A achar que tanta ladaínha em torno da perda de Sá Carneiro, o político, é uma das mitologias mais bacocas da vida política nacional, desde as declarações públicos de choro com baba e ranho, até quem nunca dele se consegue esquecer e leva como luminária à frente na sua carreira política?
Até Carvalho da Silva apareceu a fazer um texto semi-envergonhado sobre o homem na Visão. Não há pachorra. Em vida trataram-no como se sabe e em morte foram demasiados os que se apropriaram do seu nome para proveito próprio.
Sá Carneiro é, à direita, uma espécie de José Afonso para a esquerda. Provavelmente os que mais o invocam são aqueles de quem ele descolaria no primeiro momento.
Lamento a perda do homem Sá Carneiro, para mim mais exemplar pela sua coragem ao nível social, mas seria tempo de haver um módico de decoro na sua evocação e aproveitamento.
Dezembro 4, 2010 at 11:30 am
Não, não é o único. Também acho que já não há pachorra. Será que não têm mais nada para fazer?
Dezembro 4, 2010 at 11:37 am
“Sá Carneiro é, à direita, uma espécie de José Afonso para a esquerda. Provavelmente os que mais o invocam são aqueles de quem ele descolaria no primeiro momento.”
De certeza 🙂
Dezembro 4, 2010 at 11:47 am
Concordo, em absoluto, com o pensamento expresso neste “post”.
A razão para a forma demagógica de agir por parte daqueles que nos governam/dirigem parece ser a da perfeita consciencialização de que alguém que já partiu vale mais do que eles próprios(todos juntos).
Portugal continua moribundo e agarrado à visão sebastiânica – como se aos mortos coubesse a responsabilidade de recuperar o que os vivos destruíram …
Dezembro 4, 2010 at 11:52 am
Dezembro 4, 2010 at 11:56 am
Dezembro 4, 2010 at 12:07 pm
Em 1982, dois anos após a morte de Sá Carneiro, estive num curso de teatro na Tróia com pessoas de todo o distrito de Setúbal e saiu nesse ano uma coleção de medalhas com o Sá Carneiro.
Como gostei da iniciativa e do folheto publicitário, pu-lo na mesa de cabeceira no quarto onde dormia com mais 3 colegas de curso e nem imaginam a reação desses colegas da ala esquerdista/PCP ao meu gesto. Fui ofendido, chamaram-me todos os nomes, rasgaram-me o folheto e fui votado ao ostracismo organizado por esses “camaradas”, o que é muito chato num curso de teatro onde há um contacto muito próximo, mesmo fisíco com os colegas.
É essa mesma esquerda que agora também cavalga a onda Sá Carneiro, porque é moda e políticamente correto, em 1982 era políticamente incorrecto, simpatizar-se com o Sá Carneiro, pelo menos no distrito de Setúbal.
Bolas.
L+G
Dezembro 4, 2010 at 12:08 pm
“incorreto”, quero dizer.
Dezembro 4, 2010 at 12:11 pm
NUMA COISA ADMIREI-O: O FACTO DE ASSUMIR UMA RELAÇÃO COM A SNU..NÃO A ESCONDEU…APE3SAR DA MULHER NUNCA LHE TER DADO O DIVÓRCIO..E NAQUELA ALTURA NÃO ERA NADA POLITICAMENTE CORRECTO..AINDA HOJE….
Dezembro 4, 2010 at 12:12 pm
Dezembro 4, 2010 at 12:14 pm
OLHA… ATÉ SE REFERE AOS PROFESSORES …HOJE ESTARIA CONDENADO SE O FIZESSE NESTES TERMOS…bem vou ver o frio de Braga..hoje dão menos 2…..e o céu está de chumbo…inté…
Dezembro 4, 2010 at 12:22 pm
Relembro com saudade o homem que … ameaçava saír sempre que não lhe faziam as vontades!
Dezembro 4, 2010 at 12:23 pm
Portugal tem muitas histórias. Não tem é memória.
Dezembro 4, 2010 at 12:31 pm
Sá Carneiro deve a sua nomeada ao facto de ter morrido. Lembro-me de ter comemorado efusivamente a sua morte.
Dezembro 4, 2010 at 12:33 pm
O poder necessita de mitos e rituais. Já se sabe isso.
Dezembro 4, 2010 at 12:34 pm
#13
Grande coincidência, homónimo!
Dezembro 4, 2010 at 12:36 pm
Não, não és, Paulo. Endeusa-se personalidades e criam-se cultos em torno delas… e quem está contra… foqueira com ele!
Dezembro 4, 2010 at 12:48 pm
Parece que algumas pessoas não terão lido exactamente o que está(a pressa,algumas dificudades de interpretação ou a vontade de ler o que se quer que esteja escrito ao invés do que realmente está escrito frequentemente dão nisto). Este post não é sobre SC mas sim sobre políticos e comentadores e pensadores etc etc etc de m**** que hoje vomitam loas e laudes.
Como não me reconheço nessa categoria, continuo coerentemente a lembrar com saudade um HOMEM e um POLÍTICO e a prestar-lhe a justa homenagem.
Num tempo em que vivemos rodeados de osgas, nunca é demais lembrar a sua CORAGEM em romper com as convenções (tomara a muita esquerda fofinha dos nossos dias) e lutar pelos ideais em que acreditava, não se vendendo nem compactuando (tomara a muita direita camaleónica dos nossos dias).
Dezembro 4, 2010 at 12:49 pm
Há seguramente uma evocação interesseira por parte de muitos no que respeita a Sá Carneiro. Todavia, e estou à vontade para o fazer porque não pertenço à sua área política, tenho admiração pelo homem e pelo político. Homens com o perfil de Sá Carneiro fazem falta ao país. Começou a sua vida política tentando reformar o sistema por dentro, quando tudo o empurrava para uma dedicação exclusiva à advocacia. Depois do 25 de Abril fundou um partido bem à direita do espectro político dominante. Travou muitas batalhas dentro e fora do seu próprio partido. Tinha um pensamento político sólido e ideias para Portugal, concorde-se ou não com elas, e não meros slogans. E depois, como sublinhou o bulimunda, afrontou a moral da sociedade portuguesa ao assumir publicamente a sua relação com Snu Abecassis. Pagou um preço muito elevado por isso, ao nível da sua vida pessoal, uma vez que era oriundo de uma família católica conservadora portuense, e ao nível político. Ficará nos anais da política portuguesa, pelos piores motivos, o ataque infame que o PS fez à sua situação conjugal. Talvez ainda mais violento e asqueroso do as acusações que o PCP orquestrou referente às suposta dívidas que Sá Carneiro teria com a banca e que nunca viriam a ser provadas. Políticos como Sá Carneiro tinham densidade e substância. E por isso fazem falta.
Dezembro 4, 2010 at 12:51 pm
#13
comemorar efusivamente uma morte não é bonito
Dezembro 4, 2010 at 12:55 pm
citizen, ia fazer essa referência…
Afinal, isso apenas desnuda a alma (?) de quem o fez, e isso não tem mais importância do que o tempo que gastámos com estas palavras 🙂
Dezembro 4, 2010 at 12:59 pm
Lamento o acidente que provocou a morte de várias pessoas.
Mas o que sempre me interessou saber foi algo de diferente e que ninguém ainda mencionou, porque até aqui, a opinião centrou-se apenas no homem político Sá Carneiro- se era bom, se tinha defeitos, se é agora endeusado, porque é que é agora endeusado.
Estamos no Natal e ´há livros a serem vendidos.
Resumindo,porque tenho de ir comprar papel higiénico, o que mais me interessa é ouvir mais testemunhos sobre o acidente propriamente dito.
E quer parecer-me que se está a esquecer do outro homem – Adelino Amaro da Costa- que, segundo se diz, tinha conhecimento de algumas situações menos transparentes.
Claro que esta situação não saíu da minha cabeça. Há décadas que este tema é recorrente e os argumentos esgrimem-se.
É neste contexto que me interessa conhecer mais sobre o assunto.
Quanto ao homem, é natural que o tempo vá apagando outras facetas. Vivia-se na altura uma situação de confrontos constantes e as águas separavam-se com força.
É natural que hoje as coisas sejam vistas sob outra perspectiva, o que não quer dizer que se mande essa conflitualidade para as malvas.
Saltanto para o domínio da ADD, lembro-me de aqui se ter defendido uma proposta de avaliação de docentes, sujeita a apresentação de uma prova pública, com júri e aberta à comunidade escolar.
Dessa comunidade escolar ex-alunos seriam um aspecto a ter em conta na avaliação do decente.
Lembro-me de ter dito, meio a sério, meio a brincar, que o tempo se encarregaria de, na maioria dos casos, suavizar e endeusar a realidade.
É típico do comportamento humano, mesmo que com mitologias bacocas.
Dezembro 4, 2010 at 1:08 pm
Pelas razões que mencionei e pelas que agora li e que me precederam, confesso que o nível da maioria das intervenções é bem melhor do que o nível do post inicial, com muitas insinuações e muito fácil.
Pelo que creio que seja também este post uma estratégia de marketing de alguém que está cansado e que simplifica.
Dezembro 4, 2010 at 1:08 pm
Estou de saída Fernanda mas acrescento nesses tempos acreditava-se..em algo talvez de forma utópica..mas acreditava-se..hoje acredita-se em encher o bolso e consumir..nada mais….OU ALGUÉM NO SEU JUÍZO PERFEITO DOS NOSSOS DIAS DARIA UM DIA DE TRABALHO PARA A NAÇÃO COMO NOS TEMPOS -LOUCOS -DO VASCO GONÇALVES-..QUE NOS DEUS O 13º MÊS CREIO QUE FOI NO GOVERNO DELE…
Recibo
Recebi da firma—-a importância de escudos—–, correspondente à prestação de um dia de trabalho normal prestado voluntariamente no dia 6 de Outubro de 1974 (domingo), como manifestação de total apoio e adesão à oportuna e patriótica exortação do Primeiro-Ministro Brigadeiro Vasco Gonçalves.
—————-, 7 de Outubro de 1974.
Assinatura———————
(Selo inutilizado conforme o preceituado no art.º 12º do decreto nº 44083 de 12 de Dezembro de 1961)
Claro que a juventude não imagina sequer o que isto quer dizer, agora que já vão passados perto de 35 anos do 25 de Abril de 74. Provavelmente a maioria nem tem ideia precisa do que foi o 25 de Abril.
BEM VOU ENFRENTAR O FRIO POLAR….E COMER ALGO QUENTE..UMAS ISQUINHAS COM BATATA COZIDA E UM TINTO ERMELINDA..FUI MESMO…
DAQUI..
http://joseluis-gr.blogspot.com/2009/01/um-dia-de-trabalho-para-nao.html
Dezembro 4, 2010 at 1:10 pm
Bem citizen também não e bem assim..quando Hitler ou Estaline ou Pol Pot morreram muitos devem ter comemorado a sua morte de forma efusiva..não os critico…
Dezembro 4, 2010 at 1:13 pm
“ladaínha
mitologias mais bacocas
choro com baba e ranho
leva como luminária
Não há pachorra”
Às vezes é preciso calma.
E parar um pouco quando estamos mais cansados.
Dezembro 4, 2010 at 1:13 pm
#24
que porra de comparações!, amigo
Dezembro 4, 2010 at 1:20 pm
Não, não é o único.
Cada vez menos tenho paciência para a fantochada da política…
Dezembro 4, 2010 at 1:25 pm
Já estou na fase final d’ “os donos de Portugal”. Não sendo um livro que me vá marcar, recomendo-o, ficamos com a percepção de como o poder político e económico, as finanças e a economia se fundem contra a democracia na economia. Retrata também um fracasso monumental baseado numa oligarquia financeira incapaz de se modernizar com democracia, beneficiária do atraso, atraída pela especulação e pelas rendas do Estado e que se afasta da produção e da modernização. As mesmas famílias controlam ora o poder político ora o económico. Esta ganancia desenfreada trouxe-nos aqui, ao lugar onde iremos empobrecendo a trabalhar.
Dezembro 4, 2010 at 1:27 pm
Paulo Guinote,
Seja lá honesto e assuma uma posição definitiva: uma vez mais não entrou o meu comentário em resposta ao #23 do bulimundo.
Estou a achar muita coincidência. Desde ontem.
Ou esclarece que a culpa não é sua;
Ou desbloqueia os meus comentários;
Ou bloqueia a minha participação aqui.
Como é que ficamos?
A bola está no seu campo.
É só decidir-se.
Dezembro 4, 2010 at 1:29 pm
Além de tudo o mais que se possa dizer sobre a hipocrisia, a Antropologia ensina-nos que, na incerteza sobre o que está para lá da morte, é mais conveniente tratar bem os mortos…
Dezembro 4, 2010 at 1:31 pm
#28,
Caneta,
Não sei se viste na 5ªf a Quadratura do Círculo.
Seria bom que alguém fizesse um link para esse programa último.
Oiçam-no bem. Penso que seria bom ouvir as vossas reações.
Especialmente para quem pensa e acredita que já não há ideologias.
E António Costa esteve muito bem.
Dezembro 4, 2010 at 1:31 pm
#29 Ó Fernanda 1, se estivesses spamada nunca entravas…Já me aconteceu o mesmo e a outros comentadores. Aliás neste momento não consigo fazer parágrafos e mudar de linha. Será que o PG me spamou os parágrafos????
Dezembro 4, 2010 at 1:33 pm
#31 Não vi, vou procurar.
Dezembro 4, 2010 at 1:34 pm
http://sic.sapo.pt/programasinformacao/scripts/VideoPlayer.aspx?ch=quadratura&videoId=B1061529-EC49-4569-9704-742DC87764E2
Dezembro 4, 2010 at 1:35 pm
Como o nevoeiro político está muito cerrado, espera-se por um D. Sebastião na sede do PSD e não só.
Dezembro 4, 2010 at 1:37 pm
#30
😆
Dezembro 4, 2010 at 1:40 pm
http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/quadratura+do+circulo/2010/12/edicao-de-02-12-201003-12-2010-02440.htm
Dezembro 4, 2010 at 1:41 pm
Alexandre O’Neill
POEMA POUCO ORIGINAL DO MEDO
O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis
Vai ter olhos onde ninguém os veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no tecto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos
O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
……… (assim assim)
escriturários
…. …. (muitos)
intelectuais
…….. (o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com certeza a deles
Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados
Ah o medo vai ter tudo
tudo
(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)
………. *
O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos
Sim
a ratos
Dezembro 4, 2010 at 1:43 pm
Este folclore sobre a morte do Sá Carneiro interessa para desviar as atenções sobre quem nos desgoverna. É só isso!!!
Repararam como o Ernani Lopes foi proclamado um herói quase nacional, no dia que foi a enterrar.
Deixem os mortos em paz…
Dezembro 4, 2010 at 1:43 pm
Caneta,
É o link em #37.
Muito longo. Mas vai-se pondo forward…..
Dezembro 4, 2010 at 2:02 pm
“Governo espanhol decreta estado de alarme para mobilizar controladores aéreos”
Será que os transmontanos podem mobilizar o estado de alarme para mobilizar quem de direito a comprar limpa-neves ?
http://www.publico.pt/Local/governo-admite-falta-de-meios-para-limpeza-de-neve_1469320
Dezembro 4, 2010 at 2:23 pm
Deus não quis o mau exemplo social de SC.
Dezembro 4, 2010 at 2:35 pm
Mas Deus não era eunuco?
Dezembro 4, 2010 at 2:41 pm
Li mais acima alguém que confessou ter comemorado a morte de Sá Carneiro, e depois outro, a seguir, a tenter desculpá-lo com as comemorações pelas mortes do Hitler ou do Pol Pot…como se houvesse comparação possível.
Há uma esquerda radical imbecil que é bem o sintoma do nosso atraso. Lembro-me de, em Coimbra, ter ficado chocado ao ver uns exemplares dessa esquerda radical idiota a comemorarem a morte, num acidente, daquele militar da RMN, que chegou a ser candidato a PR, creio que se chamava Veloso…
Poucas semanas depois, coube-lhes a eles chorarem a morte, em condições muito trágicas, terríveis, de uns alunos da universidade, amigos deles. O carro em que seguiam despistou-se e incendiou-se. No banco de trás foram encontrados dois cadáveres queimados e abraçados.
Ouvi depois um dos idiota que tinha comemorado a morte do militar de direita, confessar que, a partir de então, nunca mais iria gozar com a morte de ninguém.
Dezembro 4, 2010 at 3:09 pm
Comemorar a morte dos outros revela grande falta de valores.
Dezembro 4, 2010 at 3:17 pm
Não acredito em homens ou mulheres providenciais, como tendo a não endeusar os génios.
Lembro-me bem de Sá Carneiro: um político uns anos à frente do seu tempo, apenas isso.
Deixemo-lo em paz.
Dezembro 4, 2010 at 3:29 pm
Atenção…eu não disse o que pretensamente se leu..eu apenas disse que a morte de certas pessoas -que não o Sà Carneiro- PODEM E DEVEM COMEMORARADAS E DEI EXEMPLOS..SÓ UM LOUCO Não FESTEJARIA A MORTE DE TAIS PERSONAGENS…E OUTRAS HAVERÁ…A HIPOCRISIA DAS PESSOAS LEVA POR VEZES A DIZER QUE ISSO É IMORAL…NOS CASO CITADOS IMORALIDADE é Não COMEMORAR…nada mais..
Mas quanto a pessoas insubstituíveis..que queiramos quer não elas existem…a história está cheia delas…e por mais que nos custe muito dificilmente o serão substituídas..um Mandela Um Gandhi-só para citar 2 exemplos… não têm substitutos…quando muito clones….
Dezembro 4, 2010 at 3:30 pm
Digo: podem e devem ser….
Dezembro 4, 2010 at 3:36 pm
#37 – Fernanda daqui a uma hora eu ponho o vídeo no meu canal do youtube:
http://www.youtube.com/user/livrescowordpress
Qualquer vídeo interessante manda para:
livresco.wordpress@gmail.com
Dezembro 4, 2010 at 3:48 pm
#49
ouvi (só) o vídeo e é interessante a flexão (para a esquerda) do A. Costa
outro assunto:
“Los controladores ceden ante el estado de alarma
La carta en la que se les amenazaba con aplicarles el Código Penal Militar surte efecto.- El delito más grave, el de sedicion.- Los controladores ya se están reincorporando “paulatinamente” a sus puestos.- Los controladores, sometidos al Código Penal Militar”
sedicion -> motim (como na “tropa”)
http://www.elpais.com/articulo/economia/controladores/ceden/estado/alarma/elpepueco/20101204elpepueco_2/Tes
Dezembro 4, 2010 at 3:51 pm
Mais do que do choradinho à volta da morte trágica de Sá Carneiro, chateia-me sobretudo a teoria da conspiração sobre o eventual atentado de que terá sido vítima.
E recordo que estavam no poder, na altura, os seus correligionários políticos. Se houve ou não atentado, é algo que ao tempo tiveram todas as condições para averiguar.
Optaram pela tese do acidente e encerraram o caso, e agora andam a rebuscar esta porcaria sempre que lhes parece terem algo a ganhar politicamente com a morte de um homem que não chegou a ser um estadista – desde logo porque não esteve tempo suficiente no poder – mas que era claramente superior a todos os actuais líderes da direita.
Dezembro 4, 2010 at 3:52 pm
Uma lembrança a propósito do programa de ontem da sicnot.
António D’Orey Capucho afirma, às tantas, que a seguir ao 25 de Abril todas as Câmaras de Vila Real a Monção estavam dominadas pelo PCP.
Comentando comigo, diz-me o meu marido:”Lembras-te de quando fui ter contigo a VN de Foz Côa, quando lá estavas a dar aulas? Estávamos no café e veio um senhor já velhote ter connosco. Muito baixinho, pergunta-nos se queremos comprar o Avante, retirando 1 exemplar que trazia escondido. Lembras-te de eu ter falado alto e bom som: sim, eu compro o jornal. Quanto é mesmo?”
Claro que me lembrei. E tinham passado 2 anos depois do 25 de Abril……..
Lol…Lol…..
Dezembro 4, 2010 at 3:54 pm
A direita umbiguista está hoje muito calada. Ninguém aparece aqui a tecer loas ao Sá Carneiro.
Ou será a comoção tão grande que lhes entorpece o pensamento?…
Dezembro 4, 2010 at 3:59 pm
O post deu o tom.
Quem discordar, leva.
Dezembro 4, 2010 at 4:01 pm
Concordando com o tom geral do post, há uma ressalva que quero fazer, parece-me forçada a comparação da memória de Sá Carneiro com a de José Afonso.
O Zeca fica para a História como uma das duas grandes figuras da música popular portuguesa no século XX. A outra é a Amália Rodrigues.
Sá Carneiro tinha grande carisma e personificava um projecto para o país que não teve tempo de executar. Pura e simplesmente não ficará para a História.
Dezembro 4, 2010 at 4:01 pm
“Sá Carneiro é, à direita, uma espécie de José Afonso para a esquerda”.
No comments.
Dezembro 4, 2010 at 4:02 pm
Transmissão de pensamentos?!?
Dezembro 4, 2010 at 4:03 pm
#51
“era claramente superior a todos os actuais líderes da direita”
pudera -> até fez parte da ala liberal da União Nacional do Marcello
já Cavaco estava em sintonia com o regimen
Dezembro 4, 2010 at 4:05 pm
#55
popular e não só
Dezembro 4, 2010 at 4:05 pm
#54
Mas já se fizeram aqui homenagens solenes a Sá Carneiro. Numa rápida pesquisa, encontrei:
Dezembro 4, 2010 at 4:07 pm
mas o “não só” tb não justifica a proposição
(digo eu)
Dezembro 4, 2010 at 4:12 pm
Quando os vivos têm pouca vida ou tudo fazem para diminuí-la e amesquinhá-la, mergulham na ilusão de que o culto idólatra dos mortos poderá dar-lhes a centelha que lhes falta.
Os políticos que temos têm uma visão pequena da vida, são pequenos e querem apequenar os outros, anões num reino de pigmeus.
Porque a Política (com maíscula) tem como missão primeira ampliar as possibilidades da Vida.
Dezembro 4, 2010 at 4:12 pm
Verdade.
Mas fica bem.
É chic agora dizer-se isto.
É desalinhado qb.
Pena mesmo aquela comparação entre SC e JA.
Caso contrário, apoiaria o post a 100%.
Vou comprar peixinhos para o aquário.
Até logo.
Dezembro 4, 2010 at 4:13 pm
#59
Popular no sentido em que é uma música que nasce da tradição popular e da fantástica capacidade do Zeca para assimilar e entrecruzar as diversas influências que foi apreendendo, dando largas a partir daí ao seu génio criador.
Admirador incondicional da obra musical de José Afonso, o adjectivo “popular” não significa para mim menor merecimento da sua música.
Foi um homem que cantou o mais profundo do seu povo e esse é para mim o maior elogio que se lhe pode fazer.
Dezembro 4, 2010 at 4:18 pm
#64
… e um catalisador de indignação, quiçá revolta e revolução
Dezembro 4, 2010 at 4:20 pm
terá sido influenciado pela leitura duma qqr “cartilha”?
Dezembro 4, 2010 at 4:25 pm
Pessoal, O Bulimundo é de uma baixeza!!!!!
Aí no Norte fala-se bem, pá!!!!!!!
Dezembro 4, 2010 at 4:31 pm
Em Portugal é assim. Em vida ou em exercício do cargo diz-se cobras e lagartos de um homem. Ele demite-se ou morre e é alvo dos maiores encómios. Julgo que apenas o desaparecimento (político) de Sócrates, quando acontecer, é que vai inverter um pouco esta tendência porque não acredito que haja muita “lágrima” por aí… Só dos boys, naturalmente.
Dezembro 4, 2010 at 4:35 pm
Sá Carneiro tem funcionado como o D. Sebastião dos tempos modernos, por ser o estadista que prometia ser, por parecer ser diferente dos seus correligionários, e que não se concretizou. O político que acabou por não se desgastar nos meandros do poder e, por isso, se foi com uma aureola de “salvador”.
#51, António Duarte
e
#21, Fernanda 1
Não interessava, nem aos correligionários, nem às forças de (extrema) direita investigar o “acidente”. Por isso, sempre que falam, falam de um atentado a Sá Carneiro… o que não seria possível, já que o avião não era para ele. Ele apenas pediu uma boleia em cima da hora.
Poucas vozes fala(ra)m de um atentado a AAC . Não interessa(va)…
Dezembro 4, 2010 at 4:40 pm
Uma pergunta… por acaso algum dos assinados acima leu o que à época e ao longo dos anos se publicou sobre o sucedido? Vale a pena, garanto-vos…
Dezembro 4, 2010 at 4:44 pm
Quinta-feira, 2 de Dezembro de 2010
Sá Carneiro revisitado e revisto
(…)
http://portadaloja.blogspot.com/2010/12/sa-carneiro-revisitado-e-revisto.html
Dezembro 4, 2010 at 5:01 pm
é pá! esta é uma in(audita) “imagem rara”
“Sócrates e Cavaco de mãos dadas”
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/11849265.html
Dezembro 4, 2010 at 5:02 pm
Carneiro foi juntamente com soares o pai do desmantelamento da revolução de 74.
Defensor de um liberalismo que depois da sua morte veio a fazer história, se não tivesse morrido teria hoje o prestígio de um cavaco, de um soares ou de qualquer outro serventuário do capital monopolista e especulador. A morte física lamenta-se o mesmo não poderá ser dito da morte política. Essa parece-me por demais evidente.
Dezembro 4, 2010 at 5:04 pm
livresco esse tal de portaldaloja deve ser a biblia dos novos tempos…
Muda o disco!
Dezembro 4, 2010 at 5:04 pm
Consigo achar compreensível que continuem a falar de Sá Carneiro.
O que acho inadmíssivel é que estejam sempre a insinuar/ a considerar a hipótese de reabrir o inquérito às causa do acidente que o vitimou.
Todos sabemos o que é a Justiça portuguesa e estes casos, estas possibilidades ao fim de 30 anos, a terem validade, fazem-nos (fazem-me) desconfiar até da sombra dos tribunais.
Dezembro 4, 2010 at 5:11 pm
Acho piada falarem tanto de Sá Carneiro, apenas porque me fazem reviver os tempos áureos da minha adolescência como se fossem hoje.
Ainda não tinha consciência política. Que sorte!
Dezembro 4, 2010 at 5:18 pm
#76
em 1980 já eu tinha um filho com 3 anos.
Tropa feita -> 1 cá e 2 lá
Dezembro 4, 2010 at 5:22 pm
# 77
Estou muito atrasada, está visto!
Bem, também já só me falta fazer a tropa… 🙂
Dezembro 4, 2010 at 5:31 pm
a propósito, segue um esclarecimento:
em contacto com a CGA, fiquei a saber que o meu processo de aposentação está deferido e na fase de despacho (próxima semana). Sendo assim, serei professor até ao fim deste período. Em janeiro serei apenas cidadão.
Considerando esta perspectiva, passarei a comentar, aqui (como em qqr outro sítio), na qualidade de prof. aposentado.
o V/ sempre citizen
Dezembro 4, 2010 at 5:33 pm
Parabéns citizen! (que inveja…)
Dezembro 4, 2010 at 5:33 pm
#77
a Nação agradece 😛
Dezembro 4, 2010 at 5:35 pm
Obrigado! ViveKananda
a tua única vantagem é seres mais novo
Dezembro 4, 2010 at 5:36 pm
carlosmarx, por aqui? Por que não vais para a alemanha de leste? Ias à sede da stasi, e oferecias-te como bufo para denunciares anti-comunistas e gajos que não alinhem pela cartilha… Vai que eles estão a contratar pessoal!
Dezembro 4, 2010 at 5:37 pm
únicaDezembro 4, 2010 at 5:39 pm
#79
Citizen, felicidades e muita saúde para gozares a reforma!…
Dezembro 4, 2010 at 5:43 pm
#79
Obrigado! vão umas bejecas um dia destes, António?
Dezembro 4, 2010 at 5:59 pm
Parabéns Citizen…aqueles que da morte lenta-este CALVÁRIO DOCENTE- SE VÃO LIBERTANDO..CADA VEZ MENOS VÃO TER A TUA SORTE..APROVEITA BEM Carpe reformem…
Dezembro 4, 2010 at 6:41 pm
Na tarde de 4 de Dezembro de 1980 estava na tropa, na Força Aérea. Cansado de uma “directa” de Serviço, vim para casa, para o Barreiro à hora de almoço e dormitei na sala em frente ao televisor, ligado, mas sem som.
Às tantas, acordei com estrépito de foguetes; achei estranho, não costuma haver festas populares em Dezembro. Olhei para a televisão, ainda a preto e branco, e subi o som – o avião despenhado e a notícia da morte de Sá Carneiro e acompanhantes.
Os foguetes foram lançados da sede concelhia do PCP, então a 50 metros da minha casa.
Dezembro 4, 2010 at 6:43 pm
#87
Obrigado, Buli. Continua com os teus vídeos e… modera a linguagem (quando der para isso, claro)
Dezembro 4, 2010 at 6:50 pm
#88
tem a certeza de que não foram misseis terra-ar?
Dezembro 4, 2010 at 6:55 pm
79,
Pode continuar a trabalhar na escola como voluntário.
Dezembro 4, 2010 at 6:58 pm
# 79
Parabéns! Afinal, deu um jeitaço ter ido à tropa antes da morte de Sá Carneiro.
Ah, não se esqueça de que há aquela coisa nobilíssima de voluntariado na Educação… 🙂
Dezembro 4, 2010 at 7:00 pm
Em Santa Helena ainda cabe mais um.
Dezembro 4, 2010 at 7:02 pm
#17,
Exacto.
#18,
Se reparar, eu dei mais valor ao SC-homem, por isso mesmo. Talvez tenha lido demasiado depressa o post.
#39,
Pois…
Dezembro 4, 2010 at 7:10 pm
Quando as nuvens partirem, o céu azul ficará.
Dezembro 4, 2010 at 7:11 pm
#92
Obrigado! trocaria esses 2 anos de Guiné (21/23 anos) por reforma aos 67, pode crer.
#91;92 vou vender, para compensar a penalização. Ainda não fiz bem as contas mas o mais provável é ter que reduzir is pregos para metade.
Dezembro 4, 2010 at 7:14 pm
•Anselmo Dias
Para favorecer a banca
Governo penaliza poupança e endivida-se no estrangeiro
Portugal é, como todos os nossos leitores sabem, um país altamente endividado. O Estado está endividado, cerca de 146 mil milhões de euros. As empresas estão endividadas, cerca de 177 mil milhões de euros. A banca privada está endividada, cerca de 188 mil milhões de euros. Estes dados, fornecidos pelo Banco de Portugal, reportam-se a Junho de 2010 e referem-se, exclusivamente, à divida externa bruta.
Foto LUSA
Trata-se de uma realidade fruto de práticas políticas erradas ao longo dos anos, cujas consequências, derivadas da amortização da dívida e do pagamento de juros, vão conduzir o país a um dos maiores patamares de regressão social da nossa história contemporânea, salvo se, entretanto, não se concretizar, como se impõe, uma ruptura democrática.
As dívidas atrás referidas têm de ser regularizadas nos termos e condições draconianas impostas pelo mercado.
No que respeita ao Estado, o pagamento da dívida tem sido realizado pela contratação de novos empréstimos cada vez mais caros, o que agrava a situação do orçamento do Estado, ao mesmo tempo que coloca Portugal numa relação de maior subalternidade relativamente ao estrangeiro.
Como é que se chegou onde chegámos?
Chegámos pelos caminhos ínvios das políticas de direita que fomentaram:
– o desinteresse pelos investimentos na área produtiva, designadamente nos sectores primário e secundário da nossa economia;
– o privilégio dado a investimentos de fachada sem qualquer retorno económico e social;
– a excessiva canalização de recursos para o saturado mercado imobiliário, cujos fogos por vender significam qualquer coisa estimada em cerca de 100 mil milhões de euros parados. Uma barbaridade!
– o desvio de avultadas verbas: para auto-estradas quase vazias; para investimentos turísticos onde são praticados salários de miséria; para a renovação obsessiva de viaturas topo de gama;
– o consumo por via das importações em detrimento da produção de bens transaccionáveis com incorporação de média e alta tecnologia, adequados ao mercado interno e à exportação;
– o estímulo ideológico à ostentação e à afirmação social por via do consumismo, em vez da valorização dos valores ligados ao saber e ao civismo;
– a permissividade das autoridades face à fuga ao pagamento dos impostos por parte das empresas e das grandes fortunas;
– a gestão perdulária dos dinheiros públicos por parte dos «cavalos de Tróia» do PS, PSD e CDS-PP instalados no Governo, na administração pública e no sector empresarial do Estado;
– o uso dos dinheiros públicos na satisfação de clientelas na área do out-sourcing, das consultorias, das assessorias e no tráfico de influências;
– a apropriação de uma parte significativa da riqueza nacional por parte dos grandes accionistas das empresas dominantes do mercado na área financeira, da electricidade, dos combustíveis, das comunicações e da grande distribuição.
Esta caracterização, embora não exaustiva, tem sido abundantemente referida nas páginas do Avante! e nos vários documentos dos comunistas, caracterização sobre a qual existe um total consenso.
Há, contudo, aspectos pouco abordados e pouco avaliados, não obstante a sua importância estratégica, como a seguir se evidencia.
A questão da poupança
Em Portugal a poupança tem vindo, no rotativismo do PSD e do PS, progressivamente a diminuir sendo, de momento, cerca de metade da poupança verificada na Alemanha, tendo como referência o rendimento disponível.
Mesmo na vizinha Espanha o nível de poupança é significativamente superior ao nosso.
Porque é que associamos esta questão às malfeitorias atrás referidas?
Porque a poupança é um vector estratégico no desenvolvimento.
Deve, prioritariamente, embora não exclusivamente, ser através das poupanças que se obtêm os meios necessários ao investimento.
É evidente que o investimento pode ser feito à custa do endividamento externo. Só que neste caso gera-se uma relação de dependência, tanto maior quanto maior for o crédito externo, como actualmente se verifica em que o Estado Português está, como é público e notório, totalmente desarmado face às condições impostas pela agiotagem internacional.
Para estes qualquer pretexto serve para ganhar dinheiro. Basta um ligeiro suspiro ou um pequeno arroto do Ministro das Finanças para os compradores da dívida pública alterarem as respectivas taxas de juro.
Mas porque é que chegámos onde chegámos?
A explicação primeira reside no défice da balança comercial obrigando-nos a drenar para o estrangeiro vultuosas verbas destinadas a pagar as importações, sem esquecer o dinheiro saído do país correspondente, quer aos lucros das empresas estrangeiras, quer aos dividendos dos accionistas estrangeiros nas empresas portuguesas.
Acresce a tudo isto três outras condicionantes:
– uma pelo estímulo ao consumismo desenfreado através do crédito, em vez do consumo racional por via de melhores salários;
– outra por via da estratégia dos governos do PS e do PSD, associada aos interesses da banca privada, limitando a possibilidade do Estado recorrer directamente ao seu financiamento junto da população, por forma a que, no plano da ganância, os banqueiros tenham rédea solta na captação de recursos, quando e como muito bem lhes aprouver;
– uma outra, ainda, por parte da banca, por via do não pagamento de juros às pequenas poupanças e ao esmagamento de taxas para os depósitos mais elevados.
Com este cocktail, associado aos baixos salários e às baixas reformas, não é de admirar que a taxa de poupança seja muito baixa, obrigando o Estado a recorrer ao endividamento externo quando o devia fazer cá dentro em condições económicas mais vantajosas e sem a grilheta que nos é colocada pelo sistema financeiro internacional.
É, pois, um imperativo, no plano da racionalidade económica e numa perspectiva de independência nacional, criar condições políticas e económicas para o crescimento da poupança.
É certo que a redução salarial dos funcionários públicos e dos trabalhadores das empresas do sector empresarial do Estado, o nível de desemprego, o aumento do IRS e do IVA e as reduções das prestações sociais minimizam a possibilidade de poupança da generalidade dos trabalhadores, já de si reduzida. Há, contudo, sectores onde é possível estimular a poupança.
Referimo-nos aos nossos emigrantes.
As remessas dos emigrantes
De acordo com os últimos dados disponíveis as remessas dos emigrantes, no decurso de 2009, atingiram cerca de 2282 milhões de euros.
Este valor foi inferior ao verificado em 2008, o qual, por sua vez, foi inferior ao ano transacto.
Uma análise aos últimos 15 anos permite concluir que entre 1996 e 2001 há uma evolução positiva. Mas em 2002, por critérios impostos por Bruxelas, houve uma alteração na contabilização das remessas o que provocou uma queda estatística na ordem dos 25%.
No decurso da presente década há oscilações a evidenciar que, não obstante o aumento da emigração, o envio das remessas não acompanha esse crescimento.
Em qualquer dos casos estamos perante verbas significativas, cuja origem, cerca de 90%, provém dos seguintes países: França, Suíça, EUA, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Luxemburgo, Canadá e Bélgica.
Esta listagem, comparativamente aos últimos 15 anos, sofreu uma alteração.
Com efeito, durante muitos anos, a Alemanha ocupava o 4.º lugar no que concerne à origem das remessas, posição entretanto assumida por Espanha.
Verifica-se, igualmente, um crescendo nas remessas com origem nos países africanos de expressão portuguesa, designadamente de Angola, bem com uma evolução, embora pouco significativa, de remessas de países do Leste da Europa.
Relativamente aos restantes países, excluindo os da OCDE e os PALOP, onde se incluem os países da América Latina, o valor total das remessas são inferiores àquelas que são remetidas pelos nossos emigrantes localizados num pequeno país: o Luxemburgo.
Estas remessas têm, naturalmente, vários destinos, um dos quais é a sua canalização sob a forma de depósitos bancários.
Os dados disponíveis nos Anuários Estatísticos do INE evidenciam uma regressão no valor dos depósitos dos emigrantes, passando de 8574 milhões de euros em 2003, para 5533 milhões de euros em 2007.
Mercê desta regressão não é de admirar que o peso dos depósitos dos emigrantes, relativamente ao total dos depósitos, tenha passado de 6,5% em 2003, para uns residuais 3,5% em 2007.
Trata-se de uma realidade com consequências negativas na medida em que afecta ainda mais o já reduzido nível de poupança dos residentes em Portugal.
Haverá certamente várias explicações para essa situação, uma das quais terá a ver com a forma de remuneração dos depósitos, sem esquecer o estímulo dado pela própria banca ao encaminhamento das poupanças para os chamados paraísos fiscais, num dos quais, as ilhas Caimão, estão depositados cerca de 12 800 milhões de euros provenientes de insignes patriotas portugueses.
Embora os dados disponíveis não desagreguem os juros creditados aos emigrantes e aos residentes, nem tão pouco desagreguem os depósitos à ordem e os depósitos a prazo, a verdade dos factos é que a remuneração média é muito baixa, atingindo, por exemplo, em 2004 e 2005 um valor médio na ordem de 1,4%.
Com tal remuneração é caso para dizer aos gestores do BCP, do BES, do BPI, do Santander Totta: vão mas é roubar para a estrada.
Urge, pois, alterar este estado de coisas.
Importa estimular as remessas dos emigrantes e remunerar devidamente os depósitos bancários por forma a haver disponibilidades em Portugal que dispensem, tanto quanto possível, o recurso ao crédito externo.
Para tanto cabe ao governo dar orientações precisas à Caixa Geral de Depósitos para que assuma esse papel e que esta deixe de ser, como é, um capacho da banca privada.
______________
Fontes:
Posições de Investimento Internacional, Banco de Portugal;
Anuário Estatístico do INE;
Jornal Mundo Português, de 15/10/2010;
Jornal Expresso de 20/10/2010.
Dezembro 4, 2010 at 7:22 pm
Dois casos a benefício do inventário
Esta quinta-feira, 2 de Dezembro, entre as muitas iniciativas programadas estão duas que merecem particular destaque. Uma é a reunião da concertação social, que vai ter como prato forte as propostas do Governo para «aprofundar» as reformas do mercado de trabalho tendo em vista ajustá-las às actuais condições económicas, como fez saber o ministro da Finanças. A outra é a votação na Assembleia da República da proposta do PCP que visa permitir a tributação, ainda este ano, da distribuição de dividendos que várias empresas se preparam para fazer antecipadamente de forma a fugir à cobrança de impostos sobre tais lucros inscrita no Orçamento do Estado para 2011.
No primeiro caso, a flexibilização laboral – eufemismo usado para a liberalização dos despedimentos, entre outros aspectos – é apresentada como uma (mais uma) inevitabilidade, servindo a crise para explicar todas as mudanças de regras que liquidam direitos dos trabalhadores. Em boa verdade pode mesmo dizer-se que o Governo diz querer discutir com os «parceiros» já está acordado com os «patrões» europeus, como amavelmente fizeram saber este domingo o presidente do Ecofin e o comissário europeu para as questões económicas e monetárias, ao congratularem-se em Bruxelas por Teixeira dos Santos ir «adoptar reformas no sector da saúde, do mercado de trabalho, dos transportes (…)» e encorajando as autoridades portuguesas a intensificá-las.
No segundo caso, pelo contrário, a tributação dos lucros está mais encrespada do que mar alto em noite de temporal. Ao que parece o PS não vê jeitos de encontrar uma «solução técnica adequada», receia os efeitos «imprevisíveis» da súbita mudança de regras, pelo que está «inclinado» a rejeitar a proposta dos comunistas e a não tomar qualquer iniciativa legislativa sobre a matéria. Mas atenção, os que embolsarem milhões de lucros por antecipação serão punidos com a dolorosa pena da «sanção moral», o que muito angustia a PT, Portucel, Jerónimo Martins, Sonae e outras que tais. Quanto ao PSD, já se sabe, preza muito a vertente moral.
Apaziguadas assim as consciências, segue o discurso do «sacrifício para todos».
Dezembro 4, 2010 at 7:26 pm
http://www.avante.pt/pt/1931/emfoco/111573
Dezembro 4, 2010 at 7:27 pm
100.
Saudades da Manuela.
Dezembro 4, 2010 at 7:48 pm
Em tempos de crise nada melhor que um D. Sebastião, uma Senhora de Fátima, um Salazar… ou Sá Carneiro, pq não? O pior será quando a crise se estender e começarem a surgir nomes como Josés, ou Lurdes, ou Alçadas, ou… aí é que eu não aguentarei.
Dezembro 4, 2010 at 7:54 pm
Dezembro 4, 2010 at 7:55 pm
89 # Parabéns, Citizen!
É bom livrar-se do actual cenário dantesco que tem vindo a fazer desmerecer a nossa atitude de intervenientes, na construção de um mundo melhor, onde prevaleça a equidade, o rigor e a justiça. Os políticos emergentes não gostam da escola e, muito menos, de professores! Todavia, os jovens ainda permanecem generosos. Ora, haja pois a consolação de sentirmos que, de agora em diante, o nosso empenhamento será apenas reconhecido na distribuição de sopa aos velhinhos e na oferta de cobertores aos sem-abrigo.
Dezembro 4, 2010 at 7:56 pm
Secretario General de la ONU reconoce ayuda médica cubana a Haití
NACIONES UNIDAS, 3 de diciembre. — El secretario general de Naciones Unidas, Ban Ki-moon, destacó hoy la importancia del trabajo de la brigada médica cubana en Haití, en el combate contra el cólera que azota a ese país antillano y que ha provocado 1 882 decesos y más de 84 000 hospitalizados.
Al intervenir en una sesión de la Asamblea General dedicada a la situación haitiana, el titular de la ONU resaltó la labor de los centros de atención contra la enfermedad instalados por el contingente enviado por Cuba.
Asimismo, hizo referencia a los 300 nuevos colaboradores de la salud que se sumaron a la brigada cubana que se encuentra en Haití desde antes del terremoto de enero pasado, y que ya había sido reforzada a raíz de esa tragedia.
La asistencia de Cuba fue elogiada también por el embajador haitiano ante la ONU, Leo Merore, y representantes de varios estados miembros, entre ellos Noruega, cuya delegada expresó el orgullo de su país de cooperar con los cubanos en Haití.
En ese sentido, el representante permanente de Cuba ante la ONU, Pedro Núñez Mosquera, informó que los cubanos tienen a su cargo 38 centros de atención al cólera, donde hasta el pasado día 29 habían sido atendidas 27 015 personas.
Cuba reitera una vez más su disposición a continuar brindando su asistencia solidaria al pueblo haitiano, como viene haciendo desde hace más de diez años, y se une a los llamados realizados para que se agilice la asistencia a ese país, concluyó.
Dezembro 4, 2010 at 8:00 pm
Recibe Raúl al Presidente de Timor-Leste
El General de Ejército Raúl Castro Ruz, Presidente de los Consejos de Estado y de Ministros, recibió en la tarde de ayer, en el Palacio de la Revolución, al excelentísimo Doctor José Manuel Ramos-Horta, Presidente de la República Democrática de Timor-Leste y Premio Nobel de la Paz, quien realiza una visita oficial a nuestro país.
Momento en que Raúl impone la Orden José Martí al distinguido mandatario.
Luego de la ceremonia de recibimiento, ambos mandatarios ratificaron el excelente estado de las relaciones bilaterales y la voluntad de fortalecerlas. También abordaron varios temas de la agenda internacional.
El General de Ejército agradeció al Presidente Ramos-Horta la Orden Timor-Leste en Grado “Gran Collar”, conferida por el Gobierno de su país al Comandante en Jefe Fidel Castro. Por su parte, Ramos-Horta se sintió honrado al ser acreedor de la Orden “José Martí”, la más alta condecoración que otorga la República de Cuba.
En el encuentro participaron, además, el excelentísimo señor Zacarías da Costa, ministro de Negocios Extranjeros y Cooperación de la República Democrática de Timor-Leste, y por la parte cubana Esteban Lazo Hernández, vicepresidente del Consejo de Estado, y Marcelino Medina González, ministro interino de Relaciones Exteriores.
Dezembro 4, 2010 at 8:01 pm
“La reacción del establishment demuestra que la estrategia de Assange ha funcionado. El sistema está perplejo al ver su propia debilidad mental reflejada en un enorme espejo digital”
Salvador López Arnal
Rebelión
Pepe Escobar es un documentado y finísimo analista geopolítico que ya ha sido entrevistado en varias ocasiones por rebelion.org, además de publicar artículos en su página. Es autor, entre otras publicaciones, de Globalistan: How the Globalizad World is Dissolving into Liquid War (Nimble Books, 2007) y Red Zone Blues: a shapshot of Baghdad during the surge. Más recientemente ha publicado Obama does Globalistan (Nimble Books, 2009), un libro que merece ser traducido al castellano con la máxima urgencia.
Sobre Wikileaks, asunto central de la conversación, acaso sea conveniente recordar lo siguiente: Wikileaks es una Web dedicada a la publicación de informaciones anónimas y filtraciones sensibles, especialmente de carácter gubernamental, aunque, según se afirma, también bancario, religioso y empresarial. Su base de datos alberga, hasta la fecha, más de un millón de documentos, cuya publicación comenzó en 2007, aunque fue en abril de 2010 cuando ha alcanzado una repercusión mundial tras hacer público un vídeo en el que mueren por disparos estadounidenses dos empleados de Reuters. En julio de 2010, protagonizó la filtración masiva de unos 77.000 documentos sobre la guerra de Afganistán; tres meses después, el portal filtró casi 400.000 archivos sobre la guerra de Irak. El cofundador y actual director, el australiano Julian Assange, 39 años, antiguo hacker, vive escondido en el sur de Inglaterra. Tiene una demanda de arresto internacional emitida por INTERPOL tras una orden de la justicia sueca por una presunta violación. La policía británica está informada actualmente de su paradero. Sus abogados temen que si el Reino Unido lo entrega a Suecia, la fiscalía sueca pueda entregarlo a Estados Unidos.
La plantilla estable de la Web Wikileaks es de una veintena de personas y cuenta con casi un millar de colaboradores entre periodistas, abogados y personal informático. Una conexión cifrada permite a cualquier persona enviar a Wikileaks, de forma anónima y sin dejar rastro, cualquier tipo de archivo. El soldado estadounidense perteneciente al departamento de inteligencia Bradley Manning, destacado en Bagdad (Irak), está detenido bajo la acusación de haber entregado a Wikileaks documentos secretos. Entre ellos, el vídeo de 39 minutos en el que un helicóptero Apache abate en la capital iraquí, junto a otras diez personas, a dos empleados de la agencia Reuters
* * *
¿Qué opinión te merece Wikileaks? ¿Quiénes financian sus actividades?
Veo a Wikileaks como un incisivo neo-baudelaireano paraíso artificial en conjunción con un sistema triádico de anarquismo, libertarismo y altísima tecnología. En sus inicios Wikileaks era un colectivo que incluía disidentes chinos como Xiao Qiang e Wang Dan; periodistas opuestos a dictaduras militares; matemáticos y especialistas en ciencias de la información… Una multinacional de cerebros, digámoslo así, de EEUU, Europa, Australia y Taiwan.
Wikileaks tenía diversos apoyos económicos. Por ejemplo, de Associated Press, Los Angeles Times y Reporteros sin Fronteras. Actualmente, y por diversos motivos, estos grupos han cancelado su ayuda. Permanecen, por el contrario, una miríada de micro-colaboradores que apoyan económicamente vía PayPal.
Tampoco siguen en Wikileaks una docena de antiguos colaboradores de Assange. Permanecen unos cuarenta colaboradores próximos, y unos 800 que ayudan desde fuera. Todo se mantiene con un presupuesto anual minúsculo de unos 200.000 euros. No hay un lugar que sea propiamente una sede, una base física de la organización.
Por lo que cuentas, es casi un milagro económico.
Exactamente. Wikileaks es, sin el “casi”, un milagro económico. ¡200.000 euros son suficientes para desnudar el Imperio, como lo fueron los 500.000 dólares que costó el 11-S!
Wiki funciona en una especie de universo paralelo con una impenetrable seguridad interna. Daniel Ellsberg, quien reveló los Papeles del Pentágono (Pentagon Papers) en 1971, ve a Assange como un héroe. La portavoz de Wikileaks, Kristinn Hrafnsson, sostiene que la base de la organización continua siendo un “gateway for whistleblowers” [literalmente: una puerta de entrada para denunciantes]. No se identifican sus fuentes de información.
Assange cambia permanentemente sus servidores de Internet. Tiene también una “arma secreta”, una selección de documentos encriptados, que se han bajado, vía Twitter, a las computadoras de centenares de partidarios. Si algo le sucede, el conocido “accidente” del mundo del espionaje, podría iniciarse automáticamente la divulgación del password que permite acceder a todos esos documentos secretos que por el momento permanecen encriptados.
Una buena estrategia de defensa.
Sí, sí, lo es. Assange es ahora una especie de enemigo número uno del establishment de EEUU. Por causa de la demanda de arresto de INTERPOL, que, según mis fuentes de información es una sucia invención sueca, Assange debe de estar actualmente escondido en algún lugar del sudeste de Inglaterra [Escobar afirmaba esto último antes de que la noticia fuera pública]. Scotland Yard sabe su paradero y puede ser aprehendido en cualquier momento. McLuhan estará seguramente riendo, o acaso llorando, en su tumba. Si el medio es el mensaje y no puedes eliminar el mensaje, ¿por qué no el medio?
En tu opinión, lo que está sucediendo, ¿representa realmente una amenaza para los secretos de las grandes potencias? ¿Pueden existir aquí juegos con caras insospechadas? Tú mismo has afirmado en un artículo reciente que publicó rebelión que no es probable que “los 1,6 gigabytes de archivos de texto que contenían 251.287 cables filtrados del Departamento de Estado de EE.UU. de más de 250 embajadas y consulados provoquen “una catástrofe política”, como dijo la revista alemana Der Spiegel, respecto a la política exterior de la hiperpotencia mundial”. ¿Estás tan seguro? No se conocen hasta ahora muchos de esos documentos pero lo que se sabe no parece una simple nota a pie de página o un comentario malhumorado. Se habla de presiones, chantajes, descalificaciones. Lo sabido o sospechado por todos pero documentadamente, con papeles.
Me gustaría extenderme un poco en la respuesta.
Hazlo. No tenemos ninguna urgencia.
Para empezar. Permíteme explicar lo que sería el credo, déjame usar este término en desuso, de Assange, de acuerdo con sus propias palabras. Tomo pie en “State and Terrorist Conspiracies”. Aquí puede leerse: “Para cambiar radicalmente el comportamiento del sistema, debemos pensar con claridad y audazmente, porque si algo hemos aprendido es que los regímenes políticos no desean ser transformados. Tenemos que pensar más allá de aquéllos que nos han precedido, y descubrir cambios tecnológicos que nos animen con formas de actuación que nuestros antecesores no pudieron usar. En primer lugar, debemos entender qué aspecto de la conducta del gobierno o de las grandes corporaciones queremos cambiar o eliminar. En segundo lugar, debemos desarrollar una forma de pensar acerca de ese comportamiento que sea lo suficientemente consistente para llevarnos a través del fango del lenguaje políticamente distorsionado y conducirnos una posición clara. Por último, debemos utilizar esta información para que nos ayude a emprender un camino que desemboque en una acción noble y eficaz” [1].
Assange ve Wikileaks como un anti-virus que nos puede ayudar a combatir la distorsión del lenguaje político. Cree sustancialmente que revelar secretos llevará a la parálisis desinformativa en este ámbito, a la no producción de más secretos en el futuro. Sin duda, lo admito, es una visión anárquica-romántica-utópica.
Assange imagina, esencialmente, a los EEUU como una gran, como una enorme conspiración autoritaria. Chomsky podría sostener lo mismo. La diferencia es que él cree que tiene una estrategia de combate contra esta conspiración: degradar la habilidad, la capacidad del sistema para conspirar. Es aquí donde entra la metáfora de una red de computación. Assagne quiere combatir el poder del sistema tratándolo como un ordenador que está afectado, estropeado por “las arenas del desierto”. ¡Cómo me gustaría ver al gran Borges escribiendo un cuento basado en este tema!
A mí también desde luego.
En mi opinión, Assange está contraatacando con la propia doctrina estadounidense de la contrainsurgencia aplicada en Iraq y Afganistán. Él no quiere “encontrar a los talibanes” para luego llevárselos. Esto es apenas un detalle, no tiene importancia. Si la conspiración es una network electrónica, algo así como “The (foreign policy) Matriz”, lo que interesa a Assange es golpear sus habilidades cognitivas debilitando la calidad de la información.
Aquí hay otro elemento importante. La habilidad de la conspiración para engañar a los otros a través de propaganda masiva es equivalente a la tendencia de la conspiración para engañarse a sí misma a través de su propia propaganda.
De todo lo anterior deriva la estrategia de Assange de utilizar leaks [fugas, rendijas] como parte fundamental del paisaje informático. Esto nos lleva a un punto crucial: no es tan importante qué leaks particulares sean efectivos específicamente. La idea básica, el postulado esencial, sin duda muy, muy ambicioso, es la de minar el sistema de información de la “conspiración” y, de este modo, forzar la ruptura del sistema, el crash del ordenador, haciendo que la conspiración se revuelva contra sí misma en su propia autodefensa.
Sucintamente entonces.
Muy brevemente: se destruye la conspiración volviéndola alucinadamente paranoica en relación consigo misma. Todo esto nos lleva también a una cuestión también crucial, básica.
¿Qué cuestión es esa?
Casi todo el tsunami global de comentarios alrededor del “cablegate” [el Watergate de los cables] ha pasado de largo. ¿Por qué esa fuga de telegramas diplomáticos? De hecho, no hablan directamente de las guerras del Imperio. Gran parte de los cables son chismorreos, charlatanería de telenovela y de la prensa de escándalos pop.
Muy bien, perfecto. Ésta es la manera de Assange de ilustrar la conspiración. Nos está mostrando que una minoritaria y envejecida élite nos gobierna, en nombre del interés general, de acuerdo con informaciones a las que sólo ellos tienen acceso y no, en cambio, los ciudadanos.
Pero toda persona más o menos informada ya sabía eso.
Toda persona más o menos inteligente ya podía suponer ese estado de cosas. Es cierto. Pero Assange no se interesa por el elemento de “novedad” periodística per se. Lo que le interesa es estrangular los links que hacen la conspiración posible, que hacen el sistema “dumb and dumber” [uno tonto y el otro más]. Y lo que hace el “cablegate” es ciertamente mostrar que el Departamento de Estado estadounidense está poblado de gente “dumb and dumber”.
Se habla ya en círculos políticos internacionales de que la diplomacia nunca más será la misma después de estos leaks. Ya es, lo han conseguido, una victoria de una organización de noticias sin estado, diferente de todo que se ha visto hasta ahora, que está haciendo cosas que los periodistas deben o deberían hacer. Y más cosas aún desde luego.
Y todo esto, no lo olvidemos, dentro de un cuadro general, dentro de un intento que aspira a cambiar radicalmente el comportamiento del sistema.
Y, además, vendrán más leaks.
Vendrán más, claro. Deben venir más leaks sobre un gran banco estadounidense, posiblemente el Bank of America. Leaks de secretos rusos, leaks de secretos chinos.
Para concluir este punto, admito que una cuestión paralela me obsesiona. La siguiente: ¿por qué, técnicamente, el Pentágono, con toda su competencia y sus medios electrónicos, no pudo (o no quiso) eliminar Wikileaks de la red?
No sé responderte, me temo que no puedo eliminar tu obsesión. Los portavoces de Wikileaks han pactado con cinco grandes diarios del mundo la edición paulatina y controlada de esos documentos que son críticos de la forma de hacer de los gobiernos y la diplomacia internacional. ¿No es un poco raro? ¿No son Le Monde, El País, Der Spiegel, The Guardian o The New York Times diarios muy afines al sistema que supuestamente se critica? Incluso parece que, en esta ocasión, estén organizados en un cártel coordinado.
Yo veo el proceso como una astuta estrategia sobre los medios de información para garantizar el máximo impacto mediático. Assange, al principio, excluyó The New York Times de la lista. Pero después el diario neoyorquino hizo su propio trato con The Guardian. Los de Nueva York sabían que no podían estar al margen. Esta es una historia que generará titulares de prensa durante días, semanas y tal vez meses. The Guardian es el más progresista de los diarios citados; todos los demás son de centro o de centro-derecha. Pero son respetados en sus propios países e internacionalmente. Es ellos quienes tienen que hacer el filtraje de este número casi infinito de informaciones. Claro, obviamente, están haciendo su propio “hilado”, tejen según sus intereses. pero como dije en la respuesta anterior, éste no es el kernel, éste no es el núcleo de la cuestión.
Para mí lo mas interesante, lo que debemos tener más en cuenta en este asunto, es la reacción del oficialismo.
¿Y cuál ha sido la reacción del oficialismo en tu opinión?
Por un lado, el gobierno estadounidense y la gran mayoría de las corporaciones afirman, y gritan, que no hay nada nuevo bajo el sol, que no hay nada nuevo en los cables diplomáticos. Ejemplo típico: un documento secreto donde la Secretaria de Estado Hillary Clinton ordena a diplomáticos estadounidenses espiar a otros diplomáticos del Consejo de Seguridad de la ONU e incluso al Secretario General. Nos lo podíamos imaginar antes, pero ahora es oficial. Y esto es algo sumamente grave. Si Ban-ki Moon no fuera un pobre payaso, el escándalo sería monumental.
Por otro lado, el gobierno de EE.UU. y prácticamente todo el establishment, de derecha o de izquierda muy moderada, muy integrada, quieren hacer todo lo que sea necesario para cerrar inmediatamente Wikileaks, y, por qué no, eliminar Assange, como quería hacer Bush con Osama bin Laden.
Sarah Palin, la alocada Sarah Palin, sostiene que Assange es peor que al-Qaeda. La histeria Assange, 24 horas después de la publicación, llegó hasta el punto de que una radio de Atlanta, Georgia, preguntara a sus oyentes si creían que Assange debía ser ejecutado o encarcelado. No había una tercera opción.
¿Y que resultó de esa consulta?
La mayoría de los oyentes quería fusilarlo. Mike Huckabee, el pastor baptista que fue gobernador del Arkansas y que estaba en tercer lugar en la candidatura republicana a la presidencia en 2008, también dice que Assange debe ser ejecutado. Esto sí que es una locura: ¡un autodenominado hombre de Dios solicita, exige más bien, al gobierno de EEUU que elimine un ciudadano nativo de Australia!
¿En quien confiar? ¿En estos alucinados o en dos frustrados investigadores federales estadounidenses que escribieron en Los Angeles Times que si Wikileaks hubiera estado activa en 2001 hubiera previsto el 11-S?
Según se ha afirmado, esos mismos diarios de los que antes hablábamos han acordado con instituciones del gobierno estadounidense qué documentos no debían editarse para no poner en peligro personas o proyectos políticos en marcha. ¿No es demasiado “responsable” esa actitud, o demasiado servil como prefiera?
Servil, claro está. Los diarios tuvieron mucho tiempo para contactar con el gobierno estadounidense y certificar así, con seguridad, que no estarían sujetos a complicados procedimientos legales y, sobre todo, que no correrían el riesgo de perder el tan precioso acceso a entrevistas, almuerzos, confidencias, revelaciones en off, etc.
Filósofos franceses desesperados por tener un poco de participación en el debate alimentan tesis de la conspiración y se lamentan porque Wikileaks da a los medios de información poderes sin precedentes. Otras personas e instituciones, por otra parte, se quejan de Internet y actúan como “ogros” contra los periodistas. La belleza de los leaks es que ofrecen materia para todo tipo de conspiraciones…
¿Por qué los ciudadanos seguimos sin poder acceder a los documentos en la Web de Wikileaks? ¿Qué habría qué pensar de ello? Desde su twitter, como ha señalado el periodista español Pascual Serrano, Wikileaks remite a estos diarios asumiendo que su página queda fuera de servicio y lo que anuncia en la red social son enlaces a las páginas de los periódicos.
Wikileaks sufrió un serio ataque de hackers, probablemente con conexiones en la contrainteligencia de EE.UU. Más tarde, el senador de Connecticut, Joe Lieberman, un payaso del lobby de Israel, amenazó tan claramente a Amazon que esta empresa, esta gran corporación, expulsó a Wikileaks de su servidor. Ahora ya se pueden volver a ver los cables en su lugar, en Uppsala, Suecia; el nuevo host es sueco [2]. Además, The Guardian y Der Spiegel tienen portales donde se puede acceder a los cables originales y donde se pueden leer sin filtros. Cada lector puede llegar a sus propias conclusiones.
¿Crees que a raíz de la publicación de estos papeles puede haber algún conflicto entre el gobierno USA y sus aliados? Por ejemplo, el primer ministro italiano no queda muy bien parado. No es el único. Zapatero es tildado, qué cosas, de “izquierdista trasnochado”.
Es interesantísimo escuchar lo que dice un viejo topo de la Guerra Fría, que fue asesor de seguridad nacional de Jimmy Carter a finales de los setenta, Zbigniew Brzezinski. En una entrevista a la PBS estadounidense, el doctor Zbigniew dijo que el “cablegate” está “seeded”, sembrado, con informaciones “sorprendentemente precisas”, y que hacer este “seeding” es muy fácil.
Ejemplo de ello: los cables que dicen que los chinos están inclinados a cooperar con los EEUU en una posible reunificación de las Coreas sobre el liderazgo de Corea del Sur. En mi artículo anterior, al que antes hacías referencia [3], dejé claro que esto es “wishful thinking”, simple pensamiento desiderativo de los estadounidenses oficialistas.
El Dr. Zbig sostiene que Wikileaks “puede estar recibiendo material de sectores de inteligencia interesados que quieren manipular el proceso y obtener objetivos muy específicos”. Podría ser, sin duda, que fuerzas y elementos del interior de los EEUU quieran perjudicar al gobierno de Obama. Pero el Dr. Zbig sospecha también de “elementos extranjeros” y el primero de la lista no podía dejar de ser el estado de Israel.
¿Y tu opinión sobre esto?
La duda es muy importante pero no tiene respuesta concluyente. Wikileaks podría ser la cara visible de una campaña de desinformación israelí. Podría serlo. Esto se afirma, entre otros motivos, porque los cables que han salido a la luz desestabilizan la relación EEUU-Turquía. Israel está dispuesta a hacer todo lo que sea necesario para alcanzar un consenso árabe sunni que permita atacar a Irán; y, además los cables no contienen, al menos hasta ahora, nada que demuestre que Israel puede provocar, como así sería, un inmenso perjuicio a los intereses estyadounidenses.
En su entrevista a Larry King, Putin dijo casi lo mismo: los cables son parte de un complot deliberado para desacreditar a Rusia. Interesante es tener cuenta que también Ahmadinejad dijo casi lo mismo en relación a Irán.
En lo que concierne el Medio Oriente, no es ninguna novedad que todos los países de la zona, desde Turquía a los Emiratos, quieren armarse más y más. Quieren armas, muchas armas, o al menos drones, y el nuevo superstar del fetichismo de la mercancía que sería el MQ-9 Reaper, más conocido como Predator B, cuya exportación está restringida a muy pocos país. Israel ya los tiene, claro está
Tras lo sucedido, ¿serán creíbles los mensajes lanzados desde ese falso teatro publicitario en que se ha convertido la política internacional?
Todas las personas que siguen la geopolítica saben de las alianzas transnacionales de Washington con dictadores, tiranos, señores de la guerra, traficantes y barones de la droga, etc, aunque sean secretos muy bien guardados. La diferencia, que considero importante, es que ahora ya no se pueden esconder. Volvemos de nuevo a la estrategia de Assange; la noción estadounidense de “national security” se revela como un concepto que tiene una total duplicidad.
Los cables filtrados, señalas también en tu artículo, prueban que Europa, que ya estaba siendo marginada durante la era de Bush II, lo está más aún ahora cuando la administración Obama se concentra en Asia-Pacífico. ¿Es así en tu opinión? ¿Europa no juega apenas ningún papel en los grandes asuntos de la geopolítica internacional?
No, yo creo que no, que Europa no juega ningún papel. Sólo como partenaires menores en la OTAN. Creo que debe aparecer en los próximos días al menos un cable de un diplomático estadounidense ridiculizando la marginalidad de los países europeos frente a los grandes problemas geopolíticos. Como muy bien dijo Gore Vidal, Europa en el futuro será una boutique. Ya lo es, de hecho, para los ciudadanos que no sufren la crisis. Por cierto, una boutique que en el futuro será invadida por ciudadanos chinos muy consumistas.
En cuanto a los motivos…
Se habla mucho de los “motivos” de Wikileaks para soltar esos leaks. Como hemos dicho antes al hablar del pensamiento de Assange, no hay un “motivo”. La incapacidad intelectual y el autismo político de la clase política estadounidense son evidentes por sí mismos. Son incapaces de comprender al otro. Ven el mundo, no es una reducción cinematográfica pueril, en términos de buenos y malos, de good guys y bad guys. La reacción del establishment demuestra, en mi opinión, que la estrategia de Assange ha funcionado. El sistema está perplejo al ver su propia debilidad mental reflejada en un enorme espejo digital.
Gracias, estimado y admirado Pepe Escobar.
* * *
Nota del editor:
[1] El párrafo traducido es el siguiente: “To radically shift regime behavior we must think clearly and boldly for if we have learned anything, it is that regimes do not want to be changed. We must think beyond those who have gone before us, and discover technological changes that embolden us with ways to act in which our forebears could not. Firstly we must understand what aspect of government or neocorporatist behavior we wish to change or remove. Secondly we must develop a way of thinking about this behavior that is strong enough to carry us through the mire of politically distorted language, and into a position of clarity. Finally we must use these insights to inspire within us and others a course of ennobling, and effective action.”
[2] Según parece, las instituciones estadounidenses han cerrado el registro dns de su servidor en Suecia (.org), así que Wikileks ha tenido que irse a un servidor suizo http://46.59.1.2/
[3] Pepe Escobar, “Los cables de wikileaks. El emperador desnudo”. Asia Times Online (traducción del inglés para Rebelión por Germán Leyens y revisado por Caty R) http://www.rebelion.org/noticia.php?id=117728
Rebelión ha publicado este artículo con el permiso del autor mediante una licencia de Creative Commons, respetando su libertad para publicarlo en otras fuentes.
rCR
Dezembro 4, 2010 at 8:38 pm
Dezembro 4, 2010 at 10:37 pm
Parabéns Citizen! Quem me dera…
Espero que continues a contribuir com as tuas válidas opiniões.
Dezembro 4, 2010 at 11:13 pm
Não és só tu. eu penso assim desde “pequenino” até parece que querem fazer do homem um super-homem…
poupem-me………..
Dezembro 5, 2010 at 12:37 am
«imaginam a reação desses colegas da ala esquerdista/PCP ao meu gesto. Fui ofendido, chamaram-me todos os nomes, rasgaram-me o folheto e fui votado ao ostracismo organizado por esses “camaradas”,…»
Não sei onde está a surpresa…
Dezembro 5, 2010 at 12:46 am
«Talvez ainda mais violento e asqueroso do as acusações que o PCP orquestrou referente às suposta dívidas que Sá Carneiro teria com a banca e que nunca viriam a ser provadas.»
A dificuldade de fazer prova de certas coisas, agora como antes, é difícil.
Já agora, convinha dizer mais alguma coisa sobre a “dívida”. O homem morreu ainda com o processo em curso. E depois da sua morte, os assistentes no processo, por respeito à sua memória, retiraram a queixa. Por issi é que não se provou nada, nem deixou de provar.
Ao contrário do que anda praqui a dizer, o homem não era de consensos. Tanto se lhe dava governar com o PS como com o CDS. O que ele queria era mandar. Com o PCP o mais longe possível, claro.
Dezembro 5, 2010 at 12:48 am
Errata
“A dificuldade (…) é a mesma.”