COMUNICADO CONJUNTO
O “Acordo de Princípios para a Revisão do Estatuto da Carreira Docente e do Modelo de Avaliação dos Professores dos Ensinos Básicos e Secundário e dos Educadores de Infância” agora assinado entre o ministério da Educação e algumas estruturas sindicais, entre as quais a Fenprof e a FNE, que, entre outros efeitos deletérios, também serviu para desfazer uma importante unidade sindical na luta contra as políticas educativas erradas dos governos de Sócrates, não passa de um novo “memorando de entendimento” que colide, quer com uma parte substantiva das reivindicações que os professores afirmaram, escola a escola e nas ruas, forçando a agenda sindical e resistindo à prepotência e às medidas absurdas da anterior equipa ministerial, quer com o essencial daquilo que os sindicatos afirmaram e defenderam nestes dois últimos anos.
Genericamente considerado, o acordo traduz a validação, por parte dos sindicatos, de quase todos os pilares que sustentavam as medidas que Maria de Lurdes Rodrigues procurou impor e que os professores rejeitam incondicionalmente e que os sindicatos reputavam de inaceitáveis. Referimo-nos, em concreto, ao seguinte:
– manutenção da prova de ingresso na carreira, apesar de os professores contratados e entretanto avaliados serem dispensados da mesma;
– manutenção de um sistema de quotas aplicado ao ensino, num momento em que a sua rejeição é transversal a todos os partidos da oposição, maioritários no Parlamento;
– manutenção, quase intacta, do modelo de avaliação de Maria de Lurdes Rodrigues, massivamente recusado pelos professores.
São de vária ordem as razões que nos levam a rejeitar um acordo que em nada beneficia os professores e que demonstram a imprudência com que alguns sindicatos tratam a representação dos docentes e a facilidade com que abdicam das suas reivindicações nucleares (das 31 exigências da Fenprof para assinar o acordo, a esmagadora maioria não foi acolhida):
1) a transição para a nova estrutura da carreira docente é penalizadora para os professores, uma vez que a sua grande maioria regride no seu posicionamento e demorará muito mais tempo a atingir o topo da carreira;
2) o tempo de serviço de dois anos e meio extorquido aos professores não foi reposto;
3) não foi abolida a prova de ingresso para quem quer leccionar pela primeira vez, depois de uma certificação universitária e do respectivo estágio com orientações pedagógicas e científicas;
4) prevalece o sistema de quotas e a contingentação administrativa de vagas, por meras razões economicistas (quando o Estado esbanja dinheiro em futilidades, em Bancos e em escritórios de advogados) que nada têm a ver com reconhecimento do mérito, condenando a maioria dos professores a uma permanência de sete anos em alguns escalões;
5) em termos de estrutura da carreira docente, substituiu-se um filtro no acesso a professor titular por dois estrangulamentos no acesso aos 5º e 7º escalões;
6) o modelo de avaliação de Maria de Lurdes Rodrigues é viabilizado quase intocado, com uma porta escancarada para a sua versão “complex” e que, estamos certos, a maioria dos professores irá transpor, candidatando-se às menções de “muito bom” e de “excelente” (num ciclo avaliativo de dois anos estaremos a falar de cerca 120 mil professores que vão requerer meio milhão de aulas assistidas, o que é uma barbaridade que paralisará as escolas);
7) na sequência do número anterior, os princípios agora aprovados no quadro do modelo de avaliação, mantêm todos os dispositivos que fomentaram, nas escolas, a competitividade doentia, a barafunda e a burocracia, nomeadamente os ciclos de dois anos com avaliação em permanência de todos, a decisão individual de definir objectivos individuais e de requerer aulas assistidas, a proliferação e o entrecruzar de Comissões de Avaliação e Relatores ou, ainda, as dimensões de avaliação consideradas e o contributo em aberto de cada docente para as mesmas, abrindo caminho às disputas de tralha, papelada e projectos folclóricos. A confluência de tudo isto arruinará o ambiente e a cooperação nas escolas e dificultará o investimento dos professores na sua função de ensinar, passando cada um a estar mais focado na sua própria avaliação;
8 ) aceitam-se, e reforçam-se, as consequências decorrentes do 1º ciclo de avaliação em termos de progressão, validando-se uma avaliação que os sindicatos qualificaram de “farsa” e de “faz de conta”, além de que os docentes foram incentivados pelos sindicatos a não entregarem os objectivos individuais e a não viabilizarem o modelo integral através da candidatura ao “muito bom” ou ao “excelente”, sendo agora retaliados por essa ousadia, nomeadamente os professores dos 4º e 6º escalões que não estariam sujeitos ao sistema de vagas para os 5º e 7º escalões, assim como os do 10º escalão que se vêem, hoje, impedidos de aceder ao 11º escalão;
9) as implicações anti-democráticas que o novo modelo de gestão terá na constituição da Comissão de Coordenação de Avaliação, promovendo o aparecimento dos apaniguados do(a) director(a), retirará transparência, imparcialidade e seriedade ao processo de avaliação.
Permitimo-nos afirmar, sem qualquer ambiguidade e com toda a frontalidade, que não podemos deixar de lamentar a imagem enganadora que os sindicatos passaram para a opinião pública, ao fazerem da discussão do estatuto da carreira docente e do modelo de avaliação, uma mera questão de quotas e contingentes de vagas, que em nada condizem com a postura que a classe docente sempre manteve ao longo destes anos de luta, onde as suas reivindicações foram sempre além das questões salariais, preocupando-se, isso sim, com questões de exigência, seriedade, transparência, justiça e qualidade da escola pública, onde se integrava, sobretudo, a exigência de acabar com o modelo de avaliação em vigor, algo que os sindicatos desrespeitaram em absoluto.
Um capital de contestação e de concomitante força negocial foi completamente decapitado e desperdiçado por representantes que demonstraram não estar à altura do respeito que lhes deviam ter merecido a mobilização e os imensos sacrifícios de que os professores deram provas ao longo destes quatro anos.
Os Movimentos Independentes de Professores admitem desencadear, em breve, a construção de uma grande Convergência de Contestação às medidas que os professores continuam a rejeitar neste acordo (e pela defesa de outras que ficaram ausentes), procurando reunir na mesma os sindicatos que não assinaram o acordo, os professores que se destacaram na blogosfera e núcleos de professores, organizados escola a escola.
Contem connosco, porque isto não pode ficar assim!
APEDE,
MUP,
PROmova
Janeiro 10, 2010 at 11:48 am
Optar-se por ideias de consenso em vez de ideias de razão, levou-nos e levar-nos-á a uma gigantesca derrota e o sentimento colectivo de que, afinal, não vale a pena lutar.
Exemplo: Que dirão os milhares que, não tendo pedido aulas assistidas, se vêem agora impedidos de progredir? Afinal a suspensão da avaliação que estes movimentos pediram há 2 meses, e que o coro do oportunismo circunstante, disse ser mera semântica, não era de todo.
Obrigada, por defenderem e lutarem por questões de princípio, coisa que os sindicaleiros da praça perderam de vista o que seja.
Janeiro 10, 2010 at 12:04 pm
Subscrevo na íntegra!
Janeiro 10, 2010 at 12:15 pm
Gostei que tivesse acrescentado aos professores os “alunos”. Temos de superar os pequeníssimos interesses de classe que se constituíram com o principal combustível da nossa acção. Temos de pensar mais largo, também por nós, os sistemas corporativistas são sempre autofágicos.
Ora, essa superação passa desde logo por colocar os interesses — legítimos, obviamente — dos alunos ao lado dos nossos. Depois, talvez tenhamos de ir mais além, mas esta primeira abertura é desde já essencial.
Cumprimentos ao Umbigo e à visão do palimpsesto que faz o seu processo de pensamento.
Janeiro 10, 2010 at 12:15 pm
Excelente!
Janeiro 10, 2010 at 12:16 pm
#3 é um comentário para outro post,
Janeiro 10, 2010 at 12:22 pm
#1,
Não me parece que tenha existido uma “derrota gigantesca”.
É a minha opinião.
Mas há elementos que ainda nos escapam e eu gostava imenso que, um dia, as actas destas reuniões pudessem ser públicas.
#3,
Por vezes há questões que nos escapam quando se trata destes assuntos e que são fundamentais para envolver opinião pública.
Janeiro 10, 2010 at 12:23 pm
Completamente de acordo.
Janeiro 10, 2010 at 12:38 pm
#1
Just remenbering.
A revogação imediata do modelo de avaliação anterior (1º ciclo de avaliação) foi proposta no parlamento e essa proposta foi chumbada com a desculpa de que iria afectar os direitos de quem tinha sido avaliado.
Janeiro 10, 2010 at 12:38 pm
remembering, of course…
Janeiro 10, 2010 at 12:48 pm
Subscrevo integralmente. Se bem me lembro, já no passado foi dos movimentos não alinhados de professores que surgiu a força necessária para os sindicatos perceberem que tinham feito asneira e que ou voltavam atrás ou ficavam sozinhos sem representarem ninguém…
Creio que a história se repetiu e, embora duvide que isso seja possível, gostaria e estou disposto a lutar para que se volte a repetir a mesma situação. Contrariamente ao que se diz na comunicação social e nos sindicatos o ambiente entre os colegas está horrível, ninguém ficou satisfeito e o desânimo é similar ao do primeiro e mal fadado memorando…
Esta é uma paz podre que não vai durar, a geringonça com cabeça de pássaro e o falso engenheiro (e suspeito de quase tudo o que é tramoia) podem ir cantando vitória, o tempo dirá se não o estão a fazer antes de tempo…
Janeiro 10, 2010 at 12:51 pm
Adoro os “tintins” de quem nada tem de negociar.
Do tipo “acho que”…
Mas, como o Paulo diz…
Janeiro 10, 2010 at 1:09 pm
Eu continuo em LUTA e subscrevo na íntegra!
Janeiro 10, 2010 at 1:22 pm
Os Sindicatos assinaram um Memorando de Entendimento II.
Não é uma derrota, mas é um conjunto apressado de aspectos que nos inquietam, porque fomos MAL tratados e estamos pouco confiantes no sorriso da Sra. Ministra.
Esperamos pela negociação na especialidade…
Mas podemos confiar em quem se deixa sequestrar durante 14 horas para no final produzir esse “Acordo”?
Alguns professores da minha escola estão desde o início nesta luta e vamos continuar.
Os Sindicatos em que estamos filiados precisam de prestar muito mais atenção à realidade concreta.
Em todo este tempo, muito do que eles foram obrigados a VER veio dos movimentos independentes e eles foram arrastados sob pena de perderem protagonismo.
Está na hora de continuar a pressionar os sindicatos porque não nos interessa o que possam ter negociado os políticos nos corredores.
Se os professores não se meterem neste processo, ninguém os ajudará!
Janeiro 10, 2010 at 1:52 pm
Não vamos ser mais paistas que o Papa! Os sindicatos desta vez estiveram bem. Não foi de todo uma derrota. quem agora vem criticar os sindicatos por terem cedido está a ter igual atitude que a Milu tinha: não cedia em nada!era obvio que nunca iriamos ter tudo à nossa maneira, negociar implica isso mesmo! O essencial mudou para melhor por isso não sejam tão criticos e dêm graças a deus por temos lutado pois senão nem isto teríamos!
Janeiro 10, 2010 at 2:34 pm
Força na contestação. Este acordo premiará concerteza os medíocres, os “estica e cola”, em detrimento dos competentes. vamos voltar á rua, quer dizer a Lisboa!!!!
Janeiro 10, 2010 at 2:44 pm
#14
O essencial não mudou, ao contrário do que diz. Repare: o fundamental da avaliação mantêm-se (com a perversa permanência e dependência de certas entidades da escola); os constrangimentos na progressaão na carreira aumentaram, sendo que os professores de alguns escalões ficaram aindamais prejudicados relativamente ao estatuto que vigora (ainda); e a gestão das escolas está exactamente igual. Há dúvidas? Eu não as tenho!
Para além disso, ainda não percebi o que vei fazer o Dec. Lei 270/2009, que afinal não está a ser aplicado na maioria das escolas e que para muitos tem gerado imensa confusão! Espero é que, por via disso, muita gente não venha a ser apanhada num rol imenso de interpretações “caseiras”, dúbias que nunca produzem bons resultados.
Janeiro 10, 2010 at 3:57 pm
Subscrevo integralmente!
Janeiro 10, 2010 at 4:00 pm
Completamente de acordo… gostei daquela “projectos folclóricos…” é isso mesmo vai tudo para o complex, mais não seja para entupir o sistema…
Janeiro 10, 2010 at 4:52 pm
#11, mariazeca
Se não fossem os tintins destes, os sindicatos não teriam feito nada. Já se esqueceu dos processos de 2008/9? Que memória tão curta.
Espanta-me que se tente branquear um acordo mau para os profes e pior ainda para os alunos e para a escola.
Janeiro 10, 2010 at 4:55 pm
Claro que subscrevo esta análise feita pelo MUD, APEDE e PROMOVA.
Tiro-lhes o meu chapéu e estou nessa Convergência.
Janeiro 10, 2010 at 5:05 pm
Os tintins de quem?
Se não fossem estes meninos, que se entendem num dia e no seguinte se chateiam, o quê?
Os sindicatos foram dependentes dos guinchos e dos protagonismos pessoais destes lindinhos?
Acho bem que tire o chapéu, deve estar a abafar não só a memória, mas a retirar-lhe capacidade de visão.
Os moves são importantes neste processo, exactamante porque não tendo nada a negociar, poderão funcionar – e muitas vezes não o conseguem – como grilo falante dos sindicatos.
Desde que sejam grilos não estéricos.
Mas nunca me pareceu lógico comparar arroz com canetas. São coisas diferentes.
Janeiro 10, 2010 at 5:05 pm
Concordo com a análise mas, tentando colocar-me no lugar dos sindicatos, neste contexto não era expectável outro procedimento…
Janeiro 10, 2010 at 5:29 pm
Parei de ler aqui:
não foi abolida a prova de ingresso para quem quer leccionar pela primeira vez, depois de uma certificação universitária e do respectivo estágio com orientações pedagógicas e científicas
Indiquem-me uma carreira pública onde não se apliquem exames no ingresso?
Janeiro 10, 2010 at 5:47 pm
# 23
Indique-me uma carreira pública onde se aplique exames no ingresso? … Após esta ter sido já devidamente certificada pelas entidades para tal.
Se está mal certificada que passe a ser bem certificada. A responsabilidade é do ME.
Janeiro 10, 2010 at 5:52 pm
setora # 19
“mariazeca” tem a mania que é mais esperta que todos os outros. Não vale a pena insistir. Ela é que sabe.
Parece que não sabemos bem de-mais o que se passou e passa sobretudo no movimento sindical. Somos todos parvos. Para ela.
E que foram os professores que colocaram os ditos sindicatos a fazer umas coisitas & tal.
Janeiro 10, 2010 at 5:59 pm
Concordo, em princípio, com a prova de ingresso. Porém, este prova apenas seria obrigatória para os que inciaram os seus cursos a partir de 2007, ano da publicação do actual ECD.
Janeiro 10, 2010 at 6:48 pm
Concordo, em traços gerais, com o conteúdo do comunicado.
– Muito ficou efectivamente por resolver.
Por isso quero crer que diversos pontos deste acordo de princípios estarão AINDA por limar.
Mas daí a “traições”, “decapitações” e “desperdícios”… bem, acho que vai uma distânica enorme.
Perdoem a franqueza mas considero um contrasenso dos meus caros colegas dos movimentos assumirem, por um lado, no recente passado, que os sindicatos andaram a reboque dos professores – com toda a razão porque realmente assim foi! – e por outro lado virem dizer que “um capital de contestação e de concomitante força negocial foi completamente decapitado e desperdiçado por” alguns sindicatos.
Faço questão de relembrar que não sou sindicalizado desde há muito e que sempre fui um crítico do nosso movimento sindical.
Eventuais paranóias… talvez.
– Mas não compreendo o que me parecem ser ódios de estimação.
Nem compreendo quem é capaz de criticar uma organização que nos representa quando é sabido que quando os professores são chamados por essas mesmas organizações a intervir e opinar sobre matérias do nosso interesse, a verdade é que nem 1/5 da nossa classe diz “presente”.
Lembramo-nos todos do “Memorando de Entendimento”. Que a maioria veio criticar a bom som. Pergunto: nas vossas escolas, aquando do dia do debate, qual foi a “afluência à urnas”?
Metade dos professores?
1/3?
1/10?
Enfim.
Acho que são nestas “pequenas coisas” que os movimentos acabam por pecar – e perdoem a generalização. Pois estando cobertos de razões nas suas argumentações, não perceber que os sindicatos agiram sempre e exactamente de acordo com o pulsar dos momentos é, no mínimo, de alguma ingenuidade.
– Neste momento considero que o tal “capital de contestação” estava já bastante reduzido. E não por culpa dos sindicatos mas sim dos próprios professores!
Porque a verdade – e digam os colegas que tiveram paciência de ler estas palavras até aqui – que “motivação para a contestação” sentiam nas vossas escolas, nestes últimos tempos, depois do anunciado fim da divisão da carreira e da saída dos resultados das avaliações?
Acham que neste momento teríamos condições de obter manifestações ou greves com o impacto das últimas?
…
Penso que a responsabilidade das mobilizações massivas deixou desde há muito de ser dos sindicatos.
E, se estiver errado nesta análise – que admito perfeitamente pelo simples facto de achar que não entendo nada destas coisas – o futuro próximo tratará de o demonstrar.
– Pois a “traição” dos sindicatos com o Memorando de 2008 não impediu que fizéssemos tudo o que fizemos a seguir.
Espero que os meus caros colegas dos movimentos entendam esta minha opinião como algo construtivo no meio deste processo.
– Porque, sinceramente, aplaudo o vosso trabalho.
Aliás, considero mesmo FUNDAMENTAL uma voz representativa da classe que deixe claro
que este não foi – de longe – o acordo que deveria devolver a Paz às escolas, devido a aceitação de um ECD injusto e de um modelo de avaliação que continuará não sendo meritocrático.
Tentemos no entanto, e dentro do que agora está “acordado”, limar as inúmeras arestas que ficaram por acertar.
– E lutar para que NENHUM professor saia prejudicado do anterior ciclo avaliativo.
Janeiro 10, 2010 at 7:02 pm
mariazeca, se conseguir dizer o que fizeram os sindicatos em 2006, 2007, o que fizeram os sindicatos até ao momento em que os professores decidiram agir (e penso na 1ª reunião nas Caldas da Rainha) fico-lhe muito grata. Avive-me a memória e alargue-me a visão porque, que me lembre,nas escolas os sindicatos estavam apagados e só houve, em outubro de 2007, uma discreta manife.
Se não fosse os professores terem decidido lutar contra os maus tratos que estavam a cair sobre eles, escolas e alunos, os sindicatos continuariam quedos incomodados apenas pelo corte nos seus próprios “quadros”.
Saberão os sindicatos o que se passa nas escolas? Para assinarem um tal acordo estão a milhas.
Janeiro 10, 2010 at 7:15 pm
#27 Maurício
Houve fim dos titulares mas agravaram-se os estrangulamentos na progressão da carreira. Acha que os professores terão ficado contentes?
As avaliações do 1º ciclo satisfizeram os professores? Não é o que vejo e ouço. No interior das escolas – nem falando dos que foram no complex – os inexplicáveis bons de 7 ou 8 ou 9 atribuídos com insondáveis critérios geram necessariamente mal estar. E de escola para escola a desigualdade de tratamento da coisa revela a fantochada desta avaliacão – escolas que avaliaram todos, com e sem OIs, com e sem FAA, e escolas que não o fizeram. Acha mesmo que os profes estão contentes?
Janeiro 10, 2010 at 7:22 pm
#29, setora,
Não disse em momento algum que acho que os professores estão contentes.
– Acho é que não estamos unidos.
Exactamente pelo descontentamento de alguns em relação ao contentamento de outros…
Mas, como frisei, admito poder ser uma leitura errada.
Opiniões…
Janeiro 10, 2010 at 7:30 pm
Caro Maurício,
Como sempre faço, li atentamente o teu comentário e sou capaz de aceitar as críticas relativamente a um ou outro termo mais forte, se bem que é preciso perceber o grau de envolvimento dos colegas que tudo têm feito para reforçar a luta e estiveram em TODOS os seus momentos, mobilizando, participando, com todas as energias e é natural que surja alguma revolta perante este acordo que eu chamaria “acordo… do queijo suiço” tais são os buracos que o habitam.
Quanto à questão da mobilização, caro Maurício… por favor, não puxes por mim.
Discordo quase em absoluto do que dizes, pois se é verdade que muitos professores cederam na questão dos objectivos também é verdade que foram deixados à sua sorte e a pedagogia da luta ficou por fazer.
Aliás esse é o grande problema: a pedagogia da luta! Com essa pedagogia o grau de mobilização poderia ter sido mantido e agora até aumentado. Aliás, fica tranquilo, a mobilização vai crescer, não duvides.
E ainda por falar em mobilização, como se pode querer manter a dita se se decidem NAS COSTAS dos professores duas horas de greve numa altura decisiva do ano passado, após uma consulta feita aos professores? Ou quando perante 120 mil se anuncia uma greve de um dia para dois meses depois? Já te esqueceste dos arrefecimentos desta luta, Maurício? A culpa aí foi dos professores?
A APEDE ainda está à espera de saber quais foram efectivamente os resultados das consultas às escolas em Março ou Abril passado. Mas ainda assim, estivemos em força no 30 de Maio, como estivemos em todas as iniciativas de luta. Sempre mantivemos uma postura de unidade e reforço da luta. Que sinais idênticos tivemos por parte das direcções sindicais nos dias 15 de Novembro, 24 de Jameiro e 19 de Setembro?
E sabem por acaso os colegas o que se passou (ou poderia ter passado) no dia 12 de Dezembro? Os colegas da Comissão de Contratados do SPGL podem esclarecer. Mais uma vez os movimentos mostraram disponibilidade para apoiar uma iniciativa de luta sindical. Iniciativa que não se realizou depois de ter sido aprovada por esse orgão do SPGL. Para não prejudicar o clima negocial…
Não me falem por favor em mobilização.. por favor não!
Grande abraço, Mauricio
Setora, deixo aqui um grande grande abraço e um muito obrigado pela força e apoio. Que não é de agora, sempre nos encontrámos nos sítios certos, de vigílias a manifs, dando o nosso contributo para uma vitória que está ainda por conquistar.
Mariazeca,
Não lhe vou responder, ao mesmo nível, só lhe digo que é triste que levante suspeições e faça acusações sem nenhuma fundamentação válida, apenas porque “acha que sim”.
Convido-a, se isso não lhe causar muita urticária, a conhecer-nos melhor, venha um dia destes a uma das nossas reuniões, encontre-nos numa reunião de professores (dia 30 no Camões, encontro do MEP) converse connosco, talvez se se informar melhor, se conhecer melhor, se sentir que somos apenas professores e professores em luta, talvez perceba melhor o tamanho da injustiça que escorre das suas palavras.
Abraço a todos
FORÇA NA LUTA! JUNTOS VENCEREMOS!
Janeiro 10, 2010 at 7:32 pm
Sou professor há 35 anos e tenho 56 anos de idade. Estou no topo da carreira e sou professor titular. Assisti a muitas aldrabices fabricadas pelos sindicatos de professores e vários governos. Mas esta excedeu em muito o que era esperado. Foi uma verdadeira mistificação de negociação. Os sindicatos vão arrepender-se, quando for tarde. E nada puderem fazer.
Apoio integralmente o conteúdo deste comunicado e subscrevo-o. Os professores que se cuidem! E arranjem representantes!
Janeiro 10, 2010 at 7:35 pm
Eu compreendo que os colegas que participam aqui no “Umbigo” se sintam injustiçados mas há que sentir o pulsar dos professores no dia-adia.
Neste momento um movimento de massas (manifestação) ou uma greve seria um desastre em termos de adesão.
Já cheguei à conclusão que nós professores, em termos gerais (não façam como amostra os professores que participam neste fórum), s´o reagimos quando o “martelo” nos cai sobre a nossa cabeça, porque enquanto o martelo vai e vem vejo muita lamúria e pouca acção.
Querem apostar que somente quando estiver a actual ADD em vigor ( com centenas de aulas assistidas) é que os professores virão para a rua?
Janeiro 10, 2010 at 7:38 pm
#30 Maurício
O contentamento será de muito poucos. Dos candidatos ao complex, alguns são contratados percebendo-se por que avançaram; os outros são muito poucos, uma minoria de oportunistas (alguns incompetentes – falo do que conheço) que aproveitaram o furo.
Escolas há onde tudo está secreto. À medida em que se vai sabendo de boca em boca que este teve Bom de 7, aquele de 8 e aquele de 9, o espanto e o descontentamento vai-se instalando.
Janeiro 10, 2010 at 7:41 pm
#34 Setora
Acha que neste momento que, se os sindicatos convocassem uma greve prolongada ou uma grande manifestação, haveria uma grande adesão?
Janeiro 10, 2010 at 7:41 pm
Podes crer Pedro…se fosse hoje uma greve ou manifs. teria uma fraca adesão..pessoas cansadas..desiludidas…conformadas…a água pode passar várias vezes debaixo da ponte mas a força com que passa varia…e a torrente já por lá passou forte..agora corre um riacho…temos esperar para tornar a encher…
Todavia começa a duvidar que mesmo esperando haja algo igual ao que passou..mas quem sabe ..os milagres por vezes repetem-se…em Fátima não foram 3 aparições…?
Janeiro 10, 2010 at 7:43 pm
# 30 Maurício
Aprecio a sua sensatez. Mais ainda porque me dá a impressão de ser um jovem professor orgulhoso da sua profissão.
Eu também, mas não sou jovem.
Já participo em lutas destas há mais de 30 anos e sabe?
Em todos os momentos cruciais foi isto que nos aconteceu: tendo vantagem negocial, os negociadores sindicais cedem a pressões de natureza política/partidária… Deixam-nos sempre com este sentimento estranho perante a pobreza do resultado.
Janeiro 10, 2010 at 7:47 pm
# 35 Pedro Castro
Há um tempo para tudo!
Já foi o tempo da manifs.
Já foi o tempo de assumir responsavelmente na escola uma atitude coerente e consequênte.
Já foi o tempo da maioria absoluta.
Naquela noite, para os sindicatos, era o tempo de negociar.
Havia ainda o tempo da Assembleia qual espada de Démocles sobre a cabeça da Ministra!
E agora?
Janeiro 10, 2010 at 8:06 pm
make it better
Somente quando a esmagadora maioria professores tiverem; vontade, coragem, espírito de sacrifício para uma greve a sério é que isto muda!
Acha que a maioria dos professores está, neste momento, disposta a este tipo de luta?
Não creio…
E olhando para o passado a minha conclusão é que os professores somente lutam e se unem quando algo lhes faça ultrapassar os limites físicos e psicológicos. Ora isto somente aconteceu quando a ADD complex foi implementada a sério. Como todos rebentámos nessa altura, aí sim, perdidos por cem, perdidos por mil, fizemos manifestações gigantescas.
Somos um povo assim, somos maltratados todos os dias mas não reagimos, somente o fazemos quando o “Titanic” vai ao fundo.
Janeiro 10, 2010 at 8:08 pm
make it better
Não conte com os partidos conte connosco…só nós é que podemos mudar a nossa situação.
Janeiro 10, 2010 at 8:10 pm
#31,
Caro Ricardo,
É sempre um prazer conversar/debater contigo.
Sabes, nestas questões admito sempre que a falta de conhecimento de determinados “pormenores” possam influenciar as minhas opiniões, tornando-as eventualmente ingénuas.
Acredito mesmo que muitas “coisas” estranhas possam ocorrer neste tipo de negociações, que desconheço por completo, mas quero crer que efectivamente quem lá está a defender a nossa classe o está a fazer com a melhor das intenções.
Por isso, acho que apenas quem está numa mesa negocial poderá saber efectivamente o que poderia ser feito a mais.
Daí que, podendo aceitar que se façam críticas ao que foi conseguido – eu próprio as faço – tenho mais dificuldades em entender termos como “traidores” ou “enganadores”.
Quanto à mobilização, bem… é como disse a “setora”:
– Admito estar redondamente enganado.
Esperemos que o futuro próximo assim o comprove.
Abraço,
Maurício
…………….
#37, make it better,
Grato pelas palavras.
E sabe sempre bem ser chamado de jovem aos 40 anos.
😉
Sobre uma eventual ingenuidade que a experiência dos anos vai tratando de retirar – e assumindo perfeitamente que a tenho -, considero que o governo queria desesperadamente um acordo.
– Mas não acredito que fizesse um “acordo qualquer”.
Sobre as pressões de natureza política/partidária, diria apenas que esse foi um dos… deixa ver… 26 motivos que me fizeram desistir de ser sindicalizado…
… com a “tenra idade” de 20 e tal anos.
😉
#33, Pedro,
Como sabes, é isso que penso.
Esperemos por melhores dias…
Janeiro 10, 2010 at 8:15 pm
# 41 Pois é Maurício
Somente aqueles que andaram com eu e tu a mobilizarem pessoas no terreno é que têm a noção de que os professores SOMENTE REAGEM quando estão enterrados na lama até ao pescoço…
… enquanto o pau vai e vem folgam as costas!
Janeiro 10, 2010 at 8:17 pm
Agora é deixar o “riacho” encher até fazer “um caudal”
Talvez quando implementarem a nova ADD…
Janeiro 10, 2010 at 8:17 pm
# Pedro e Maurício
Bravíssimo(s)!
E… Jovem não quer dizer ingénuo 🙂
Completamente de acordo.
Uma greve a sério.
Sim, fartei-me já de falar disso.
Um “mexam-se!” aos sindicatos, claro! Sempre.
Que os professores e o povo português de onde são oriundos, não sejam mais pró-activos é muito confrangedor…
Acompanho as vossas intervenções aqui no blogue e gosto de vos ler.
Continuemos que vamos juntos e no bom caminho, embora não precisemos de concordar sempre todos.
Janeiro 10, 2010 at 8:19 pm
Neste momento dá vontade de lançar um movimento nacional de professores em defesa das 2 aulas assistidas!
A coisa implode e pronto!
Janeiro 10, 2010 at 8:22 pm
#45
Não podem ser mais do que duas??? Eu quero mais, como a Fátima e a Reb….uma por mês será o ideal.
Bora lá pedir! 😉
Janeiro 10, 2010 at 8:27 pm
#43,
Pedro, o “feeling” actual tem exactamente a ver com isso.
O sentimento generalizado mais “palpável” é o do tipo:
– “Ok, isto não foi o que queríamos mas pelo menos é bem melhor do que íamos ter.
Ou, pior ainda, é o do:
– “E então, o que é que achaste do acordo? Foi bom?”
…
Vamos aguardar que o caldo entorne outra vez…
…
…
Janeiro 10, 2010 at 8:27 pm
Eu já vos avisei várias vezes que a companhia dessa Mariazeca é duvidosa, ela é delegada sindical da fenprof e muito ligada ao partido, quer subir a qualquer custo, arranjar um tacho e fugir da escola.
Está sempre a defender os sindicatos, pois claro, é paga para isso, para mostrar trabalho nos blogs.
Janeiro 10, 2010 at 8:32 pm
#44, make it better,
Grato pelas palavras.
Forte abraço.
Janeiro 10, 2010 at 8:33 pm
Pedir 2 aulas assitidas ou mais…
Começo a pensar que esse é um dos melhores processos de fazer ruir por dentro as coisas.
Há só um problema: os nossos detractores diriam que deixámos os alunos em 2º plano para nos dedicarmos à nossa carreira…
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Errata: Lá para cima onde se lê espada de Dámocles deverá ler-se espada de Dâmocles.
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Se a Sra. Ministra não tivésse uma espada de Dâmocles sobre a cabeça, porque se daria ao trabalho de andar a correr por 4 andares ou salas de negociações durante 14 horas?
Tinha de ser naquele dia, porque era o timing mais ajustado para o ME. Também tinha de escapar ao veredicto da AR…
O tempo corria a favor dos professores.
Janeiro 10, 2010 at 9:02 pm
# 23
Como lhe explicaram, a prova pública que o professor realiza é, para além da sua formação académica, certificada por uma universidade, a sua certificação profissional, certificado por Faculdade e Ministério.
Mas, mais preservo que a exigência de uma prova pública, é a exigência das tais duas aulitas para progredir. De dois em dois anos, alguém vai ver duas aulitas, que, acredito, muitos se prestarão a encenar e, então, poderemos ser muito bons professores.
Tenham indignidade!
Conhece algum caso semelhante?
Janeiro 10, 2010 at 9:03 pm
#48,
Not really.
Janeiro 10, 2010 at 9:03 pm
digo, Que indignidade
Janeiro 10, 2010 at 9:26 pm
Eu admiro a postura que os Movimentos sempre tiveram durante a luta de professores e que, felizmente, continuam a ter.
Eles são imprescindíveis pela coerência que têm demonstrado. A sua voz faz-nos falta!
Fazendo um pequeno balanço desta luta, acho que houve 3 vectores importantes: os sindicatos, os movimentos e o Umbigo.
Pode parecer pretensioso achar que este blog tb desempenhou um papel, mas eu acho que sim. Justamente por ser aberto a diversos pontos de vista sobre as situações. Aqui não havia a “coerência estratégica” dos Movimentos, mas havia o livre pensar sobre a realidade que estávamos a viver, e não tenho dúvidas que muitas vezes os nossos colegas dos sindicatos e movimentos aqui vieram sentir o pulsar da classe docente.
Qto à Fenprof, muitas vezes tenho discordado deles, mas desta vez, não sei o que poderiam ter feito…
Bateram-se por 2 ou 3 pontos e não abdicaram deles. O resto, em mesa de negociações, não deve ser mesmo nada fácil…
Concordo com o Pedro: a agitação voltará qdo o modelo começar a ser implementado. Ou talvez venha no próximo ano lectivo ( já que parece que só vai começar em Abril deste ano).
Maurício, não fazia ideia que tinhas 40 anos! Não te dava mais que 28. 🙂
Janeiro 10, 2010 at 10:09 pm
#41 Maurício,
Só um pormenor rectificador, não me leves a mal: no comunicado conjunto dos movimentos não se fala em traição ou traidores.
Abraço
P.S. Numa mesa negocial só passa aquilo que quisermos, só assinamos aquilo que entendemos ser o correcto, e as cedências não podem acontecer em aspectos essenciais. E não falo no ar, sem conhecimento de causa.
É preferível não haver acordo a haver um mau acordo. É a minha opinião.
Janeiro 11, 2010 at 9:31 am
#54, reb,
O segredo da minha juventude é um creme que utilizo diariamente, produzido no Tibete e feito à base de ervas que, dizem, possuem as propriedades místicas da juventude eterna.
Comecei a usá-lo no ano passado, com 39.
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😀
#55, Ricardo,
Eu sei que não.
Tem a ver com outros contextos.
😉
Abraço!
Janeiro 11, 2010 at 6:01 pm
Excelente análise do desconchavo assumido pelos maiores Sindicatos, que reedita o famigerado “Memorando de Entendimento”.
De facto a História repete-se, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. Pena é que, ao contrário da pura comédia, as farsas possam ter efeitos trágicos.
Não sei que “vitória” poderão estes Sindicatos “cantar”, mormente a Fenprof e a FNE. Ao contrário das “cedências de parte a parte” que a Comunicação Social apregoa e essas Organizações Sindicais proclamam, quer-me parecer que só os Sindicatos cederam, se é que já não foram para lá “entendidos” e tudo não terá passado de um “número” (ou será, o que não me parece, que têm outros “coelhos para tirar da cartola”)?!
É caso para dizer “too much ado about nothing”, pois a especialidade tem sido as “entradas de leão” a “falar grosso” para depois se sair com qualquer coisinha.
Manifestações de mais de 100 mil, greves de outros tantos, para tão parcos resultados.
A farsa manter-se-á, o “amiguismo” e o compadrio continuarão a ser o “sumo” desta “avaliação” de faz-de-conta, mas com os efeitos sérios de dar aos apaniguados mais dinheiro pela progressão mais expedita.
A burocratização e o “folclore” serão a norma, prejudicando o efectivo funcionamento das escolas, que continuará a ser o da autêntica e permanente feira de vaidades e “habilidades” inúteis que marcaram os últimos dois anos (Portefólios, Cartazes, Clubes, Mostras, Exposições, Viagens e etc.) contra as quais nada teria se tivessem por finalidade o aluno e o seu enriquecimento, o que está longe de acontecer pois têm apenas por objectivo fazer “brilhar” o professor avaliado e funcionam muitas vezes como um mero “investimento” sem outra substância que não uma espécie de negócio que privilegia quem tem mais “capital” para investir (às vezes mesmo dinheiro para as “traquitanas”, outras “relações de maior proximidade”, a maior parte das vezes um misto das duas coisas).
De uma radicalização verbal a roçar a farronca e a fanfarronice de “muita parra”, para tão “pouca uva”.
Lamentável!
António José Ferreira