Que tal taxar todas as SCUT a um preço baixo e comportável que gerasse receita, mas não fosse algo demasiado oneroso para os utilizadores frequentes?
Seria assim um disparate tão grande?
E quanto ao chip, não seria possível torná-lo uma coisa tipo viacard ou viaverde, sem mais manigâncias?
Governo propõe portagens nas outras Scuts a partir de 2011
Junho 30, 2010 at 6:25 pm
Boa ideia!
Junho 30, 2010 at 6:30 pm
Fazem compras demais e ficam impotentes das ideias.
Junho 30, 2010 at 6:40 pm
Grande imbróglio. Quando João Cravinho, então ministro dos transportes de Guterres, concebeu a política das scuts, não previu as portagens. Para que as portagens sejam feitas agora, é necessário investir alguns milhões de euros, dinheiro que não há. Vai daí pensou-se em chipar toda a gente. Mas a oposição chumbou os chipis na semana passada. O governo quer impor portagens, mas não consegue fazê-lo ao mesmo tempo para todas as auto-estradas, e mesmo só para algumas, já não consegue fazê-lo para todos os utilizadores.
Junho 30, 2010 at 6:55 pm
E o negócio , como é que ficava ?
http://aeiou.expresso.pt/ex-assessor-do-governo-vende-ichipsi-para-scut=f590692
Junho 30, 2010 at 7:14 pm
Não pode ser!! Portagens a preços baixos em todas as SCUTS!!
Então e o Governo e os Concesionários ficavam a perder os seu dinheirinho???…ui ui…temos que esmifrar os contribuintes até ao tútano.
Gostam é de continuar a “cilindrar” o contribuinte.
There only one way, the PS way.
Junho 30, 2010 at 7:20 pm
http://bulimunda.wordpress.com/2010/06/30/no-fundo-nao-passamos-disto-formigas-obreiras-dispensaveis-descartaveis-obedientes/
Junho 30, 2010 at 7:30 pm
Eu gostava era que alguém me explicasse a necessidade extrema de vir cobrar dinheiro para circular nas SCUT.
As estradas ainda não estão pagas?
O dinheiro é para a sua manutenção?
Qual a verdadeira razão para esta confusão toda?
Junho 30, 2010 at 7:51 pm
#0
Parece impossível concordares com o taxamento seja de que via for…
Não existem impostos directos e indirectos que cheguem para pagar a construção e manutenção da rede viária?
Junho 30, 2010 at 8:11 pm
#0
Não concordo.
Em primeiro lugar, das 7 SCUTs existentes a A28 (por sinal que eu uso diariamente) não foi construída com o modelo que se apregoa por ai. A própria A28 que antes era uma IC já foi toda paga e não tem nenhuma “estrada nacional” alternativa em todo o percurso.
Assim, até aceito uma solução como a que está proposta e penso ser a solução mais equilibrada.
Agora chamem o Guterres para limpar a porcaria toda que fez no seu mandato.
Desde quando não se constrói uma estrada nacional? Terá sido a última no tempo de Salazar?
Junho 30, 2010 at 8:36 pm
#9
Ó! O saudoso Salazar!
Aquele que pôs escolas em todas as aldeias deste país, aquele que fez a ponte SALAZAR (sou a favor de manter o nome das coisas como memória do passado, seja ele bom ou mau), aquele que fez estradas nacionais, aquele que embora mantivesse Portugal na obscuridade do modernismo, conseguiu preocupar-se mais com a nação do que muitos que andam por aí…
Junho 30, 2010 at 8:40 pm
#7:
“As estradas ainda não estão pagas?”
Não. A factura só começou a chegar em 2005 (700 milhões por ano). Há quem diga que o famoso défice de 2005, descoberto pelo Constâncio, foi um malabarismo para encontrar dinheiro para pagar as SCUT.
Outro aspecto é que, além de o governo lançar obras para outros pagarem (*), as SCUT ficaram bem mais caras do que se fosse construídas como as restantes auto-estradas (cf http://fliscorno.blogspot.com/2010/06/as-scut.html ).
* onde é que continuo a ver este filme? Ah, sim, no TGV (diz que se paga a si mesmo; vejam-se as SCUT que se pagaram a si mesmas cof cof cof), nos submarinos (em leasing?!!!!) e no aeroporto.
Junho 30, 2010 at 8:44 pm
PS diz que adia para Janeiro o pagamento das SCUT mas… se o chip for obrigatório. Claro, mesmo que o Estado perca receitas, o que importa é que o negócio, digo, a solução dos chips avance.
Junho 30, 2010 at 8:46 pm
Paulo,
uma “via verde” obrigatória não é a mesma coisa do que a Via Verde (facultativa). Porquê: http://fliscorno.blogspot.com/2010/06/porque-sou-contra-o-chip-das-matriculas.html
Só para citar o 1º caso: A partir do momento em todos os veículos automóveis estejam marcados electronicamente é uma questão de tempo até que outros usos sejam definidos (portagens nas entradas das cidades ou em zonas das cidades; estacionamento pago de forma generalizada; controlo de movimentos; e tudo o mais que o cruzamento de dados permita).
Junho 30, 2010 at 8:46 pm
Nem as estradas, nem os estádios. Mas como é que alguma coisa pode estar neste país se roubam o dinheiro todo?
Junho 30, 2010 at 8:47 pm
estar paga, claro.
Junho 30, 2010 at 8:48 pm
MAIS UMA??? Há falta de dinheiro?
Skins: Arguido fala em desvio 383 M€ por familiares de Sócrates
O Tribunal de Loures vai enviar para a Procuradoria Geral da República certidão com declarações de um dos arguidos no julgamento de Mário Machado, dirigente da Frente Nacional, sobre alegados documentos de fluxos financeiros que envolvem familiares de José Sócrates.
O arguido Rui Dias, um dos oito que estão a ser julgados em Loures pelos crimes de associação criminosa, extorsão, sequestro e outros, disse hoje em tribunal que «tem na sua posse documentos que referem o desvio de 383 milhões de euros», envolvendo «o tio, o primo e a mãe» do primeiro ministro, José Sócrates.
Gestor financeiro na área de mercados de capitais, Rui Dias salientou que «por causa desses documentos» é que está detido preventivamente e a ser julgado juntamente com Mário Machado, líder dos Hammerskins Portugal, movimento conotado com a extrema direita.
Junho 30, 2010 at 8:48 pm
A expressão “cruzamento de dados” provoca-me uma estranha impressão. Neste país, pois.
Junho 30, 2010 at 8:55 pm
#16, em que jornal?
Junho 30, 2010 at 8:59 pm
As estradas não estão pagas?!
E que têm os portugueses a ver com isso?
Quem desapareceu com o dinheiro que as pague…
Junho 30, 2010 at 9:11 pm
#19
Conhece aquelas propostas irrecusáveis de certos comerciantes, tipo “leve agora, pague depois”?
Os governos de Guterres fizeram os contratos das SCUTs nessa base. As estradas foram feitas e inauguradas no tempo dele, as facturas foram apresentadas aos governos que vieram a seguir. Agora imagine quem é que as terá de pagar…
Junho 30, 2010 at 9:14 pm
#11 #19 #20
A A28 está totalmente paga.
A A28 não era uma SCUT.
Junho 30, 2010 at 9:20 pm
#21
E julgo (posso estar enganado) que a A22 (Via do Infante), lançada ainda no tempo do Cavaco, também não.
Junho 30, 2010 at 9:22 pm
Paulo,
Façamos a cronologia dos factos:
1. As SCUTS não “portajadas” existem apenas em regiões onde se cumpram alguns requisitos, entre os quais, a não existência de vias alternativas e o facto da região que a SCUT serve ter um PIB inferior à média nacional.
2. Quando o governo decidiu “portajar” três (das sete) SCUTS existentes, ao que parece todas a norte, foi porque as regiões a que as SCUTS servem deixaram de cumprir estes requisitos.
3. A história do chip aparece associada às SCUTS mas a verdade é que a polémica inicial com o chip nada tinha que ver com as SCUTS. O problema era penas com o uso que seria dado ao tal chip, que muitos consideravam ser uma violação da privacidade dos seus utilizadores. Porém esse assunto foi resolvido, bem antes de assunto ir à AR, com a garantia de que o chip apenas seria utilizado para fins de cobrança de portagem, até porque tecnicamente era impossível ter um chip com outros fins.
4. O uso do “chip” aparece associado às SCUTS porque é o meio mais adequado para a cobrança das ditas portagens. Para que se saiba, para se colocar portagens convencionais nas SCUTS em causa seriam necessárias obras num valor total de 450 milhões de euros. Além disso seria um sistema bem mais caro e menos rentável.
5. A extensão das portagens a todas as SCUTS foi uma imposição do PSD para viabilizar a colocação de portagens nas SCUTS. Se o governo só pretendia colocar naquelas três (afinal era isso que estava no seu programa eleitoral e nas medidas do PEC negociadas com o PSD), dada a chantagem, anuiu estender a todas as outras, desde que se conservasse o princípio que sempre defendeu para as SCUTS, ou seja, não “portajar” as SCUTS que servem regiões com um PIB inferior à média nacional. Desta forma, e para contornar este impasse, propôs que todas fosse “portajadas” e que os residentes em concelhos com um PIB inferior à média ficassem isentos do seu pagamento. Não era a medida ideal mas era a mais coerente com o que o PS sempre tinha defendido.
7. Desta forma, o governo propôs que a partir de Agosto as tais três SCUTS começassem a ser “portajadas” e que no início do ano de 2011, após as obras de colocação dos pórticos, fossem também as restantes.
6. Por fim, ao que parece o PS deixou cair a obrigatoriedade de uso do “chip”, prevendo ser possível o pagamento pós-uso, ou seja, através da fotagrafia da matricúla do utilizador e do envio do recibo para a respectiva morada.
Conclusão:
O governo está disposto a “portajar” todas as SCUTS (“mantendo a isenção nas regiões deprimidas), através de um “chip” exclusivo para o efeito mas não obrigatório.
P.S. O PSD tem tido uma curiosa “actuação” neste caso. Por um lado diz que quer portagens em todas as SCUTS mas, por outro, evita por tudo que elas se concretizem.
Junho 30, 2010 at 9:26 pm
#20
O Guterres? Para aprender a não enganar ninguém?
Junho 30, 2010 at 9:29 pm
#23
A tua cassete avariou de vez, ou és como os outros que ainda não perceberam que na A28 NÃO HÁ ALTERNATIVAS entre ESPOSENDE E O FIM DO CONCELHO DE VILA DO CONDE
Queres que repita mais algumas vezes?
NÃO HÁ ALTERNATIVAS
NÃO HÁ ALTERNATIVAS
NÃO HÁ ALTERNATIVAS
NÃO HÁ ALTERNATIVAS
Pode ser que assim já ouças.
Junho 30, 2010 at 9:31 pm
Aqui no norte já chamam ao chip, a chip(alhada).
Junho 30, 2010 at 9:42 pm
Arlindovsky não vale a pena o homem tem disco riscado..se fosse preciso vendia a mulher os filhos assava o cão e o gato e ainda punha os pais num megacentro de dia só para agradar ao seu mastervoice…
Junho 30, 2010 at 9:51 pm
#23
Façamos então a cronologia dos factos que interessam e podem explicar alguma coisa:
1. O ex-PM Guterres e aquela cabecinha pensadora, Cravinho de seu nome, que ele escolheu para ministro das Obras Públicas, quiseram construir uma catrefada de auto-estradas. Mas não tinham dinheiro para as fazer.
2. Inventaram então o modelo das SCUTs: uma engenharia financeira em que consórcios privados reuniam o capital e executavam a obra, passando depois a cobrar ao Estado pela utilização num período de tempo alargado, amortizando dessa forma o investimento.
3. Como não há almoços grátis nem o grande capital prima pelo altruísmo na sua relação com o Estado ou os cidadãos, é fácil perceber que com este esquema o custo das auto-estradas é muito maior e os encargos dos privados que as exploram muito menores do que nas AEs convencionais, com praças de portagem.
4. Como corolário de uma política que nos tentou fazer a todos passar por parvos, mas que numa época de vacas-ainda-um-pouco-gordas parecia até ter alguma lógica, ainda nos disseram que aquelas estradas se pagavam a si próprias, pois o desenvolvimento que a sua simples existência iria induzir criaria para o país mais riqueza do que a necessária para pagar as SCUTs.
5. Agora que, passados dez anos de estagnação económica e de défice e endividamento crónicos, quando a factura das SCUTs aumente de ano para ano, finalmente se admite que têm de ser pagas pelos utilizadores.
6. O MAT está preocupado com as dificuldades de introduzir um pagamento que o PS andou anos a fio a dizer que não era necessário. Mas essas dificuldades não nascem no PSD: surgem da incapacidade do PS em admitir que errou no modelo das SCUTs e reconhecer também, já agora, que os problemas do país não nasceram há uns meses atrás, quando nos disseram que “o mundo mudou” e mais o PEC e mais não sei quê…
7. Isto é tudo muito difícil quando um partido que quer conservar o poder a todo o custo não quer admitir o que já quase toda a gente sabe: que nos andaram e andam a enganar!
Junho 30, 2010 at 9:57 pm
Ó socratinos de um raio, digam bem claro ao país:
1. Cometemos um erro com as SCUT e aquela treta vai ficar muito mais cara do que imaginámos.
2. E agora os utilizadores vão ter de pagar porque o Estado não tem dinheiro.
3. E vão ter de pagar, não o custo real daquela porr@, mas sim as verbas que estão previstas nos contratos que nós assinámos.
Digam mais ainda ao povo português:
4. Estes contratos entre Estado e privados em que estes saem sempre a ganhar são o que genericamente chamamos parcerias público-privadas.
5. Apesar de serem negócios ruinosos e o país não ter dinheiro para estas brincadeiras, nós queremos continuar por este caminho pois temos clientelas a satisfazer.
Junho 30, 2010 at 10:00 pm
#28
Então tenho razão, quem criou o imbróglio que pague as estradas.
Aliás, se se desviam milhões de euros como alguém referiu aqui, os “desviantes” que paguem as contas.
Já chega de gozarem com a cara dos contribuintes.
Junho 30, 2010 at 10:03 pm
#29
Gostei do ponto 5.
Como é o nome da outra? Mota do Gil? Mote em Gil?
Junho 30, 2010 at 10:32 pm
#28
Meu caro,
por exemplo, a maior parte das pessoas que compra casa fá-lo através de um empréstimo bancário a longo prazo. COmo é óbvio o dinheiro que se irá pagar ao longo do prazo contratualizado no empréstimo supera em muito o custo real da casa.
O Estado, por estranho que lhe pareça, p
Junho 30, 2010 at 10:40 pm
eh eh eh!
O PG hoje dispôs-se a fazer um postal 100% otário!
Tem de pensar essa coisa com mais detalhe. Não decida já.
Junho 30, 2010 at 10:47 pm
Meu caro,
nunca fui um entusiasta das SCUTS e por isso estou à vontade nesta discussão. O meu ponto em #23 nada tinha que ver com a bondade ou não das SCUTS, mas sim com a cronologia dos factos do imbróglio que agora assistimos.
Ainda assim, parece-me que os seus argumentos estão um pouco extrapolados.
por exemplo, a maior parte das pessoas que compra casa fá-lo através de um empréstimo bancário a longo prazo. Como é óbvio o dinheiro que se irá pagar ao longo do prazo contratualizado no empréstimo supera em muito o custo real da casa.
Da mesma forma o Estado quando pretende fazer uma obra também, por muito estranho que lhe pareça, pede dinheiro emprestado. E quando o faz o custo real da obra não é o valor efectivamente pago aos construtores, mas sim, tal como no caso dos empréstimos que fazemos ao banco, o que é pago aos bancos promotores desses empréstimos.
De qualquer forma, convém não esquecer que as SCUTS cumprem uma missão de coesão territorial e servem para proporcionar uma maior desenvolvimento às regiões menos desenvolvidas. Além disso, as SCUTS não teriam que ser eternamente gratuitas, pois, desde há muito que está previsto que, de acordo com os critérios que enunciei em #23 (1), muitas delas passassem a ser entretanto “portajadas”.
Junho 30, 2010 at 10:48 pm
Em #34 o comentário completo que tinha iniciado em #32
Junho 30, 2010 at 10:55 pm
O teu critério em #23(1) não existe na A28.
O teu critério em #23(1) não existe na A28.
O teu critério em #23(1) não existe na A28.
O teu critério em #23(1) não existe na A28.
O teu critério em #23(1) não existe na A28.
O teu critério em #23(1) não existe na A28.
O teu critério em #23(1) não existe na A28.
O teu critério em #23(1) não existe na A28.
O teu critério em #23(1) não existe na A28.
O teu critério em #23(1) não existe na A28.
Ainda não percebes-te?
Junho 30, 2010 at 10:55 pm
O problema das SCUTs começa nas condições contratuais e acaba no seguinte: se o dinheiro não chegava e era essencial construir rodovias não deviam ter feito as restntes obras faraónicas. Se o fizeram, a pretexto de que o desenvolvimento gerado as pagaria … paguem-nas e não chateiem! Ms se o desenvolvimento gerado era mais um argumento fraudulento e noutros locais do planeta, com menos estradas, gerou-se mais desenvolvimento, então alguém deveria ser responsabilizado criminalmente.
Junho 30, 2010 at 10:55 pm
Esta gente pensa é nos seus bolsos e dos seus amigalhaços. Enquanto se pode vamos a encher os bolsos e quem vier no fim que feche a porta. Queriam chispar a carneirada mas enganaram-se. Sou totalmente contra o chip obrigatório. Quem manda nas minhas contas sou eu e não tenho de dar acesso a elas seja a quem for. Contruam portagens pois precisa-se de postos de trabalho e como eu muitos gostam de pagar em dinheiro e não por outras formas.
Junho 30, 2010 at 11:00 pm
Alguém me explica a razão do preço das nossas auto-estradas ser muito similar aos de muitos países da Europa …?
Não percebo: mão de obra mais barata, terrenos mais baratos, materiais mais baratos…
Junho 30, 2010 at 11:06 pm
A melhor maneira de endrominar o pagode é inventar taxas múltiplas que incidem sobre o mesmo serviço. Ninguém se vai dar ao trabalho de somar todos os impostos envolvidos na circulação rodoviária (desde os que incidem sobre o combustível, as viaturas, os estacionamentos etc).
Junho 30, 2010 at 11:11 pm
#34
O seu exemplo falha num ponto essencial:
Quando compro casa e peço um empréstimo ao banco para a pagar, trata-se apenas de um negócio entre mim e o banco, em que cada uma das partes zela pelos seus interesses e retira algum proveito.
No modelo das SCUTs, introduz um terceiro elemento entre o Estado sem dinheiro para pagar e os bancos que emprestam: justamente os tais consórcios que constroem e exploram a auto-estrada e que vão retirar a parte de leão deste negócio. Se o Estado se fosse financiar directamente pagava muito menos.
Acresce que quando eu, o MAT ou qualquer cidadão pede um empréstimo para comprar casa o faz contando ser o próprio a pagar o empréstimo até ao fim. Normalmente até se associa um seguro de vida, de maneira a garantir que se alguma fatalidade ocorrer, não sejam os filhos a arcar com a dívida dos pais. No negócio das SCUTs, pelo contrário, foram deliberadamente negociados pagamentos diminutos de início, que se iriam agravando com o passar do tempo. Para que o grosso da factura viesse quando quem fez a borrada já se tivesse posto ao fresco…
Junho 30, 2010 at 11:24 pm
#23,
se me permite, meto-me na conversa:
“O problema era penas com o uso que seria dado ao tal chip, que muitos consideravam ser uma violação da privacidade dos seus utilizadores. Porém esse assunto foi resolvido, bem antes de assunto ir à AR, com a garantia de que o chip apenas seria utilizado para fins de cobrança de portagem, até porque tecnicamente era impossível ter um chip com outros fins.”
Há aqui duas imprecisões:
a) “a garantia de que o chip apenas seria utilizado para fins de cobrança de portagem” – como sabe, a legislação muda ao sabor do legislador e isso é garantia nenhuma. Como bem sabe por experiência própria os frequentadores deste blog.
b) “tecnicamente era impossível ter um chip com outros fins”: excepto se souber algo que me escapa (e no que me toca, permita-me evocar os galardões de engenheiro electrotécnico) isto é falso. Com efeito, os DEM (Dispositivos Electrónicos de Matrícula) contêm possivelmente pouca informação. Certamente que apenas terão um identificador único (uma espécie de número de BI do automóvel) que será lido pelo pórtico. Este usa este identificador para pesquisar uma base de dados e obter informação sobre o veículo (o saldo, pelo menos). O busílis da questão é que não é claro o que é que ficará registado nem que cruzamento de dados será feito. Esta é uma área negra neste momento. E mesmo que agora apenas se implemente um processo de gestão de saldo, sem ligação à identificação do veículo, nada impede que tal não venha a ser feito. É que o ponto de não retorno – a instalação de DEM em todos os veículos – está ultrapassado.
“4. O uso do “chip” aparece associado às SCUTS porque é o meio mais adequado para a cobrança das ditas portagens. Para que se saiba, para se colocar portagens convencionais nas SCUTS em causa seriam necessárias obras num valor total de 450 milhões de euros. Além disso seria um sistema bem mais caro e menos rentável.”
Por exemplo, se os nossos salários fossem todos processados pelo Estado, o pagamento de impostos seria bem mais barato e eficaz. Mas ninguém aceita isso, pois não? No caso do DEM, poderá ser o sistema mais eficaz e mais barato para atingir o objectivo do governo mas, paciência, é o custo da privacidade. Para mim, 450 milhões é um preço aceitável (até poderia ser superior) para que o Estado não tenha a possibilidade de, daqui a uns anos, redefinir o uso do DEM, transformando-o num meio para cobrar outros impostos (entradas em cidades, pagamento generalizado de estacionamentos, taxas de utilização, etc.). Tecnicamente, a partir do momento em que todos os veículos tenham um DEM instalado, isto é possível.
Além do mais, há uma certa hipocrisia num governo que não tem pruridos a estoirar dinheiro em algumas iniciativas (se for preciso deixo links, mas só para recordar: BPP, BPN, energia das Ondas, escolas intervencionadas que vão fechar, etc.) para agora vir com esta conversa dos custos. Só porque o esquema dos DEM está montado e alguns talvez tenham os negócios feitos com eles (os chips).
É de realçar também que a A17 tem portagens sem portageiros, usando Via Verde e máquinas de pagamento automático. Creio que é uma solução perfeitamente adequada.
“6. Por fim, ao que parece o PS deixou cair a obrigatoriedade de uso do “chip”, prevendo ser possível o pagamento pós-uso, ou seja, através da fotografia da matricula do utilizador e do envio do recibo para a respectiva morada.”
Bem, esta solução continua a não resolver o problema dos estrangeiros e, ao que sei, o photo-toll não foi desenhado para um uso intensivo. É muito falível, precisando de um operador (e aqui não se fala de custos?). E que eu saiba, o PS não deixou cair a obrigatoriedade do uso do DEM. É apenas uma meia verdade: quem passe nas SCUT terá de ter Via Verde ou o DEM.
Conclusão:
1. Porquê esta insistência no DEM? Quem mal têm as máquinas de pagamento automático? Quanto a mim, a resposta é simples: o governo colocou o carro à frente dos bois e já tem o sistema montado.
2. Mesmo que no presente o DEM venha apenas a ser definido para cobrarem de portagens, a tecnologia para implementar outras funcionalidades está lá. É apenas uma questão de legislação, o que, como sabemos, é algo tão ligeiro como o vento que passa.
Junho 30, 2010 at 11:31 pm
#34
“por exemplo, a maior parte das pessoas que compra casa fá-lo através de um empréstimo bancário a longo prazo. Como é óbvio o dinheiro que se irá pagar ao longo do prazo contratualizado no empréstimo supera em muito o custo real da casa.”
Acontece que se essas mesmas SCUT fossem construídas sem project finance (como as outras auto-estradas), o seu custo seria muito menor. Ver aqui: http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/2004/12/as-scutse-o-amanh.html
As SCUT ficaram 37% mais caras só porque o Estado decidiu avançar sem olhar às suas capacidades. E isto nada tem a ver com o Estado recorrer ao crédito para fazer as suas obras.
Junho 30, 2010 at 11:34 pm
#21 e #22,
creio que terão razão. A questão das SCUT que substituíram as anteriores vias é complicada. Não sei como pode ser resolvido este imbróglio.
Com o pressuposto de não haver portagens, foram tomadas decisões que agora têm implicações tramadas.
Junho 30, 2010 at 11:35 pm
A propósito de portagens, lembram-se da A8 (é uma auto-estrada) e da isenção de portagens na zona das Caldas da Rainha?
É que esta não é uma SCUT… Estranhos critérios estes.
Junho 30, 2010 at 11:50 pm
#42
1. A primeira coisa me ocorre dizer é que não é preciso um “chip” para que a nossa privacidade possa ser colocada em causa, pois os telemóveis, os cartões de crédito, multibanco, câmaras de vídeo vigilância, (e.t.c.) já o fazem de uma forma muito mais eficaz (sem falar nas escutas, claro).
2. Não conheço as potencialidades técnicas do DEM mas disseram-me que o tal “chip” de que se fala tem um alcance para identificação de apenas 5 metros.
3. Concordo consigo quando diz que o sistema pós-uso (através da foto) não é o melhor método e que não resolve todas as situações (como por exemplo os casos das matriculas estrangeiras). Por isso, também acho que este sistema de portagens também deveria prever uma ou duas cabines de portagem com pagamento automático em dinheiro. Falta saber se isso é tecnicamente possível…
P.S. teria mais alguns pontinhos a acrescentar mas estou aqui a meio do trabalho mais chato do mundo: trancar provas de exame!
Julho 1, 2010 at 12:28 am
#46
Já tive oportunidade de escrever sobre isso do telemóvel (um argumento bem recorrente), pelo que cá vai o copy/paste:
Os pró-chip fazem questão de insistir no argumento “já usamos telemóvel, Via Verde e cartões bancários”. Mas nem o telemóvel, nem a Via Verde nem os cartões bancários estão registados numa agência governamental. Além disso, se não estou satisfeito com o meu operador móvel ou com o meu banco, mudo. Quanto à Via Verde, que não uso por não precisar, o pagamento em dinheiro não permite automação do tratamento de dados (e é este o detalhe que faz toda a diferença). E nenhum destes serviços tem ligação directa à DGV ou às finanças. A questão aqui não é quem não quiser, não usa as SCUT. O DEM estará em todos os veículos, passe-se ou não nas SCUT.
O Estado tem dado provas sucessivas de que é incapaz de manter a confidencialidade das coisas que sabe sobre os cidadãos. Sem ir mais longe, basta ver o caso Freeport. É por isso válido concluir-se que quanto mais o Estado souber sobre os cidadãos, maior será a devassa da sua vida privada.
Finalmente, há uma enorme diferença em voluntariamente abrir mão de alguma privacidade (por escrevermos em blogs, por termos telemóveis, etc.) e entre ser obrigado a dela abdicar e de forma permanente.
Quanto ao alcance do DEM, creio que o valor que apresenta é realista. Mas não é por aí que a privacidade é violada. Na verdade, este aspecto só é preocupante caso alguém se instale nas proximidades do veículo para clonar o DEM. Dependendo da versão do RFID a usar, isso pode ir do trivial ao complicado. Isto nem é uma questão de privacidade mas sim de segurança do sistema.
A questão da privacidade tem a ver com o cruzamento de dados que a tecnologia permite e que só a legislação neste momento impede. Dependendo do que a plataforma tecnologia registar e implementar, isto é possível:
– se ficar registado onde o veículo passou, passa a ser possível reconstruir o percurso de uma pessoa (cruzando os dados do DEM, com os dos pórticos e pesquisando a base de dados da ex-DGV para saber quem é o proprietário);
– passa a ser possível desenhar impostos à medida do utilizador (exemplo: quem tenha um rendimento superior a X e faça mais do que Y Km paga Z de impostos);
– passa a ser possível que os portugueses que não habitem uma determinada cidade paguem uma taxa para nela entrar. Algo parecido já o governo admitiu fazer dizendo que sem o DEM é impossível implementar o esquema de isenções de portagens (o que é um facto);
– tal como agora há escutas telefónicas, passa a ser tecnologicamente possível a implementação de “escutas” móveis, isto é aceder aos registos dos pórticos para reconstruir o percurso físico de alguém.
Se isto será feito não sei. Mas o ponto é este: com o DEM obrigatório a todos os veículos, a plataforma para o fazer está lá.
PS: bom trabalho.
Julho 1, 2010 at 11:26 am
Ola Paulo!
Como tu também sou professor e sigo atentamente o excelente trabalho desenvolvido neste blog. Escrevo aqui pela primeira vez, quanto as SCUTS, eu também defendo a tua ideia, taxar a um preço acessível, mas parece que somos demasiado iluminados ou então os governantes que temos serão demasiado incompetentes e vazios de ideias….
Julho 1, 2010 at 11:41 am
#48,
Porque não criar uma espécie de taxa única (eventualmente com uma base de 10km a multiplicar) e pronto.
Entre 30-50 cêntimos. Um euro no máximo…
Julho 1, 2010 at 11:50 am
Lino…
Julho 1, 2010 at 11:52 am
Julho 1, 2010 at 11:55 am
#49
Por uma razão muito simples: eles não querem uma solução que ajude a pagar as SCUTs. Eles querem encontrar uma forma de os utilizadores as pagarem integralmente.
Claro que com aos adiamentos, isenções, descontos e mais não sei quê a coisa irá dar ao mesmo, só que com maiores injustiças e desgaste para o governo. Mas ver isso é demasiado para a casmurrice socratina.
Já há anos que se diz, e nunca foi desmentido, que os encargos futuros com as SCUTs ultrapassam as verbas que se gastam actualmente com a manutenção de todas as outras estradas. Quando se gerem as finanças públicas desta maneira, não há orçamento que aguente!
Julho 2, 2010 at 12:27 am
Os impostos rodoviários geram receita suficiente para custear as rodovias; era esse o principio subjacente às SCUT. O problema é que o Estado não consegue cobrar os outros impostos e tem de desviar os rodoviários para custear as outras despesas.
A existir pagamento (que discordo profundamente), podem-se colocar máquinas automáticas idênticas às dos parques de estacionamento, tal como existe na A17.