De Baptista Bastos:
Esboço do português médio
(…)
Sabe pouco de si próprio, o português médio. O português médio deixou de ser povo; transformou-se em população. Assim como o conceito de comunidade se converteu na noção de sociedade, mais consentânea com a ligeireza dos tempos e a futilidade de quem estatui estas coisas.Não é, somente, um problema de se conhecer o idioma: sim uma espécie de oligofrenia que, devastadora, está a fazer do português médio um ser abúlico. De vez em vez, quando lhe tocam no ordenado ou ameaçam tripudiar sobre os seus direitos mais elementares, o português médio rebela-se. É sol de pouca dura, porque os seus protestos não possuem substância “política”, são meras irritações “sociais.” O português médio está “portugalizado”; quer-se dizer: faz que anda mas não anda. Perdeu alguma coisa daquela energia vital que, em tempos, fez de um território uma nação e de uma nação um testemunho moral e uma evidência medular.
Mas depois nenhum de nós se sente médio…
Julho 14, 2008 at 2:13 pm
Mas depois nenhum de nós se sente médio…
Destas descrições do geral ressalta nitidamente um ensejo de auto-demarcação. Admira-me que Baptista Bastos tenha caído no mesmo engodo. De tão banalizada, mesmo como catarse já deve ter perdido valor.
Julho 14, 2008 at 3:20 pm
O problema destas sínteses «médias» é esse: muitas vezes repetidas, muitas vezes válidas como generalização, perdem quando se aperta a rede da análise.
Julho 14, 2008 at 5:56 pm
“O português comum, em democracia ou em ditadura, verga-se perante qualquer poder” –
Humberto Delgado (?)
Julho 15, 2008 at 1:33 am
O senhor Humberto Delgado sabia muitas coisas, mas nunca deu a devida importância ao provébio «Mais vale um cobarde vivi que um herói morto».
A sua frase poderia ser muito ampliada. Assim, por exemplo: «O português comum, o espanhol, o francês, o grego, o polaco, o russo, o sueco, o inglês, o italiano, o holandês, o angolano, o americano…» E assim por diante…