indisfarçável que liga o passado ao presente para depois sugerir o futuro. É uma lei natural que não é possível escamotear. Não há efeito sem causa.
O eterno retorno da «questão religiosa» – que por razões históricas permanece viva e actual – convida a que chamemos novamente à baila o gravíssimo problema social da pobreza, da sua caracterização e dos objectivos que as forças democráticas invocam para a combater. Devem as lutas sociais apontar como objectivo básico a extinção da pobreza? Ou, inversamente, essa luta deverá ser secundarizada visto a pobreza se revelar inevitável e eterna?
Não é preciso ser-se ateu para se recusar esta última posição doutrinal. É evidente que o homem produz riqueza mais que suficiente para que cada ser humano viva decentemente, progrida, tenha tecto, cuidados de saúde e meios de educação. A pobreza só começa onde a riqueza é injustamente distribuída. Alastra e contamina o espaço social apenas quando elites privilegiadas se apropriam do fruto do trabalho colectivo. Num universo politicamente organizado só o Estado tem recursos e poder para conduzir a bom termo a luta pela extinção da pobreza e o aperfeiçoamento permanente das formas de distribuição mais justa da riqueza.
Não é preciso ser-se marxista para se reconhecer que o caminho para a supressão da pobreza passa por decisões vigorosas do poder político, tão graves e extensas são as mudanças a introduzir no espaço real que o capitalismo criou. Mudanças que necessariamente têm de ser graduais, ter em consideração os factores culturais e éticos das diversas comunidades humanas e recusar o sectarismo. Mas poder forte e centralizado que trave e extinga o subdesenvolvimento, a corrupção e a exploração do homem pelo homem. A «luta contra a pobreza» é uma frente de combate de uma extensa batalha essencialmente política.
As falsas opções e o domínio
do «mercado da pobreza»
Seguramente, em países dramaticamente atrasados como Portugal, o actual declínio do Estado social tem de ser travado quanto antes. Pelo menos, metade da população portuguesa já foi atingida, directa ou indirectamente, pelo desemprego e pela acelerada pauperização. Os tempos próximos serão ainda piores para os pobres.
Ponhamos de parte o humor negro que é a história de fadas dos milionários-filantropos. A outra proposta que fica sobre a mesa é a da Igreja apoiada na sua «sociedade civil», nas ONG e IPSS, nas Misericórdias, na sua rede financeira e nas suas relações internacionais. A tese é esta: a intervenção católica é humanitária, solidária e não lucrativa. Não visa substituir-se ao Estado social mas completá-lo através das práticas cristãs sócio-caritativas. É seu objectivo central combater a pobreza mitigando-a, visto que o fenómeno é de todos os tempos e assim será nos séculos vindouros. Quere-o Deus. São três premissas falsas.
No primeiro caso (e não recusando que muitos católicos envolvidos agem por amor ao próximo), a «solidariedade católica» reclama-se como um «trabalho de missão» e faz proselitismo. E não é desinteressada dos bens materiais: veja-se só a enorme torrente de lucros recolhida pela acção social da Igreja, desde os lucros da Lotaria, aos subsídios per capita dos apoios aos pobres e às isenções fiscais que a Concordata lhe garante.
No segundo caso (não se substitui ao Estado), a prática demonstra estar-se em presença de um mero jogo de palavras. Estimular a «fuga» de técnicos e para os «privados» é tentar destruir o aparelho social do Estado; introduzir na área social as regras do mercado, representa minar as bases financeiras do sistema actual que vive rigorosamente das verbas do orçamento público. Depois, tudo passará quem «mais der».
No terceiro caso (pobreza é fatalidade) revela-se o sentido de classe do projecto católico: calar a revolta dos pobres e entregá-lo, impotente e submisso, nas mãos dos seus verdugos. Eternizar a pobreza.
Mesmo a nível das suas altas estruturas dirigentes começa a notar-se entre os sacerdotes mal-estar e divisão perante as políticas sociais da Igreja. Isso ressalta de uma nota da recente reunião da Conferência Episcopal, a tal ponto cortada pelo lápis do censor que nem sequer foi divulgada na comunicação social; em entrevistas pessoais (nomeadamente numa delas, com o próprio porta-voz da Conferência) e em documentos emitidos pela Liga Operária Católica, em vésperas da Greve Geral, e silenciados.
Fale-se. Quebrem-se os tabus. Os tempos são de posições frontais!
Dezembro 11, 2010 at 12:36 am
•Correia da Fonseca
Um rasgão no nevoeiro
O Porto Canal é, como a própria designação indica, um canal com preocupações predominante regionais, decerto empenhado em compensar eventuais défices de atenção que penalizem a área do Porto, acessível por cabo e muito provavelmente com escassa audiência no resto do País. Quase se pode dizer sem risco de erro que Porto Canal é, à escala nacional, pouco conhecido, o que obviamente não significa que seja desinteressante, talvez antes pelo contrário. Ora aconteceu que no passado domingo, enquanto os canais tradicionais se aplicavam a informar-nos das desgraças meteorológicas e outras que haviam desabado sobre o mundo inteiro, Porto Canal transmitiu uma entrevista com Ilda Figueiredo, eurodeputada portuense, como é sabido. Acorri a ouvi-la. Não que Ilda Figueiredo não surja frequentemente na televisão: o programa «Eurodeputados», transmitido semanalmente pela RTP2, permite-nos ouvi-la ou a João Ferreira, o outro eurodeputado que o PCP fez eleger para Bruxelas. Mas ouvir então Ilda Figueiredo é um desassossego, uma permanente inquietação: é que a senhora dona jornalista que dirige os debates naquele programa dá sinais de não gostar de ouvir o que a deputada comunista diz, de não suportar o seu tom de voz por muito tempo ou talvez de se incomodar com os argumentos que ouve, pelo que não demora em cortar-lhe a palavra e em entregar o direito de intervenção a outras vozes talvez menos veementes, talvez mais doces, talvez menos distantes dos seus próprios convencimentos. Assim, aproveitei aquela oportunidade para ouvir Ilda Figueiredo na expectativa de a deputada poder ali, no Porto Canal, acabar todas as frases começadas, luxo raro no «Eurodeputados», e de facto não me arrependi.
A caminho do dobro
Não vou registar aqui tudo quanto de interessante Ilda Figueiredo disse ao longo da entrevista, isto é, tudo quanto os telespectadores do Porto Canal com ela ali puderam aprender, pois que dificilmente o aprenderiam nos canais mais frequentados. Não o vou fazer, até porque uma arreliadora interrupção da corrente eléctrica me fez perder uns minutos da sua intervenção, o que pode ter-me privado de ouvir alguma coisa de importante. Mas posso e devo registar, isso sim, o que Ilda Figueiredo ensinou quanto aos níveis de precariedade no emprego aqui, em Portugal, e no resto da Europa comunitária, dado especialmente relevante em face das pressões externas e internas que se exercem sobre o nosso País no sentido de «agilizar» e «flexibilizar» a legislação laboral portuguesa para que o patronato possa despedir sem incómodos. Ilda Figueiredo informou-nos de que a taxa de emprego precário na União Europeia é, em média, cerca de 13%, ao passo que em Portugal é de 22%, isto é, a caminho do dobro da média europeia. Ouvi aquilo e perguntei-me quantos cidadãos portugueses teriam consciência dessa distância impressionante entre a percentagem de trabalhadores portugueses com emprego precário e a mesma percentagem no resto da Europa, de onde aliás provêm muitas vezes as tais pressões para que se acentue entre nós a desgraça que é não ter trabalho certo. E perguntei-me mais, ainda que desde logo acrescentando a óbvia resposta: se não será dever dos canais portugueses de grande audiência informar eficazmente os cidadãos telespectadores destes dois números eloquentes e decisivos. A questão é que esses canais pouco falam da situação real dos trabalhadores portugueses, preferindo pôr a tónica informativa nas maravilhas que a caridade cristã e a esmolinha fazem para minorar os efeitos do desemprego e de outras causas de miséria. A questão é que essa forma de abordar o problema escamoteando o fundamental acaba por constituir uma espécie de neblina que impede a sua visão límpida. Veio Ilda Figueiredo a um canal que sem desdouro podemos reconhecer como menor e em poucas palavras produziu um rasgão nesse nevoeiro. Telespectador que a tenha ouvido pôde, então, a partir daquela amostragem, avaliar um pouco o grau de manipulações a que está submetido em consequência das estratégicas omissões, do enorme relevo dado aos portadores de patranhas, do permanente reproduzir de efectivas ameaças destinadas a enfraquecer as recusas à intensificação de brutalidades sociais que Bruxelas e arredores reclamam. E, tendo aprendido com Ilda Figueiredo, sentir-se com argumentos reforçados para resistir.
Dezembro 11, 2010 at 12:44 am
Eh, pá!
Dezembro 11, 2010 at 12:59 am
El plan educativo pasó pese a la protesta
Andrew Grice y Nigel Morris
Página 12 / The Independent
Algunos parlamentarios oficialistas se rebelaron y no votaron la medida. Afuera del recinto los estudiantes se manifestaron con consignas antigubernamentales. Atacaron el auto en el que viajaban el príncipe Carlos y Camilla.
Mientras la policía chocaba con los estudiantes que manifestaban en violentas escenas afuera del Parlamento, los votos de los legisladores liberales demócratas aseguraban la aprobación del plan del gobierno de coalición para permitir que las universidades inglesas aumentaran la matrícula a 14.200 dólares. Nick Clegg no logró convencer a la mayoría de sus 57 parlamentarios que apoyaran la controversial medida anoche, mientras 21 liberales demócratas votaron en contra y otros ocho se abstuvieron o no votaron para nada, y sólo 28 votaron a favor. Fue la mayor rebelión contra el liderazgo liberal demócrata desde que se formó el partido en 1988.
La revuelta en el recinto se endureció durante el debate de cinco horas, contra un telón de fondo de choques afuera. Se informó que los manifestantes furiosos atacaron el automóvil donde viajaban el príncipe Carlos y su mujer Camilla en Regent Street, cuando se dirigían al Royal Variety Performance en el London Palladium. El auto escapó a toda marcha.
Después de que barreras de metal fueran lanzadas contra la policía afuera del Parlamento, la policía metropolitana dijo que nueve oficiales resultaron seriamente heridos, seis de ellos enviados al hospital y uno con serias heridas en el cuello. Veintidós manifestantes resultaron lastimados. Diez personas fueron arrestadas y hubo críticas a las tácticas policiales de acorralar a los manifestantes en la Plaza del Parlamento.
Después del voto, los manifestantes destrozaron ventanas a prueba de bombas con piedras y palos mientras trataban de ingresar al edificio del Tesoro. Según estimaciones, los estudiantes que hacían oír su reclamo eran más de 30 mil. Los jóvenes lanzaron proclamas contra Clegg y su partido pero también otros reclamos. “Educación para las masas”, gritaban.
Después de un apasionado debate, los Comunes aprobaron el alza de la matrícula por 323 votos a 302, mientras la mayoría del gobierno de 84 estuvo recortada a sólo 21, su número menor desde que se formó la coalición. Dos legisladores liberales demócratas, Mike Crochart y Henny Willott, y uno conservador, Lee Scott, renunciaron a sus puestos como secretarios privados parlamentarios porque no podían apoyar el aumento en las matrículas. Seis conservadores se opusieron y otros se abstuvieron.
El debate llevará a que las universidades cobren por lo menos 14.200 dólares al año para algunos cursos. Fue también un hito para los liberales demócratas. Los aliados de Clegg esperan que marque su transición de un partido de protesta a un partido serio del gobierno. Pero sus críticos internos temen que su decisión de abandonar el compromiso del partido de abolir las matrículas es una traición de la que no se podrán recuperar.
El laborismo señaló que la mayoría de 21 del gobierno hubieran sido borrados sin los votos de Clegg y sus 27 colegas. Ed Miliband, el líder del laborismo, lo llamó “un mal día para la democracia”. Añadió: “No sólo daña la confianza en los liberales demócratas; francamente daña la confianza en la política en general. Pudieron pasar sus propuestas, pero la idea de que son un partido confiable desapareció; la idea de que pueden ser un partido progresista se ha ido”.
Aaron Porter, presidente del sindicato nacional de Estudiantes, dijo: “Demasiados políticos decidieron que tienen interés en su carrera política. Queremos que se enfrenten a la gente a la que le han mentido. Francamente, esa gente no merece estar en política y está bien que los estudiantes usen su proceso democrático para quitarlos del poder inmmediatamente”.
Benjamin Ramm, editor de la revista The Liberal, se sumó a la catarata de críticas: “Esta legislación debilita el liberalismo y el modelo democrático, y daña a los liberales. Para el partido que se autoproclamó ‘la alternativa real’, hoy (por ayer) es su peor capitulación y lo peor, una traición. En esta coalición, los liberales son la capa que esconde el puñal”.
La mayoría de los vicerrectores respiraron con alivio por el efectivo extra que recibirán por la suba de las cuotas. El temor más grande era que el aumento se frustrara mientras continuaban los recortes del 85 por ciento a los presupuestos educativos.
* De The Independent de Gran Bretaña. Especial para Página/12.
Traducción: Celita Doyhambéhère.
Dezembro 11, 2010 at 1:01 am
EEUU: una diplomacia de muerte
Ángel Guerra Cabrera
La Jornada
La diplomacia de Estados Unidos ha actuado históricamente en pro del saqueo, la guerra y la muerte de millones de seres humanos, antagónica al fomento de la democracia, la amistad, la paz y la prosperidad de los pueblos, que proclama como sus objetivos. Desde esta perspectiva, las revelaciones de Wikileakas sobre el intercambio cablegráfico entre el Departamento de Estado y las embajadas estadunidenses, al margen de otros intereses que podrían influirlas, han proporcionado ya un panorama casi en tiempo real, y considerablemente amplio, sobre las actitudes matonescas de los protagonistas de la política exterior imperial en las últimas décadas y, sobre todo, en la actualidad, que van de la mano con su pensamiento, emanado de la ignorancia y el menosprecio por los otros, unidos al culto fanático por la omnipotencia del mercado, la banalidad y el chisme de aldea que comparten con sus acólitos.
Cuando digo muerte me refiero, sí, a las guerras de rapiña desde que los próceres de la república esclavista exterminaron a la mayoría de la población indígena y anexionaron la mitad de México hasta actos de supremo terrorismo como los artefactos nucleares lanzados sobre Hiroshima y Nagasaki; los millones de vietnamitas muertos por los bombardeos o el asesinato de decenas de miles de civiles en Irak, Afganistán y Pakistán, y últimamente los festinados conceptos desarrollados sobre una supuesta guerra nuclear controlada tácticamente. Pero también incluyo, dada su enorme importancia, a cientos de miles que mueren todos los años por hambre, insalubridad o por efecto del cambio climático ocasionados por el sistema capitalista. Por esta última causa mueren ya anualmente alrededor de 300 mil personas, cifra que podría alcanzar en poco tiempo el millón de sólo reducirse la emisión de gases de efecto invernadero a 3 por ciento, cómo pretende Estados Unidos en la cumbre de Cancún, en lugar de entre 40 y 50 por ciento propuesto por los países integrantes del G-77. La postura yanqui equivaldría a un aumento en las temperaturas del planeta entre cuatro y cinco grados, conducente a una situación sin retorno hacia la desaparición en corto tiempo de nuestra especie.
No por relativamente conocidas es ocioso reiterar estas verdades puesto que todavía no han tomado conciencia de ellas muchas personas en el mundo, víctimas del inclemente e inmoral bombardeo de reflejos condicionados y prejuicios por la gran mayoría de los medios de información, parte inseparable como son del sistema de dominación y sus intereses más mezquinos. En esta lógica, son de suma utilidad los cables diplomáticos filtrados por Wikileaks en relación a los intentos de imposición por Estados Unidos de la ilegal y antidemocrática Declaración de Copenhague basándose en sobornos, chantajes y amenazas, en particular contra los países más pobres, como los pequeños estados insulares o los africanos. La declaración fue cocinada por Obama y un grupito de incondicionales al margen del reglamento y a espaldas de la mayoría de delegaciones a la conferencia sobre cambio climático celebrada en la capital danesa. Así fue denunciado en varias ocasiones por Fidel Castro, Evo Morales y Hugo Chávez, sin que tuviera difusión por los pulpos mediáticos, que si acaso se mofaron de la actitud apocalíptica e ideológica de los líderes de la Alba. Es todo un poema la solicitud de datos personales sobre los diplomáticos de la ONU y activistas de ONG firmada por la secretaria Clinton a petición de la CIA, buscando puntos débiles por donde atacar a probables adversarios de la actitud estadunidense sobre el clima. O esta persuasiva y delicada prenda soltada por la subsecretaria de Estado María Otero a Meles Zenawi, canciller etíope y representante de la Unión Africana en las negociaciones sobre cambio climático: Firma el acuerdo (de Copenhague) o la discusión se acabó ahora. ¿Qué tal esta otra?: Neutralizar, cooptar o marginar a los países que no ayudan como Venezuela y Bolivia, tomada de un cable que relata la reunión de los representantes de Estados Unidos y la Unión Europea ante las negociaciones. Más tarde, Washington cortó a Bolivia y Ecuador la ayuda para combatir el cambio climático, citando su oposición al acuerdo.
Y esto no es todo. Estados Unidos y sus aliados pretenden comerciar con la tragedia climática convirtiendo en mercancía el agua, el aire y el carbono, y salvarse de la crisis capitalista vendiendo bonos de estos bienes en el casino global.
¡Justicia para Julian Assange!
http://www.jornada.unam.mx/2010/12/09/index.php?section=opinion&article=036a1mun
Dezembro 11, 2010 at 1:01 am
Passar de 50 para 60 é um aumento não de 10 mas de 20%.
E, usando a habilidade estatística dos falsários, pode dizer-se que houve um aumento de 100% de alunos do 11.º ano.
Dezembro 11, 2010 at 1:37 am
Carlosmarques:
Esses lençóis que aqui estende são para os amarrarmos todos e fugirmos espavoridos pala janela deste blogue, antes que nos afoguemos com tanta…informação?!
Dezembro 11, 2010 at 2:44 am
#42
“Passar de 50 para 60 é um aumento não de 10 mas de 20%.”
Tem razão. De 2006 para 2009, o número de alunos que frequentavam o 10.º ano, usado na amostra, aumentou 20%. Por sua vez, os que frequentavam o 8.º ano (alguns repetentes, a maioria bi-repetentes) diminuiu 31,3%. E em relação aos que frequentavam o 7.º ano (alguns bi-repetentes, a maioria tri-repetentes) a sua participação na amostra diminuiu 65,1%.
O GAVE está pejado de “artistas de circo”.
Dezembro 11, 2010 at 3:34 am
Xigou oje o ralatóriu da piza2009. Lá ven a diser que grassas ao nosso 1º ministero Sócras os alunos portugueses saben bué. estes ralatórius mostrão que o guverno vai nu bon kaminho e que o sussessu não pára de aumentar e as estatizticaz vão sempre a subir. melhuramos muito, prinssipalmente a siencias, a metematica e a protugues. Se continuarmos assim quaker um pode tirar um curço de lissenciatura com uma nota bué alta e outras coisas bué da boas.
se não fossem o ministero ingenheiro Sócras e a menistera bueda simpactica, Alssada, o nosso futuro seria piore. Infelismente á uns invejozos, que só sabem diser mal e que não kerem ver k a iscola agora está muita melhor, com mais jogus e projectus e com puta dores. eu não lhes ligu, proque eu agora gostu da iscola e porque eu só ouvo o que me intereça, e o que intereça é que o Socras diçe que agente agora está melhor e o ralatóriu da piza também dis que sim. Só não pressebu é proque é que deram o nome de piza a isto. secalhar é proque agora se kome muita piza, ou então é proque é redondu. prontus, não pressebu.
http://lisboa-telaviv.blogspot.com/2010/12/piza2009.html
Dezembro 11, 2010 at 3:41 am
#44 e #42
Os dos 8º ano em 2006 ainda não estavam nos CEF’s.
Agora não aparecem na amostra porque estão nos CEF’s, como muito bem reformou a ministra da engenharia estatística.
Isto sou eu a imaginar, é claro.
Dezembro 11, 2010 at 4:52 am
#46
Concordo com o que diz. O que quis destacar é que os alunos que, com 15 anos, frequentam o 7.º e o 8.º ano, são alunos com várias reprovações no seu percurso escolar, se em 2009 muitos deles foram substituídos por alunos de 10.º ano, sem reprovações, sendo o teste igual para todos (independentemente do ano curricular que frequentam) é expectável que os de 10.º ano consigam melhores classificações e as médias subam.
Dezembro 11, 2010 at 10:01 am
[…] Onde é que meteram em 2009 os alunos com 15 anos que em 2006 estavam no 7º e 8º? […]
Dezembro 11, 2010 at 12:25 pm
#42,
Correcto, em termos relativos da amostra (eu pensava apenas no aumento absoluto).
Anoto que este post tem incorporado nos comentários um especial do Avante, via fredericoengueles.
Dezembro 11, 2010 at 12:43 pm
Na sessão pública em que, no passado dia 7, foram divulgados os resultados do PISA 2009, a apresentação destes resultados esteve a cargo de Carlos Pinto Ferreira (director do GAVE entre 2006 e 2010 e actual representante português no “Governing Board” do PISA). No slide referente à forma como esta “avaliação internacional” foi conduzida entre nós, lê-se o seguinte:
-Em 2009, os testes PISA foram aplicados a 6298 alunos portugueses;
-Participaram 212 escolas;
-Em cada escola foram seleccionados aleatoriamente 40 alunos.
A seguir,para tranquilizar espíritos quanto à bondade da avaliação, acrescenta-se que “O processo de constituição da amostra foi integralmente conduzido e controlado pela OCDE”. Ou seja: foi integralmente conduzido e controlado pelo “Governing Board” do PISA.
Como 212(escolas)x40(alunos por escola)= 8480(alunos), fica por esclarecer o motivo que levou à contabilização dos resultados de apenas 6298 alunos para efeitos estatísticos. Não deverá tratar-se de uma gralha, porque numa “nota técnica do estudo” incluída no documento “PISA 2009 – Competências dos alunos portugueses”, estes números também surgem, complementados com outros dados (o facto de 28 das 184 escolas
“aleatoriamente” escolhidas serem privadas, etc).
Dezembro 11, 2010 at 12:46 pm
#50
Está a chamar a atenção para coisas que não interessam…
8)
Dezembro 11, 2010 at 12:48 pm
No último parágrafo do meu comentário anterior, onde se lê “184” deve ler-se “212” (184+28=212).
Dezembro 11, 2010 at 12:52 pm
#50,
Curiosamente, a OCDE afirma que tudo foi conduzido pelo ME (selecção de escolas e alunos, aplicação e correcção das provas).
Dezembro 11, 2010 at 1:02 pm
Caro Paulo Guinote, não há contradição: quem organizou e controlou tudo foi Carlos Pinto Ferreira: na qualidade de Director do GAVE em 2009, representou o ME neste estudo; na qualidade de membro do “Governing Board” do PISA, representou a OCDE.
Dezembro 11, 2010 at 1:04 pm
#54,
No Sol, identifica-se Anabela Serrão do GAVE como sendo a pessoa que seleccionou as escolas.
Dezembro 11, 2010 at 1:12 pm
Anabela Serrão, que pertencia à equipa do GAVE em 2009, foi a responsável “oficial”, mas obviamente actuou às ordens do seu chefe na altura, Carlos Pinto Ferreira. Tal como ele, sou professor do IST, e conheço-o muito bem.
Dezembro 11, 2010 at 1:33 pm
Mas, com tanta conversa fiquei sem saber se os alunos dos profissionais entraram ou não na análise. É substantivo, já que nos anos anteriores eles estavam no 10º… de 2006 para cá, os alunos foram sendo peneirados -quando têm muitas dificuldades já não ficam no regular…
Dezembro 11, 2010 at 2:40 pm
Além de ser hoje membro do “Governing Board” do PISA/OCDE, Carlos Pinto Ferreira (que deixou há poucos meses o cargo de Director do GAVE onde estava desde 2006) foi recentemente nomeado director-geral do GEPE (Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação), um cargo de “direcção superior de 1º grau”, através do despacho nº 17780/2010.
É conveniente recordar que, tal como Maria de Lurdes Rodrigues, Pinto Ferreira tinha passado pelo “Ministério Gago” durante a governação Guterres: entre 1998 e 2002, Pinto Ferreira foi vice-presidente da FCT; no mesmo período, Maria de Lurdes Rodrigues (que tinha concluído um doutoramento no ISCTE em 1996) foi presidente da OCT e representante nacional no Grupo “Indicadores para a Sociedade da Informação”
da OCDE.
Dezembro 11, 2010 at 2:41 pm
#58,
E, quando ainda no GAVE, foi autor de uma frase em entrevista ao Expresso parecida com “os exames não são para estragar a vida aos alunos”.
Dezembro 11, 2010 at 2:50 pm
Isto foi a vingança da MLR!
Dezembro 11, 2010 at 2:51 pm
Aposto que vai lançar mais um livro com estes dados.
Dezembro 11, 2010 at 3:10 pm
O GAVE, já sem Pinto Ferreira à frente, vai continuar a tratar da “avaliação” da educação, e o GEPE, agora com o mesmo Pinto Ferreira como chefe, vai tratar das estatísticas da educação, em geral, nomeadamente as baseadas na dita “avaliação”. O “Planeamento da Educação” vai ser justificado com a preciosa ajuda dessas estatísticas (e com a não menos preciosa ajuda da “crise internacional”). A actual Ministra, alçada ao lugar de topo do Ministério da Educação, já deixou escapar a confissão de que “os exames vão acabar”. É óbvio que Isabel Alçada está a desempenhar um papel semelhante ao ministro da brilhante sitcom britânica “Yes, Minister”.
Dezembro 11, 2010 at 3:12 pm
Enganei-me no último comentário: a frase foi “Os chumbos vão acabar”.
Dezembro 11, 2010 at 3:55 pm
Sócrates e a sua gente já estão a gabar-se de que a “grande melhoria” conseguida nesta avaliação PISA se deve às medidas de política educativa do Governo (TODAS, frisou repetidamente o ainda primeiro-ministro), nomeadamente as que os professores e os seus representantes contestaram, especialmente em matéria de estatuto da carreira docente e de modelo de avaliação de professores. Contudo, a verdade é que o modelo de “avaliação de professores” que, sem sucesso, o governo Sócrates tentou impor às escolas portuguesas, a partir de 2008, não estava a ser aplicado em 2009, de facto, em quase nenhuma delas (e continua a não estar). É também verdade que um modelo semelhante foi aplicado, de facto, no Chile, país que ocupa … o penúltimo lugar do ranking nestes testes promovidos em nome da OCDE.
Dezembro 11, 2010 at 6:08 pm
Como é que uma amostra de 212 escolas “aleatoriamente” escolhidas, com 40 alunos também “aleatoriamente” escolhidos em cada escola, deu origem, em Portugal, a uma participação de apenas 6298 alunos nesta avaliação PISA 2009? É que nem todas as escolas “escolhidas” responderam, e, nas escolas que responderam,nem todos os alunos “escolhidos” participaram. Em Inglaterra foi assim:
“2. PISA IN ENGLAND
2.1 PISA 2009 is the fourth PISA cycle in which England has participated.
2.2 In England, 165 schools and 4081 pupils participated in PISA 2009. This represented 87 per cent of sampled schools and 87 per cent of sampled pupils.
2.3 The school response for the combined UK sample fell slightly below the target
participation rate. As a result, the NFER [National Foundation for Educational Research] was asked to provide some analysis of the characteristics of responding and non-responding schools in England. The PISA sampling referee was satisfied that there was no evidence of any potential bias in the UK results.
2.4 The pupil response in the UK exceeded the PISA requirement for participation of at least 80 per cent of sampled pupils. The final weighted response rate was 87 per cent.”
Dezembro 11, 2010 at 11:55 pm
[…] PISA 2009: Um Detalhe. Por Paulo Guinote. De um ano para o outro, aumentaram bastante (10%), os que já estão no 10º ano. Podem dizer que é sinal do maior sucesso. Mas também se pode dizer que a selecção da amostra foi mais … sei lá… atenta. […]
Dezembro 12, 2010 at 2:09 pm
É muito provável que a selecção da amostra em 2009, controlada por gente do GAVE, tenha sido mais “atenta” que em 2006, no sentido de inflacionar um tanto as médias portuguesas nas três literacias em análise. Mas não terá sido essa a única medida “esperta” para melhorar artificialmente os resultados. No meu comentário anterior (#65), refiro-me ao facto de muitos dos alunos incluídos na amostra não terem efectivamente prestado provas (ou de, tendo prestado provas, os respectivos resultados não terem sido contabilizados): efectivamente, só foram apurados os resultados de 6298 dos alunos de uma amostra que envolvia 212(escolas)x40(alunos por escola)=8480 alunos, ou seja, só participaram 74% dos alunos da amostra. Conviria apurar os motivos que levaram 8480-6298=2182 dos alunos “seleccionados” (26% do total) a ficar de fora.
Quanto à melhoria dos resultados médios portugueses nas três literacias (sobretudo devido a uma acentuada diminuição da percentagem de desempenhos individuais abaixo do “nível 2”), há que perceber também duas outras razões muito relevantes para ela ter acontecido:
a)O facto de, nos enunciados dos testes de 2009, atentamente negociados pelos representantes dos diversos países no “Governing Board” do PISA, ter sido incluída uma maior percentagem de perguntas muito fáceis, devidamente acompanhada por uma dificuldade acrescida nas perguntas mais dirigidas aos “bons alunos”, para ninguém se atrever a acusar a OCDE de facilitismo [Isto permitiu que, sem que a pontuação média da OCDE subisse (na realidade até desceu ligeiramente), os países em pior lugar no ranking, Portugal e não só, melhorassem bastante as suas pontuações: o México, p.ex., que foi o país que mais subiu a sua pontuação na literacia em Matemática, aproximando-se da almejada “média da OCDE”, estava em último lugar no ranking e lá continua (curiosamente, a OCDE é presidida desde 2005 por um mexicano, que foi recentemente reconduzido no seu cargo)]
b)O facto de, na avaliação dos alunos portugueses do 9º ano, terem passado a contar (desde o ano lectivo de 2004/2005) os resultados dos respectivos exames nacionais: os alunos passaram a enfrentar mais atentamente provas de avaliação não elaboradas pelos “setores” que lhes dão aulas…
Dezembro 14, 2010 at 2:59 am
E bem gostaria eu de saber, sob essa névoa de amostragem, quantos dos maus alunos de 2006 acabaram nos CEF e outros, libertando na amostra, espaço para os alunos de capa?
Não fiquemos embevecidos ao ponto de dizer que o milho é bom, só porque alguém tirou o joio da amostra…