A de 8 de Janeiro. Aquela onde não está imensa coisa. Aquela em que, a acreditar no que traz escrito, praticamente só se discutiram aspectos técnicos do acordo proposto pelo ME.
Aquele em que se percebe que nada é atribuído à ministra quando abre a sessão. pelo que não se percebe bem como, na sua primeira intervenção, o secretário-geral da Fenprof assume que tem de aceitar ou rejeitar a proposta ao final da tarde, mais especificamente «apenas ao final da tarde», o que dá a entender que a decisão era desejada mais cedo ainda pelo ME (ler a acta da reunião de 30 de Dezembro ajuda a perceber um pouco, mas apenas um pouco, em relação a esta pressa). Porque tinha que ser naquele mesmo dia a acta nada nos diz. Nem que o mundo ia acabar, nem que o mundo ia mudar em três semanas, daí a uns meses. Ao apagarem os timex do pulso dos índios, apagaram muitos índios inteiros.
E depois fica apenas uma discussão de artigos, alíneas e parágrafos.
Não surge qualquer ultimato. Não surge qualquer alusão ao SIADAP, nada. Esta é uma acta que se distingue por tudo o que não traz. Desde logo porque é que o acordo tinha de ser assinado naquele momento. Sobre isso temos apenas…
O que é uma táctica defensiva que deixa apeadas algumas pretensões anunciadas ao findar da noite e nos dias seguintes.
Porque nada mais do que o acordo, repito, nada mais do que o acordo ficou garantido oficialmente.
Porquê? Porque a equipa do ME não podia garantir mais nada. Tudo o resto só superiormente poderia ser autorizado.
E então o que temos a finalizar a acta?
Uma lista de reivindicações da Fenprof a que o ME responde que vai pensar nisso. Em termos breves é isso que lá está. Nenhuma garantia formal.
(longe de mim a creditar que a redacção da acta foi condicionada por acontecimentos posteriores…)
Portanto, o balanço daquela maratona negocial foi o acordo e tão só o acordo, não se percebendo que má fé negocial pode, com base nas actas do processo negocial, a Fenprof alegar em relação a quem a elegeu como parceiro preferencial das negociações.
Que muito mais se passou e falou já todos percebemos e sabemos. Agora que nenhuma garantia foi dada pelo ME em relação a nada – incluindo os concursos, pois o que está escrito é que antes de 2011 não será possível, mas em nenhuma parte se diz que é mesmo em 2011 – isso é mais do que notório nesta acta tão longamente lavrada nas suas singelas seis páginas.
E nada mais havendo a tratar, assinale-se para a posteridade o objectivo central do acordo para o ME.
Junho 15, 2010 at 11:33 pm
De acordo com a tua análise. Não se pode inferir outra coisa.
Junho 15, 2010 at 11:33 pm
Traidores amadores.
Junho 15, 2010 at 11:36 pm
Resumindo…
Foram lá todos para fazer a vontade à Sra. Ministra: “…um passo muito importante para a tranquilidade nas escolas”.
Lembro-me de um certo sindicalista do SPN que foi à minha escola serenar os ânimos e até levava uma intervenção ensaiada para acalmar os mais impetuosos que queriam fazer greve…
“Convenceu” as massas a irem a mais uma manif…
No final da manif o discuros do MN foi pífio e as massas voltaram para a escola de onde nunca mais saíram!
Junho 15, 2010 at 11:47 pm
Eu também conheço um caso em que…
Vá, mas não conto.
Há quem chegue para o fazer por mim.
Aliás, o que está a ser realçado na acta, de tão importante, foi, se bem me lembro, o que a Sra disse à saída da reunião. Olha, consta da acta!
Que surpresa!
Junho 15, 2010 at 11:53 pm
#4,
Cada faz aquilo que consegue.
Sei, há muito, que não sigo os parâmetros dos “companheiros de estrada”.
Mas, se queriam uma leitura ortodoxa, encomendassem ao Santos.
Com jeitinho – não espreitei – conseguem a benção de mais alguém que agora deixou de gostar de polémicas.
Junho 15, 2010 at 11:56 pm
Caros Kamaraden:
Wir sind …Ops!!! Que raio até parecia que estava entre 1936 e 1945 …
Pois é, desde o ano passado e já a algum tempo que todos sabemos o que sucedeu com MEMORANDOS DE ENTENDIMENTO e a agora com ACTAS DE ACORDO …(flop!!!)…DESAPARECEM. É o bom da nova era digital o paradigma do virtual … Assim esta Ministra será uma verosimelhança da Lurdinhas ??? !!! E o Márinho tem que usar óculos …
Esperavam que mudasse algo? Hummm … Cheira-me que só para 2025 e isso é se em 2012 o mundo não acabar (para o Zé Povinho!!!) …
Junho 15, 2010 at 11:58 pm
Os assuntos regidos em actas, quando alguém não concorda com o escrito deve afirmar claramente a sua opinião.Deixemos-nos de retórica sinuosa e oca.
Tudo indicava um acordo sobre os temas quentes, e se foi cinismo ou inocência não sabemos, mas talvez devêssemos procurar o mais importante, pedir responsabilidades do escrito, do não escrito ou do assumido por omissão, Afinal, isto é muito simples toda a gente sabia muito bem o que estava a fazer.
Junho 16, 2010 at 12:02 am
O que gostava de ver realçado são as conquistas deste acordo para os professores e que já esteja a ser vivido nas escolas.
Talvez seja defeito meu, mas está tudo precisamente na mesma, mas agora com beijinhos, como diria o Antero. 🙂
Junho 16, 2010 at 12:07 am
#5 Cada faz aquilo que consegue. Sem dúvida. E a ansiedade era muita, eu compreendo.
Compagnons de route, fui tendo, continuo a ter, incluindo, obviamente, na minha escola.Assim encaro o termo.
E quanto a seguir parâmetros, nem calculas… ou parece que não calculas.
Ah, os plurais! Se queriam? Quem, todos os que esta noite espreitámos a discussão por aqui?
Não, não fui ao blogue do FSantos. Até porque só uso óculos mesmo para guiar à noite. Ou no cinema. Questões da escuridão, mesmo.
Quanto a quem deixou de gostar de polémicas, não sei, mas imagino. Conforme afirmei noutras bandas, quando algumas mudanças políticas se avizinham, alguns ajeitam-se.
Considerando que já lhe conheci muitos jeitos…
Ou seja, reafirmo que há que recentrar preocupaçoes.
Que consciencializar o que ainda se pode ganhar. Senão, poderemos mesmo dedicar-nos aos grilos.
Para aqueles de nós que continuarmos nas escolas, não me parece grande ideia.
Junho 16, 2010 at 12:10 am
#9,
Ansiedade?
Minha?
Tanta que só escrevi à noite e depois de falar para os agentes do capital.
Ansiedade tinha em saber as notas das provas dos meus alunos.
Porque lá está: há quem ande há demasiado tempo pelos gabinetes e esqueça que os que estão nas escolas não são doutorados em negociês.
(quanto ao ajeitanço, nada como ver os trajectos…)
E me vou…
Junho 16, 2010 at 12:20 am
O que é que se está a passar com este país?
Se não são maquiavélicos, são tontinhos. Se não estão contra nós, estendem passadeiras a quem está.
E nós, quando não estamos a trabalhar, andamos dormindo. E vamos acatando tudo, assumindo tudo, da mentira à parvoíce, à ignorância. Aceitamos as vergastadas, venham da direita ou da esquerda.
Deve ser isto, mais ou menos, o estado natureza.
P.S. Obrigada, Paulo, por ainda continuar a batalhar.
Junho 16, 2010 at 12:23 am
#10 Irra, se ’tá a ficar bronco!
Não estou a falar de ti, mas de que se vai ajeitando e deixando as polémicas.
A ansiedade não foi do dia, obviamente.
E não entendo a boca dos gabinetes e companhia. Para mim não são, ok? E respondo por mim!
Ou seja, almofadinha! Boa noite. 😉
Junho 16, 2010 at 12:26 am
Obrigada Paulo, por nos abrires os horizontes.
Junho 16, 2010 at 12:37 am
É um problema … as actas não têm aquelas contrapartidas por baixo da mesa que alguns tanto anunciavam. Não diziam bem o que seriam essas ditas contrapartidas mas … afimavam que havia. Agora é um problema … há que mudar de conversa. Aí está o estudo hermenêutico das ditas actas. É um bom exercício para quem não tem mais que fazer.Façam também análise de conteúdo e publiquem uma tese sobre a matéria.
Junho 16, 2010 at 12:54 am
Todo este faz que anda mas não sai do mesmo sítio se fica a dever a um pormenor muito importante: os lindos olhos da ministra.
Em abono da verdade, a senhora canavilhas é mais sedutora. Mas o MN tem os professores para defender, não pode andar a fazer a corte a todas as ministras.
Junho 16, 2010 at 1:18 am
#14,
Assinalo que não deve perceber o paradoxo do que afirma: contrapartidas “por baixo da mesa” e registo nas actas.
Divirto-me apenas com a verborreia sem qualquer substrato.
Junho 16, 2010 at 3:09 am
Estas reuniões negociais devem ser extremamente interessantes… enquanto exercícios de sadomasoquismo.
A maioria dos presentes entra muda e sai calada, devem ter sido levados às reuniões com a missão de espantar os pardais.
O Mário Nogueira apresenta muitas propostas, o Secretário de Estado finge-se de morto e nada diz (nem sim nem sopas). Na reunião seguinte, Mário Nogueira faz mais propostas, o Secretário de Estado, estranhamente, ainda não fede, talvez por isso, o Mário nem se lembra de pedir resposta às propostas anteriores. Na nova reunião tudo o se repete. Isto não são negociações porque nada é aceite e nada é recusado. Trata-se apenas de um monólogo digno de um manicómio.
Curioso, no mínimo, o facto de o(s) secretário(s) não assinar(em) as actas. Também é interessante o texto que encerra algumas: “Assinam a presente acta os chefes de cada uma das delegações…”. Assinam, aprovando a acta? (Não deveria ser aprovada por todos os presentes?) Ou assinam, apenas, comprovando a presença?
Junho 16, 2010 at 4:31 am
É que ele há actas e atas…
Junho 16, 2010 at 4:48 am
Percebe-se agora o porquê da confecção e mostra tardia destas actas: jamais poderiam puxar o brilho ao Acordo os membros do Secretariado Nacional da FENPROF signatários e adeptos da “excelência” do mesmo que – já depois do Aviso de Abertura ter saído – continuavam a jurar a pés juntos fidelidade à sua “damna” (uma mentira), jurando verbalmente e por escrito, que a ADD já não constava do referido Aviso(!) :
http://www.fenprof.pt/?aba=27&mid=115&cat=94&doc=4649
… e que as mernções de “Muito Bom” e “Excelente” não teriam implicações:
http://go2.wordpress.com/?id=725X1342&site=educar.wordpress.com&url=http%3A%2F%2Fwww.tvi24.iol.pt%2Fsociedade%2Ffenprof-professores-mario-nogueira-tvi24-avaliacao%2F1153721-4071.html&sref=http%3A%2F%2Feducar.wordpress.com%2F
E agora, põem as actas negociais cá fora, sem uma autocrítica tímida sequer, muito menos um pedido de desculpas aos Professores, especialmente a nós, que resistimos até ao fim na recusa da entrega dos tenebrosos OI’s…
Benza-os (vos) deus!
Paulo Ambrósio
Junho 16, 2010 at 6:52 am
Tranquilidade nas Escolas???
Pois, a minha at+e parece um spa!
Junho 16, 2010 at 7:50 am
Como o entendo em tantas coisas, Paulo. Admiro o seu sentido de humor. Entendo quando fala dos seus alunos e o desejo que eles aprendam algo mais que foi o colega, professor, que para isso contribuiu!é´esta parte da profissão que, para quem a leva a sério, é fascinante e nos motiva. Pena é que a “porrada” que levamos (intelectualmente… e não só) é tanta uqe são precisos nervos de aço para ter frescura e ânimo para criar com os nossos alunos! Sim desde o maldito entendimento ou memorando… já não sei que isto deu molho. Claro que na altura a Fenprof consegui ter 120 mil a ouvir o MN mas esta coisa das masssas indiferenciadas, tanto vão para um lado como , de repente, viram para o outro. Ser consequente é que não dá para viragens. E ser consequente é, na minha modesta opinião, contribuir cada dia na Escola para que esta tenha valores democráticos, rigor científico e intelectual, rigor no cumprimento da lei e, de preferência, com algum sentido de humor 🙂 mas acho que já tem muitos anos que formataram os profs para assim não serem… parece que há fenprof também… é assim tudo mais ou menos, empatado, dá para uma coisa, dá para outra… ficaram de ver, de pensar, se eu puder digo-te, estou muito ocupado…
Junho 16, 2010 at 8:46 am
Estas actas valem tanto como o “cachimbo da paz” fumado entre índios de relógio timex e cow-boys de bigode com leite.
Fazem parte do puro entretenimento de série b com maus actores e com péssimos realizadores.
Só mesmo para masoquistas e pessoas de mau gosto.
Junho 16, 2010 at 9:43 am
Ainda não percebi porque razão os professores continuam a pagar quotas aos sindicatos. Parem já e talvez se consiga alguma coisa!
Junho 16, 2010 at 9:49 am
A negociação Fenprof-ME teve dois efeitos: – acertou aumentos para os escalões mais altos, e desfez a distinção entre titulares e não-titulares.
Estes dois pontos sossegaram uma massa enorme de professores. Os restantes sossegaram por arrasto, porque deixaram de ser massa crítica para protestar.
Assim se conseguiu “trazer tranquilidade para as escolas”. O resto são cantigas que os indefectíveis sindicais lá foram defendendo.
Junho 16, 2010 at 9:53 am
#23
Ora aí está uma ideia que certamente nada desagradaria a José Sócrates.
Quando a crítica salta fácil da pena, os processos de intenções ficam logo ao dobrar da esquina.
Junho 16, 2010 at 10:23 am
Há ler e ler, há ler e tresler.
O mais importante de qualquer acta negocial são os conteúdos essenciais da negociação.
E os resultados obtidos no acordo de princípios de 8 de Janeiro e que constam da acta foram, entre outros:
1. A eliminação de uma inaceitável divisão da carreira em categorias hierarquizadas;
2. A dispensa de todos os docentes contratados, já com avaliação, de se submeterem a uma não menos inaceitável prova de ingresso;
3. A realização, em 2011, de um concurso extraordinário de docentes com vista ao ingresso de professores nos quadros e à mobilidade dos que já neles se encontram.
Distorcer os factos para que encaixem nas conclusões tiradas antes do conhecimento da acta (“houve declarações abusivas dos sindicatos”), ou para enquadrar velhas piadas (apagar os timex dos pulsos dos índios), até pode agradar a uma certa clientela habituada a não pensar por si, mas não é sério.
Junho 16, 2010 at 10:24 am
[…] 16, 2010 por fjsantos O Paulo Guinote de vez em quando mimoseia-me com juízos de carácter que muito me lisonjeiam, sobretudo quando percebe que os tiros que resolveu dar não acertam na […]
Junho 16, 2010 at 12:23 pm
#26, “1. A eliminação de uma inaceitável divisão da carreira em categorias hierarquizadas;”
Talvez seja, mas na minha escola os titulares continuam a ser “os titulares” e ainda agora para se ser seleccionado para a formação de competências tic, a prioridade foi: titulares, detentores de cargos e antiguidade.
Os zecos esperam sossegadinhos que chegue a sua vez…
Por isso não entendo se a divisão já acabou, por cá não se nota! 😦
Junho 16, 2010 at 3:07 pm
http://mairdenuboske.blogspot.com/2010/06/as-actas-alguns-aspectos-inuteis-nuvem.html ❗