Sobre esta prova apresentada como pública para acesso à carreira de professor titular há diversos aspectos a destacar ou a sublinhar, por já terem sido sobejamente apontados.
- Em primeiro lugar, o modo aparentemente meio atabalhoado como este processo se está a desenvolver, desde a forma como se procuraram recrutar os elementos para os júris das referidas provas e se andaram a tentar determinar as vagas por agrupamento/escola, até à data estranha – a meio de Agosto – em que é anunciada a abertura das candidaturas. Mesmo numa perspectiva draconiana das férias dos docentes, a segunda quinzena de Agosto só poderá ser concebível como forma de gratuita provocação.
- Em seguida, a falsa designação da prova como pública, visto que tudo será feito online e com a prova apenas acessível aos elementos do júri da prova. Este processo não pode ser considerado público, antes reforçando uma sensação de opacidade e secretismo da avaliação e classificação das provas. Uma prova pública nunca poderia ser feita desta forma; aliás, este processo é a negação de uma prova efectivamente pública e faz-nos duvidar, desde logo, das intenções subjacentes a esta metodologia, pois nem se sabe qual será feita a discussão da prova.
- Em terceiro lugar temos a rigidez das instruções para a elaboração da prova. Uma coisa é definir directrizes para a sua elaboração, outra determinar o número de páginas, a dimensão das margens e até a dimensão das letras (mas esqueceram-se de indicar o tipo de letra, sendo que algumas são mais pequinininas mesmo em tipo 12). A sensação é a da total limitação da autonomia dos candidatos e, paralelamente, facilitar o trabalho dos júris, cuja constituição é outro dos problemas.
- A constituição dos júris das provas públicas será um assunto extremamente sensível, visto que o recrutamento, mediante os Centros de Formação e pedidos aos órgãos de gestão, foi feito sem critérios claros e que permitam confiança na competência e capacidade dos recrutados para analisar e avaliar uma prova deste tipo. Não é novidade nenhuma – nem motivo de ofensa, pois limita-se a uma constatação factual – referir que muitos dos professores titulares no topo de carreira disponíveis para estas funções tiveram trajectos académicos que em muitos, mas mesmo muitos casos, os tornam algo vulneráveis para este tipo de responsabilidade, pois há gente bem mais nova e abaixo na carreira com qualificações bastante superiores e, porque não, trabalho desenvolvido bem mais válido nos últimos anos e conhecimentos mais actualizados.
- Por fim, não devemos esquecer que se é necessário ter avaliação atribuída para concorrer, como fazer com todos aqueles docentes cujo processo de avaliação ainda está em decurso, pois em algumas escolas nem as famosas fichinhas de auto-avaliação foram entregues?
Tudo isto significa que a forma como esta prova pública vai ser lançada e se vai desenvolver, abrirá outra frente de conflitos entre os docentes e o ME e em muitas escolas aprofundará ainda mais as feridas abertas nos dois últimos anos.
As consequências são óbvias: novo factor de desestabilização do trabalho quotidiano dos professores e de fricção entre colegas, nada vantajoso para a melhoria do clima de escola.
Mas quanto a isso esta equipa ministerial já não tem preocupações. Cada um dos seus elementos já deve ter o seu destino definido e dificilmente passará por apanhar as canas de mais este fogo de artifício.
Agosto 20, 2009 at 3:28 pm
E quem é que vai embarcar nesta palhaçada?
Ainda se fosse para fazer parte do cirque du soleil, agora isto…Circos rascas, não obrigada.
Agosto 20, 2009 at 3:29 pm
Será, portanto, um não, Paulo?
Agosto 20, 2009 at 3:35 pm
#2,
Falta a parte 3.
Primeiro o contexto…
😉
Agosto 20, 2009 at 3:52 pm
Ok, 😆
Agosto 20, 2009 at 4:22 pm
A discussão do trabalho (com a presença do júri) será a parte pública, ou não?
Agosto 20, 2009 at 4:23 pm
Já cansa um bocado a história do contraste velhos / novos e das qualificações superiores que os últimos têm relativamente aos primeiros.
Basta pensar que os ME são todos professores do ensino superior e as m++das que têm feito. Por outro lado, um mestrado é, no que à actividade lectiva concreta, 9 e muitos por cento de inutilidades. Não atrasa nem adianta.
Ah!, e eu sou dos «novos»: nem quarenta ainda fiz, mas aborrece-mes estar sempre a apontar o dedo aos velhotes, que, em muitos casos, sabem do que estão a falar porque têm algo em comum com o vinho: experiência obtida em «curas» de décadas.
Agosto 20, 2009 at 4:26 pm
Irra: «… no que à adtividade lectiva concreta diz respeito, noventa e muitos por cento…».
Agosto 20, 2009 at 5:14 pm
Penso que a maior injustiça de todo este processo, foi que alguns saíu-lhes tipo brinde da farinha Amparo, o título de titular.
Outros, com mais tempo de serviço, mais idade e quiçá, mais competências têm que se sujeitar a esta prova e aguardar por vaga.
É esta injustiça que será muito difícil de ser esquecida.
Ok, se queriam distinguir e separar, qual a razão por que não começaram por esta prova?
Embora não concorde com a divisão, penso que se teria aceite de outro modo.
Pois é…faltavam os “titulares” que vão agora fazer parte do júri…e que foram escolhidos nos centros de formação, por sorteio (mesmo sorteio….digo-vos eu) papelinhos com os nomes das escolas e dos titulares e sorteio, tipo para os jogos de futebol….
Pois é…
Agosto 20, 2009 at 5:33 pm
”
2. Há algum prazo para a apresentação da candidatura?
A apresentação da candidatura não tem prazo.
Reunidas as condições de tempo de
serviço e de avaliação, o docente pode elaborar o seu trabalho e solicitar a
realização da prova quando entender.”
Retirado de FAQ’S da DGRHE
Meu comentário: Quem não foi avaliado não poderá inscrever-se. As avaliações estarão prontas em finais de Novembro, logo pouca gente poderá candidatar-se. Quem não for avaliado por contestar este modelo de ADD também não poderá efectuar a inscrição.
“8. Se ainda não tiver o trabalho elaborado, posso candidatar-me?
Não. A candidatura só pode ser formalizada com a entrega do trabalho (upload na
aplicação electrónica).”
in FAQ’S da DGRHE
Meu comentário: Não vale a pena estragar as férias se não tiver feito o seu trabalho.
Conclusão: Aos apressados para quê tanta excitação?
Aos outros como eu a partir de 1 de Setembro irei preocupar-me somente com os meus alunos.
Agosto 20, 2009 at 5:37 pm
Li aqui alguém dizer que já chega de comparação entre os velhotes e os novos. Quantos velhotes não chegaram aos pontinhos, porque todos os cargos que os davam, foram desempenhados pelos “velhotes” antes de 1999? Creio que as coisas não devem ser colocadas deste modo, mas sim que todos são professores e o mais importante seria cultivar o bom diálogo e a partilha de saberes entre professores de novas metodologias na nobre arte de ensinar. O resto, na minha humilde opinião, apenas serve para criar clivagens entre colegas, traduzidas em actividades folclóricas nas escolas, esquecendo-se o mais importante e os resultado desse esquecimento já se viram nos resultados dos exames nacionais, em muito devido ao facilitismo que começa a ter uma implantação muito forte nas escolas.
Agosto 20, 2009 at 5:40 pm
Se o partido que ganhar as eleições não for o PS, bye bye divisão da carreira. Há compromissos so CFS, PSD, PCP e BE perante sindicatos e movimentos para acabar com a divisão na carreira.
Se for o PS sem maioria absoluta então basta fazer uma “forcinha” e isto cai por terra porque depois desta guerra o PS não vai querer comprar outra.
Se o PS tiver a maioria absoluta então MEUS CAROS COLEGAS remos de declarar a guerra total como fizeram os professores chilenos.
Agosto 20, 2009 at 5:41 pm
do CDS
Agosto 20, 2009 at 5:42 pm
Pedro:
Eu não consigo pensar na 3ªhipótese….
Agosto 20, 2009 at 5:46 pm
#13
Essa hipótese é meramente académica, porque das informações que eu recebo a coisa está muito renhida na casa dos 31 a 32 por cento.
Agosto 20, 2009 at 7:49 pm
A 3ª hipótese não vai acontecer.
Agosto 20, 2009 at 7:59 pm
Problema:
(aferição da credibilidade das sondagens)
Se as sondagens para as eleições europeias davam à volta dos 40% para o PS poucos meses antes das mesmas e eles tiveram 26% dos votos.
Agora que as sondagens dão 32%, qual será a percentagem de votos que o PS vai ter nas legislativas?
Arrisco um palpite: (32×26)/40=21%
Estas são as minhas informações.
Agosto 20, 2009 at 8:55 pm
#14
Pedro, a questão da maioria absoluta por parte do PS está fora de questão, nesta altura do campeonato. O pior é se o PSD ganha e faz uma coligação com o CDS, conseguindo assim uma maioria parlamentar.
“”Este país já não vai a lado nenhum com este tipo de democracia””.
É dever dos políticos e dos “dotoures” que fazem relatórios (da OCDE que não são da OCDE e outros), estudar qual a forma de democracia mais eficaz para o nosso país.
Na menha escola não foram os professores mais velhos e com mais experiência no terreno, que ficarão titulares, mas aqueles que desempenharam cargos. Muitos de nós, mais velhos, nem sequer concorremos por não concordarmos com “titalos” estúpidos e injustos.
Agosto 20, 2009 at 9:02 pm
Em #17
“estúpidos” pela questão da divisão da carreira e do clima que iria gerar nas escolas.
Agosto 20, 2009 at 9:18 pm
Eu cá desconfio da entrega de trabalhos pessoais nas instituições do ME.
Agosto 20, 2009 at 9:18 pm
Por causa do que está dito no #8 é que se torna cada vez mais desinteressante falar do assunto dos titulares e esquecer, mesmo por pouco tempo, a exigência da carreira única. Haverá titulares, como é o meu caso, que não concordam com a divisão da carreira, estarão sempre dispostos a dar a cara por essa causa; e, por isso, não apreciam particularmente a ideia de se verem frequentemente atingidos com projécteis que deveriam ser dirigidos ao ME ou ao governo ou à assembleia da república.
Quanto a competências, cada um de nós só conhece meia dúzia de casos concretos; a generalização não ajuda nada, como sempre.
Agosto 20, 2009 at 9:50 pm
Alguém acredita que o PSD irá acabar com a divisão da carreira, o Estatuto do aluno e outras habilidades da Lurditas?
Agosto 20, 2009 at 10:13 pm
A divisão da carreira só persistirá se deixarmos…
Agosto 20, 2009 at 10:32 pm
Falta a conclusão do Paulo… Parte 3.
Agosto 20, 2009 at 11:43 pm
#23
Acho bem. Só nos interessa dizer, e é só o que basta dizer que não queremos, não há qq justificação para haver duas categorias de professor.
Para mais, todos sabemos que o ME não tem nenhuma admiração pelos professores (“Perdi os professores mas ganhei a opinião pública”). E não foi pela sua linda cara que pensaram em titularizar alguns quantos; os titulares só serviram o grande desígnio governamental de avaliar (a custo zero) os colegas e permitir à ministra e ao chefe vangloriarem-se de terem posto na ordem um rebanho tresmalhado.
Agosto 20, 2009 at 11:55 pm
CONCORDO PLENAMENTE:
Penso que a maior injustiça de todo este processo, foi que alguns saíu-lhes tipo brinde da farinha Amparo, o título de titular.
Outros, com mais tempo de serviço, mais idade e quiçá, mais competências têm que se sujeitar a esta prova e aguardar por vaga.
É esta injustiça que será muito difícil de ser esquecida.
Agosto 20, 2009 at 11:56 pm
Esta Prova e este Concurso??? É mais uma Trapalhada!
Agosto 21, 2009 at 12:11 am
Até concordo que os coordenadore tenham um suplemento a nível do vencimento pelas funções que desempenham, um pouco à semelhança do que sucede com o PCE/Director.
Mais: não estranharei a proposta de um congelamento. Penso que faz todo o sentido nas actuais circunstâncis e dado os aumentos sucessivos durante os tempos guterristas. No fundo, é a pergunta que o director do Jornal de Negócios fazia há uns tempos: estaremos nós (trabahadores / funcionários) dispostos a sacrificar o nosso salário pela manutenção do (nosso) posto de trabalho (e do nosso vizinho do lado)?
Agosto 21, 2009 at 2:41 am
Claro que é uma provocação o timing da candidatura/entrega do trabalho, e também é verdade que há um ano, aquando da saída do 104, já se antevia a possibilidade…
e agora?
– acreditar que os resultados das eleições mudarão algo? Façam o favor de não ser crédulos.
– a divisão da classe é um facto consumado, e há um ano não vi os colegas titulares a rejeitarem o título, nem vi os sindicatos a insurgirem-se (se há colegas que não se propuseram a titulares, tal deveu-se ao índice em que estavam…pois, não valia a pena). Mas percebe-se a posição dos colegas… eu faria o mesmo. Porquê? Alguém rejeitaria.
– valia a pena, este ano, todos terem pedido avaliação científica e mostrar as falhas do sistema? VALIA SIM. (mas já vi as cabeças pensadoras a dar o dito por não dito… mas já foi tarde, deviam ter pensado nisso antes, em vez de perderem tempo com a lei (leiam Kafka… talvez ajude a perceber que a Lei está do lado de quem tem o poder e a FAZ).
Quando é que abrem os concursos para Titular? Quantos entram? Quantos ficarão entupidos?
Estas serão certamente questões importantes para nós. Mas, o contexto levantado pelo #27 é, já num curto prazo, o que nos deve preocupar…
Como se faz riqueza para que cada empregado pague o seu salário e o do desempregado? Isto passa-nos ao lado? Não, não vai passar.
Quer se esteja no fim da tabela do professor ou no início da do titular, qual a diferença? Nem remuneratória será. O problema é a reforma? Qual reforma?
São falsas as questões que nos desviam de outras bem essenciais. Assusta-me, quem olha demasiado para o umbigo… porque qualquer que seja o “lado” ou “perspectiva”, a “lógica” é a mesma.
Agosto 22, 2009 at 3:14 am
Pode até ser ingenuidade da minha parte. Mas, acredito que o resultado destas eleições pode mudar algo.
Tal como referiu o Pedro Castro, há compromissos assumidos entre sindicatos, movimentos e outros partidos. Nenhum governo vai querer comprar outra guerra.
Parece-me óbvio que nem tudo vai mudar, daí a designação “negociar”. Temos que saber exactamente o que queremos, não basta dizer NÃO A TUDO!
A divisão da Carreira, não aceito e penso que não devíamos abdicar… A AVALIAÇÃO melhorada, transparent, séria, não assusta os que se empenham e dedicam ao seu trabalho. Há muitos aspectos a negociar no ECD e é redutor falar apenas em avaliação.
Agosto 22, 2009 at 3:25 am
Para estar a teclar a esta hora, quer mesmo dizer que mesmo inconscientemente, este ME tira-me horas de sono.
Nem coerência há nas manobras políticas:
– Por um lado lançam uma série de orientações e legislação , no período de férias dos professores. Aparentemente os mais distraídos ficariam de fora…
– Depois inspiram-se não sei bem onde, provavelmente nas reações de alguns de nós, para lançar novamente a confusão;
– Hoje,na minha Escola, estavam atarefados porque têm que avaliar todosmos professores até finais de Outubro, de forma a reunirem um dos requisitos às distas provas;
– Com professores por colocar, aulas a iniciar, planos de contigência , por causa da Gripe A, o ano lectivo vai começar novamente num reboliço e mal-estar desnecessários…
– Venham as eleições, para ver se dão importância ao que o País tem de mais grave, desemprego, deficit a aumentar, apesar dos Nossos congelamentos e dos esforços de outros e parem de nos “chatear”!
Agosto 22, 2009 at 3:27 am
Boa Noite. Vou tentar dormir…
Agosto 31, 2009 at 6:36 pm
A mim, o Sr. Director do meu agrupamento, teve que interromper as férias para me avaliar à pressa com o mínimo de Bom. Por causa de ter recebido a ordem para validação da minha candidatura à prova pública! Mostrem ao ME que não têm medo de serem avaliados…Confrontem-nos! Afinal o que temos a perder com isso! O mínimo que nos pode acontecer é ficarmos como estamos! E aos professores que cumprem não lhe irão faltar trabalhos que possam apresentar! E senão tiverem nenhum digno de apresentar é porque, realmente, nada fizeram na escola! E isso aí, nem quero comentar, porque penso que não existem casos destes nas nossas escolas portuguesas …
E quanto ao meu voto, todos estão fartos de saber qual é!
Agosto 31, 2009 at 7:34 pm
É verdade Maria João, ainda não vi nenhum prof titular negar-se ao título…Tolos eram se o fizessem! Embora não concorde com a divisão da carreira, acho que deveríamos todos, logo que cumpríssemos 15 anos de serviço, concorrer à dita prova pública … Progredir na carreira desta forma, no meu ver, é justa, de outra forma é que não: duas ou três aulas para avaliar o mérito de um docente? Onde é que isso já se viu? Fiz um estágio antes de ser professora e tive um ano inteirinho, orientadores e supervisor na minha alçada, acompanhando fora e dentro da sala de aula o meu trabalho!
O trabalho que o ME exige para a candidatura à prova pública não pode ser copiado, nem emprestado, tem que ser feito na escola e disso tem que haver provas documentais: quer em actas, relatórios, projecto curricular de turma, etc.