Do Fliscorno:
Que eu acho padecer de algum optimismo, pois a mancha verde ainda é assinalável. O ambiente presta-se a uma prosa bem decadentista, mas acho que já (quase) tudo foi escrito em finais de Oitocentes, quando – apesar de tudo – a canalha (linguagem inspirada em Francisco Assis) talvez não fosse tão medíocre como a que agora por aí manda.
A polémica pública sobre os fogos, recorrente entre nós, é apenas mais um episódio medíocre de um espectáculo medíocre que dá pelo nome de Portugal, onde até a Justiça não passa de um simulacro e tudo o resto resvala para o chiqueiro (há que não nos ofendermos com a designação generalista de PIIGS, pois no fundo até é capaz de ser desonrosa para os verdadeiros suínos, animais bem aproveitadinhos).
Nunca fiz planos para sair daqui e ir fazer vida para outras paragens, mas a sensação de claustrofobia começa a ser mais forte do que qualquer apego patriótico. É demasiada mediocridade, mesquinhez e incompetência mascaradas com prosápia, arrogância e pergaminhos fajutos.
Chamar choldra ao que se passa é elevar demasiado a fasquia.
Agosto 14, 2010 at 11:52 am
Ontem no programa relativo a Jorge de Sena, um dos intervenientes disse: Portugal sofre do complexo de nanismo quando alguém tem mais dois centímetros cortasse-lhos, são uma arresta a eliminar. Nem mais.
Agosto 14, 2010 at 12:00 pm
É por causa disso que nunca pratiquei, nem praticarei, nudismo!…
Agosto 14, 2010 at 12:09 pm
#2
😀 😀 😀
Agosto 14, 2010 at 12:11 pm
Nem tudo é mau, pelo menos há boas intenções.
http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/NoticiasVida/2010/8/grupo-de-pais-decidiu-transformar-um-pavilhao-abandonado-numa-escola-para-criancas-especiais05-08-20.htm
http://www.facebook.com/casa.do.chapim#!/casa.do.chapim?v=wall
Agosto 14, 2010 at 12:20 pm
O fascismo socratino seu melhor:
PSP relata “cadastro” político de não arguidos em processo
Relatório policial identifica 30pessoas estranhas a inquérito sobremanifestação do 25 de Abril de 2007
2010-04-25
O processo em que dez arguidos estão a ser julgados por ofensas a polícias numa manifestação realizada em Lisboa, faz hoje três anos, contém um relatório da PSP que identifica 30 cidadãos estranhos ao processo, com o seu nome e convicções ideológicas.
Estes indivíduos não são arguidos nem foram identificados no inquérito criminal da manifestação do 25 de Abril de 2007, mas aparecem identificados no respectivo processo, por alegadas ligações, na maioria dos casos, a movimentos anarquistas, de extrema-esquerda e ecologistas, que as autoridades associam àquela manifestação.
A maior parte das informações que a PSP coligiu sobre aqueles cidadãos não tem relevância criminal; outras foram retiradas de processos-crime, em grande medida, sobre (outras) manifestações não autorizadas e acções “Okupa” – ocupação de casas devolutas.
“Parece ter havido uma falha na preparação do relatório, porque deveria ter sido omitida a identidade das pessoas não constituídas arguidas no processo”, comenta Paulo Henriques, da Faculdade de Direito de Coimbra.
O relatório da PSP, de 29 de Novembro de 2007 e assinado pelo então comandante metropolitano de Lisboa, Guedes da Silva, foi requerido por uma procuradora do DIAP de Lisboa, em 2007, após os confrontos, na zona do Chiado, entre o Corpo de Intervenção da PSP e participantes na “Manifestação antiautoritária contra o fascismo – contra o capitalimo”.
A magistrada pediu informações sobre a “integração” dos 11 arguidos (um já falecido) do inquérito “em movimentos ou grupos tais como os citados no auto de notícia” – anarquistas e de extrema-esquerda – e registo de acções violentas e ilegais destes grupos. E juntou ao processo, que já é público, o relatório recebido da PSP.
PSP aponta cartão da JCP
O documento começa por relatar factos da vida de cinco dos 11 arguidos, sem que nenhum dos imputados – tentativas de furto em supermercados, ruído na via pública… – os ligue àquele tipo de grupos. O único facto “político” ali descrito decorre da integração de uma arguida num grupo que, na tarde de 25 de Abril de 2007, atirou ovos e tomates contra um cartaz xenófobo do PNR, no Marquês de Pombal.
Não se ficando pelos arguidos, a PSP começou por identificar seis dos atiradores de ovos. Ao primeiro da lista, imputou o incitamento à realização de seis greves e manifestações, em duas escolas secundárias. Mas sublinhou o activismo político do jovem de forma mais curiosa: “Em 4 de Novembro de 2006, participou o extravio de documentos, entre os quais se encontrava o cartão de militante da Juventude Comunista Portuguesa”, apontou a PSP.
Lei proíbe ficheiros políticos
O relatório vai mais longe e identifica 24 pessoas que não têm sequer relação estabelecida com nenhum arguido. Contudo, participaram em acções de cariz político-ideológico: protestos contra cimeiras do G8 e a guerra no Iraque, acções contra os transgénicos, ocupação de imóveis devolutos…
Tome-se o exemplo do cidadão belga J.D.. A PSP não lhe imputa qualquer facto ilegal e muito menos com relevância criminal, mas identifica-o, por ele estar ligado ao grupo ambientalista GAIA, que terá membros comuns ao Verde Eufémia, que, por sua vez, terá destruído milho transgénico em Silves, em 2007. A PSP relatou que J.D. tinha 25 anos, recebeu um fundo da União Europeia para colaborar com o GAIA, é licenciado em Ecologia e em Ciências Sociais e Políticas, esteve três dias em Rostock (Alemanha) a manifestar-se contra a cimeira do G8, participa em workshops da REDE G8 em Portugal.
Este é um dos casos que levanta questões sobre como a PSP recolhe e trata dados dos cidadãos, sendo certo que a lei proíbe “o tratamento de dados pessoais referentes a convicções filosóficas ou políticas, filiação partidária ou sindical”. O docente Paulo Henriques faz uma declaração de fé: “Quero crer que as actividades de recolha e tratamento de dados que as polícias desenvolvem têm lugar no estrito cumprimento da lei”.
O JN questionou a PSP, mas esta não quis fazer “qualquer tipo de comentário”. Dos quatro advogados dos arguidos contactados, pronunciou-se Alexandra Ventura, que contestou que a PSP “registe e interligue informações de pessoas que nada têm a ver com o processo”.
“A PIDE registava informações das pessoas, mas não as divulgava…”, comparou a jurista.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Policia/Interior.aspx?content_id=1552775
Agosto 14, 2010 at 12:22 pm
#4:
É tudo mau e o resto é conversa…
Agosto 14, 2010 at 12:25 pm
#4:
Diz lá:
Para que é que me serve as boas intenções neste país governado por um crápula?
Sabes para mim neste país ser professor é ser missionário – não o deveria ser…
Agosto 14, 2010 at 12:50 pm
#6
Se é tudo mau nem a conversa se safa!
Agosto 14, 2010 at 12:59 pm
#6
considero-me uma pessoa realista, consciente do meu entorno, consigo ver para além do preto e branco.
Agosto 14, 2010 at 1:19 pm
Chamar choldra ao que se passa é elevar demasiado a fasquia…
“Falta de dinheiro retira vigilância do Parque Nacional da Peneda-Gerês
06 AGO 10
Mais de 20 fiscais do Parque Nacional da Peneda-Gerês não podem trabalhar há mais de um ano, por causa da falta de dinheiro. Em época estival, esta situação torna-se ainda mais preocupante.
http://www.tsf.sapo.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1635758
http://www.fliscorno.blogspot.com/2010/08/contadores-de-verao.html
Agosto 14, 2010 at 1:21 pm
Sai um decreto flambé, sff
Volta e meia, independentemente do ministro que esteja em funções, lá vem a conversa do Estado poder meter o nariz na propriedade privada. No caso presente, fala-se do Estado tomar posse de terrenos particulares. Antes, em 2008, foi Jaime Silva com uma teoria quanto às partilhas.
Atente-se nas declarações do ministro da Agricultura (via TSF): “(…) estão a ser estudados «alguns instrumentos» de «agravamento fiscal para quem não utiliza as terras, não as mantém, não as arrenda ou não as vende». Estão também em estudo «instrumentos mais agressivos», como «o Estado vir a tomar posse de determinada propriedade para mais tarde fazer uma concessão para privados com experiência na gestão de espaços florestais ou outros», acrescentou António Serrano”.
Portanto, cavalgando o caos dos incêndios, aproveita o ministro para apresentar adicionais fontes fontes de receita, pelo agravamento fiscal e pelas concessões, que (aposto) não serão gratuitas.
Estamos falados quanto às motivações. Mas há ainda outras duas outras questões para abordar. Em primeiro lugar, já que o ministro reforça a aposta num Estado-Papá, é de observar de que forma toma o Estado conta das suas propriedades. Será um exemplo de excelência? Será o Farol de Alexandria dos proprietários florestais? Olhando para a forma como o Estado descuidou a vigilância do parque Peneda-Gerês, que arde desde sábado, dir-se-ia que não. E considerando o estado da Mata Nacional do Urso em 2005, logo depois do Estado passar a exigir aos privados o que ele próprio não fazia (e não faz?), confirma-se que mata privada que arda, arderá de forma igual se colocada sob a tutela do Estado.
Por fim, não se tiram lições quanto a legislar a quente? Sempre que uma situação ganha relevo na comunicação social, logo alguém do governo que esteja em funções que se lembrará de apresentar nova legislação que resolva o que a anterior não havia resolvido. Legislação essa a ser substituída na crise que se lhe siga e assim sucessivamente porque, por norma, o problema não reside na falta de legislação mas sim no não cumprimento daquela que esteja em vigor.
Claro que apresentar novas leis transmite as ideias de o incidente ter ocorrido défice legislativo e que este não se repetirá depois da iniciativa efusivamente apresentada perante os holofotes dos media. Mera gestão da crise, portanto. Os problemas destas iniciativas são o seu custo e, possivelmente, não serem a melhor solução. Veja-se o caso dos painéis de “Risco de Incêndio Florestal”, lançados em 2008. Este aqui apresentado foi fotografado em 8 de Agosto de 2010, perto da Figueira da Foz, num dia de intenso calor e marcava um reduzido risco de incêndio. Na verdade, assim já estava desde o Outono passado. Quantos destes painéis estarão nas mesmas circunstâncias? Se é questionável se valeu a pena gastar dinheiro nisto, já com segurança se pode afirmar que deu belas parangonas por ocasião do respectivo anúncio governamental.
Os incêndios são um flagelo anual que só se conterá, quanto a mim, quando se conseguir mudar a atitude dos portugueses face aos seus recursos naturais. O que implica deixar de largar lixo nas bermas, parar de atirar beatas acesas (e apagadas também!) para o chão e ter-se vigilância e Justiça capazes de responsabilizar as atitudes criminosas. E não será por decreto que se lá chegará.
http://www.fliscorno.blogspot.com/2010/08/sai-um-decreto-flambe-sff.html
Agosto 14, 2010 at 1:46 pm
“…a sensação de claustrofobia começa a ser mais forte do que qualquer apego patriótico. É demasiada mediocridade, mesquinhez e incompetência mascaradas com prosápia, arrogância e pergaminhos fajutos.
Chamar choldra ao que se passa é elevar demasiado a fasquia.”
NEM MAIS!
Agosto 14, 2010 at 1:47 pm
#9:
Eu vejo a vida a cores…
Abraço!
Agosto 14, 2010 at 1:51 pm
Caro Paulo Guinote
Isto parece escrito por mim. Eu é que costumo chamar bandidos, gatunos, incompetentes, crápulas a esta gentalha que nos desgoverna, a estes Ratos pestíferos.
Estavas mesmo mal humorado quando escreveste o post.
Hoje até sonhei com o Crápula: disse-lhe das boas na cara!…
Agosto 14, 2010 at 1:58 pm
Por falar no Crápula. será que na Choldra seria possível uma capa destas:
http://portadaloja.blogspot.com/2010/08/vive-la-france.html
Perante isto, o que será uma campanha negra?
Agosto 14, 2010 at 2:55 pm
#14,
É a ressaca da sexta-feira, 13.
E o balanço de um ano verdadeiramente para esquecer em quase tudo.
Agosto 14, 2010 at 3:05 pm
Epá, li por alto alguns posts de hoje e já estou com um ânimo do caraças.
Mas esta é a realidade desta coisa a que ainda chamamos país.
Eu confesso-vos uma coisa. Como fico doente com estas e tantas outras coisas, agora faço com que muitas delas me passem ao lado. Ou então superficialmente.
Não era assim, mas passei a ser. Por uma questão de sanidade mental.
É que esta gente está a levar o país para a fossa e não tem nenhum peso na consciência.
Agosto 14, 2010 at 3:12 pm
Concordo com o que está escrito.
E Portugal, além de tresandar, está num estado que mete nojo a qualquer pessoa honesta.
Agosto 14, 2010 at 3:17 pm
#17,
Eu bem tento, mas tenho recaídas fortes e depois digo 10% do que penso.
Chegasse a 30-40% e fechavam-me isto com ordem judicial.
Agosto 14, 2010 at 3:23 pm
Agosto 14, 2010 at 3:33 pm
Acredito.
Por isso já nem me descaio tanto como acontecia. Já cansa ser-se olhado de lado por se falar o que se pensa.
Mas continuo a pensar para mim.
Vou apanhar ar e Sol! Aproveitar as férias!!!
Agosto 14, 2010 at 10:22 pm
e todos os anos eles, os políticos, prometem que as coisas vao melhorar para o ano que vem (e depois isso nao acontece). ja em 2002 durao barroso dizia que era preciso apertar o cinto. desde aí foi todos os anos. Experimentem ouvir as noticias na radio de hora a hora. objectivamente nao teem quelqer interesse a nao ser o transito e mesmo esse cansa e nao sacia
Agosto 14, 2010 at 10:49 pm
Também tento esquecer mas por vezes não aguento.Já estive a pesquisar hipóteses de ir trabalhar para fora,sei lá para outro país qualquer da Europa! Falo várias linguas fluentemente ,já vivi até aos dezoito anos fora por isso não seria complicado.O problema é que não quero deixar os meus pais doentes cá nem separá-los da minha filha.Estou mesmo farta disto, os nossos filhos não merecem esta porcaria!