Todos os anos se fazem análises aos relatórios, estatísticas, gráficos, tabelas e executivos sumários das publicações que a OCDE lança cá para fora em forma de relance.
Todos os anos se fazem análises atomizadas sobre a realidade educativa nacional, por comparação com as de países como a Estónia, a Coreia, o México ou a Suíça, conforme os interesses do momento, os destaques da organização ou os digest comunicacionais que outrora vinham da 5 de Outubro e agora surgem do Terreiro do Paço ou São Bento.
De um ano para outro só parecem manter-se dois dados adquiridos: estamos mal e os professores ganham muito no topo da carreira. E daí se estabelece uma metateoria que podiam meter algures, mas não digo onde, não vá o demo dar-lhes prazer com a iniciativa analítica.
O que fica por fazer? Ir combinando os elementos que se podem recolher de ano para ano, seja na OCDE, seja em outras instâncias, combinando-os de forma a extrair um sentido, que ultrapasse as análises simplistas do tipo feijão com arroz produz metano.
Desculpem-me, mas ando assim, sem grande pachorra para inibir os pensamentos, apenas os tento acobertar com palavras mais esquivas do que desejaria.
Este ano foi possível perceber que os professores e alunos portugueses passam mais tempo do que os seus congéneres europeus, ocedianos e associados. É sabido que, apesar disso, o desempenho dos alunos portugueses é fraquinho, fraquinho, quando a média é comparada com a de outros.
Perante isso há que ser frontal e optar por seguir uma linha de análise, aproveitando outros elementos que também conhecemos.
- Por exemplo, que em outros estudos ficou provado que, apesar do tempo passado na sala, em Portugal há um dos menores aproveitamentos em actividades lectivas propriamente ditas, por ser necessário interromper as aulas para tentar manter alguma ordem e trabalho entre os alunos.
- Assim como sabemos que, ao contrário de outros países, entre nós estão sempre a ser feitos retoques em matérias que deveriam estabilizar, como sejam as regras disciplinares e suas consequências, as alterações periféricas do currículo e um sem número de indicações sobre a organização dos horários e do ano escolar. Isto para não falar na torrente legislativa que quase todos os anos surge em momentos diversos do ano lectivo.
Esta situação tem vindo a ser acompanhada por um discurso que culpabiliza sistematicamente os professores pelo fraco desempenho dos alunos e o fracasso das sucessivas reformas educativas promovidas pelo poder político.
O que é estranho porque, sendo feita tal análise e sucedendo-se reforma sobre reforma, assim como os mais variados truques para produzir estatísticas de sucesso, quando chamados às comparações internacionais, o desempenho dos alunos se mantém fraco.
A culpa é dos intermediários: os do topo são uns génios, e os da base também o são em potência. Os do meio é que são uns ineptos, e impedem o sucesso.
Aliás, qualquer indivíduo ao passar de aluno a professor passa de bestial a besta, só por assinar o livro de ponto no primeiro dia de aulas.
Há pistas, variadas, que quando combinadas de uma forma menos conveniente para quem se escusa sempre a assumir os seus erros, poderiam levar-nos a pensar que, porventura, se calhar e quiçá, serão as macro-políticas que estão erradas, ao estarem desajustadas das necessidades efectivas que se sentem no trabalho quotidiano nas escolas e nas salas de aula. Que, sei lá, talvez, seja o recorrente discurso oficial que descarrega nos professores os defeitos e falhas no sistema, que está desadequado e deveria ser substituído. Que, já agora que falamos nisso, os especialistas, ex-ministros, ex-secretários de estado, assessores, mais alguns satélites e parasitas que andam agarrados à 5 de Outubro de há 30 anos a esta parte, talvez tenham um quinhão de culpa no asneirame sucessivo que produziram, devendo repensar a verborreia que debitam sempre que têm saem dos cargos e descobrem as fórmulas mágicas que não aplicaram.
Atirar as culpas sempre para as costas dos professores, esquecendo que o nosso paradigma (falo nos professores que não ficaram traumatizados pelas aulas dos liceus de elite dos anos 50 e 60) já não é o deles, é uma estratégia facilitista, em particular por quem não faz a mínima ideia do que é dar aulas numa escola de subúrbio ou do interior rural, a adolescentes de hoje, com os problemas de hoje, turma após turma, hora após hora, aos 100, 150, 200 alunos por semana.
Seria bom que, de uma vez por todas, a estrutura político-administrativa da Educação (a que já está de novo incrustrada nas comissões e grupos de trabalho das metas de aprendizagem, dos reajustamentos curriculares e tudo isso), assumisse os seus falhanços. Até porque, e seria bom relembrar isto, foram já estas pessoas que formaram a generalidade dos professores em exercício, fosse em ramos de formação educacional nas faculdades, em cursos de formação inicial nas escolas superiores de educação ou em bibliografia pletórica produzida desde meados dos anos 80.
Se os professores de hoje são verdadeiramente culpados de algo, de perpetuar o velho paradigma, não será porque estes pseudo-defensores de um novo paradigma fracassaram como professore(a)s e formadore(a)s, eles próprios, sendo muitos dele(a)s lamentáveis exemplos para aquele(a)s que quiseram doutrinar, sem direito a contraditório, protesto ou dedo no ar?
Será que estas pessoas, cujos nomes encontramos ano após ano, ministério após ministério, comissão após comissão, sempre nas listas de quem está a preparar a salvação para o que não funcionou, sendo que o que não funcionou foram ele(a)s a delinear, não percebem que é tempo de darem lugar a outras pessoas, outras ideias, outros paradigmas?
Porque o velho paradigma são ele(a)s mesmo(a)s, agarrado(a)s há 15-20-25 anos às mesmas crenças, ao mesmo discurso, às mesmas fórmulas, mesmo se com cobertura retórica ligeiramente adaptada.
É que, como na política, esta geração de 60 (e seus delfins) que lutou (e disso faz gala como se de diploma vitalício se tratasse) contra os excessos ditatoriais, parece que lutou para substituir a velha elite e depois tornar-se ela mesma tão anquilosante como a que a antecedeu.
E lança as culpas sobre os outros, não vá dar-se o acaso de os quererem fazer cair dos cadeirões…
É tempo de fazerem o mea culpa e desviarem-se do caminho. Agradecemos os vossos serviços, mas falharam. Tenham a humildade de gozar a reforma e deixarem-nos, por uma vez, em paz nas escolas.
Parafraseando o outro que nos preside, deixem-nos trabalhar…
Deslarguem…
Setembro 10, 2010 at 1:20 pm
Muito bem.
Excelente artigo, Paulo!
Setembro 10, 2010 at 1:28 pm
Desgrudem
Xô Xô
Deixem (os professores) trabalharem em paz com os seus alunos.
Conselho: Façam uns cruzeiros no Mediterrâneo. Curtam a vida.
Façam psicanálise.
Que tal os SPA/S?
Setembro 10, 2010 at 2:07 pm
Concordo.
Que círculo vicioso!
E os professores continuam a ser formatados nas suas formações profissionais e noutras pós-formações.
Setembro 10, 2010 at 2:08 pm
É mesmo isso que eu sinto! Ninguém, se não os zecos, sabe o que custa o dia a dia!
Óptimo artigo,Paulo!
Setembro 10, 2010 at 2:16 pm
Parabéns!
Haja alguém que nos redima ao dizer coisa tão certeiras.
Obrigada
Setembro 10, 2010 at 2:17 pm
#2
Façam no Pacífico, no Pacífico, que é mais longe…
Setembro 10, 2010 at 2:17 pm
e maior…
Setembro 10, 2010 at 2:19 pm
Muito bem! É isso mesmo!
É por causa destes pseudo-eduquistas que estamos sempre a levar por tabela.
Esta gente só contribuíu para desgraçar a escola e destruir a imagem dos professores.
Está mais do que na hora de assumirem a asneirada que fazem ano após ano.
Setembro 10, 2010 at 2:21 pm
Uma pessoa até lava a alma a ler estas coisas!!
Setembro 10, 2010 at 2:27 pm
Camarada Otelo precisamos de si para fazer uma Revolução! 🙂
Setembro 10, 2010 at 2:32 pm
Até Fidel de Castro assumiu os erros cometidos 🙂 🙂 🙂
Setembro 10, 2010 at 2:39 pm
Brilhante.
O que se está a fazer com a Educação em Portugal é quase magia negra e em alguns casos aproxima-se perigosamente do terrorismo social. As expectativas que são transmitidas e reforçadas por políticas de educação desajustadas, da realidade local de escola e sala de aula, contribuem para o desânimo e desespero de jovens e famílias, soterrados pelo desabar das “premissas de equidade e sucesso” incorporadas ao longo do percruso escolar, quando confrontados com a realidade do mundo laboral.
Obrigada Paulo por nos focar nas questões pertinentes da educação.
Setembro 10, 2010 at 2:51 pm
Mas alguma vez um exército ganhou uma guerra sem que os generais confiassem nos soldados?
Setembro 10, 2010 at 2:57 pm
«… análises simplistas do tipo feijão com arroz produz metano.» 🙂 🙂 🙂
Ou seja, o ME é um flato!
Setembro 10, 2010 at 2:59 pm
Bravo!
Setembro 10, 2010 at 3:01 pm
Este post merece tornar-se num Manifesto pela Educação.
Vou copiá-lo e enviá-lo a todos os meus contactos. Mesmo àqueles que eu sei que não vão gostar.
Setembro 10, 2010 at 3:06 pm
Parabéns Paulo. É por escritos deste calibre que o Umbigo vale a pena. Quanto a esta parte subscrevo na íntegra:
“Será que estas pessoas, cujos nomes encontramos ano após ano, ministério após ministério, comissão após comissão, sempre nas listas de quem está a preparar a salvação para o que não funcionou, sendo que o que não funcionou foram ele(a)s a delinear, não percebem que é tempo de darem lugar a outras pessoas, outras ideias, outros paradigmas?
Porque o velho paradigma são ele(a)s mesmo(a)s, agarrado(a)s há 15-20-25 anos às mesmas crenças, ao mesmo discurso, às mesmas fórmulas, mesmo se com cobertura retórica ligeiramente adaptada.”
… já por aqui propus que se deveria escrever um livro negro da educação onde se dê nome aos pedagogos e sumos sacerdote de serviço, os do Ministério e os da academia… Paulo, força nisso…
Setembro 10, 2010 at 3:13 pm
#8
NÃO FOI ESTA GENTE QUE CONTRIBUIU PARA A DESGRAÇA!
Os empoleirados, alguns que subiram até às gerências das escolas, é que não defenderam a escola. Adoptaram e acolheram as políticas esquecendo que foram professores e do que é ser professor. E depressa se esquece a realidade, os problemas de quem está no terreno e tudo se resume a conversa fiada e apoiada em gráficos da treta do blá blá blá. E tudo isto é tanto ou mais notório ao nível do 1º ciclo em agrupamentos onde se centralizou tudo na escola sede e onde se manda e desmanda através de coordenações fantoche, sem turma atribu+ida, que desempenham um papel facilmente substituível pelo tão útil mail. Ah, a parte de bufar aos superiores sempre podia ser pra algum coleguinha aspirante a um lugar ao sol na gerência.
Por isso, tudo isto, eu reitero, VENHAM OS MEGA MEGA MEGA MEGA!!!! se isso implicar contenção nos tachos…
Setembro 10, 2010 at 3:36 pm
#18
Não se iluda colega. Conheço 1 mega-mega com 14 adjuntos+coordenadores de escola…
São estes professores que neste momento entopem a escola de papel para fazerem valer a necessidade do seu cargo!
Setembro 10, 2010 at 3:40 pm
Um excelente post do JLSarmento … regressado às lides políticas
“Domingo, 7 de Dezembro de 2008
Escola Pública ou Escola Republicana?
Foi com enorme satisfação que vi, nas manifestações e nas greves dos professores, a profusão de cartazes reivindicando a defesa da Escola Pública. E foi com igual satisfação que vi alguns analistas políticos mais perspicazes começarem a aperceber-se que o conflito entre os professores e o Ministério é cada vez menos de ordem laboral e cada vez mais de ordem política.
Nos próximos meses assistiremos a negociações entre o Ministério e os Sindicatos. O que vai estar em cima da mesa vai ser o Estatuto da Carreira Docente, o Modelo de Avaliação e mais um ou outro afloramento do iceberg que calhe estar na ordem do dia. Sobre estes assuntos, cada uma das partes fará muitas cedências, poucas cedências ou nenhumas cedências conforme o poder negocial que tenha na altura. Nada disto é importante.
O que não estará em cima da mesa é a parte submersa do iceberg. E os professores sabem disso. E porque os professores sabem disso, tanto o Ministério, como os sindicatos estão em pânico. Sentados à volta da mesa, não se ouvirão uns aos outros: terão os ouvidos apurados só para os primeiros sinais de que o Comendador de Pedra se prepara para entrar na sala.
Os gatos saíram do saco e ninguém os vai conseguir meter lá outra vez. Os professores portugueses politizaram-se e ninguém os vai despolitizar. Perceberam que estão frente a frente duas concepções de escolas incompatíveis nos seus pressupostos, na sua concepção do humano e acima de tudo nos interesses que servem. De um lado, aquilo que apareceu referido nos cartazes como a Escola Pública e a que os nossos colegas franceses chamam, talvez com mais propriedade, a Escola Republicana, que se define pelo acesso de todos ao melhor que a nossa civilização oferece. Do outro lado, o inimigo: a escola tecno-burocrata, para a qual não há «civilizações», mas sim «economias», e cujo projecto consiste em ensinar uma pequena elite económica, ficando reservado a todos os outros aquilo a que Maria de Lurdes Rodrigues chama «qualificação».
A luta entre os professores o Ministério da Educação é um conflito de culturas e civilizações. Se permitirmos que o Ministério vença, os nossos netos serão selvagens.
http://www.legoergosum.blogspot.com/2008/12/escola-pblica-ou-escola-republicana.html
Setembro 10, 2010 at 3:41 pm
” tudo na escola sede e onde se manda e desmanda através de coordenações fantoche, sem turma atribu+ida, que desempenham um papel facilmente substituível pelo tão útil mail.”
Concordo… muitas nem o sabem utilizar… e apenas o consultam uma vez por mês!!!
A escola é uma fantochada onde a IGE faz o papel de uma inspecção “vendada” pois só vêem o que parece que está bem. Articulação entre ciclos … está na acta, articulação… tá na acta… tá nas convocatórias… e engolem tudo!
Volto a referir…
Uma autarquia ofereceu os livros a todos os alunos (ricos ou pobres) mas depois vai reduzir o subsídio dos pobres… Isto é que é justiça social…
Deixem começar a funcionar os outros bufos… (relatores…)
Continua a haver Rducadores de Infância no 4º Escalão a ser Relatores de outras de escalão superior!!!
Setembro 10, 2010 at 3:42 pm
Lembrete: O 25 de Abril de 74 fez-se com capitães.
Viva Salgueiro Maia!
Setembro 10, 2010 at 3:44 pm
Bom artigo, boa retórica, boa argumentação. O problema é pensar em pessoas alternativas concretas para substituir a nomenkalura da 5 de Outubro e dos organismos regionais do ME. Quando começo a pensar em nomes que gostaria de ver desempenhar cargos importantes no ME (e não estou necessariamente a pensar em ministros ou secretários de estado) começo a contar pelos dedos e sobram-me dedos numa única mão…
P.S. Disse: em “outros estudos ficou provado que, apesar do tempo passado na sala, em Portugal há um dos menores aproveitamentos em actividades lectivas propriamente ditas, por ser necessário interromper as aulas para tentar manter alguma ordem e trabalho entre os alunos.”
Que estudos se está a referir em concreto?
Setembro 10, 2010 at 3:46 pm
Isto nada tem a ver com a entrada do Paulo. Mas aí vai:
And the Oscar for the best study stating the obvious goes to… “Estudo revela que utilizadores do Facebook são piores alunos” (http://www.ionline.pt/conteudo/77423-estudo-revela-que-utilizadores-do-facebook-sao-piores-alunos-).
Setembro 10, 2010 at 3:51 pm
Excelente! Excelente! Excelente!
Se não podemos fazer mais nada, ficamos com as análises do Paulo ( que todos sentimos como nossas) e esperamos que muitos jornalistas ( e não só) as leiam.
Estamos fartinhos do “velho paradigma” que alguns continuam a chamar “novo”, só pq já não têm idade para repensar as suas “certezas”!
Setembro 10, 2010 at 3:53 pm
E acrescento que gosto de bílis misturada com humor. 🙂
“E daí se estabelece uma metateoria que podiam meter algures, mas não digo onde, não vá o demo dar-lhes prazer com a iniciativa analítica.”
Prazer com a iniciativa analítica..lollllllllll 😉 🙂 🙂
Setembro 10, 2010 at 3:54 pm
#23,
Um relatório, que tenho por aí num post que já busco, em que se concluía que Portugal e México eram os campeões das mini-insurreições na sala de aula (estou a exagerar, claro).
Daí, Manyfaces, talvez o maior salário relativo…
😉
Setembro 10, 2010 at 3:55 pm
#27, li isso no jornal, ontem ou hoje…
Setembro 10, 2010 at 3:57 pm
Lembram-se qdo no estágio ( profissionalização em exercício) tinhamos de estudas as “novas pedagogias” ( Carl Rogers e a não-directividade, etc)?
Foi há quase 30 anos.
Ainda se chamam “novas pedagogias”??
Ao menos chamem-lhes “pós-novas pedagogias”!
Setembro 10, 2010 at 3:59 pm
#23,
Não achei o meu próprio post, nem o relatório da OCDE, mas a notícia do CM:
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/ensino/indisciplina-rouba-16-por-cento-da-aula?nPagina=4
Setembro 10, 2010 at 4:16 pm
“Lembram-se qdo no estágio ( profissionalização em exercício) tinhamos de estudas as “novas pedagogias” ( Carl Rogers e a não-directividade, etc)?”
não directividade… Esse material é pior do que veneno dos ratos… Devia ser tudo queimado numa fogueira… antes tivessem passado o estágio a ver filmes do Roy Rogerr.
É desse Carl a famosa tirada:
“Não podemos ensinar, apenas podemos facilitar a aprendizagem”
O PSD se quer mudar constituição que proponha a insconstitucionalidade dessa frase! Isso é que era um serviço ao País!
Setembro 10, 2010 at 4:17 pm
#31,
Daí sermos facilitadores das aprendizagens e como escrevia Daniel Sampaio no domingo, as escolas não devem ser locais onde se ensina…
Setembro 10, 2010 at 4:22 pm
# 32
Estamos a falar de NPPEB, certo?
Quantos colegas levam isso a sério?
No meu grupo de formação, só um ou outro «implementador» se mostrava extasiado com o «novo papel do professor de Português». Os restantes aproveitavam cada oportunidade para criticar o muito que há de criticável na proposta de Carlos Reis e Cia.
Setembro 10, 2010 at 4:24 pm
#33,
Se fosse só disso…
Setembro 10, 2010 at 4:25 pm
Este é mais um trabalho para figurar na antologia.
Só a destruição do ME com tudo o que tem apenso pode abrir uma porta para o início da resolução dos nossos problemas.
As escolas é que têm de ser responsáveis pelos alunos, desde a sua segurança ao seu sucesso.
As privadas não precisam da tutela para nada e dizem que são quase todas boas.
Setembro 10, 2010 at 4:26 pm
#32 Tou a ficar com um pó a esse Sampaio… hoje estou muito na onda do outro Pastor que queria queimar os livros Sagrados… Para mim quem não renegasse ao Carl Rogers seguia para auto de fé…
Setembro 10, 2010 at 4:29 pm
O ME deveria ser «light»: tratava dos programas de forma genérica, da inspecção, da definição da legislação geral (não da diarreia legislativa actual, mas de um conjunto de princípios universais) e pouco mais.
Poupavam-se uns milhares valentes de euros e extinguia-se, por consequência, a pesada estrutura. Só que, a ser assim, como é que a trampa que o enxameia poderia vomitar as pérolas que expele?
Setembro 10, 2010 at 4:32 pm
#33
Talvez não seja boa ideia não levar a sério as propostas do NPPEB. É bem melhor do que o(s) anterior(es). Tem alguns aspectos que deveriam de ser revistos, sobretudo o que respeita a quantidades. Quanto à qualidade e validade das propostas, não tenho nenhuma dúvida de que se trata de um excelente Programa.
Setembro 10, 2010 at 4:34 pm
Sim senhor, o Paulo está inspirado!
Gostei especialmente desta:
“É tempo de fazerem o mea culpa e desviarem-se do caminho. Agradecemos os vossos serviços, mas falharam. Tenham a humildade de gozar a reforma e deixarem-nos, por uma vez, em paz nas escolas.”
Mas deslarguem mesmo!
Setembro 10, 2010 at 4:44 pm
Não têm como deslargar, caía a “sociedade” deles.
Em tempo, que outro país deixaria que o destruíssem e vendessem?
Setembro 10, 2010 at 4:51 pm
#38
pois pois… por alguma razão essa banha da cobra tem tido vida tão longa. Há muita gente que a continua a comprar. Basta dar uma olhada para uma das muitas monografias que por aí se encontram sobre Aprendizagem centrada no aluno, powered by Carl Rogers para se apreciar a dimensão da calamidade. Numa delas são enumerados os principios fundamentais da teoria da coisa. Aprecie-se este autêntico manual de tesourinhos deprimentes tirado daqui http://lobonet.xpg.com.br/ensinonaodiretivo.doc:
O ser humano contém em si uma potencialidade natural para a aprendizagem (Rogers, 1986: 28).
Não podemos ensinar, apenas podemos facilitar a aprendizagem (Rogers, 1974: 381).
A aprendizagem significativa acontece quando o assunto é percebido pelo aluno como relevante para os seus propósitos, o que significa que o aluno aprende aquilo que percebe como importante para si (Rogers, 1974: 382).
A aprendizagem que implique uma mudança ameaçadora na percepção do self, tende para a resistência (Rogers, 1974: 383).
A maioria das aprendizagens significativas é adquirida pela pessoa em ação, ou seja, pela sua experiência (Rogers, 1986: 136-137).
Quando a autocrítica e a auto-avaliação são facilitadas, e a avaliação de outrem se torna secundária, a independência, a criatividade e a auto-realização do aluno tornam-se possíveis (Rogers, 1974: 404-405).
Tudo isto é tenebroso…
Setembro 10, 2010 at 5:23 pm
“De um ano para outro só parecem manter-se dois dados adquiridos: estamos mal e os professores ganham muito no topo da carreira.”
Foi o mesmo discurso que se ouviu de MLR mas que depois aumentou o topo da carreira aumentando o fosso dessa diferença.
Agora quem sabe se chegue ao indíce 400. 😆
Setembro 10, 2010 at 5:27 pm
Texto excelente!
Gostava que aparecesse um texto contraditório. Ao que parece já nem as Marias Campos deste País acreditam num verdadeiro sucesso. Os responsáveis pelo estado a que isto chegou refugiam-se no “ninho” do poder e esperam pacientemente (sem dar nas vistas) o senhor que se segue, na esperança de continuarem…
Setembro 10, 2010 at 5:41 pm
Muito bem escrito, 100% de acordo.
#43 também gostava de ver.
Setembro 10, 2010 at 6:02 pm
Parabéns Paulo!
Se os jornalistas começaram a abrir os olhos e a informar melhor a opinião pública, essa acção deve-se a este umbigo, que ano após ano vem desmontando toda a gama de estatísticas e estudos que faziam brilhar a Milú e sus muchachos.
Setembro 10, 2010 at 6:03 pm
A solução…
http://bulimunda.wordpress.com/2010/09/09/curso-sul-coreano-16-horas-de-aula-por-dia-south-koreas-cram-schools-esta-sim-e-a-verdadeira-escola-a-tempo-inteiro/
Setembro 10, 2010 at 6:05 pm
Razão tem este…
Setembro 10, 2010 at 6:16 pm
Belo e desassombrado texto, Paulo.
Em relação a “É que, como na política, esta geração de 60 (e seus delfins) que lutou (e disso faz gala como se de diploma vitalício se tratasse) contra os excessos ditatoriais, parece que lutou para substituir a velha elite e depois tornar-se ela mesma tão anquilosante como a que a antecedeu.”
Paulo, a história da humanidade raramente sai deste trilho. Daí que talvez se devesse fazer uma revolução por década para distribuir melhor a carne por todos.
Setembro 10, 2010 at 6:42 pm
Este tipo de sistema (eduquês), vive – mais do que qualquer outro – da inércia; finge que muda (está sempre a falar de “novas dinâmicas), para que tudo fique igual – e salvaguarde os beneficiários
Setembro 10, 2010 at 8:02 pm
Ainda nem li os outros comentários!
Bravo, Paulo! Texto contundente e sem meias-tintas, que diz quase tudo!
É que já NÃO há pachorra! 😦
Setembro 10, 2010 at 10:08 pm
Daqui se depreende que é necessário uma nova luta (revolução) para substituir esta velha nova elite.
Setembro 10, 2010 at 11:15 pm
Revisto por mero acaso, vejo-me na obrigação de auto-corrigir passagem do meu #38, por conter uma imprecisão de palmatória. Onde se lê “que deveriam de ser”, deve ler-se “que deveriam ser”.
Setembro 10, 2010 at 11:23 pm
Um “post” pragmático, assertivo e Perfeito!
Apenas não corroboro, e apenas, com o que se transcreve: ” Agradecemos os vossos serviços,”
Não só não agradeço como não lhes perdoo: destruíram a escola, continuam a fazê-lo! Vaidosos, pretensiosos, balofos e cheios de si, autopromoveram-se e ascenderam às cúpulas do sistema, reproduziram-se e alargaram influências e nunca de lá sairão por iniciativa!
Setembro 10, 2010 at 11:38 pm
gosto!
Lavei a alma nas tuas palavras, desapareçam, parem, partam, mão estraguem mais!!!
Setembro 11, 2010 at 12:06 am
# 52
Não se incomode. O nosso Garrett também usa o “dever de”.
Já agora… Eça usa a expressão”é uma seca”.
Setembro 11, 2010 at 12:19 am
# 53
A Expressão ” Agradecemos os vossos serviços”, em meu entender, constitui uma finíssima ironia (tendo em conta o contexto em que surge).
Setembro 11, 2010 at 2:20 am
56
Eu sei.
Na verdade, apenas me apeteceu-me ser clara e inequivocamente directa e objectiva… não fossem eles ficar com, dissimuladas, dúvidas! 🙂
Setembro 11, 2010 at 2:20 am
…me apeteceu ser…
Setembro 11, 2010 at 12:42 pm
Este texto merecia estar destacado em todos os jornais de grande circulação do nosso país.
Força, Paulo.
E muito obrigado por tudo.
Setembro 13, 2010 at 9:56 pm
este texto é um estaladão!!!!