Chegado por mail, há pouquinho:
O Ensino Especializado de Música foi alvo, no início deste ano lectivo, de uma reformulação bastante significativa ao nível do curso básico. A legislação (portaria nº 691/2009) que definiu os novos planos curriculares foi publicada a 25 de Junho de 2009, durante o decorrer do período de exames. As escolas tiveram conhecimento da sua publicação no início de Julho, o que deixou um mês para analisar a portaria e implementar todas as alterações dela decorrentes. Claro que o início do ano lectivo foi caótico em boa parte das escolas de música. A referida portaria prevê que a sua aplicação seja faseada, entrando em vigor este ano para os 5º e 7º anos, em 2010/11 para os 8º e em 2011/12 para os 9º anos. Ou seja, para os alunos do 6º, 8º e 9º este ano tudo seria como nos anos anteriores, o que, para os alunos do 9º ano, o equivalente ao 5º grau do conservatório, implicaria a realização de um exame final às disciplinas de Instrumento e Formação Musical. Todo o ano lectivo foi planeado tendo em vista a realização desse exame e os alunos estiveram entre Setembro e meio de Maio a preparar-se para o fazer.
Acontece que ontem, dia 10 de Maio de 2010, a um mês e seis dias do início do período de exames, e depois de a DREL ter informado há cerca de um mês que este ano não haveria alterações aos exames, foi publicada outra portaria (nº 264/2010) onde se manda aplicar já este ano as normas definidas pela portaria 691 aos alunos que concluam o curso básico. Na prática, este ano afinal já não exames para os alunos do 5º grau dos conservatórios. Pior que isso, a portaria 691 refere que deixa de haver exames para conclusão do curso básico, passando a haver uma prova de admissão para os que desejam prosseguir estudos. Normas para a realização desta prova? Ainda não saíram… Os alunos que este ano concluam o curso básico terão que realizar até ao início do próximo ano lectivo uma prova a qual ainda ninguém sabe quando e como será realizada. Está-se mesmo a ver, sairá por volta de 31 de Agosto uma outra portaria qualquer a obrigar os alunos a prestar uma prova daí a uma semana..
Maio 12, 2010 at 12:59 am
Copiando:
Relembrando
Posted by Paulo Guinote under In Memoriam
[46] Comments
Paulo
Reencaminho um texto que enviei a uma jornalista, com a esperança de que ela não se esqueça do que aconteceu ao nosso colega Luís. Se o quiser publicar (…).
Um abraço,
Bom dia, (…)!
É com alguma mágoa que lhe recordo que o meu colega Luís faz hoje três meses que não aguentou o desespero e se atirou ao Tejo. Deixou de ter notícias nos jornais, nas televisões e nos blogues de professores… só as suas cinzas pairam, algures, no nosso mundo.
Lamento que um idealista, um inconformado, um artista, não tenha encontrado uma mão amiga que o tenha ajudado a perceber a escola onde foi parar e tivesse ganho resiliência para enfrentar um ambiente adverso.
Pela minha parte só percebi que algo de estranho estava a acontecer, quando ele deixou de aparecer na sala de professores. Foi-me dito, em surdina, que se pensava que se tinha suicidado, pois parecia que a directora “lhe queria fazer a folha” e ele não aguentara a pressão, o mau comportamento dos alunos, a não aplicação das medidas disciplinares sancionatórias previstas na lei. Afinal, era preciso demonstrar à comunidade que tudo corria sobre rodas e que a senhora que dirigia a escola tudo resolvia!
Após contacto com a família, veio a confirmação das suspeitas: ele não aguentara a humilhação a que diariamente era sujeito…
A família pediu que não se divulgasse pois iria colocar o problema ao Conselho Pedagógico e ao Conselho Geral, para que aquela morte obrigasse a uma profunda reflexão na escola.
Nada aconteceu. A carta foi guardada como se se tratasse de correspondência pessoal.
Então, o caminho a seguir seria a queixa perante as instituições que supervisionam a escola pública: DRELVT e a IGE. Mais uma vez nada aconteceu. Restou o contacto com o seu jornal, através da sua pessoa. Rapidamente os sinos tocaram a rebate: os órgãos de comunicação social mobilizaram-se (afinal o Luís também já fora jornalista) e a DRELVT saíu da Praça de Alvalade, mandou instaurar um inquérito e atribuir apoio psicológico aos alunos que pudessem estar envolvidos.
Sobre a nomeação do inquiridor, muito se tem escrito, mas também muito se tem ocultado, pois as pessoas ouvidas no âmbito do inquérito têm que manter silêncio sobre o que tem acontecido, apesar de muitas não estarem a aguentar a pressão, e os métodos pouco ortodoxos utilizados. Quem viveu antes do 25 de Abril, sabe, como de repente, lhe aparecia alguém em casa ou no emprego, para obter informações… Mas não deve ser difícil chegar à verdadeira razão que terá levado a IGE a nomear um inspector/advogado para este caso. Afinal, a senhora directora precisa de alguém que a defenda!
Passaram dois meses sobre a nomeação do referido inquiridor. O tempo de instrução de um processo é de 45 dias.
Diz-se que o problema é complicado, que existe luta pelo poder dentro da escola. Mas quem é que, estando de bem com a vida, pretende ocupar aquele lugar? Basta de atirar areia para os olhos das pessoas e juntar as pontas: o colega Luís era humilhado, maltratado, fazia participações disciplinares, colocava alunos fora da sala de aula, a directora repreendia-o e obrigava o professor a receber os alunos de volta. A figura daquela senhora intimidava-o, como ele próprio deixou escrito. A legislação não foi cumprida, o Regumamento Interno também não, o próprio Projecto Educativo contém medidas a tomar para prevenir a indisciplina que não foram seguidas… Onde está a dificuldade em fazer o diagnóstico da situação?
É mais conveniente ir por outros caminhos, para camuflar o que aconteceu. Mas afinal,a quem interessa saber o que aconteceu em 2008/2009, em termos disciplinares? A morte não ocorreu este ano? Ainda vão, certamente apurar, que foi a anterior direcção a responsável!
E já agora, a quem é atribuída a perseguição à cozinheira de uma das escolas, e o não funcionamento das diferentes Associações de Pais? Repare-se que o Conselho Geral deixou de reunir e o próprio Conselho Pedagógico não está constituído nos termos da lei.
Muita matéria haveria para verificar, afinal a Educação interessa a todos e os caminhos tortuosos que se têm seguido só têm gasto dinheiro aos bolsos dos contribuintes.
Espero que este tema não seja encerrado, e continue a ser objecto de reflexão. O tempo para apurar os factos já terminou. No caso do Leandro bastaram dez dias.
A vida já não a podemos devolver ao colega, mas podemos preservar, com dignidade, a sua memória. É isso que procurarei fazer, hoje, que completam três meses após a sua morte e sempre que me recorde do que aconteceu no local de trabalho onde me sentava à sua frente e via os eus olhos tristes e angustiados.
M.L.
Maio 12, 2010 at 1:06 am
🙂 🙂 🙂
Nada de novo… habitual…
Depois a falta de produtividade deve-se aos trabalhadores… pois, pois,… não lhes convém olhar para as causa reais como, entre outras, INCOMPETÊNCIA dos decisores e INAPTIDÃO PROFUNDA na gestão e organização do trabalho!
Maio 12, 2010 at 8:51 am
Habemus papa… de aveia.
>Buon giorno!
Maio 12, 2010 at 10:42 am
O caos está instalado. O processo de implosão do sistema público da educação em Portugal está em marcha. O redentorismo pela via da privatização não tarda… Depois, bem, depois não se queixem de que só tem acesso quem tem dinheiro.
Os americanos acabaram com o: “tem seguro? -pergunta o enfermeiro ao doente- pois se não tem, cure-se em casa, se a tiver.” E nós… somos mesmo umas bestas, aproveitamos o que para os outros não presta…e zás que é plano tecnológico, Pec e outras habilidades terminadas em ães, como os magalhães…
Pois, depois do país ser inundado de autocarros que não são aprovados para circulação pela inspecção dos países ricos, estamos à espera de quê?!
Músicos?! Isto não é a Áustria nem a Alemanha… Aqui, é Portugal, onde a música e os músicos são de outro calibre. Calibre socretino…
Maio 12, 2010 at 12:43 pm
Fiquei chocada com esta notícia. Fiz, enquanto jove, o exame de 5º Grau de Piano e sei bem as horas que passei a estudar para o exame. Era uma meta, uma conclusão de um ciclo. Não consigo imaginar o choque que sentiria se, um mês antes dos exames ficasse a saber que afinal não iria fazê-lo. É uma vergonha e uma falta de respeito quer por alunos, quer por professores. Nem tenho palavras…
Maio 12, 2010 at 3:47 pm
Todas as alterações introduzidas no ensino especializado de música foram altamente gravosas para os alunos que pretendam ter uma formação que enriqueça a vertente extra curricular da escola e os molde na exigência, na disciplina, na formação pessoal e no cultivo da cultura e do intelecto. Os alunos do 7ºano deixaram de poder optar entre a música (constituida pelas disciplinas de instrumento, formação musical e història da música, a educação visual e a educação tecnológica; todas passaram a ser obrigatórias o que comporta um horário impraticável para jovens com 12/13 anos de idade. Anteriormente a esta portaria “criminosa” os alunos podiam prescindir de E.V. e E.T. Resta o regime livre para frequentar o Conservatório, mas este, para além de ser caro funciona de forma muito insatisfatória em muitas daquelas instituições. Uma aluna que terminou o 2ºgrau com média de 18 no conservatório chorou quando teve que optar entre a escola e o conservatório.
Mas a juventude quer-se ignorante e ordinária a cultivar o futebol, a televisão das telenovelas e o sexo da internet…que país tão triste, conformado na miséria e na grunhice!