Jantei ontem, tal como há um par de semanas, com um pequeno grupo de pessoas em que, por uma vez, não existia mais nenhum(a) professor(a). Parecendo que não, é uma experiência que não tinha há algum tempo e é muito importante para quebrar um certo ciclo claustrofóbico, e em parte autofágico, em que os docentes se foram encerrando.
Porque é importante não apenas ouvir as mágoas e frustrações alheias, quanto percepcionar a incompreensão objectiva de pessoas que, sendo da minha faixa etária, tendo filho(a)s na escola (pública) e tendo formação e emprego com qualificação acima da média, não entendem bem o que se passa na geografia interior de uma escola, para além do átrio e corredores seguros da visita ocasional para reunião de encarregados de educação, resolução de problemas burocráticos ou mesmo busca de informações no horário de atendimento das direcções de turma.
- A principal incompreensão passa por não se entender o estado de depressão e desânimo que atinge a generalidade dos docentes, pois consideram que isso se pode passar em qualquer profissão. Esquecem-se que a visibilidade dos professores foi intensa e que desde 2005 a guerra aberta pelo ME aos professores, que agora já se assume visar principalmente a quebra do poder dos sindicatos que viviam em regime de quase cooptação com a 5 de Outubro, provocou danos imensos em que não tinha responsabilidade nenhuma em muita coisa. Os professores, enquanto profissionais individuais tornaram-se as vítimas colaterais de um conflito que azedou logo a meio de 2005 com uma falhada greve aos exames que deu armas mediáticas ao ME para desferir a mais intensa e longa campanha lançada em Portugal sobre uma classe profissional qualificada nos últimos 36 anos.É difícil para quem está fora perceber o quanto foi errada a forma como a tutela decidiu massacrar os civis, quando o que estava em causa era uma disputa entre milícias desavindas. É complicado transmitir o que sentiu a maior parte dos professores comuns ou professorzecos, na terminologia inicialmente acintosa que se tornou corrente, perante o que se passou, o que foi necessário para unir quase toda a gente contra algo e, pelo caminho, dar de novo poder negocial aos mesmos sindicatos que, ao perceberem há um ano que o status quo pré-2005 podia estar de regresso, se apressaram a deixar as vítimas e os feridos abandonados no terreno, até virem de novo solicitar que se levantassem e fossem à luta, na qual tinham sido defraudados. É difícil explicar e só se consegue, mais do que com a exposição de casos individuais de quebra a meio da idade útil das pessoas, apostando muito nos argumentos de raíz emocional aliados à demonstração da irracionalidade prática das medidas colocadas em prática.
- Quanto ao desconhecimento mais gritante, em especial por parte de quem tem filhos em escolas menos problemáticas ou que conseguem manter uma aparência de acalmia, reside no facto de se ignorar a violência verbal e muitas vezes física que polvilha a geografia interior das escolas. Que sempre existiu, eu sei, não preciso que nenhum danielsampaio mo recorde, mas que não é argumento para que se mantenha e se tenha multiplicado em manifestações arbitrárias. O nível de linguagem colorida que é de uso comum pelos corredores, à entrada e saída de muitas aulas só a custo não faz corar que fez a escolaridade secundária na segunda metade dos anos 70, outro período particularmente animado a esse nível. O descuido absoluto no uso do vernáculo mais cru por parte de raparigas e rapazes, a facilidade com que qualquer epíteto é lançado na cara de qualquer colega ou nas costas de funcionárias e docentes, a incompreensão perante os reparos e a arrogância com que tentam reagir, a utilização arbitrária de violência física sobre os mais fracos, apenas porque se pode, é algo que faz parte do quotidiano de muitas escolas e do desconhecimento de muita gente, pois os próprios participantes e observadores o parecem ter incorporado no que consideram normalidade, não o revelando em casa por considerarem irrelevante ou, acredito que numa proporção variável de casos, por vergonha ou receio. Não é meu intuito apresentar a vida nas escolas como uma babel assustadora e aumentar qualquer eventual descrédito. Apenas gostaria que quem está de foram se aperceba que os níveis de desvario na sociedade, de perda de referências e modelos éticos de conduta, estão a reflectir-se de forma muito problemática nas novas gerações e que se a actual geração de job«vens qualificados já só aspira a sair de Portugal, boa parte daquela(s) que lhe segurá(ão) não irão trazer consigo nada que nos permita acreditar numa regeneração, a menos que se inverta radicalmente a forma como tosdos (ou quase) funcionamos.
Não adianta discursos mistificadores em torno da qualificação e certificação da população. Mais do que úteis, há idiotas inúteis que reproduzem um discurso desse tipo, apenas porque se resumiram a ler livros, recordar a escola do seu passado, olhar para a do presente apenas de fora e, misturando isso com preconceitos ideológicos de juventude (por vezes mascarados com modernices aprendidas no momento de organizarem a vidinha), elaborar teorias totalmente desfasadas da realidade que os outros vivem.
Felizmente ainda há gente que consegue não ser assim, percebendo – quando encaminhado o seu olhar para alguns detalhes – um pouco da ebulição cada vez menos dormente que se vive em muitas escolas, sendo que a camada que tem a responsabilidade de conter a erupção – funcionários e professores – é cada vez mais fina.
Dezembro 1, 2010 at 12:48 pm
concordo com tudo o que disseste mas digo mais, em relação à 2ª parte do post:
-não percebo como é que se tem que explicar a esses “pais exteriores” a violência verbal terrível, que vivemos na “geografia interior”das escolas. Esses jovens também andam na rua, frequentam cafés, vão ao cinema e também aí se comportam (mal) como na Escola. E os principais culpados são, quer queiram quer não, esses mesmos pais.
Dezembro 1, 2010 at 12:59 pm
#1.
“os principais culpados são, quer queiram quer não, esses mesmos pais”
De acordo!
Dezembro 1, 2010 at 1:19 pm
#2
dentro do território escola, os culpados somos nós: direcções, funcionários docentes e não docentes (não há volta a dar).
E o adelgaçamento da camada responsável é mais fina, sim. Por motivos vários que mereciam séria e longa discussão.
Dezembro 1, 2010 at 1:40 pm
Este post deveria ser publicado num jornal.
Dezembro 1, 2010 at 1:55 pm
Não adinat..o povo +é cego surdo e mudo..
http://bulimunda.wordpress.com/2010/12/01/agora-que-o-natal-esta-a-porta/
Dezembro 1, 2010 at 2:06 pm
#5
Está cada vez mais cego e surdo. As pessoas só acordam quando é com elas. Como diz o nosso “bom povo”, com o mal dos outros “posso eu bem”. 😦
Dezembro 1, 2010 at 2:26 pm
Retrato fidelíssimo da realidade!
Sinto exactamente o mesmo quando me relaciono com pessoas “tendo formação e emprego com qualificação acima da média”, não professores.
Dezembro 1, 2010 at 2:29 pm
Mais uma vez, uma análise lúcida e precisa, num post excelente. Parabéns, especialmente por ao menos tentares abrir os olhos a pelo menos meia dúzia dos que “estão por fora”!
E já que comemoramos hoje a Restauração:
http://umaaventurasinistra.blogspot.com/2010/12/e-dendro-de-cada-um-que-comeca.html
Dezembro 1, 2010 at 2:32 pm
#7
Sinto cada vez mais, nessas situações, que estamos dentro de uma cultura virtual de incultos, esses sim que assimilam tudo o que os OCS lhes impingem, ou nem isso! Acreditando em todos os chavões apressados dos títulos de alguns jornais…ou titubeados por desgovernantes de pacotilha.
Dezembro 1, 2010 at 3:05 pm
Na minha família, filhos, sobrinhos, todos estudam ou estudaram na escola pública.
Os meus irmãos não se queixam.
Tudo aparenta decorrer com normalidade.
Isto faz-me pensar que temos um sentido do dever muitíssimo apurado.
Apesar da “depressão colectiva” que se sente em muitas escolas, as aulas continuam a ser aulas.
Acrescento, pela experiência de leccionar em 2 escolas totalmente diferentes, que a agitação que há por todo o lado , em aulas de 90 minutos, com 28 miúdos encafuados em salas pequeníssimas, há 2 anos que não oiço esses “palavrões”.
Há casos, mas são uma minoria, enqto na antiga escola eram a MAIORIA!
Por aqui, malgré tout, a caderneta ainda tem um efeito neles. Se envio recados para casa, os pais assinam, dão-lhes castigos e, durante uns tempos, o comportamenteo melhora.
Tem sido uma experiência única. Julgava que já existia a “normalidade”. Estes miúdos ainda querem aprender.
Um facto curioso: vejo, nos recreios, vários alunos a estudarem para os testes.
Até há 2 anos atrás, nunca tal tinha visto!
Dezembro 1, 2010 at 3:07 pm
Julgava que já não existia a normalidade.
( falo do ciclo em que me encontro. Acredito que, no secundário, haja um ambiente, ainda, diferente do básico).
Dezembro 1, 2010 at 3:15 pm
São máscaras reb..apenas máscaras..nada mais..
Dezembro 1, 2010 at 3:19 pm
E então deviam levar com as piores turmas como acontece com os contratados.
Depois, claro que a responsabilidade também tem de ser de quem esteve estes últimos 20 anos dentro da escola, os professores do “quadro de honra”.
Tantas energias gastas para melhorar o salário, e tão poucas para fazer da escola um espaço mais disciplinado.
Dezembro 1, 2010 at 3:19 pm
Há uns tempos, aqui em casa, a minha filha (12 anos) queixava-se que o ipod dela não funcionava, só conseguia ouvir música nas aulas, antes que eu pudesse manifestar a minha estupefacção (por ouvir música nas aulas e não pela hipotética avaria do ipod…), acorre o meu filho mais velho (22 anos) e pergunta autoritariamente se ela ouvia música nas aulas
Dezembro 1, 2010 at 3:23 pm
fez-se um silêncio embaraçador e o meu filho disse-lhe que, ai dela que ele ou eu tivéssemos que ir à escola…a rapariga responde de uma assentada que a mãe ia à escola todos os dias…
Teve que fugir, escada acima, o irmão não acha piada à resposta insolente.
Dezembro 1, 2010 at 3:27 pm
Todos os meus amigos não professores e os meus filhos nunca entenderam a essência da minha profissão. Antes eu debatia-me para que compreendessem, agora é-me indiferente. Há apenas, uma amiga minha que mostra entender o que se passa nas escolas, ela é pedopsiquiatra e recebe, diariamente, nas suas consultas, crianças e jovens enviados pelos profs. Pergunta-me muitas vezes: como é que vocês conseguem?!
Dezembro 1, 2010 at 3:36 pm
Uma coisa é estar com um filho ou até mais, em casa, outra coisa é estar com um jovem/criança num gabinete outra, completamente diferente, é tê-los ( 25 alunos) numa sala de aula. Qualquer pessoa que estude psicologia de grupo sabe o efeito contagiante de uma pequena indisciplina, sabe que, de um momento para o outro, pode transformar-se num rastilho causador de uma confusão muito maior.
Felizmente isto não acontece sempre. Ainda há alunos respeitadores, ainda há professores que conseguem manter a disciplina, ainda há pais que nos respeitam. Curiosamente estes vão sendo em número cada vez menor…sinal dos tempos.
Dezembro 1, 2010 at 3:43 pm
Ainda hoje, antes do almoço, ouvi uma conversa entre 2 EEs sobre os/as professores/ras dos filhos.
Agora não tenho tempo para resumir. Nada de especial. Mas tive de me meter na conversa.
Dezembro 1, 2010 at 3:44 pm
Na minha modesta opinião a culpa é em grande parte da classe docente. Enquanto a “sociedade” atirou responsabilidades, encargos e expectativas incomportáveis para cima da escola e dos professores, a malta fez duas coisas: por um lado aceitou os encargos na esperança que isso implicasse transferência de meios e valorização da profissão, enquanto por outro centrou as reivindicações sobre o acessório desbaratando a capacidade de resistência e criando anti-corpos na comunidade. Os meninos têm problemas? Pois têm: dêem-nos psicólogos escolares. Os meninos têm fome? Pois têm: dêem-nos o leite escolar. Os meninos têm problemas a português e matemática? Pois têm: aumente-se a carga horária. O país é atrasado? Pois é: a escola vai resolver isso: só precisamos que nos dêem meios e realizaremos o milagre. Não deram os meios? Desculpa fraca e que ninguém vai comprar. O cerne da luta deveria ter sido não aceitar a responsabilidade. ou melhor a desresponsabilização do resto da sociedade.
Seis anos para mudar? Vai mudar mais depressa, mas não é para onde queríamos. Caso não tenhamos ainda percebido o “processo” está concluído. Têm mais poder contestatário os miúdos das secundárias do que os pobres dos professores. Tudo isto tem uma enorme utilidade porque não se pretende outra coisa senão manter a criançada num nirvana hi-tech, numa realidade virtual barata. Afinal de contas é preciso confinar as massas num estado de entorpecimento para que as elites possam voltar a ter espaço vital para gozar os prazeres da vida.
Dezembro 1, 2010 at 3:45 pm
Sou gostava de saber uma coisa: o que aconteceu ao Fafe?
Onde anda o Fafe?
Tenho saudades do Fafe.
E do Maurício, que não me liga nada…….
:-((
Dezembro 1, 2010 at 3:48 pm
#13,
Podia responder-lhe curto e grosso, caso parte do seu comentário se dirigisse a mim, contratado 12 anos, QZP durante 5 e professor do quadro aos 40 anos de idade.
O problema é que quem tem fama de olhar para o 2umbigo” sou eu, mas há muito boa gente que faz bem pior.
Tem razão em criticar que as coisas não são como deveriam ser e a distribuição de serviço ainda tem muitos defeitos.
Diga-me o que, pessoalmente, fez contra isso.
O meu horário é de 80% com essas turmas e o ano passado era de 100%.
Vamos medir mais?
Dezembro 1, 2010 at 3:48 pm
#20
Ó mulher, esquece-os.
Deixa-os respirar, dá-lhes espaço…taditos, tu asfixiaste-os.
Dezembro 1, 2010 at 3:50 pm
Já me defrontei com situações similares. Com a agravante de às vezes ter apanhado interlocutores já “inquinados” pela campanha “anti-zecos”.
A principal dificuldade reside em fazer compreender que, hoje, se pede à Escola que resolva muitos dos problemas que a sociedade não consegue ou não quer resolver.
Os zecos são cada vez menos educadores e pedagogos, e cada vez mais pais, psicólogos, assistentes sociais ou animadores sócioculturais.
Aliado a isto, os zecos têm tido na tutela não um apoio ou um aliado mas, muitas vezes, um adversário, que os aponta como o principal obstáculo às magníficas reformas que queria implantar.
Dezembro 1, 2010 at 3:56 pm
Outra coisa que tem imensa piada é a forma como os professores se deixaram embarretar pelas sondagens que diziam que a população os considerava muito. Nada que a prática não desminta.
Dezembro 1, 2010 at 4:03 pm
Caneta,
Não fiz nada disso…..
Estou com um quadrilema:
1- classifico testes?
2- preparo aulas?
3- dedico-me ao trabalho para a acção de formação?
4- vou ler uma história?
5- vou ver um filme?
6- vou apanhar a roupa que está estendida há 3 dias?
7- venho aborrecer o pessoal aqui?
Que confusão!
Dezembro 1, 2010 at 4:08 pm
Tu culpabilizas-me, o senhorio diz que há muitos azedos por aqui, a Olinda manda-me tomar chá, a grelhada comer 1 kit kat, o Maurício está zangado…
Caramba, uma pessoa não é de ferro!
Mas vou começar por preparar aulas…..esta mania de não usar materiais dos anos 90 dá cabo de mim.
É uma vida de marinheiro!
Dezembro 1, 2010 at 4:13 pm
Faz isso tudo.
É o que estou a fazer.
Já li e continuo a ler, estou a tentar perceber como foi a acumulação de capital neste país, quem são os Burnay, os Espírito Santo, os Lima Mayer, os Pinto Basto, já preparei uma ficha, já pus roupa no secador, já fui buscar lenha e arrumei-a, já lavei casas de banho, enquanto me inteirava dos negócios de tabaco, já ralhei com os meus filhos enquanto descobria como tinha sido a fusão das elites…
Vulgaridades, como diz o nosso carlosmarques.
Dezembro 1, 2010 at 4:14 pm
Este é um bairro popular nos subúrbios de Sintra/Cascais. Apesar de muitas famílias que ultimamente vêm de outros lugares, aqui ainda se tratam todos por vizinhos – coisa que me surpreendeu muito de início – e muitos são amigos de infância. Nos cafés, restaurantes e cabeleireiros quase toda a gente se trata por tu.
Dezembro 1, 2010 at 4:15 pm
#13
Leve-me para a sua escola, sou do quadro de escola há quase duas décadas e tem-me calhado sempre os casos mais problemáticos ao abrigo do:
-tens perfil,
-tu resolves isso,
-achas que devemos deixar para os que não têm experiencia?
-não sabemos quem vem,
-etc.
Quero alunos atentos, que estudam, que respeitam, que não adoecem, que têm família, que têm sede de aprender…, pelos vistos eles existem na sua escola e são entregues a velhinhas como eu.
Obrigada pela compreensão 🙂
Dezembro 1, 2010 at 4:15 pm
Já tive de cortar relações com alguns iluminados por ideais socretinos e milusianos que me punham fora de mim.
Dezembro 1, 2010 at 4:18 pm
….desculpem a interrupção….acabei de andar a ser empurrada pela casa fora sentada na cadeira do escritório…..
Ou páram já com isso ou não há 5 euros para ninguém….a tal de chantagem badalhoca anti-pedagógica, que já me custou ouvir umas bocas de amigos e conhecidos “Ai, que horror!!!!Com os meus não há nada disso!”
Dezembro 1, 2010 at 4:19 pm
Por acaso acho que o Umbigo te anda a excluir um bocado, ou tu te auto excluíste, ou excluíste o umbigo e não a ti…sei lá!
Estabelece OIs, faz uma análise critica, aproveita e faz fichas de recuperação para recuperares o teu lugar soberano no seio do Umbigo e…avalia tudo!
Quando menos esperares e graças a este trabalho, até o senhorio te convidará para relatora.
Dezembro 1, 2010 at 4:21 pm
#30,
Cortar relações?
Isso é o mais fácil de fazer! É como rasgar cartões e não aderir.
Fácil é mandar alguém tomar chá.
Difícil é…. sentá-los?
Dezembro 1, 2010 at 4:24 pm
#32,
Conversa de uma relatora, passada a fase da negação.
Vai lá ler o 2/2010 e mais o 16034 e mais o 240 qualquer coisa……
:-))
Dezembro 1, 2010 at 4:24 pm
Muito bem esgalhada esta análise!
Na verdade, alguma mensagem inteligível que foi passando na comunicação social sobre esta matéria foi/é da autoria do Paulo.
# 19 resEdit
Completamente de acordo consigo!
Relativamente ao dito “contratado” que aqui aparece de vez em quando, só tiro duas conclusões:
1 – O TS/JS tem um filho muito bem mandado que é arrogante e ignorante da realidade histórica de que fala!
2 – O “contratado” devia ter mais respeito por quem já foi contratado e penou anos a fio em condições que ele nem sonha. Parece mais interessado em lançar provocações injuriosas do que em defender a dignidade profissional.
Dezembro 1, 2010 at 4:28 pm
Para não me zangar e dizer certas coisas que não gostam de ouvir, prefiro cortar relações, ou seja evitar jantares e ajuntamentos.
Aqui no umbigo passa-se o mesmo. Se repararem bem.
Dezembro 1, 2010 at 4:32 pm
Em cinco apenas preencho dois requisitos, o 5º e o 2º.
Dezembro 1, 2010 at 4:35 pm
Quero dizer com isto, que muitos amigos se conheceram aqui no umbigo, mas agora, devido a problemas criados, encontram-se e conversam mais nas redes sociais e por mail.
Dezembro 1, 2010 at 4:35 pm
#28,
Acabarei esta exposição mais tarde.
Agora vou mesmo trabalhar.
Embora o sofá esteja agora vazio, sorrindo para mim…..
Dezembro 1, 2010 at 4:40 pm
Olinda,
Melhor do que cortar relações é cortar ralações.
Dezembro 1, 2010 at 4:40 pm
#37
Estava a falar destes 😀 😀 😀 😀
http://dndanacao.blogspot.com/2010/11/top-5-da-actual-luta-dos-professores.html
Dezembro 1, 2010 at 4:43 pm
Deveria sair um postulado, hierarquicamente superior, que estabelecesse a obrigatoriedade dos filhos dos profs terem aulas aos fins de semana e feriados.
Adolescentes chatos. Irra!
Vou ler um bocado o Sampaio e o Eduardo de Sá para saber como os hei-de castigar.
Dezembro 1, 2010 at 4:46 pm
Há bons colégios internos onde os professores se encarregam de castigar os adolescentes privando-os da saída de fim-de-semana.
Dezembro 1, 2010 at 4:51 pm
E lhe fazem umas coisinhas por trás…ao fim de semana…ui….tipo avé maria de joelhos…
Dezembro 1, 2010 at 4:51 pm
Tb acho. Já disse q sim! Your choice
Dezembro 1, 2010 at 4:54 pm
Robert Kurz
POLÍTICA DE BALANÇOS CRIATIVOS
Esperanças compulsivas de salvação económica estão prosperando no outono de 2010, especialmente na Alemanha. Apesar de nenhuma das causas da crise global ter sido dominada, os média estão a pintar novamente as paisagens florescentes de um novo milagre económico. A fé na fé, como força auto-sustentada da retoma, define o padrão para lidar com a realidade. Quem ficar para trás no optimismo concorrencial já perdeu. Portanto, em todas as instâncias tem de haver relatos exagerados de sucesso a todo o custo. O crescimento financiado pelos Estados a nível mundial, que ainda está muito abaixo de níveis pré-crise, é insuficiente para os altos voos da esperança fabricada, que actualmente vale ouro. Ora, se é permitido à administração pública distorcer o número de desempregados com novos truques, e se os bancos podem deslocalizar os créditos malparados para sociedades de parqueamento – então porque é que os grupos industriais hão-de ficar atrás na “contabilidade criativa”? A “política de balanços” retocados não é nada de novo. Mas suspeita-se que seja um recorde o que as empresas se vêem permitindo a este respeito desde o suposto fim da crise.
As normas internacionais de contabilidade IFRS, agora aplicadas em todas as grandes empresas, tornam isso possível. Nelas não se pode encontrar qualquer vestígio de maior rigor no controlo, muito pelo contrário. As novas regras contabilísticas dão aos directores financeiros mão livre para uma acrobacia contabilística realmente aventureira. Isto aplica-se tanto ao passado como ao futuro. A base para tal está na definição permissiva dos conceitos das amortizações e das chamadas despesas especiais. Assim, os encargos podem ser contabilizados fora do balanço quase à vontade. A Siemens, por exemplo, fez desaparecer as responsabilidades com as participações financeiras; as companhias aéreas estão a escamotear os custos de leasing. E os custos sobrefacturados da aquisição de empresas não são escriturados numa escala realista, apesar dos altos riscos da valorização futura. O financeiro dos EUA Warren Buffett referiu ironicamente o que daí resulta como “bullshit-earnings” (lucros da treta), porque uma parte crescente dos custos prévios ou subsequentes já não aparece no balanço oficial. Na verdade, os lucros não estão a crescer tão exuberantemente como está sendo sugerido nos relatórios trimestrais.
Esta alegre política de balanços só faz sentido com referência aos mercados financeiros. A inundação desesperada de dólares feita pelo banco central dos EUA não promove o consumo nem o investimento, mas apenas as cotações nas bolsas de todo o mundo. As bolsas são agora menos um barómetro do desenvolvimento da economia real e muito mais um barómetro das expectativas de lucro com base em truques contabilísticos duvidosos legalizados. Já se fala em segredo de uma “bolha de valorização” das grandes empresas internacionais. Quando elas compram acções próprias, estão a recolher ganhos diferenciais de forma totalmente independente dos lucros reais dos negócios, ganhos para os quais elas mesmas criaram falsos pressupostos, de modo puramente contabilístico. Isto não altera nada a dependência da conjuntura económica relativamente às finanças públicas, porque a bolha da nova valorização já não pode alimentar qualquer “milagre do consumo”, como a recente bolha do imobiliário. Trata-se apenas do reverso, na economia empresarial, de uma política igualmente aventureira do dinheiro e da moeda, que ameaça desembocar numa guerra comercial e monetária. Nesse caso, no entanto, também o ar sairá muito rapidamente das bolhas de valorização dos balanços das grandes empresas.
Original KREATIVE BILANZPOLITIK in http://www.exit-online.org. Publicado em Neues Deutschland, 15.11.2010
Dezembro 1, 2010 at 4:56 pm
#44-eh eh eh ri-me mesmo e acho que tens toda a razão.
Dezembro 1, 2010 at 5:40 pm
Quando os pais se dizem professores e espalham que os filhos ouvem música nas aulas, é difícil saber quem culpabilizar pela indisciplina que vai surgindo, nas escolas.
Dezembro 1, 2010 at 5:44 pm
Fora da ordem de serviço:
Por que não fazem os relatores pedido de escusa ao abrigo do 48.º artigo, no âmbito do art. 44.º do CPA????
Dezembro 1, 2010 at 5:46 pm
#48,
Não tenho qualquer problema em que os alunos ouçam música em algumas das minhas aulas, desde que dentro de parâmetros aceitáveis, assim como sempre encarei parte do meu horário de Iniciação à Informática como um espaço lúdico e não meramente de “descarga de matéria”.
E não encontro nenhuma relação directa entre a indisciplina e o respeito por regras na sala de aula que possam incluir actividades que, para algumas almas mais conservadoras, possam ser encaradas como a aproximação do apocalipse em cuecas.
Dezembro 1, 2010 at 5:48 pm
#24,
Continuo a achar que não há barrete nenhum.
Porque um berro não vale mais do que duas conversas calmas.
Dezembro 1, 2010 at 5:54 pm
Ó Serena, de serena só tem mesmo o nick…
Suspeito que voc~e é daquele tipo de pessoas muito exigente com os outros e nada com ela própria.
O texto, estava em aberto, não contei o final, a rapariga só queria provocar-me. Contém o episódio para mostrar a atitude do meu filho mais velho que, tem uma consideração grande pelas aulas e pelos professores. É agradável ouvi-lo falar dos seus professores e de como eles mantinham a disciplina.
Dezembro 1, 2010 at 6:12 pm
O barrete é porque as sondagens são manipuladas. E porque levou a classe a descurar essa vertente da acção contestatária, que deveria ter pretendido cativar os pais desde o início. Convenceram-nos que os pais “compreendiam” as lutas.
Dezembro 1, 2010 at 8:26 pm
Ai!
O PG, um professor, disse “cuecas”…
O mundo tá memo perdido…
Dezembro 1, 2010 at 8:27 pm
Ó caneta,
Eu também tenho muitas suspeitas e algumas certezas sobre vomecê.
Dezembro 1, 2010 at 8:30 pm
“Contém o episódio…”
Ai meu deus…eu queria dizer contei…tchiiii.
Dezembro 1, 2010 at 8:52 pm
# 48
Tenho um filho que, de quando em vez, relata que o seu professor de Física do 12º ano permite que os alunos oiçam música, durante as suas aulas…
Apenas 8 alunos escolheram esta disciplina e o relacionamento que mantêm com o professor é marcado pelo civismo e respeito mútuos…
Os resultados dos alunos situam-se, neste período, entre os 18/20 valores …
Há muitos métodos e estratégias para a aprendizagem…
Costumo dizer que os melhores são os que funcionam …
Nas minhas aulas não permito que os alunos oiçam música, mas isso não significa que discorde de quem não age como eu.
Dezembro 1, 2010 at 9:29 pm
Durante muito tempo funcionou a oposição aluno-professor; depois foi pais e alunos contra professor; agora, já começa a ser pais e professores contra aluno. Porquê?
Porque os pais descobriram que o menino reguila e engraçadinho que infernizava a escola, passou a infernizar em casa e já não o conseguem controlar: rouba-os, bate-lhes, enxovalha-os… E como ninguém consegue deitar-lhe a mão (a polícia foge…casas de correcção não existem porque é anti-pedagógico…) os pais vão chorar à escola a pedir ajuda pelo amor de Deus..
Agora com os tempos que aí vêm, muitos pais ainda vão roer os lábios, arrependidos de terem dito mal dos professorzecos…
Dezembro 1, 2010 at 10:15 pm
#50,
Colega Paulo Guinote,
Não imagina o quanto compreendo esta posição expressa no seu comentário.
É que causa sempre sururu dizer-se isto.
Registo que, afinal, o que às vezes escreve sobre o “facilitismo” e o “eduquês” não tem nada a ver com estas decisões na relação professor-aluno e aluno-aluno.
É que cada situação é uma situação.
Muitos dos comentadores eternamente umbiguistas poderão não ter gostado muito de ler o que escreveu.
Eu gostei.
Dezembro 1, 2010 at 10:30 pm
Na 3ª feira tenho tutoria com um aluno do 7º ano. Difícil é pôr o rapaz a organizar-se. Nunca vi nada tão preguiçoso e ao mesmo tempo tão engraçado.
Depois de me ter mostrado os trabalhos de casa para aquele dia e de termos partilhado um kinder delice às escondidas, porque na biblioteca não se pode comer, fomos jogar um bocadinho no computador.
De repente, “Oiçam lá, não sabem que não podem jogar aqui?”
Voltámo-nos para trás ao mesmo tempo. Confesso que me senti “apanhada com a boca na botija”.
“Olá, bom dia! estou a usar uma estratégia nova com o J****. Está a ver, é para treinar o raciocínio lógico-abstrato e a concentração”
“Ai, desculpe, professora. Confundi-a com uma aluna!”
Esta funcionária é um doce. Claro que sorriu e compreendeu.
Graças a estas “badalhoquices, o rapaz até completou os TPCs e mostrou-me um trabalho sobre a Índia para a aula de Geografia que era para estar pronto há 1 semana. E ainda colocou 1 mapa da Índia no trabalho, coisa que ao princípio não queria fazer.
Dezembro 1, 2010 at 10:55 pm
Os pais de sorriso babado repreendem a criancinha, mas a criancinha vê na expressão dos pais que não é para obedecer… E os pais apressam-se a desculpá-la: é criança! A criancinha cresce e os pais que nada fizeram para reafirmar a sua autoridade dizem: não me obedece… não me ouve… não me mostra as classificações dos testes… repreendo-o, mas levanta-se da mesa, mete-se no quarto e bate com a porta… insulta a avó que já não quer ficar com… Então levei-o a um psiquiatra que me diz para não lhe bater, mas a medicação também não está a fazer efeito… Este é apenas um exemplo entre os muitos com que os professores se deparam no seu dia-a-dia. O que mais me custa, é que esta criança de quem vos falo é inteligente, mas que teve o infortúnio de nascer no seio de uma família que não soube impor-lhe regras… por isso, não estuda, não respeita professores, diz palavrões nos corredores, dá pontapés nos cacifos, não sei se para os destruir ou para que o barulho entoe pelos corredores, e os resultados dos testes são quase todos negativos. Estou a falar-vos de uma criança de 12 anos, numa escola de província…
Dezembro 1, 2010 at 10:57 pm
#60
Passei por situação similar com o R… e o seu trabalho de História sobre a fortaleza da ilha de Moçambique. 🙂
Dezembro 1, 2010 at 11:00 pm
#59,
O eduquês é uma teorização da treta desligada da realidade.
Acho que nunca encobri o que faço (nos primeiros tempos o H5N1 pegou-se comigo quando descrevi aqui um torneio de Playstation no final de um período) e, aliás, tive chatices há uns anos atrás com umas colegas que achavam que eu encarava a supervisão de uma Sala de Informática com demasiada bonomia.
A verdade é que nunca houve uma falta de material ou qualquer incidente.
Ao 2º mês de eu ter saído de lá, já nada funcionava.
A relação professor-alunos constrói-se de muitas maneiras.
Aquilo que eu sempre critiquei são as “fórmulas mágicas” universais.
Eu uso os meus métodos, na base do instinto, da observação e da capacidade (ou não) para ler os miúdos.
O resto interessa-me pouco.
Tem funcionado até agora.
Dezembro 1, 2010 at 11:11 pm
Paulo,
Lembro-me desse caso da Playstation.
Concordo inteiramente com o que escreveu em #63.
É um bocado controverso escrever-se e praticar-se isto, mas diria que uma boa percentagem do método que funciona melhor está algures no instinto e na capacidade de observação e de antecipação.
Dezembro 1, 2010 at 11:19 pm
E isto liga-se ao que hoje ouvi da conversa entre 2 EEs.
“A professora de…..não deixou o meu filho (6º ano) fazer o teste no dia seguinte porque não acreditou que tinha tido uma alergia alimentar e não foi à escola. Apesar de o ter , como EE, confirmado na caderneta. Tive de ir ao médico porque lhe foi dito que só assim poderia fazer o teste. Quando voltou a ter a aula, tornou a pedir para fazer o teste. A professora recusou de novo. Só com atestado médico! Aqui está! disse o meu filho! Agora sim, já podes fazer o teste! Vou mudar o meu filho de escola. Estas professoras daqui são……não devem ter filhos……”
Tive de dizer algo e meter-me na conversa.
Dezembro 1, 2010 at 11:21 pm
Como lêem este caso?
Dezembro 3, 2010 at 4:17 pm
[…] MLR e PGuinote escolhem o mesmo episódio (a greve aos exames de 2005) para ilustrar o poder “mal usado” pelos sindicatos, uma queixando-se da ingovernabilidade do […]
Dezembro 4, 2010 at 7:10 pm
É um brilhante discurso, mas neste momento, para mim, é indiferente que a água corra para baixo ou para cima. Estes governantezinhos incendiaram a floresta, por isso apaguem eles o fogo. Não sou bombeiro.