“É ilegítimo” julgar pai que esqueceu bebé no carro
Constituído arguido homem que se esqueceu do bebé fechado no carro
Julgar o pai que esqueceu esta quinta-feira o filho dentro do carro, em Aveiro, mesmo tendo-lhe ceifado a vida, “é ilegítimo”. Especialistas ouvidos pelo JN defendem que a responsabilidade será “mais civilizacional e menos individual”.
Este assunto é muito delicado.
Não conheço mais do que aquilo que a imprensa escrita deu a conhecer sobre o caso.
A minha primeira reacção foi a de tentar saber se o pai teria ficado retido por um imprevisto que o impedisse de entregar a criança do jardim de infância que, ao que parece, ficava perto do local de trabalho.
Não quero sequer imaginar a dor sentida por ele com o sucedido.
Mas…
Não me venham dizer que o que aconteceu se deve a uma «responsabilidade civilizacional». Até percebo a raiz desta argumentação políticamente correcta ao ponto do enjoo. Que os ritmos da vida actual levam ao desnorte, à perda da noção das coisas, devido a uma aceleração dos ritmos de vida que está a desregular completamente a conduta de muita gente e a conduzi-los ao imprnesável.
Mas, desculpem-me lá, usar a desculpa civilizacional também serve para justificar outro tipo de crimes.
Estão preparados para assumir isso como argumento geral?
Não defendo a condenação do pai em Tribunal algum, mas justifiquem isso de outra forma. Assim não. É uma porta aberta para toda desresponsabilização individual pelos actos cometidos.
Março 14, 2009 at 11:51 am
E isto: Pacto entre jovens para ocultar morte de amigo?
http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Aveiro&Concelho=Albergaria-a-Velha&Option=Interior&content_id=1169291
Março 14, 2009 at 12:11 pm
Quando ouvi a notícia não pude deixar de estabelecer relação com o que sucedeu há cerca de 7 anos em Sidney: o casino tem um enorme estacionamento subterrâneo e os viciados em jogo esqueciam os seus filhos a dormir dentro dos carros e a respirar as emanações de combustível. Na sequência de tal atitude negligente, houve desfecho fatal idêntico ao que recentemente se deu por cá.
O escândalo levou de imediato à histeria colectiva(apesar de tudo, melhor do que indiferença) e se um cidadão deixasse o filho 1 minuto no carro para ir comprar o jornal a 2 passos (não perdendo o contacto visual com a criança) aparecia de imediato um agente da autoridade alertado por alguém (mesmo que este percebesse que a ausência durava 60 segundos). Mas isso são os quase antípodas que não falam em défice e têm agentes em número suficiente. Será que são atitudes como esta a serem designadas como “responsabilidade civilizacional?”
Quanto à sentença para estes pais negligentes viciados na roleta (ou qualquer outra coisa do género) parece ter sido tudo menos “light”.
Março 14, 2009 at 12:19 pm
Vão ao Agrupamento de Darque em Viana do Castelo. Acontece exactamente o mesmo!
Março 14, 2009 at 12:46 pm
Serve de desculpa, sim!!!
Não imagino os horrores por que estará aquele Pai a passar!!!!
Março 14, 2009 at 12:51 pm
#4,
Pode servir para apaziguar as almas.
Mas…
Março 14, 2009 at 1:06 pm
Em situação alguma uma criança deve ser deixada sózinha dentro de um carro! por muito que este pai esteja a passar, ele tem responsabilidades! O que ele fez é desumano! Acham que ele tem qualquer tipo de desculpa???
Março 14, 2009 at 1:13 pm
Sei de um caso, há coisa de 3 anos, na zona de almada. Uma mãe esqueceu o bebé que dormia dentro do carro, enqto entrava, a correr, no escritório, de manhã para reunião.
O bebé morreu, tb, queimado.
Não encontro explicação para isto, por muito que me digam que o stress e as exigências profissionais, etc.
Não compreendo!
Março 14, 2009 at 1:24 pm
Há situações em que a recordação do acontecimento é a maior pena que se pode sofrer. Esta tragédia, em meu entender, requer prudência nas análises e nos julgamentos.
Março 14, 2009 at 1:29 pm
Não é bem assim Maria C, se as pessoas pensarem nunca podem deixar uma criança sozinha em casa ou no carro!
basta pensar no risco de um curto circuito! e não me venham com stress de trabalho! ter filhos é para toda a vida!eles não são descartáveis!condenámos os mccann por terem deixados os miúdos sózinhos! e isto é diferente? eu acho doentio!
Março 14, 2009 at 1:30 pm
Não é bem assim Maria C, se as pessoas pensarem nunca podem deixar uma criança sozinha em casa ou no carro!
basta pensar no risco de um curto circuito! e não me venham com stress no trabalho! ter filhos é para toda a vida!eles não são descartáveis!condenámos os mccann por terem deixado os miúdos sózinhos! e isto é diferente? eu acho doentio!
Março 14, 2009 at 1:39 pm
Este pai também já foi condenado. Pelo menos, por alguns.
Eu só não gosto é de atirar pedras. São inúteis perante a desgraça.
Março 14, 2009 at 3:10 pm
#11
Não me parece que esteja a compreender o ponto de vista de Maria M.
Não se trata de acusar o pai de ter voluntariamente matado o filho, embora se saiba que também há casos desses e só por isso a justiça nunca pode presumir a inocência de quem quer que seja ao ponto de não averiguar ou julgar um caso que seja.
No momento em que uma sociedade “moderna” abdicasse da responsabilidade individual transformava-se imediatamente noutra “coisa”.
Embora seja uma distinção difícil de estabelecer, é preciso distinguir “culpa” de responsabilidade civil.
Aquele pai era responsável por aquela criança que não tinha meios de se defender na situação em questão. Deve o seu acto ser julgado? Infelizmente acho que sim. Deve ser condenado? Não sei. Cabe à Justiça determiná-lo face aos dados apurados.
Março 14, 2009 at 3:31 pm
OFF TOPIC:
13 Março 2009
A pequena M., com dez anos, assistiu, domingo à noite, ao homicídio da sua mãe pelo padrasto. Sara Tavares, 26 anos, foi morta com dez facadas dentro da residência do casal na Mexilhoeira Grande. Alex Santana, 24 anos, entregou-se à Justiça e foi deixado em liberdade. Não está proibido de contactar a única testemunha do crime.
A Mexilhoeira Grande está incrédula com a Justiça. Alex está apenas sujeito a apresentações diárias na polícia e proibição de se ausentar do Concelho de Portimão.
Fonte: http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=DC26E15D-7E3E-4BBD-A543-8DA3F1233BA2&channelid=00000010-0000-0000-0000-000000000010
Março 14, 2009 at 5:43 pm
Obviamente. Tem toda a razão.
Boa peça. Permite (re)colocar as “coisas” no lugar que devem ocupar.
Março 14, 2009 at 6:08 pm
Concordo com 4. Apesar de não saber pormenores, como ninguém saberá, o remorso e a dor, partindo do princípio que a consciência do pai existe, vão penetrar-lhe em cada célula para o resto da vida. Apesar de considerar que o pai deve ser responsabilizado, o peso será enorme e a consequente pena ficará para sempre gravada. É pura e simplesmente terrível, quaisquer que tenham sido os motivos. Aliás, o silêncio é o melhor remédio.
Março 14, 2009 at 8:44 pm
Meus caros é o trabalho..muito trabalho…nos dias que correm existe uma obsessão pelo trabalho..não se esqueça que recentemenet -2 anos atrás- foi feito um estudo a nível europeu em que se perguntava aos pais se os msmo queriam estra mais tempo com os filhos se pudessem…a grande maioria , senão a quase totalidade disse sim..com uma única excepção os portuguses que responderam não a essa pergunta…por isso pensem o que quiserem,,,mas alguém não deixar o filho no berçário a dez metros do trabalho porque tinha algo urgente e que seria, eventualment rápido de fazer,e deixá~lo 4 horas a cozer…enfim qualquer dia alguém dá um tiro a uma pessoa e diz que foi um erro técnico…
Março 15, 2009 at 12:58 am
Tragédias destas, deixam as pessoas a pensar nos custos do actual ritmo de vida. Esse ritmo não está, realmente,a ser nada benéfico, por isso é preciso começar a fazer pressão para o mudar.
Março 16, 2009 at 12:46 am
Conheço os pais do bebé que morreu. Conheço casos de colegas de trabalho que só deram conta que não tinham deixado os filhos no colégio quando, ao estacionarem o carro à porta do local de trabalho, estes fizeram algum tipo de som. Conheço uma vida de stress e um trabalho, com elevado grau de responsabilidade, que nos pode levar até aos limites do humanamente admissível. Este pai errou. A sua vida acabou minutos depois da do seu filho mais novo. Não condenem quem, na verdade, já está “morto”. Condenem – e façam alguma coisa para o mudar – é aquilo em que nós transformámos as nossas vidas.