Lá fui eu, com o Miguel Reis à cabeça, à Comissão de Educação, ajudar a explicar os objectivos de reduzir o número máximo de alunos por turma e por professor em efectividade de funções docentes (não confundir com rácios).
Com algum atraso, foi possível constatar a simpatia do relator nomeado (João Prata, do PSD), a civilidade do deputado Fagundes Duarte que preside à Comissão, o apoio da deputada Ana Drago do Bloco, assim como a comunicação por Miguel Tiago que o PCP vai apresentar um projecto de lei no sentido da petição.
Quanto ao PS, que parecia querer remeter-se ao mutismo, acabou por falar a deputada Conceição Casa Nova, que, talvez pela pressa ou displiscência com que encarou esta missão, optou demasiado pela adjectivação e pelos argumentos circulares do género as-escolas-já-têm-autonomia-para-definir-a-dimensão-das turmas, mas pouco depois que a rede-escolar-é-definida-anualmente-e-as-escolas não-podem-alterar-o-número de turmas. Foram aduzidas mais algumas opiniões, evocadas incertezas, acrescentados nenhuns factos concretos ou estudos. No meu caso, anotei que gosto quando se discute com argumentos, mas que é tanto melhor quando os argumentos não mudam a meio entre a introdução e a conclusão, sem que se perceba qual é o que vale.
Os peticionários, em especial o Miguel e eu, lá tentámos fazer perceber que estudos concretos há (eu até levei uns com gráficos, números e tabelas) e que mesmo sendo por vezes discordantes, há que atender às metodologias e que parece pouco controverso que:
- Não está correcto comparar o sucesso de turmas curtas mas de tipo CEF com turmas regulares maiores. O certo é comparar o desempenho de turmas com perfil similar e meios humanos e técnicos equivalentes ao seu dispor, mas dimensão diversa.
- Que os ganhos deste tipo de medida não se podem estudar de forma ocasional ou pontual, mas enquanto processo de ganhos cumulativos, a iniciar desde o pré-escolar e isso é demonstrado pelos estudos que analisam diacronicamente a implementação da medida,
- Que esta medida, de acordo com estudos internacionais, beneficia mais os alunos social e culturalmente desfavorecidos, sem apoios em casa, do que alunos com melhores condições de estudo e de apoio familiar, pois as perdas causadas pelo ruído me agitação em aulas mais populosas são mais facilmente recuperáveis em contextos mais favorecidos.
- Que os meios humanos requeridos para implementar esta medida (que só atinge metade ou menos das turmas de acordo com declarações recentes do próprio secretário de Estado Trocado da Mata) não são incomportáveis se, por exemplo, a componente lectiva dos professores for expurgada das aulas de substituição, que eu reputo de utilidade duvidosa e que nenhum estudo ligou a qualquer melhoria do desempenho dos alunos. Julgo que, até por um cálculo impressionista, o acréscimo em cerca de 10% nas turmas em algumas escolas e agrupamentos seria perfeitamente comportável com uma boa gestão dos espaços e meios humanos.
Agora resta esperar que… embora se saiba que o Bloco Central nestas coisas anda muito alinhado…
Junho 30, 2010 at 6:04 pm
Folgo em saber que correu bem, mas a sensação de falar para as paredes perpassa o post.
Quanto à metodologias 1, 2 e 3, muito certo. A última não se entende: a componente lectiva para substituições é o bloco de 90 sobrante e esse já está prometido para apoio aos alunos, reuniões de planificação de nível, comissões disto e daquilo, clubes e…
A sério, não se entende.
Junho 30, 2010 at 6:06 pm
Dream on You Crazy Diamond!
A maioria das escolas estão sobrelotadas.
Com os mega-ajuntamentos, ficarão todas.
Junho 30, 2010 at 6:14 pm
#1,
A ideia seria mudar isso mesmo…
Junho 30, 2010 at 6:19 pm
#3
Não sei se funcinaria. Acabaríamos a fazer (de) tudo na mesma, noutras horas, as mesmas inquantificáveis que passamos agora na escola.
Mas podes explicar melhor?
Junho 30, 2010 at 6:20 pm
Paulo,
neste assunto, pelo menos em tese, temo estar em acordo consigo.
No entanto (se não fosse este “no entanto” nem valeria a pena ter comentado), oferece-me dizer quatro coisas:
1. As motivações para a redução do nº de alunos por turma (excepção feita ao Pulo e alguns outros professores) nunca foi, verdadeiramente, as razões pedagógicas. As razões, principalmente a dos sindicatos, assentavam sempre numa perspectiva de aumento do nº de horários disponíveis para os professores. E, por aí, não contam comigo (apesar de, como contratado, até me dar um certo jeito).
2. Não vejo que haja necessidade de estabelecer uma regra de 20 alunos por turma ou coisa parecida. Julgo que, em alguns casos, 20 serão demasiados e, noutros, 25 o ideal. Por isso, deveria haver, de facto, uma maior autonomia das escolas para a definição, caso a caso, do nº de alunos por turma (claro, que isso implicaria sempre uma autorização superior, ainda que assente em critérios pedagógicos mais largos).
3. Muitas das escolas que têm um excesso de alunos por turma, confrontam-se, quase sempre, com limitações de salas, laboratórios, e.t.c. Além disso, uma redução generalizada do nº de alunos por turma levaria sempre a um aumento das necessidades dos recursos humanos e, consequentemente, da despesa pública. Dessa forma, a medida não pode ser tomada sem que haja, de facto, uma melhor gestão e optimização dos espaços e dos recursos humanos disponíveis. Nesse sentido, talvez os chamados “mega-agrupamentos” possam trazer algum benefício…
4. Como todas as medidas, também esta deveria ser implementada, primeiramente, em algumas escolas piloto de forma a validar a efectiva melhoria das aprendizagens dos alunos (aliás as escolas que adoptassem esta medida deveriam ser monitorizadas, externamente). Caso contrário, é mais uma medida no meio de tantas outras sem tradução alguma na melhoria da qualidade do ensino.
Junho 30, 2010 at 6:23 pm
TPC:
MATJunho 30, 2010 at 6:28 pm
Passamos a vida a falar para as paredes, mas pelo menos falamos.
Havia ar condicionado lá ou só para os que foram ao palácio de Belém?
Como os marretas continuam lá em baixo, vou para a cozinha falar com as verduras.
Junho 30, 2010 at 6:29 pm
#5,
Temo que uma medida correcta, apresentada correctamente, só desperte dúvidas a quem não a perceba.
Só posso falar por mim e pelos meus argumentos.
O MEP convidou-me e não me “encomendou” nenhum discurso. Fui lá e disse o que penso sobre o assunto e argumentei do ponto de vista “técnico” e não político.
Muitas coisas que defendo em termos de Educação só são “corporativas” atendendo ao actual contexto de conflito. A maior parte são soluções “técnicas” que podem ter na origem algumas crenças, mas as quais resultam da minha leitura das coisas.
Se há signatários com outras “agendas” ou por conveniência, não é um problema meu…
Eu, e quem me convida sabe que as “regras” são essas, digo o que penso, com a informação de que disponho.
Junho 30, 2010 at 6:35 pm
Paulo dream on..e da-te por contente eles não imporem turmas de 30 alunos…nós este ano já sabemos que no primário vai ser de 24 e no 2º e 3º ciclo de 28…
Junho 30, 2010 at 6:36 pm
E, por aí, não contam comigo (apesar de, como contratado, até me dar um certo jeito).
O Mat não é professor…diga o
Junho 30, 2010 at 6:37 pm
#8
🙂
Junho 30, 2010 at 6:38 pm
Obrigada, Paulo! Mais uma vez.
Junho 30, 2010 at 6:39 pm
..o que disser..primeiro não opinou nada de nada no post sobre o problema..eu chamei-o á atenção sobre isso..e afora debita chavões a por demais repetidos..vá á Finlândia que o seu chefe tanto apregoa e veja se as turmas tem mais de 20 22 alunos…fora os professores de apoio que são bastantes…e fora o civismo dos alunos..mas não é por isso que eles aumentam o número de alunos os por turma…
Mat lamento por si que pelo discurso não passa de um boy á procura de um blowjob…
Junho 30, 2010 at 6:40 pm
Digo: agora…por demais…
Junho 30, 2010 at 6:41 pm
http://bulimunda.wordpress.com/2010/06/30/o-numero-de-alunos-por-turma-o-que-o-ministerio-devia-ver-e-ouvir/
Junho 30, 2010 at 6:43 pm
Com dinheiro faz-se tudo, excepto homens» Auguste Detouef
Junho 30, 2010 at 6:49 pm
E não se ouviu nada sobre alterações ao Estatuto do Aluno? Onde é que isso anda?
Junho 30, 2010 at 6:53 pm
Isso já foi aprovado em Abril ou Maio…
Junho 30, 2010 at 7:31 pm
#18 Como? Foram apresentadas as propostas dos partidos. Entretanto parece que se esqueceram de aprovar alguma delas.
Junho 30, 2010 at 7:43 pm
Andas muito distraído..
Nova versão do Estatuto do Aluno aprovada
2010-04-22
O Governo aprovou, hoje, quinta-feira, a proposta de lei que procede à segunda alteração do Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário.
De acordo com a nova redacção do estatuto, a prova de recuperação a que estão actualmente sujeitos os alunos com excesso de faltas, sejam elas justificadas ou injustificadas, pode ser substituída por medidas de apoio pedagógico diferenciado.
Estas medidas devem ser apuradas e estabelecidas, em cada caso, tendo em conta o contexto e a natureza, justificada ou injustificada, das faltas e, também, envolvendo os pais e encarregados de educação para, em conjunto com a escola, ser encontrada a solução mais adequada ao aluno.
Como refere o comunicado do Conselho de Ministros de hoje, quinta-feira, a nova lei visa “criar condições de maior segurança, tranquilidade e disciplina através do reforço da autoridade dos directores de turma e dos professores, da introdução de mecanismos de prevenção de situações que prejudiquem o normal funcionamento da escola e da adopção, em casos mais graves, de medidas que assegurem um adequado acompanhamento.
Com as alterações introduzidas, pretende-se clarificar o regime de aplicação de medidas cautelares e de medidas disciplinares sancionatórias, reforçando-se a capacidade de intervenção dos directores, directores de turma e dos professores e permitindo uma actuação mais célere e eficaz.
De igual forma, prevê-se que a participação de ocorrências seja feita por qualquer membro da comunidade escolar e estabelece-se que o director pode agir imediatamente, quer no sentido do afastamento dos envolvidos, quer no da prestação de apoio às vítimas das ocorrências, a par do acompanhamento adequado de uns e outros.
Os procedimentos disciplinares são agilizados e simplificados, tornando-os mais céleres e envolvendo, logo que possível, os pais e encarregados de educação, de forma a garantir eficácia, quer no que se refere aos direitos dos demais membros da comunidade, quer no que respeita directamente ao efectivo interesse do infractor.
De realçar, ainda, que os princípios para a melhoria das aprendizagens são reforçados, designadamente quanto à assiduidade e pontualidade dos alunos e seu empenho nas actividades escolares, bem como relativamente à co-responsabilização dos pais e encarregados de educação.
Junho 30, 2010 at 7:51 pm
Ver aqui..
Junho 30, 2010 at 8:25 pm
Desculpa lá, mas sem querer abrir uma guerra:
“Esta Proposta de Lei, a submeter à Assembleia da República…”
Junho 30, 2010 at 8:41 pm
Abstenho-me de comentar, quiça também por razões “corporativas”.
Concordo com algumas ideias do MAT e não encontro numa solução única de redução do número de alunos por tutma.
Até seria possível ter o mesmo número de alunos com mais um professor em determinadas disciplinas e menos alunos noutras. Quiça o conceito de turma até possa vir a desaparecer.
Ora bolas, afinal comentei.
Junho 30, 2010 at 9:41 pm
E os senhores responderam à pergunta: Em que estudos se basearam para defender que turmas pequenas geram mais insucesso??
O espantoso disto é que se baseiem nas turmas CEF, constituídas peloa piores alunos de cada escola, e daí concluam que reduzir turmas não gera sucesso.
Tanta incompetência já me desgasta!
Ao menos soubessem argumentar. Ao menos, apresentassem estudos credíveis. Sempre davam luta!
Junho 30, 2010 at 9:48 pm
# 21 #22
Desde qd. isso substitui a Lei nº 3 ( Estatuto do Aluno)?
Junho 30, 2010 at 9:49 pm
Tens razão mas isso será somente um proforme..provavelmente durante o mês de Julho…questões de timming de férias escolares…
Junho 30, 2010 at 9:50 pm
Pergunta ao Garcia…
Junho 30, 2010 at 10:17 pm
Poder da razão.
Obg Paulo
Junho 30, 2010 at 11:13 pm
#0 Paulo
O Paulo sugere que os professores se libertem das aulas de substituição e que possam dar aulas “normais”,desde que as turmas sejam mais reduzidas?
Junho 30, 2010 at 11:15 pm
Atenção que as aulas ditas de substituição são componente não lectiva!
O que estão a propor é aumentar a componente lectiva do horário!…
CUIDADO COM OS TIROS NO PÉ!!!
Junho 30, 2010 at 11:17 pm
#24
Por acaso as turmas CEF até costumam ter sucesso…
Justamente porque são pequenas e também porque o que se exige aos alunos é tão pouco que…
Junho 30, 2010 at 11:32 pm
#0 Paulo
O António Duarte já chamou a atenção para a questão das aulas de substituição.
Na verdade, ao fazermos uma proposta dessas podemos ver aumentada a componente lectiva, sobretudo dos profs com maior redução.
Sabe que aqui há 2 ou 3 anos eu tinha uma turma tão complicada que sugeri ao PCE desdobrá-la e assegurar as aulas aos dois grupos (passava de 4 tempos semanais a 8 tempos), à custa da minha componente não lectiva (vários tempos de substituições) e ele nem sequer quis colocar a questão ao ME?
Isto é o que chamo um desperdício de recursos humanos.
Eu,que já tenho 14 horas lectivas preferia de longe fazer isso a estar de serviço a substituições. Mas já viu que se propusermos medidas desse género,abrimos um precedente para o ME acabar com as reduções (eu nem me importaria,porque estou as mesmas horas na escola e a fazer coisas que só ferem a minha identidade…)? Isso iria diminuir o número de professores necessários e…