Em relação às declarações transcritas hoje na última página do DN eu apenas acrescentaria alguns detalhes para melhor compreensão de alguns aspectos apenas aflorados pela falta de espaço na peça e pela necessidade de especificar detalhes para os mais leigos (já agora, as aulas eram de 50 e não de 60 minutos antes, aquilo é uma gralha, por certo…):
- Continua a existir nas escolas, por pressão das exigências da tutela e por prática defensiva dos professores, um culto enorme do papelinho e do relatoriozinho justificativo do mais pequeno acto dos professores que possa ser susceptível de contestação. Não há fora das escolas noção do número enorme de documentos que é necessário preencher e, apesar do actual recurso ao suporte informático, passar a papel e incluir neste ou naquele dossier para, em muitos casos, no final do ano lectivo ir parar ao lixo. Uma das actividades de final de ano é exactamente a limpeza de dossiers em que muita desta papelada, efectivamente irrelevante e meramente justificativa de actos que deveriam ser normais, é deitada fora.Verdade se diga que muitos de nós nos deixamos embalar por este tipo de mentalidade e acabamos por, quase de forma automática, produzir papel para defendermos tudo aquilo que sentimos passível de uma queixazinha.
- Cresceu nas últimas décadas, por parte da tutela, uma desconfiança enorme em relação ao trabalho dos professores e um desejo enorme de controlar todo o mais pequeno acto que não constitua uma anuência automática à progressão dos alunos. Querendo construir a bem ou a mal sucesso, passou-se a exigir dos professores a justificação por escrito de todos os seus actos que não estejam de acordo com a doutrina superior. Qualquer classificação negativa dada pode ser motiuvo para uma fundamentação; qualquer proposta de apoio carece de impresso próprio de proposta, outrpo de acompanhamento e outro de ponto da situação; qualquer mau comportamento em sala de aula, para ser vagamente castigado, necessita de anotação. Este clima de desconfiança paira em especial desde o início da década de 90 e adensou-se muito durante o guterrismo benaventista e agora com o recente rodriguismo-valtismo. Há da parte do Ministério como que uma forma de penalização retorcida de todos aqueles a quem ainda resta energia para querer que o ensino tenha padrões mínimos de exigência e qualidade que, a nível central, não passam de mera retórica.
- Todo este ambiente acaba por ter efeitos profundamente perversos no trabalho dos professores porque, mesmo que com naturais excepções individuais ou mesmo de grupo, promove atitudes defensivas e de resignação. Não é só a perda de tempo em tarefas sem relevo objectivo para a aprendizagem dos alunos, mas a desmotivação que incute em todos aqueles que têm menos capacidade de choque com o monstro burocrático e preferem render-se por omissão. O que pode significar a adesão à produção de sucesso estatístico para não terem problemas a nível interno (pressão interpares nos conselhos de turma, grupos disciplinares e/ou departamentos, para não falar em alguns órgãos de gestão) ou externo (ameaças de encarregados de educação de denúncia de classificações que consideram inadequadas, receio de inspecções, etc). E isso leva a surgirem pautas de final de período ou ano com situações que quem conhece o ofício percebe serem puras e simples fabricações de sucesso. As disciplinas corridas todas a nível 3, as evoluções ao longo do ano de 2-2-3, os alunos que passam de 7 e 8 negativas no 2º período para 2 e 3 no final do ano, as turmas em que mais de 50% de alunos em risco de repetirem o ano se transformam em 10% de Abril para Junho. Assim como, é claro, as práticas pedagógicas igualmente defensivas, em que os docentes acabam por, no tal ambiente de rotina e receio, se defenderem no que é seguro e pouco dado a polémica. E depois como é que professores obrigados a ser meros transmissores acríticos de políticas mal concebidas a nível central se sentem em condições para formar gerações de alunos com espírito crítico?
Janeiro 20, 2010 at 11:01 am
«E depois como é que professores obrigados a ser meros transmissores acríticos de políticas mal concebidas a nível central se sentem em condições para formar gerações de alunos com espírito crítico?»
Espírito crítico é uma ave em vias de extinção.Os extintores serão todos promovidos. Acho que é desta que emigro.
«Governo quer reduzir para metade a taxa de insucesso escolar no ensino superior»
http://www.publico.clix.pt/Educação/governo-quer-reduzir-para-metade-a-taxa-de-insucesso-escolar-no-ensino-superior_1418691
Janeiro 20, 2010 at 11:18 am
Isso é certo, o clima é de tal modo que mesmo quando se fazem sugestões de boa fé (falo como pai e EE), isso é logo sentido como um ataque… e digo que é um clima instalado, porque se repete ano após ano, em diferentes escolas. Os pais começaram a ser vistos como perseguidores e não como pais preocupados – é a resposta defensiva propiciada por um clima de intimidação ostensiva por parte do ME. Está pervertido o ensino tambémpor isto… mau, muito mau…
Janeiro 20, 2010 at 11:39 am
Pois: isto já está tão entranhado que já faz parte da tradição. É uma vergonha a forma como muitos EE se comportam, a forma pouco séria e ligeira com que criticam e acusam os professores, não apenas na escola, mas junto do ME quando, na maior parte dos casos, as queixas não têm qualquer fundamento, antes pelo contrário: insurgem-se contra actividades dos professores que procuram levar os alunos a desenvolverem-se como gente. Mas, se as queixas dos pais me incomodam, muito mais me incomoda a atitude passiva e acomodada de muitos docentes que aceitam todos este estado de coisas, como se um absurdo alguma vez pudesse aceitar-se. Uma destas “leis” inadmissíveis são as metas de sucesso definidas no início do ano e a forma como essa definição é feita. É claro que, depois, chegados ao fim do primeiro período, as metas não se atingem… e…lá vem outro espanto! reunam-se os Grupos, e os Coordenadores de Ano ou Disciplina, justifiquem a discrepância entre o que foi definido e o que se conseguiu! Maravilha!
Janeiro 20, 2010 at 11:45 am
Mas fazemos muitas campanhas e actividades para alertar os alunos para a Sustentabilidade do Planeta, para a reutilização, reciclagem, etc…
E sabemos que os gastos com papel, tinta… representam uma fatia muito significativa no orçamento das escolas.
Janeiro 20, 2010 at 12:05 pm
Os pais não querem saber se os filhos sabem o suficiente para se “aguentarem” na vida profissional. Tiveram um conjunto de oportunidades que os seus filhos nunca terão. Estão cegos pelo status quo geracional.
Por isso, só lhes interessa a passagem de ano, o nívelzinho, a classificação. São portuguezinhos de vistas curtas.
Ainda não se aperceberam que os seus filhos competem agora com europeus, indianos, chineses, etc. Que a qualificação tornou-se uma competição global e que é preciso saber bem e muito e ter competência, do que ter um canudo que só serve para manter os ácaros…
Janeiro 20, 2010 at 12:11 pm
#5 Alt
Isso pode ser verdade em relação a muitos pais, mas não a todos – basta assistir a uma reunião DT/Pais.
Estranho é quando os pais pedem maior rigor e apoio em áreas onde os miudos andam a “patinar” mais e isso é tido como uma interferência indesejada, recebendo recados/indirectas pelos filhos em tom intimidatório. Também não posso generalizar, mas que acontece, acontece…
Janeiro 20, 2010 at 12:30 pm
Eu não tenho filhos, mas já me apercebi que os profissionais de certas áreas competem mundialmente com todos.
Janeiro 20, 2010 at 12:39 pm
E se os professores não andassem a dormir e a pastar nas ciências da educação teriam descoberto á muito tempo que esse modelo de controle e de retirada da autonomia docente vem dos EUA. Basta ver os guiões das provas orais que são implementados cá e comparar com as caixas de manuais dos professores adoptadas além mar. Claro que os índices eram mais importantes. Agora esqueçam: passaram à História.
Janeiro 20, 2010 at 12:40 pm
Todos nós sabemos que o nivel de Educação de cada país é determinante para o seu sucesso a médio e longo prazo.
A Educação dos portugueses tem sido uma paixão, uma prioridade …. mas que Educação?
Confunde-se muito o nível de escolaridade com o nível de Educação, infelizmente a nível mundial os indicadores são esses enviezando os dados e incentivando a obtenção do nível de escolaridade em detrimento do nível de conhecimento.
Quantos anos do 7º ano não conhecem que não conseguem responder com verdade à pergunta “Sabe Ler e Escrever”?
Janeiro 20, 2010 at 12:42 pm
#9
Correcção onde está:
Quantos anos do 7º ano (…)”?
Devia estar: Quantos alunos do 7º ano (…)”?
Janeiro 20, 2010 at 1:19 pm
Recordo-me bem da minha efémera passagem pelo ensino secundário e da pressão dos papais e mamães… Estava a acabar o doutoramento em engenharia nas áreas de modelação e simulação e fui dar aulas de matemática de 10º e 11º, substituindo uma prezada professora com atestado. Primeira reacção dos pais, quando os seus filhos tiveram quase todos negativa no 1º período:” A culpa é do professor, ele nem é profissionalizado!”. Ou seja, só lhes interessava a carteira, e a falta da mesma para justificar o falhanço dos “meninos”. O facto de eu saber bem mais de matemática do que qualquer prof. daquela escola não interessava.
A falta de preparação do 9º ano, a dificuldade natural por imaturidade em aprender Geometria a sério, os maus hábitos de trabalho e de estudo e alguma indisciplina, isso nada importava. Só lhes disse isto(que até fui com o DT à reunião):”Se querem que os vossos filhos aprendam, têm que confiar em mim e em neles”.
Felizmente, os meninos quiseram trabalhar e melhoraram razoavelmente. Felizmente para eles e para os pais, bem entendido. Mas a minha maior satisfação foi saber posteriormente que alguns deles conseguiram singrar até ao ensino superior, um dos quais até está a começar doutoramento com um colega de gabinete…
Moral da historia: se os pais querem mesmo interferir, que interfiram construtivamente que serão sempre benvindos.
Janeiro 20, 2010 at 1:22 pm
E uma ultima achega: ainda bem que não se pode generalizar com todos os pais. Há ainda uma parte importante que realmente se importa.
Janeiro 20, 2010 at 1:40 pm
“E depois como é que professores obrigados a ser meros transmissores acríticos de políticas mal concebidas a nível central se sentem em condições para formar gerações de alunos com espírito crítico?”
Mas é precisamente isto que se pretende. Só desta forma é que a Escola cumpre o seu papel e garante a reprodução social.
Poderá ser uma paz podre, mas, de momento, é a única coisa que interessa manter a todo o custo: a paz social. Com lérias e bolos se enganam os tolos!
Janeiro 20, 2010 at 1:49 pm
propostas da Fenprof
http://www.fenprof.pt/?aba=27&cat=34&doc=4419&mid=115
Janeiro 20, 2010 at 1:59 pm
Esta nota da DGRHE – Nota Informativa – Produção de efeitos do DL 270/2009 – 15/12/2009
– impede que os professores que mudaram de escalão antes de 30 de Setembro, recebam os retroactivos a que tinham direito, com base no ponto 3 (os efeitos remuneratórios não podem, em caso algum, ser anteriores a 01/10/09)?
Janeiro 20, 2010 at 2:56 pm
CONTAGEM INTEGRAL DO TEMPO DE SERVIÇO
Este é um dos pontos a ser discutido hoje no ME:
“A contagem integral do tempo de serviço deverá ser um princípio intocável para efeitos de posicionamento e progressão na carreira. A FENPROF considera que o tempo de serviço prestado pelos professores e educadores não se negoceia, conta-se! No entanto, dada a dimensão do tempo que tem sido perdido pelos professores, nomeadamente decorrente dos regimes transitórios estabelecidos entre carreiras, para além do que, por lei, não foi considerado entre 29 de Agosto de 2005 e 31 de Dezembro de 2007, a FENPROF manifesta disponibilidade para negociar um processo faseado de recuperação deste tempo de serviço efectivamente prestado pelos professores.”
Mas, atenção à situação dos profs. que estão próximos da aposentadoria.
O processo de recuperação desse tempo de serviço, obviamente não pode ser “faseado” mas sim, imediato!!!
Janeiro 20, 2010 at 3:10 pm
Paulo, apenas uma curiosidade… Há escolas em que o director exige, no final de cada período, a folhinha de cálculo com as avaliações de todas as turmas, de todos os profs. Esta é a mais evidente forma de pressão a que alguma vez assisti!!! O sucesso veio para ficar!!!
Janeiro 20, 2010 at 3:12 pm
Sucesso escolar, na boca do senhor inginheiro e dos seus acólitos, não é outra coisa senão inginharia social aplicada ao ensino.
Enfim, mais um capítulo da cibernética.
Do ponto de vista da seriedade: uma tremenda desonestidade.
Um povo que assim educa as gerações mais novas não está senão condenado ao fracasso (é o que se vê!) e, evidentemente, à extinção.
Janeiro 20, 2010 at 3:53 pm
Parece haver algumas boas noticias para nós. Actividades de substituição e tutorias passarão para a componente lectiva. E as aulas de apoio?
Janeiro 20, 2010 at 4:21 pm
Colegas vitória absoluta e em toda a linha!
Mais umas reuniões e a Alçada ainda nos dá o domingo livre.
A alteração do regime horário dos docentes constitui um dos pontos abordados na proposta que a Fenprof entregou hoje ao secretário de Estado e da Educação. No documento, Mário Nogueira propõe que a componente lectiva integre todas as actividades desenvolvidas com turmas, grupos de alunos ou apoio individualizado, não devendo ultrapassar as 22 horas semanais, no caso dos docentes da Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo do Ensino Básico.
No caso dos professores do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico, Secundário e Especial, a carga horária dispensada na componente lectiva deverá restringir-se às 20 horas semanais. A proposta da Fenprof sugere ainda a redução da componente lectiva em função da idade, propondo que aos docentes da Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo que completarem 55 anos de idade seja possibilitada a redução semanal “em cinco horas”.
Mário Nogueira adiantou que a próxima reunião com o Ministério da Educação deverá ocorrer no dia 03 de Fevereiro, devendo os encontros prolongar-se de acordo com as “necessidades decorrentes da negociação”. Antes de Abril ou Maio, o decreto-lei “não deverá estar pronto”, concluiu o secretário-geral da Fenprof.
Janeiro 20, 2010 at 4:22 pm
…”formar gerações de alunos com espírito crítico” lamento , mas isso é o que menos interessa aos governos, a este ou a qualquer outro. Aliás, toda a política educativa de há muito tempo a esta parte, desde Cavaco Silva 1º ministro, tem como objectivo criar cidadãos acríticos e com (des)qualificações que garantam a imposssibilidade de análise.
Já reparam num cartaz que “anda” por aí e que diz “QUERES TER O 9º ANO? E O 12º ANO? E UM EMPREGO?”… É que é mesmo assim, basta dizerem que querem e nada têm de faze para o conseguir. Estão a ser distribuídas (des)qualificações que em nada vão permitir o desenvolvimento pessoal e do país. Irá criar sim grandes tensões/frustações porque a realidade não se compadece com ficção.
Janeiro 20, 2010 at 4:24 pm
#20
Vamos aguardar com calma.
Janeiro 20, 2010 at 4:25 pm
Aumentaram a componente lectiva para as 22h e agora vão diminuir, implicando mais contratações? Não me parece.
Janeiro 20, 2010 at 4:26 pm
#21 – já começou com o horário de “picanço”?m Chegou cedo!
Janeiro 20, 2010 at 4:27 pm
#24 é dirigido a #20 e não a #21.
Janeiro 20, 2010 at 4:30 pm
Os profesores vencerão..semana de 70 horas nunca mais.
Chega de escravatura por causa dos pais não assumirem as suas responsabilidades.
Janeiro 20, 2010 at 5:05 pm
Com pedido de desculpas, aos umbiguistas de boa-fé, pela extensão da transcrição, junto o texto do despacho da Lusa. Para que se comente, critique, concorde ou não, mas com o rigor e a honestidade intelectual que é própria dos meus colegas de profissão:
“Declarações à saída da reunião com a tutela
Mário Nogueira convicto de que haverá alterações ao horário dos professores
20.01.2010 – 15:30 Por Lusa
O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, manifestou hoje a convicção de que o Governo irá alterar o regime horário dos docentes, uma medida que está a ser debatida entre os sindicatos e o Ministério da Educação.
O Governo e os sindicatos encontram-se a negociar alguns dos pontos do acordo alcançado na passada semana (Pedro Cunha (arquivo))
“Aquilo que nos pareceu, e temos a certeza, é que vai haver alteração. Agora, vamos ver qual será a dimensão”, declarou o dirigente da Fenprof, após uma reunião com o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Alexandre Ventura.
O Governo e os sindicatos encontram-se a negociar alguns dos pontos do acordo alcançado na passada semana, relativo ao Estatuto da Carreira Docente. Aos jornalistas, Mário Nogueira alertou que os professores necessitam de tempo para preparar as aulas, caso contrário a qualidade do ensino “será afectada”.
“Além do número de horas base lectivas, há outro problema: desde 2007 que houve transferência de tarefas da componente lectiva [aulas] para a não lectiva [acompanhamento de estudo e reuniões, por exemplo], o que faz com que os professores, e com muita frequência, cheguem às escolas às 08h00 e saiam às 23h00”, sublinhou o dirigente, defendendo a necessidade de se definir “com muito rigor” as actividades de cada componente.
A alteração do regime horário dos docentes constitui um dos pontos abordados na proposta que a Fenprof entregou hoje ao secretário de Estado e da Educação. No documento, Mário Nogueira propõe que a componente lectiva integre todas as actividades desenvolvidas com turmas, grupos de alunos ou apoio individualizado, não devendo ultrapassar as 22 horas semanais, no caso dos docentes da Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo do Ensino Básico.
No caso dos professores do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico, Secundário e Especial, a carga horária dispensada na componente lectiva deverá restringir-se às 20 horas semanais. A proposta da Fenprof sugere ainda a redução da componente lectiva em função da idade, propondo que aos docentes da Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo que completarem 55 anos de idade seja possibilitada a redução semanal “em cinco horas”.
Mário Nogueira adiantou que a próxima reunião com o Ministério da Educação deverá ocorrer no dia 03 de Fevereiro, devendo os encontros prolongar-se de acordo com as “necessidades decorrentes da negociação”. Antes de Abril ou Maio, o decreto-lei “não deverá estar pronto”, concluiu o secretário-geral da Fenprof.
Janeiro 20, 2010 at 5:06 pm
APELO URGENTE
Ao Dr. Paulo Guinote e a todos os leitores deste blog
(sei que não tem nada a ver com o assunto do post, mas preciso de ajuda urgente)
Sou aluno do 12º ano e quero candidatar-me ao Ensino Superior.
Andei a informar-me e disseram-me que só podia candidatar-me a seis cursos / faculdades. As minhas notas são médias. Contudo, quero candidatar-me na zona de Lisboa, onde tenho, pelo menos 8 possibilidades para o curso que pretendo seguir. Vou escolher as seis que prefiro.
É aqui que está o problema: se eu não apanhar vaga em qualquer uma das 6 opções, tenho que me candidatar à 2ª fase. Muito provavelmente, na 2ª fase já não haverá vagas nas duas opções a que não pude concorrer, por estar limitado a 6 hipóteses. Muitas dessas vagas poderão ser ocupadas por candidatos com nota inferior à minha, mas que escolheram aquelas hipóteses.
Então, ou espero para o ano seguinte e repido os exames ou tenho que ir para um curso que não queria ou, ainda, ir para os Institutos Politénicos espalhados pelo País.
E só porque não tive sorte, porque não escolhi as opções certas. Os senhores professores não acham isto injusto? Disseram-me que só deixavam concorrer a 6 vagas porque era assim quando não havia computadores para fazer a selecção dos candidatos, há mais de vinte anos, e depois ficou sempre assim.
Então não seria melhor deixarem escolher 15 ou 20 vagas para cada um de nós ser colocado de uma forma justa e não ser à sorte? Alguém nos pode ajudar?
Eu nem sei quem é que manda nisto, se são os senhores das Universidades ou se os das escolas secundárias?
Não haverá pais e associações de pais que tenham filhos e poder para mudar estas coisas? Eu penso que os computadores de agora são capazes de escolher com facilidade mesmo que fossem 100 preferências.
Peço desculpa pelo tempo, e peço ajuda também.
Obrigado
Janeiro 20, 2010 at 5:34 pm
Mais uma vez, os contratados como eu podam ser tidos em conta nestes assuntos. A questao da carga horária é fundamental, porque quem acumula em duas escolas tem o dobro das reuniões de departamento, o dobro das reuniões gerais e de grupo, o dobro das actividades… quando nos queixamos, dizem que é mt chato, mas o que querem dizer é “temos pena, mas desenrasquem-se”
Janeiro 20, 2010 at 5:35 pm
Agora na rtpn, Granjo, Nogueira e o pai, em que este diz que há professores que apenas trabalham 7 horas!!! Se fosse na Idade Média, já lhe tinham cotado a língua por difamação. Porra, chega! Granjo e Nogueira claros como água. Fala agora a fne, vou ouvir.
Janeiro 20, 2010 at 5:40 pm
Parque Escolar – da “bondade” das escolhas
http://www.5dias.net/2010/01/20/parque-escolar-a-escolha/#comments
Janeiro 20, 2010 at 5:43 pm
Tão contente o MN mas não disse nada sobre o que o governo propôs,,,,,, Hummmmm
Janeiro 20, 2010 at 5:46 pm
Pois é gundi.
Mas, gostei mais da intervanção do João Dias da Silva.
Até falou na recuperação do tempo de serviço para a transição entre carreiras.
Coisa que o MN nunca abordou, nem quis saber.
Janeiro 20, 2010 at 5:49 pm
Sobre a burocratização: papéis, papéis e mais inutilidades, em:
http://verdepontoazul.blogspot.com/2009/12/reunioes-de-avaliacao.html
Janeiro 20, 2010 at 5:55 pm
“Tão contente o MN” – 32
Carago! O homem está de paixão, namoro!
Também tem direito!
Consta que pelos All Garbes.
Janeiro 20, 2010 at 6:02 pm
Opus 0:
“Cresceu nas últimas décadas, por parte da tutela, uma desconfiança enorme em relação ao trabalho dos professores”
Obviamente, visto serem os que transmitem conhecimento. E que são, bem vistas as coisas, os únicos que não mentem.
Janeiro 20, 2010 at 6:06 pm
… por isso a tutela, que mente sempre e que nunca paga, tende a afastar o risco.
Diz aos jornalistas o que devem (podem) perguntar, quer impôr aos professores não instruir que se pergunte.
Janeiro 20, 2010 at 6:10 pm
Não havia necessidade de esmiuçar.
A não ser que seja a título de exemplo 😉
Janeiro 20, 2010 at 6:13 pm
#28
Quem define as regras de acesso ao superior é o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – Comissão de acesso ao ensino superior. Ministro – Mariano Gago.
Janeiro 20, 2010 at 6:13 pm
35# Ter direito têm, mas um gajo apaixonado vê tudo cor de rosa… tirem esse gajo das negociatas por uns tempos, metam alguém com degostos de amores em substituição, vão ver bcomo a classe ganha.
Janeiro 20, 2010 at 6:18 pm
O assunto do post é outro, mas não haverá alguém que me possa responder a #15?
Ou dizer se nas vossas escolas estão a pagar retroactivos aos professores que completaram o tempo de serviço no respectivo escalão antes de entrar em vigor o 270?
Janeiro 20, 2010 at 6:24 pm
Coeh, verifica que não há classe dos professores, apenas demasiados umbigos sem cordão.
Janeiro 20, 2010 at 6:31 pm
#28
«Então, ou espero para o ano seguinte e repido os exames ou tenho que ir para um curso que não queria ou, ainda, ir para os Institutos Politénicos espalhados pelo País.»
Espera. O maior erro seria a segunda hipótese.
«E só porque não tive sorte, porque não escolhi as opções certas. Os senhores professores não acham isto injusto?»
É injusto. Unam-se e lutem contra as injustiças. E já agora, quando ouvirem alguém a lutar contra situações injustas, observem com os olhos de quem as denuncia e não com os olhos de quem as cria.Só assim podem ter esperança de viver num país mais justo e, entre outras coisas, sem programas informáticos que, apenas por serem mais baratos, condicionam a vida a quem quer seguir um curso por vocação e não por fatalidade.
Boa sorte.
Janeiro 20, 2010 at 6:36 pm
#41
Na minha nem a uns nem a outros.
Um limbo eterno à espera, quiçá ( 🙂 não resisti) , do congelamento que se segue.
Janeiro 20, 2010 at 6:45 pm
Opus 28:
Meu caro, obter um curso é apenas saber estudar sózinho, não o atestado que terá, alegadamente, só como exemplo, o primeiro “fax”.
Outro exemplo, não chores, eu construo robots, entre miríades de outras coisas, algumas completamente analógicas – mas os diplomas dizem que não.
Enquanto estiveres num país idiota de competências no papel estás frito. Estarás esturrado se a “polpa” política continuar a obter esses papéis a priori.
Janeiro 20, 2010 at 6:45 pm
…há muito que os professores usam e abusam da conjugação do verbo salvaguardar. São as participações, são as comunicações para a acta, são as cartas registadas para o encarregado de educação… um sem número de prevenções uniformemente precedidas, ou seguidas, da justificação pessoal: “eu só faço isto para me salvaguardar”. Pode significar, tão somente, que se vive, há anos, num cenário profissional de intimidação e medo (objectivo alcançado). É, neste contexto, de esperar que, por menor ou maior coragem, maior ou menor capacidade de ir à luta, quando as coisas dão para o torto, surja em muitos esta reacção, quase atávica, de salvaguarda. É de esperar ?!
O mesmo não seria de dizer relativamente aos que, por missão tutelar, deveriam evitar que se chegasse aqui.
Mas não, ao primeiro sinal, ligeiros, mandam para o terreno os seus emissários, “ávidos de função”, que, mal aterram ( se é que alguma vez o fazem), pedem “o papel”, o “dossier”, a acta,etc. Se não existe, aqui d’ el-rei, se existe, tem erro ou omissão, pela certa. A data não está bem, o nome não está completo, não tem o número, ou denuncia a falta de um outro papel :não se comunicou a outrem, no dia aprazado, não tem o comprovativo final de que tudo isso foi feito, dentro das mais minuciosas regras do Código do Procedimento Administrativo, do Estatuto do Aluno, do Estatuto Disciplinar dos Trabalhadores Que Exercem Funções Públicas, do Estatuto da Carreira Docente, do Regulamento Interno, etc. Em poucas palavras, para abreviar, do “raio que os parta”. A mais elementar das ocorrências corre sempre o risco, à míngua de procedimentos, de desaguar num sonante “orgasmo” inspectivo.
Acrescente-se a tudo isto o facto de nem a “velhice” nem a experiência, gerarem conhecimento seguro nestas matérias. Numa produção legislativa sem rei nem roque, as normas que nos regem são mais efémeras que o “ software” informático ( e que o hardware também)ou que os diospiros, e têm demasiadas vezes a perversidade de serem contrárias ao bom senso (mais uma vez , a “velhice” e experiência também não colhem).
Mas o que é isso da salvaguarda? Pragmaticamente deveria ser uma atitude que evitasse o incómodo de levar em cima com aquele estatuto disciplinar com vestes da outra senhora ( refinadas recentemente, em 2008). Mas atente-se apenas, para resumir, no dever de zelo estabelecido no referido estatuto : “O dever de zelo consiste em conhecer e aplicar as normas legais e regulamentares e as ordens e instruções dos superiores hierárquicos, bem como exercer as funções de acordo com os objectivos que tenham sido fixados e utilizando as competências que tenham sido consideradas adequadas.” … é como quem diz, ora toma lá! Será que cumprir com zelo, em matéria de ensinar, é sempre compatível com o excesso de “papel” em matéria de “salvaguardar” ? Será que num quadro de tempo limitado a segunda não prejudica a primeira?
E, do dever de zelo, quais são as fronteiras, as prioridades ? Quem me ajuda a dirimir esta questão, quantos meses de renda de casa me custa entrar em conflito sobre o cumprimento deste dever?
Da velha senhora conhecíamos as vestes e a cantiga.
Dos novos senhores sabemos que mudaram de traje e de batuta ( atenção, não disse batota)…
de resto, uma única certeza : está na hora de ir embora, já não há guarda que nos salve.
Janeiro 20, 2010 at 6:57 pm
#28
A minha opinião:
Antes de mais a decisão é sua e não se deixe levar por muitas opiniões, incluindo a minha. As decisões são quase sempre difíceis e limitadas. É um facto da vida. Veja o que a sua intuição lhe diz.
Se não gosta de arriscar, siga o provérbio “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”, o que quer dizer escolher aquilo que lhe parece dar maiores probabilidades de ingresso, independentemente das suas preferências.
Se, pelo contrário, gosta, tente o que considera melhor em termos de futuro profissional e não apenas académico.
Pense também que até poderá ter uma melhor carreira profissional, se escolher um Politécnico. Não tenha preconceitos a esse respeito.
Se as suas notas são médias, ou melhora muito no Superior, ou não terá acesso a uma carreira académica, a esse nível.
Janeiro 20, 2010 at 7:00 pm
#46
Subscrevo, ressalvando que deve ser exarada acta.
Janeiro 20, 2010 at 7:28 pm
#41
Na minha escola, quem mudou de escalão depois de Setembro de 2009 (ou muda este ano), tanto pelo 15/2007 como pelo 270/2009, ainda não foi colocado nos novos escalões. Estamos todos à espera que os esclarecimentos da DGRHE esclareçam de forma esclarecedora, até agora, cada esclarecimento tem sido (apenas) despoletador de vários pedidos de esclarecimento.
Janeiro 20, 2010 at 7:56 pm
#49
depois querem autonomia.
Janeiro 20, 2010 at 10:12 pm
…ai este post…
…Paulo…ficavamos seguramente pela noite dentro…e eu venho ao Umbigo…descontrair…
Janeiro 20, 2010 at 10:31 pm
Pouco tempo: Muito de acordo.
Janeiro 20, 2010 at 11:26 pm
Isto tem uma silução muito fácil. O ME (se não o extiguirmos até lá) assume e faz publicar lei que durante a escolaridade obrigatória os alunos não podem reprovar. Alguém já apresentou propostas (e muitas mais virão). No final, conforme a situação, o aluno teria direito a certificado de frequência ou diploma. Cada um, pais incluídos, saberia se estava interessado numa coisa ou noutra. O problema era deles e os professores poderiam voltar a atribuir classificações verdadeiras e não estas monstruosas mentiras que, agora, a maior parte atribui. A senhora ministra disse há uns tempos “eu sei fazer”. Referia-se ao processo de avaliação e ao ECD. Mas pode saber mais coisas…
Janeiro 21, 2010 at 12:48 pm
Excelente post, Paulo! Põe o dedo numa das principais feridas da Ed. em Portugal.
E “esmiuça-a” bem.