Numa reportagem que passou ontem numa rádio, na TSF ou na RR, sobre ciganos, fiquei a saber algo que desconhecia.
Os pais ciganos não recusam nada às crianças. Tudo o que uma criança cigana peça, os pais têm de lhe dar. São as crianças ciganas que mandam nos pais, diziam tanto os próprios ciganos como o jornalista.
E há duas razões (entre outras) por que não vão â escola. Como são elas que mandam, os pais não as contrariam.
E como os professores recusam dar algumas coisas que as crianças lhes pedem, elas não gostam dos professores, porque estão habituadas a que os pais nunca lhes digam não.
Custou-me a acreditar que isto fosse verdade. Mas ouvi um cigano instruído a dizer isso mesmo.
Comparado com o que se está a passar com as crianças não ciganas, começo a pensar que vamos todos pelo mesmo caminho, com os resultado que se conhecem…
Os Educadores de Infância são os primeiros a perceber da urgência da escola para pais. É abissal a degradação da educação das crianças, em pouco mais de uma dezena de anos. Nós deparamo-nos com sérios problemas com os pequenos e temos sérias dificuldades com alguns pais que deviam ser nossos parceiros privilegiados na educação dos filhos e não o querem ser. Por isso nada do que leio ou oiço relativamente à violência, especialmente no 2º e 3º ciclo, não me espanta, é apenas o resultado das tentativas (ou não) falhadas, entre os intervenientes na educação de cada criança.
#1
Mário
Não me admira que assim seja, mas é agora, tal como com o resto das pessoas. Há uns bons anos não era assim, como tb não era com as crianças não ciganas.
Uma entrevista interessante de ler, muito longe das opiniões histriónicas e cavernícolas de Algo Naouri ou de Javier Urra, que por aqui foram referenciadas.
Discordo da tese das escolas de pais como uma obrigatoriedade. Aliás a expressão “escola de pais” faz-me quase reabilitar Ivan Illitch da prateleira dos autores com cheiro a mofo. Num destes dias existem cursos que nos propõem ensinar a cortar as unhas ou a pentear o cabelo.
Na minha opinião sim, embora na entrevista da Visão que aqui foi reproduzida ele tenha sido um pouco mais suave.
Na entrevista ao Público (ver http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1370779&idCanal=62) Naouri defende uma postura claramente autoritária na educação dos filhos que não produz os resultados que ele apregoa.
É por isso que esta entrevista de Guillermo Ballenato é bem mais sensata ao apontar, embora de forma não explícita, que existe um modelo educativo parental que a investigação tem vindo a associar a níveis mais elevados em termos comportamentais e desenvolvimento psicossocial. “A verdadeira chave está em ser firme e claro nas regras, ponderando-as, e suficientemente flexível quando um momento o exigir.” Acrescentaria a componente de proximidade emocional que os pais devem ter relativamente aos seus filhos. Na terminologia inglesa este estilo designa-se por “authoritative” e é de difícil tradução. Podemos talvez designá-lo por “com autoridade”.
A responsável pela descrição dos estilos educativos parentais e as suas consequências ao nível do desenvolvimento de crianças e jovens chama-se Diana Baumrind (ver http://ihd.berkeley.edu/baumrind.htm) e a investigação em torno dos estilos que originalmente descreveu conduziu a algumas conclusões relativamente consensuais. Um resumo da investigação pode ser encontrado aqui http://www.parentingstyles.co.uk/parenting-styles-diana-baumrind.html.
The mission of Summerville Elementary School is to meet the needs of students and to help them develop the desire and skills to become literate, life-long learners and responsible citizens. We will accomplish this by providing a safe, nurturing atmosphere and a curriculum enhanced by parental and community involvement. Working together, we will insure that children really do come first at Summerville Elementary School.
Estes psicólogos e pedopsiquiatras dizem umas coisas acertadas e a sua ajuda nas famílias e escolas faz falta.
No entanto, já estou a ficar um pouco saturada de tanto conselho e escolas de pais a rodos.
O que eu li quando estava grávida e depois, quando os meus filhos eram pequeninos.
Uff……Pois…..
E depois, há esta coisa de que não largo mão: a grande maioria (até poderia avançar uma percentagem- 99%?!)das crianças e adolescentes são “fixes”.
São até demasiado “fixes”.
Uma minoria de pais e crianças e adolescentes precisa efectivamente de uma ajuda. Mas parece-me sempre que se generaliza demais….
Tive crianças ciganas na minha sala e verifiquei que a atitude dos pais, para com cada uma delas, era diferente.
Tive uns que só não iam às visitas de estudo( nome que agora temos de utilizar),outros que faltavam constantemente e irmãos mais pequenos, dos que não faltavam, a não quererem ficar no JI e os pais a autorizar.
Também é verdade que com muitas das crianças não ciganas se está a passar algo de parecido. Temos alguns pais que deviam estar a frequentar o Jardim de Infância, para se educarem e poderem educar os filhos. Temos aqueles pais que acham que já sabem tudo e temos os que acham que trabalhar em parceria é o
mais útil para a educação dos seus filhos. Por acaso, no meu JI os últimos estão em maioria.
Quando acreditamos que temos razão é muito difícil “vermos com olhos de ver” e é sempre mais fácil ver o “argueiro no olho do outro”. Se nos quisermos dar ao trabalho de olhar criticamente, facilmente perceberemos que as coisas não estão bem na educação das crianças. Sem pretender generalizar, considero que o problema também está no facto de não sermos bons modelos, primeiramente enquanto pais, depois enquanto educadores/professores e tb enquanto cidadãos.
Percebem-se por isso as críticas a quem estuda estas questões e pretende contribuir para a reflexão.
a) O que aqui citei de Naouri não foi uma entrevista “cavernícola”.
B) Não me é referida qualquer citação de Javier Urra.
De onde:
O comentário 3 era em grande parte injustificado, apenas se percebendo no contexto daquela (que espero aparente) mania da perseguição que o kafkazul desenvolveu em relação à maior parte das minhas opiniões ou materiais reproduzidos.
Também aparentemente o Kafkazul parece não entender que eu considero úteis leituras com as quais não me identifico necessariamente na totalidade ou em parte.
Vá lá, já deixou de me criticar directamente por textos que nem sequer eram meus, como já aconteceu no passado.
1. Efectivamente não citou o livro do Javier Urra no Umbigo. A minha memória traiu-me.
2. “O que aqui citei de Naouri não foi uma entrevista “cavernícola”.”
Eu não disse que tinha citado uma entrevista “cavernícola”. Se ler o que escrevi verificará que menciono opiniões de pessoas referenciadas no Umbigo, o que é uma coisa distinta.
3. O meu comentário inicial criticava duas pessoas, Algo Naouri e Javier Urra, e não a sua estimável pessoa. Quando quiser criticá-lo directamente fá-lo-ei sem rodeios, como já sucedeu no passado.
4. Constato que continua fiel à sua máxima de ter um discurso “self-centered” (perseguição pessoal, blá, blá…) e não discutiu a substância das minhas opiniões. É um hábito. Mas não se pode dizer que seja um progresso.
Lê-se no comentário 3: Uma entrevista interessante de ler, muito longe das opiniões histriónicas e cavernícolas de Algo Naouri ou de Javier Urra, que por aqui foram referenciadas.
Acabou por admitir que isto estava errado.
Depois escreveu que discordava das »escolas de pais», assunto que não abordei.
Se a minha postura é egocêntrica?
Mas um blogue pessoal com o nome deste ainda não lhe tinha dado nenhuma pista?
😆
“Depois escreveu que discordava das »escolas de pais», assunto que não abordei.”
Mas eu por acaso disse que abordou o assunto ou que defendeu as escolas de pais? “Fosga-se”…
Eu critiquei foi a ideia do Sr. Guillermo Ballenato!!Nem tudo gira à volta do seu umbigo meu caro. Vá com calma, relaxe, não veja em todo o comentário um ataque pessoal.
Torno a dizer outra vez: quando o quiser criticar directamente di-lo-ei sem rodeios. Combinado?
… quando se aborda a questão das criancinhas malcriadas, há tendência para reduzir as coisas ao cenário escolar.
Não é preciso trazer a escola à colação para ver o que vai por aí : as criancinhas que mexem em tudo quanto está à acessível nos espaços comerciais, os putos que jogam à bola ou andam de bicicleta nos hipermercados, com a complacência dos papás, os que fazem chinfrim no restaurante e fazem os paizinhos fazer partes gagas para disfarçar( às vezes, outras nem isso), os que nas pracetas de bairro e nos passeios aceleram de “bike” sem respeito pelos outros ( com risco de acidente grave para os velhotes) enquanto os pais batem cigarro na esplanada em frente, os putos que não têm autorização para sair da escola antes do fim das aulas, nem que tenham feriado( olha afinal é inevitável passar por aqui), mas andam fora de horas, em pequenos grupos, arruaceiros na “night” imberbe, a fazer barulho e disparates nas ruas da vila ou do bairro… tanta coisa para observar…na praia …no cinema..um sem fim de disfuncionamentos, aos olhos de todos, menos dos “paizinhos”, é claro … os tais que apenas se constituem em associações para se organizarem na relação com a escola e não para cuidarem organizadamente do crescimento dos seus filhos…a que idade e horas é bom que saiam para a “night” … que gadgets electrónicos devem ter e quando, que estabeleçam alguns padrões de modo a que não tenham de se desculpar que fazem ou dão isto ou aquilo, porque outro faz ou tem e não quer traumatizar o seu menino … etc,etc,
Esta entrevista não me entusiasmou pq a achei demasiado “politicamente correcta”, ou seja, pouco de novo acrescenta ao que ultimamente se tem escrito sobre o assunto.
Já o Naouri, embora velhote, tem um discurso, que embora possa parecer rígido, é de uma grande simplicidade. No fundo, sem dar receitas, tenta devolver-nos o bom-senso.
Comparar a família a uma empresa e os filhos a funcionários é algo que remete para uma ideia idiota, nivelando o particular e o privado num mesmo plano de mercado global.
As famílias precisam tanto de formação parental quanto as prostitutas de formação sexual.
Digamos que a acção concertada da propaganda terapêutica e a infantilização forçada criaram uma série de necessidades puramente artificiais, tal como o mercado do sexo disseminou a necessidade do botox e dos implantes.
O problema é que existem mesmo essas necessidades artificiais.
Não sendo apologista de “escolas de pais”, constato que as famílias de alguns dos meus alunos perderam completamente referências ( pq tb não as tiveram na infância) e esquecem-se das suas funções mais básicas, como apoiar, mimar, dar regras ou sequer alimentar em condições os mais novos.
Como se ensina aquilo que se devia saber por instinto?
A estrutura familiar assenta em relações sociais básicas que estão a ser dinamitadas pela voragem do capitalismo.
Só depois de se questionar o processo de colonização da família pelo mercado e da progressiva transformação dos seus elementos em agentes condicionados por normas contratuais assentes no valor, é que será possível arrancar a máscara da “modernidade” com que se apresentam uma série de medidas que estão a arruinar as bases da própria humanização.
A família deixou de ser uma célula da comunidade, para passar a representar um elo da rede do capitalismo global.
Daí a necessidade de que os seus elementos abandonem os valores do “passado” (tradição, respeito, autoridade, compromisso), pois só assim poderão estar de corpo e alma na dependência do Estado terapêutico que os pastoreia a seu belo-prazer.
Quando os jovens em desespero explodem em violência ou se auto-mutilam, não é por estarem loucos ou pedrados, mas tão só porque não conseguem estabelecer uma relação significativa dentro da família, uma vez que os seus neurónios estão a ser atacados pelo mercado que os arrasta para o vazio. Os pais estão impotentes, porque o capitalismo e a publicidade os desvalorizou, sem dó nem piedade.
É mais uma questão de cultura, no sentido lato do termo, que de psicologia ou de pedagogia, em sentido estrito; é uma questão de valores, de se saber o que é prioritário e o que é secundário, de se saber qual é a finalidade do ser humano no mundo, de uma forma simples e prática, não teórica apenas. Temos que nos sentir pessoas, reivindicar e praticar a dignidade humana nos actos mais comezinhos, sem complexos de superioridade ou de inferioridade, todos: pais, filhos, políticos, …
Talvez então os pais saibam que é melhor para os filhos passarem mais tempo com eles, conhecerem-se e dialogarem, do que ter escolas a tempo inteiro, armazéns-cadeias onde os deixem de manhã à noite. Talvez então os pais passem a exigir condições dignas, sustentadas por medidas legais, para participarem da educação e do crescimento dos filhos, em vez de acharem normal o facto de terem de trabalhar cada vez mais tempo, com cada vez menos direitos, para garantirem, tão-só, a satisfação das necessidades primárias, e das “necessidades puramente artificiais”.
Portanto, é de pedagogia e de educação, afinal, que se trata (não me contradigo),
porque algum dia teremos de construir um sistema de ensino e uma escola pública que cumpram a função de formar pessoas, dotadas da competência essencial – a de saber pensar, com espírito crítico, para fazer o que realmente interessa.
Com o rumo que o nosso arremedo de democracia vai tomando, talvez no dia de… S. Nunca?
é interessante estudar a evolução das famílias através dos tempos.
Chamemos-lhe “cultura capitalista” ou outra coisa qualquer, a verdade é que a estrutura família, como a conhecemos, tem uma história relativamente recente.
Não penso que tenha uma origem apenas económica ( “a origem da família, da propriedade e do estado”) mas tb emocional.
Representa protecção, porto de abrigo.
As famílias de hoje em dia, no entanto, e por força das necessidades de trabalho e deslocalização das suas zonas de origem, nada têm a ver com as das últimas gerações. São, muitas vezes, dormitórios…
Tenho a convicção que, por muitas voltas que se dê ( famílias monoparentais, casais de homossexuais com filhos) o melhor que a humanidade conseguiu inventar para criar indivíduos estáveis ainda é a família “casal+filhos”, alargada à geração dos avós.
Com tempo, claro…
Abril 10, 2009 at 5:46 pm
Numa reportagem que passou ontem numa rádio, na TSF ou na RR, sobre ciganos, fiquei a saber algo que desconhecia.
Os pais ciganos não recusam nada às crianças. Tudo o que uma criança cigana peça, os pais têm de lhe dar. São as crianças ciganas que mandam nos pais, diziam tanto os próprios ciganos como o jornalista.
E há duas razões (entre outras) por que não vão â escola. Como são elas que mandam, os pais não as contrariam.
E como os professores recusam dar algumas coisas que as crianças lhes pedem, elas não gostam dos professores, porque estão habituadas a que os pais nunca lhes digam não.
Custou-me a acreditar que isto fosse verdade. Mas ouvi um cigano instruído a dizer isso mesmo.
Comparado com o que se está a passar com as crianças não ciganas, começo a pensar que vamos todos pelo mesmo caminho, com os resultado que se conhecem…
Se foi na TSF deve estar disponível na Net.
Abril 10, 2009 at 5:58 pm
Os Educadores de Infância são os primeiros a perceber da urgência da escola para pais. É abissal a degradação da educação das crianças, em pouco mais de uma dezena de anos. Nós deparamo-nos com sérios problemas com os pequenos e temos sérias dificuldades com alguns pais que deviam ser nossos parceiros privilegiados na educação dos filhos e não o querem ser. Por isso nada do que leio ou oiço relativamente à violência, especialmente no 2º e 3º ciclo, não me espanta, é apenas o resultado das tentativas (ou não) falhadas, entre os intervenientes na educação de cada criança.
#1
Mário
Não me admira que assim seja, mas é agora, tal como com o resto das pessoas. Há uns bons anos não era assim, como tb não era com as crianças não ciganas.
Abril 10, 2009 at 6:13 pm
Uma entrevista interessante de ler, muito longe das opiniões histriónicas e cavernícolas de Algo Naouri ou de Javier Urra, que por aqui foram referenciadas.
Discordo da tese das escolas de pais como uma obrigatoriedade. Aliás a expressão “escola de pais” faz-me quase reabilitar Ivan Illitch da prateleira dos autores com cheiro a mofo. Num destes dias existem cursos que nos propõem ensinar a cortar as unhas ou a pentear o cabelo.
Abril 10, 2009 at 6:27 pm
Quando os adultos abdicaram da sua condição de adultos…
Abril 10, 2009 at 6:44 pm
Se alguém aqui referiu Javier Urra, eu não me lembro.
A sério?
Algo Naouri “cavernícola”?
Abril 10, 2009 at 7:20 pm
“Algo Naouri “cavernícola”?”
Na minha opinião sim, embora na entrevista da Visão que aqui foi reproduzida ele tenha sido um pouco mais suave.
Na entrevista ao Público (ver http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1370779&idCanal=62) Naouri defende uma postura claramente autoritária na educação dos filhos que não produz os resultados que ele apregoa.
É por isso que esta entrevista de Guillermo Ballenato é bem mais sensata ao apontar, embora de forma não explícita, que existe um modelo educativo parental que a investigação tem vindo a associar a níveis mais elevados em termos comportamentais e desenvolvimento psicossocial. “A verdadeira chave está em ser firme e claro nas regras, ponderando-as, e suficientemente flexível quando um momento o exigir.” Acrescentaria a componente de proximidade emocional que os pais devem ter relativamente aos seus filhos. Na terminologia inglesa este estilo designa-se por “authoritative” e é de difícil tradução. Podemos talvez designá-lo por “com autoridade”.
A responsável pela descrição dos estilos educativos parentais e as suas consequências ao nível do desenvolvimento de crianças e jovens chama-se Diana Baumrind (ver http://ihd.berkeley.edu/baumrind.htm) e a investigação em torno dos estilos que originalmente descreveu conduziu a algumas conclusões relativamente consensuais. Um resumo da investigação pode ser encontrado aqui http://www.parentingstyles.co.uk/parenting-styles-diana-baumrind.html.
Abril 10, 2009 at 7:50 pm
The mission of Summerville Elementary School is to meet the needs of students and to help them develop the desire and skills to become literate, life-long learners and responsible citizens. We will accomplish this by providing a safe, nurturing atmosphere and a curriculum enhanced by parental and community involvement. Working together, we will insure that children really do come first at Summerville Elementary School.
Abril 10, 2009 at 7:56 pm
Está a apetecer-me estar do contra.
Estes psicólogos e pedopsiquiatras dizem umas coisas acertadas e a sua ajuda nas famílias e escolas faz falta.
No entanto, já estou a ficar um pouco saturada de tanto conselho e escolas de pais a rodos.
O que eu li quando estava grávida e depois, quando os meus filhos eram pequeninos.
Uff……Pois…..
E depois, há esta coisa de que não largo mão: a grande maioria (até poderia avançar uma percentagem- 99%?!)das crianças e adolescentes são “fixes”.
São até demasiado “fixes”.
Uma minoria de pais e crianças e adolescentes precisa efectivamente de uma ajuda. Mas parece-me sempre que se generaliza demais….
Abril 10, 2009 at 8:02 pm
Depois de ler o artigo, só me vem à ideia: A Oeste Nada De Novo.
Abril 10, 2009 at 8:05 pm
Tive crianças ciganas na minha sala e verifiquei que a atitude dos pais, para com cada uma delas, era diferente.
Tive uns que só não iam às visitas de estudo( nome que agora temos de utilizar),outros que faltavam constantemente e irmãos mais pequenos, dos que não faltavam, a não quererem ficar no JI e os pais a autorizar.
Também é verdade que com muitas das crianças não ciganas se está a passar algo de parecido. Temos alguns pais que deviam estar a frequentar o Jardim de Infância, para se educarem e poderem educar os filhos. Temos aqueles pais que acham que já sabem tudo e temos os que acham que trabalhar em parceria é o
mais útil para a educação dos seus filhos. Por acaso, no meu JI os últimos estão em maioria.
Abril 10, 2009 at 8:15 pm
Quando acreditamos que temos razão é muito difícil “vermos com olhos de ver” e é sempre mais fácil ver o “argueiro no olho do outro”. Se nos quisermos dar ao trabalho de olhar criticamente, facilmente perceberemos que as coisas não estão bem na educação das crianças. Sem pretender generalizar, considero que o problema também está no facto de não sermos bons modelos, primeiramente enquanto pais, depois enquanto educadores/professores e tb enquanto cidadãos.
Percebem-se por isso as críticas a quem estuda estas questões e pretende contribuir para a reflexão.
Abril 10, 2009 at 8:22 pm
#6,
Deste comentário conclui-se que:
a) O que aqui citei de Naouri não foi uma entrevista “cavernícola”.
B) Não me é referida qualquer citação de Javier Urra.
De onde:
O comentário 3 era em grande parte injustificado, apenas se percebendo no contexto daquela (que espero aparente) mania da perseguição que o kafkazul desenvolveu em relação à maior parte das minhas opiniões ou materiais reproduzidos.
Também aparentemente o Kafkazul parece não entender que eu considero úteis leituras com as quais não me identifico necessariamente na totalidade ou em parte.
Vá lá, já deixou de me criticar directamente por textos que nem sequer eram meus, como já aconteceu no passado.
É um progresso.
Abril 10, 2009 at 9:02 pm
1. Efectivamente não citou o livro do Javier Urra no Umbigo. A minha memória traiu-me.
2. “O que aqui citei de Naouri não foi uma entrevista “cavernícola”.”
Eu não disse que tinha citado uma entrevista “cavernícola”. Se ler o que escrevi verificará que menciono opiniões de pessoas referenciadas no Umbigo, o que é uma coisa distinta.
3. O meu comentário inicial criticava duas pessoas, Algo Naouri e Javier Urra, e não a sua estimável pessoa. Quando quiser criticá-lo directamente fá-lo-ei sem rodeios, como já sucedeu no passado.
4. Constato que continua fiel à sua máxima de ter um discurso “self-centered” (perseguição pessoal, blá, blá…) e não discutiu a substância das minhas opiniões. É um hábito. Mas não se pode dizer que seja um progresso.
Abril 10, 2009 at 9:07 pm
#13,
Lê-se no comentário 3:
Uma entrevista interessante de ler, muito longe das opiniões histriónicas e cavernícolas de Algo Naouri ou de Javier Urra, que por aqui foram referenciadas.
Acabou por admitir que isto estava errado.
Depois escreveu que discordava das »escolas de pais», assunto que não abordei.
Se a minha postura é egocêntrica?
Mas um blogue pessoal com o nome deste ainda não lhe tinha dado nenhuma pista?
😆
Perseguição?
Não.
Diversão.
Abril 10, 2009 at 9:20 pm
“Depois escreveu que discordava das »escolas de pais», assunto que não abordei.”
Mas eu por acaso disse que abordou o assunto ou que defendeu as escolas de pais? “Fosga-se”…
Eu critiquei foi a ideia do Sr. Guillermo Ballenato!!Nem tudo gira à volta do seu umbigo meu caro. Vá com calma, relaxe, não veja em todo o comentário um ataque pessoal.
Torno a dizer outra vez: quando o quiser criticar directamente di-lo-ei sem rodeios. Combinado?
Abril 10, 2009 at 11:34 pm
… quando se aborda a questão das criancinhas malcriadas, há tendência para reduzir as coisas ao cenário escolar.
Não é preciso trazer a escola à colação para ver o que vai por aí : as criancinhas que mexem em tudo quanto está à acessível nos espaços comerciais, os putos que jogam à bola ou andam de bicicleta nos hipermercados, com a complacência dos papás, os que fazem chinfrim no restaurante e fazem os paizinhos fazer partes gagas para disfarçar( às vezes, outras nem isso), os que nas pracetas de bairro e nos passeios aceleram de “bike” sem respeito pelos outros ( com risco de acidente grave para os velhotes) enquanto os pais batem cigarro na esplanada em frente, os putos que não têm autorização para sair da escola antes do fim das aulas, nem que tenham feriado( olha afinal é inevitável passar por aqui), mas andam fora de horas, em pequenos grupos, arruaceiros na “night” imberbe, a fazer barulho e disparates nas ruas da vila ou do bairro… tanta coisa para observar…na praia …no cinema..um sem fim de disfuncionamentos, aos olhos de todos, menos dos “paizinhos”, é claro … os tais que apenas se constituem em associações para se organizarem na relação com a escola e não para cuidarem organizadamente do crescimento dos seus filhos…a que idade e horas é bom que saiam para a “night” … que gadgets electrónicos devem ter e quando, que estabeleçam alguns padrões de modo a que não tenham de se desculpar que fazem ou dão isto ou aquilo, porque outro faz ou tem e não quer traumatizar o seu menino … etc,etc,
Abril 10, 2009 at 11:53 pm
Esta entrevista não me entusiasmou pq a achei demasiado “politicamente correcta”, ou seja, pouco de novo acrescenta ao que ultimamente se tem escrito sobre o assunto.
Já o Naouri, embora velhote, tem um discurso, que embora possa parecer rígido, é de uma grande simplicidade. No fundo, sem dar receitas, tenta devolver-nos o bom-senso.
Abril 11, 2009 at 12:01 am
Comparar a família a uma empresa e os filhos a funcionários é algo que remete para uma ideia idiota, nivelando o particular e o privado num mesmo plano de mercado global.
As famílias precisam tanto de formação parental quanto as prostitutas de formação sexual.
Digamos que a acção concertada da propaganda terapêutica e a infantilização forçada criaram uma série de necessidades puramente artificiais, tal como o mercado do sexo disseminou a necessidade do botox e dos implantes.
Abril 11, 2009 at 12:06 am
O problema é que existem mesmo essas necessidades artificiais.
Não sendo apologista de “escolas de pais”, constato que as famílias de alguns dos meus alunos perderam completamente referências ( pq tb não as tiveram na infância) e esquecem-se das suas funções mais básicas, como apoiar, mimar, dar regras ou sequer alimentar em condições os mais novos.
Como se ensina aquilo que se devia saber por instinto?
Abril 11, 2009 at 12:49 am
A estrutura familiar assenta em relações sociais básicas que estão a ser dinamitadas pela voragem do capitalismo.
Só depois de se questionar o processo de colonização da família pelo mercado e da progressiva transformação dos seus elementos em agentes condicionados por normas contratuais assentes no valor, é que será possível arrancar a máscara da “modernidade” com que se apresentam uma série de medidas que estão a arruinar as bases da própria humanização.
A família deixou de ser uma célula da comunidade, para passar a representar um elo da rede do capitalismo global.
Daí a necessidade de que os seus elementos abandonem os valores do “passado” (tradição, respeito, autoridade, compromisso), pois só assim poderão estar de corpo e alma na dependência do Estado terapêutico que os pastoreia a seu belo-prazer.
Quando os jovens em desespero explodem em violência ou se auto-mutilam, não é por estarem loucos ou pedrados, mas tão só porque não conseguem estabelecer uma relação significativa dentro da família, uma vez que os seus neurónios estão a ser atacados pelo mercado que os arrasta para o vazio. Os pais estão impotentes, porque o capitalismo e a publicidade os desvalorizou, sem dó nem piedade.
Abril 11, 2009 at 1:06 am
É mais uma questão de cultura, no sentido lato do termo, que de psicologia ou de pedagogia, em sentido estrito; é uma questão de valores, de se saber o que é prioritário e o que é secundário, de se saber qual é a finalidade do ser humano no mundo, de uma forma simples e prática, não teórica apenas. Temos que nos sentir pessoas, reivindicar e praticar a dignidade humana nos actos mais comezinhos, sem complexos de superioridade ou de inferioridade, todos: pais, filhos, políticos, …
Talvez então os pais saibam que é melhor para os filhos passarem mais tempo com eles, conhecerem-se e dialogarem, do que ter escolas a tempo inteiro, armazéns-cadeias onde os deixem de manhã à noite. Talvez então os pais passem a exigir condições dignas, sustentadas por medidas legais, para participarem da educação e do crescimento dos filhos, em vez de acharem normal o facto de terem de trabalhar cada vez mais tempo, com cada vez menos direitos, para garantirem, tão-só, a satisfação das necessidades primárias, e das “necessidades puramente artificiais”.
Portanto, é de pedagogia e de educação, afinal, que se trata (não me contradigo),
porque algum dia teremos de construir um sistema de ensino e uma escola pública que cumpram a função de formar pessoas, dotadas da competência essencial – a de saber pensar, com espírito crítico, para fazer o que realmente interessa.
Com o rumo que o nosso arremedo de democracia vai tomando, talvez no dia de… S. Nunca?
Abril 11, 2009 at 1:25 am
“Faltam regras e limites às crainaças de hoje”
A quem o dizes!
Abril 11, 2009 at 1:33 pm
é interessante estudar a evolução das famílias através dos tempos.
Chamemos-lhe “cultura capitalista” ou outra coisa qualquer, a verdade é que a estrutura família, como a conhecemos, tem uma história relativamente recente.
Não penso que tenha uma origem apenas económica ( “a origem da família, da propriedade e do estado”) mas tb emocional.
Representa protecção, porto de abrigo.
As famílias de hoje em dia, no entanto, e por força das necessidades de trabalho e deslocalização das suas zonas de origem, nada têm a ver com as das últimas gerações. São, muitas vezes, dormitórios…
Tenho a convicção que, por muitas voltas que se dê ( famílias monoparentais, casais de homossexuais com filhos) o melhor que a humanidade conseguiu inventar para criar indivíduos estáveis ainda é a família “casal+filhos”, alargada à geração dos avós.
Com tempo, claro…