Perdidos
“Podemos agora fazer o que quisermos, e
a única questão é: o que queremos fazer?”
Max Frisch
Os docentes regressam à luta contra o modelo de avaliação e o ECD, após um abrandamento dos protestos. Contudo, a situação é bastante distinta daquela que mobilizou milhares de pessoas e uniu um grupo profissional tão heterogéneo e com vocação cumpridora. A violência das imposições ministeriais e o combate prolongado, conduziram à fragmentação e desregulação da vida docente.
O ME apostou no desgaste dos professores e tenta agora vencer pelo medo, de maneira a assegurar a uniformidade e o conformismo. Trata-se de uma autêntica paranóia, a maioria das pessoas interroga-se sobre como agir num ambiente onde impera a demagogia, falta a identidade e onde nos transformámos em estranhos.
Por outro lado, os sindicatos não foram capazes de gerir a revolta docente através de um “processo em crescendo” e acabaram por permitir o esmorecimento da luta, remetendo para as Escolas um combate que deveria ter sido mais articulado e intensificado. Deste modo, e mais uma vez, faltou sensibilidade e discernimento para conduzir esta luta.
Estamos, pois, à deriva, esmagados por um quotidiano burocrático e absurdo, cansados, desconfiados e desorientados. O processo de atomização acabou por ganhar terreno e cada um está entregue a um destino individual. Fragilizados e em estado de choque, sem grande capacidade de reacção. Perdemos a alma, a força anímica. Mas estamos dispostos a perder a nossa dignidade?
Sabemos que temos razão, portanto, só nos resta um caminho: o caminho decente.
Se não podes juntar-te a eles combate-os.
José Augusto Lopes Ribeiro
Escola Secundária de Sá de Miranda – Braga
Abril 26, 2009 at 3:07 am
Este tipo de post (não pela intenção, mas pela interpelação…) não ajuda nada a melhorar a minha neura…
Abril 26, 2009 at 4:51 am
Depois da nossa casa arder, de manhã ainda lá iremos procurar o pequeno almoço, dizia Nietzshe no Sec. XIX. Hoje em dia a casa arde completamente e tudo parece normal, acabaram-se os pequenos almoços.
Abril 26, 2009 at 11:34 am
Afinal, há ou não há ilegalidades nos diplomas que regulamentam a ADD, o processo de eleição do Director e os concursos?
Não basta dizer que as há. Estamos cansados de ouvir continuadamente os sindicatos dizê-lo. Porque é que se deixou cair “em banho-maria” a via judicial? Há outros interesses mais altos que se levantam?
Esta luta, além de individual, tem de ser colectiva. Não se pode juntar grupos de professores que, em conjunto, ponham a mesma acção judicial, com o mesmo advogado?
Abril 26, 2009 at 11:36 am
Continuação #3
E os serviços jurídicos dos sindicatos não podem fazê-lo? Não representam eles os seus sindicalizados (PROFESSORES)?
Abril 26, 2009 at 12:13 pm
Lena, há várias pessoas a “usar” essa via. Neste momento, parece-me que a luta é feita por grupos aqui e ali que poderão inspirar outros.
Ao autor do texto, ainda que bem escrito e realista, digo que ontem encontrei um foco de resistência bem interessante ( em S.Onofre) e que nos inspirou a todos que lá estivemos!
Isto não está tudo morto. Perdeu-se a “luta de massas”( há que pensar no que falhou em todo este processo) mas não se perderam focos/ grupos de pessoas que ainda podem causar estragos.
Renovei a esperança em S. ONOFRE! 🙂
Abril 26, 2009 at 12:42 pm
E que podem os sindicatos contra os que aprovam uma forma de luta e fazem exactamente o seu contrário, por pressão, medo, comodismo ou irreflexão…queriam um sindicato em cada escola? Mudam ao sabor do vento ou de uma noite mal dormida…não leram os constantes apelos e informações dos sindicatos? Se calhar não…e agora queixam-se, sem compreender que a luta somos todos nós e só assim os sindicatos e os movimentos ganham expressão, não basta carpir as mágoas, para dizer que a culpa é dos outros…temos o que merecemos, oxalá passemos a merecer melhor sorte do que a que se vislumbra. Depende de nós
Abril 26, 2009 at 12:54 pm
A Água”,
de Manuel Maria Barbosa du Bocage.
O que o ministério e os políticos precisam..uma grande lavagem…
“A Água”
Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a pi…ça e os co..lhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde ca…go.
Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da raspa
tira o cheiro a bacalhau rasca
que bebe o homem, que bebe o cão
que lava a co….na e o berbigão.
Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a co…na e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao car….valho
Meus senhores aqui está a água
que rega rosas e manjericos
que lava o bidé, que lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber ás fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.
Abril 26, 2009 at 2:22 pm
http://raivaescondida.wordpress.com/2009/04/26/o-25-de-abril-e-a-crise/
Abril 26, 2009 at 3:00 pm
#6 Kitty – “temos o que merecemos” – concordo : temos os sindicatos que merecemos.
Mas será que merecemos … tão pouco?
Abril 26, 2009 at 3:03 pm
Concordo plenamente com mariaprofessora.
Tenho é que lamentar não haver mais solidariedade.