A achar que tanta ladaínha em torno da perda de Sá Carneiro, o político, é uma das mitologias mais bacocas da vida política nacional, desde as declarações públicos de choro com baba e ranho, até quem nunca dele se consegue esquecer e leva como luminária à frente na sua carreira política?

Até Carvalho da Silva apareceu a fazer um texto semi-envergonhado sobre o homem na Visão. Não há pachorra. Em vida trataram-no como se sabe e em morte foram demasiados os que se apropriaram do seu nome para proveito próprio.

Sá Carneiro é, à direita, uma espécie de José Afonso para a esquerda. Provavelmente os que mais o invocam são aqueles de quem ele descolaria no primeiro momento.

Lamento a perda do homem Sá Carneiro, para mim mais exemplar pela sua coragem ao nível social, mas seria tempo de haver um módico de decoro na sua evocação e aproveitamento.