Autarquias vão gerir escolas a partir de Setembro, mas algumas não estão preparadas
Lisboa, 03 Jul (Lusa) – O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, afirmou hoje que as autarquias podem assumir a gestão das suas escolas a partir de Setembro segundo contratos defenidos [sic] caso a caso, mas nem todas estão preparadas para estas novas competências.
“Nem todas as autarquias estão em condições de assegurar esta gestão em termos imediatos e o objectivo quer para as autarquias e para o Ministério da Educação (ME) é que a transferência se faça em condições de conseguir melhorias de trabalho e de resultado”, disse Valter Lemos, referindo que a transferência de competências na gestão das escolas para as autarquias está apenas a aguardar publicação de um decreto-lei “nos próximos dias”.
“Há autarquias que já mostraram a sua disponibilidade e já estão prontas para assumirem essa transferência a partir de 01 de Setembro, outras a partir de Janeiro, nomeadamente autarquias um pouco maiores, que têm condições, mas pretendem reorganizar-se, e haverá outras autarquias que, no meu ponto de vista, nem em Janeiro terão condições”, disse o secretário de Estado, considerando que estas últimas “não serão muitas”.
Segundo Valter Lemos, “o decreto-lei estabelece as áreas e a forma como a transferência deve a ser feita, mas não estabelece uma transferência universal para todas as autarquias ao mesmo tempo”, pelo que a negociação com as autarquias está a ser feita caso a caso.
Valter Lemos assegurou que os encargos financeiros com pessoal docente e não docente serão no mesmo valor que actualmente e garantiu que “não será transferido nenhum funcionário para as autarquias sem o correspondente valor financeiro”.
“Estão neste momento asseguradas todas as expectativas de carreira e direitos de segurança social e assistência na saúde destas pessoas, que mantém direitos de concurso na Administração Central”, garantiu, explicando que “quando uma autarquia receber o pessoal nos seus quadros, receberá rigorosamente os encargos financeiros que esse pessoal trará, quer em comparticipação directa, como o salário, quer em comparticipação indirecta, com a segirança social, despesas de saúde, etc.”.
“A transferência de pessoal não é para poupar dinheiro, mas no pressuposto de que ganharemos eficiência com isso e que isso trará melhorias para as escolas e para o trabalho educativo”, acrescentou.
Segundo o secretário de Estado, esta transferência é inevitável.
“Não percebo como é que uma autarquia explicaria aos seus eleitores não querer cuidar das suas escolas, das suas crianças”, afirmou.
E eu não percebo como um Secretário de Estado da Educação explica o facto de não querer tratar das suas escolas e das suas crianças.
Julho 3, 2008 at 7:52 pm
Vai-se ver que ainda não estão “valterizadas”. Ficam todas “cool” assim que passar lá o TGV.
Julho 3, 2008 at 7:53 pm
E eu não percebo para que são necessários os Secretários de Estado.Poupem $$$$. Mandem o Valter para Pedreira.
Julho 3, 2008 at 7:54 pm
Puro divertimento:
Ler esta
http://livresco.wordpress.com/2008/07/03/o-cartel-existe-e-obvio-e-notorio-mas-voces-andam-no-faz-de-conta/
e depois esta:
http://livresco.wordpress.com/2008/07/03/e-o-governo-la-vem-dizendo-que-nao-existe-cartel-nenhum-nas-gasolineiras-que-sao-invencoes-do-cunhalao-menos-em-espanha-nao-brincam-em-servico/
Julho 3, 2008 at 7:57 pm
Acho que houve demasiado excelentes! (para ser lido em tom irónico…)
Desempenho mal avaliado em 10% dos organismos
http://dn.sapo.pt/2008/07/03/economia/desempenho_avaliado_10_organismos.html
Julho 3, 2008 at 7:58 pm
Pronto… já perceberam que estou a ler a jornalada ao fim do dia…
Julho 3, 2008 at 8:00 pm
Educação inaugura galeria para lembrar os seus quase 100 ministros
03.07.2008, Isabel Leiria
Se cumprir o mandato, Maria de Lurdes Rodrigues será a ministra que mais tempo se manteve à frente da pasta depois do 25 de Abril
http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?url=%2Fmain.asp%3Fdt%3D20080703%26page%3D8%26c%3DA
Julho 3, 2008 at 8:03 pm
Ó filho… a política é dividir para reinar:
“Mas fica também a “frustração de não se conseguir fazer mais do que se fez”, lembra David Justino (2002-04), ministro da Educação de Durão Barroso e actual assessor do Presidente da República para os assuntos sociais: “O mais importante é conseguir superar este ambiente que se vive há muitos anos, de uma luta constante, como se a educação fosse um campo de batalha. Enquanto não se identificar um conjunto de políticas que possa unir as pessoas em vez de dividir, torna-se muito penoso o exercício do cargo.”
Julho 3, 2008 at 8:03 pm
Este Justino sai cá uma caderneta…
Julho 3, 2008 at 8:03 pm
Paulo
apague o meu comentário 47 do equi-parados sff
Julho 3, 2008 at 8:04 pm
Dai a bocado está a chamar à Lurdinhas…a “Menina” de Ouro…
Julho 3, 2008 at 8:05 pm
“E eu não percebo como um Secretário de Estado da Educação explica o facto de não querer tratar das suas escolas e das suas crianças.”
Das suas não, que das dele já terá tratado.
Julho 3, 2008 at 8:08 pm
tempos de crise
«Artigo 5.º
As subvenções previstas nos artigos anteriores são
cumuláveis com as pensões de aposentação, de reforma,
de sobrevivência ou a remuneração na reserva a que o
respectivo titular tenha igualmente direito.
Julho 3, 2008 at 8:09 pm
É o “pitrólio”!
Julho 3, 2008 at 8:11 pm
A venda dos professores – capítulo 2
Julho 3, 2008 at 8:12 pm
ISCTE Connection é o filme
Julho 3, 2008 at 8:12 pm
Quarta-feira, 2 de Julho de 2008
Os Silvas .
Imagem picada daqui
Alertado por um amigo sobre factos e relações*, neste post, vou tentar demonstrar a ligação Partido Socialista-Carvalho da Silva, a emergência da facção ex-férrica no PS montada na aliança com Carvalho da Silva e o consentimento da preponderância dessa facção por José Sócrates. Por fim, descrevo cenários e concluo por um caminho.
Divido.
A (in)dependência de Carvalho da Silva
Começo por Carvalho da Silva. Manuel Carvalho da Silva nasceu em Viatodos, concelho de Barcelos, em 2 de Novembro de 1948, filho de João Alves da Silva e Margarida Gomes de Carvalho. De acordo com a sua biografia, é secretário-geral/Coordenador da CGTP-Intersindical (CGTP-IN) desde 1986.
Licenciou-se em Sociologia em Julho de 2000 no ISCTE e doutorou-se na mesma área científica, na especialidade Sociologia das Classe, da Estratificação e dos Movimentos Sociais em 13 de Julho de 2007, com a apresentação da tese “A Centralidade do Trabalho e Acção Colectiva – Sindicalismo em tempo de globalização”, orientada pelo Prof. Doutor António Firmino da Costa (ISCTE-CIES) e Prof. Doutor Manuel Carlos Silva (Universidade do Minho), com 501 páginas. A tese foi elaborada entre 2001 e 2007. Datada de Abril de 2007 foi rapidamente discutida três meses depois.
A tese de Manuel Carvalho da Silva fornece algumas pistas do seu heterodoxo posicionamento. Há uma vontade do autor de apresentar o seu percurso pessoal, profissional e sindical na introdução da tese.
Aí, na página 9 da tese, afirma a “formação e vivência católica da família” e a sua participação “embora não muito intensa” (sic) “em actividades da juventude agrária e juventude operária católicas” e cita a importância da encíclica Rerum Novarum de Leão XIII. Depois, indica que se tornou “operário” (sic) numa oficina de reparação de electrodomésticos” no Porto, após o Curso Industriale “frequência do curso de montador-electricista”.
Faz a guerra colonial e regressa ao continente. Em Abril de 1972 recomeça a trabalhar, mas é despedido de “quadro intermédio” em Setembro de 1973 “após ter reagido a actos prepotentes de um gestor”. Em 1974, a trabalhar na Electromecânica Portuguesa Preh, incentivado por colegas, começa o seu percurso de sindicalista.
Ainda na tese, verifica-se de forma heterodoxa os notórios da esquerda como Bourdieu, Touraine, Castells, mas também Anthony Giddens, o teórico da terceira via, além do incontornável Max Weber (5 livros). Nos portugueses, destaco: António Barreto (9 livros); o católico Manuel Braga da Cruz (3 livros); António Monteiro Fernandes (5 obras), ex-Secretário de Estado do Trabalho no primeiro Governo Guterres (1995/97), Presidente da Comissão do Livro Branco das Relações Laborais, encarregada de preparar a revisão do Código do Trabalho (2006/2007) e consultor da Correia, Seara e Associados; Boaventura Sousa Santos (vários); a secretária de Estado, esposa de Vital Moreira, Maria Manuel Leitão Marques (1 obra); Augusto Santos Silva (3 livros”) sobre quem diz “Neste sentido partilho do posicionamento de A. Santos Silva, de que o entrecruzamento das coisas não dispensa os procedimentos da distinção conceptual” (p. 9); e ainda o sector ex-férrico. No sector mais à esquerda, além de Marx (4 livros), Lenine (4 livros) e duas obras do Partido Comunista Português, nota-se apenas um texto policopiado de Álvaro Cunhal (“CGTP-IN – 25 Anos com os Trabalhadores – Raízes. Percurso. Actualidade”, 1995), em comparação com o heterodoxo Luís Sá (5 livros) e o “ex” José Barros Moura (3 obras). Realce ainda para a inclusão do livro da actual ministra da Educação, Maria João Rodrigues, “Sociologia das Profissões, Celta Editora, Oeiras, 1998.
A tese, bem escrita, é um trabalho sério, que contém três estudos de caso (Grundig/Blaupunkt; Nova Penteação; e Portugal Telecom) e capítulos sobre a CGTP-IN, a evolução da União Europeia e o Conselho Económico e Social e ainda sobre regulação e regulamentação das relações laborais, contendo ainda trabalho de campo com parte quantitativa, o que a valoriza.
Com recurso à sua biografia oficial, colhe-se a informação de que Carvalho da Silva tinha já o Curso Industrial de Montador Electricista na Escola Industrial Carlos Amarante, em Braga. Não consta onde fez o 6.º e 7.º ano do Liceu (ou 10.º, 11.º e 12.º ano de escolaridade), necessários para entrar na universidade – mas mesmo que, por hipótese, tenha entrado para o ISCTE sem o 12.º ano e através um exame ad hoc, isso seria perfeitamente legal e legítimo. Diferente do percurso normal no comunista Carvalho da Silva é ele seguir a estratégia troskista de queimar etapas: galgando directamente da licenciatura ao doutoramento, sem passar pelo mestrado – o que, mesmo assim, continua a ser legal, se bem que menos linear, pois já existiam mestrados em Sociologia nessa altura.
De que vem, contudo, a propósito a biografia pública de Manuel Carvalho da Silva? Da política.
No PC a independência profissional é motivo de desconfiança porque corresponde à autonomia económica, fugindo quem a ganha ao controlo de subsistência de quem manda. Qualquer tentativa de independência profissional, como ganhar acesso a uma profissão exterior ao partido, é visto como é: uma vontade de independência política, um movimento de fuga ao controlo do centralismo democrático. Normalmente, é um caminho sem retorno. O doutoramento é a garantia de que, se for perdida a posição ou o vínculo, o seu detentor sobrevive com um estipêndio razoável como professor ou noutra área. O doutoramento é, então, perigoso.
A controvérsia da posição política de Manuel Carvalho da Silva não é de agora. Serve lembrar a convicção do poder no PC, e as notícias filtradas para a imprensa nessa altura e depois, que o arrumaram junto ao sector do Grupo dos Seis e mais tarde dos plataformistas. Nem é preciso evocar a sua militância católica, na JAC (Juventude Agrária Católica) – onde militou bem antes das tentações radicais que assolaram a JARC nos anos tardo-revolucionários – e na JOC (Juventude Operária Católica), que fez D. Januário Torgal Ferreira apresentar o seu livro “Trabalho e Sindicalismo em Tempo de Globalização” em 13-11-2007.
Carvalho da Silva ficou no PC, mas na margem e, por isso, nunca foi opção interna para suceder a Cunhal, nem a Carvalhas. Uma vez marcado como malhado, tem o destino traçado. Na verdade, não existe PC além da ortodoxia – a não ser como transição para a social-democracia de direita, como a travessia do PCI ao Partido Democratico. A independência de Carvalho da Silva face ao PC é, ao mesmo tempo, a sua dependência do PS.
O ISCTE: os Silvas, Rodrigues e Sócrates
Manuel Carvalho da Silva é, segundo o Expresso de 19-4-2008, o interlocutor do ministro Vieira da Silva – e ainda da ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues e do primeiro-ministro José Sócrates no acordo (concluído em 11-4-2008) do Governo com os sindicatos de professores (o sindicato da UGT nem foi preciso na reunião…). O contacto é o professor do ISCTE, o organizador frio e diplomata, José António Fonseca Vieira da Silva (que sintomaticamente não é referido na tese). Para vergonha da luta genuína dos docentes, através de vários protestos e da Marcha da Indignação que juntou 100 mil professores em Lisboa (onde Carvalho da Silva faz questão de discursar…), o acordo de mão-cheia-de-coisa-nenhuma, sem contrapartida séria do executivo, entre os sindicatos e o Governo foi celebrado: Carvalho da Silva vendeu os professores ao Governo e o PC aceitou – o PC podia não ter aceite e nenhum acordo seria feito. Só não se sabe se desta vez se brindou o acordo com vinho do Porto, como fizeram Torres Couto e Cavaco…
Vieira da Silva, Maria de Lurdes Rodrigues, José Sócrates, Carvalho da Silva. Em comum têm a ligação ao ISCTE. Vieira da Silva e Maria de Lurdes Rodrigues são originariamente ali docentes (e Maria de Lurdes até ganha, como se apontou acima, uma citação na tese de Carvalho da Silva); José Sócrates fez lá a sua “Pós-Graduação em Gestão de Empresas designada por MBA” (sic); Carvalho da Silva fez lá a licenciatura e o doutoramento. Tudo em família.
António Costa é um parente afastado, sem família própria, que não faz parte deste filme negro: pode ser convocado para representar, mas apenas temporariamente, os interesses da família ex-férrica.
Entretanto, há mais duas pistas a seguir: a da facção ex-férrica do PS e a do PC.
O PC e Carvalho da Silva
Comecemos pelo PC. Perdido o poder funcional de representação do grande operariado, pela falência, deslocalização e reconversão da indústria no comércio e nos serviços, onde a dicotomia trabalho-capital pouco sentido faz, e reduzido o sector dos trabalhadores rurais alentejanos, agora reformados, resta ao PC a frente sindical. Mas a frente sindical também está batida pela transformação do mundo do trabalho: os trabalhadores com contratos a prazo, recibos verdes e desempregados, não se sentem representados pelas direcções sindicais que servem principalmente quem lhes paga as quotas – os trabalhadores efectivos e funcionários públicos, com contratos sem termo – e os partidos políticos de que dependem, por vezes, num promíscuo trampolim para postos governativos.
É neste enquadramento que se desencadeia a luta cada vez mais larga dos professores, afectados na carreira, na profissão e na função, pelo delírio didáctico-pedagógico do Ministério da Educação. Como não confiam nos sindicatos que celebram acordos de trocos com o Governo pela conformação da classe, os professores começam a manifestar-se de forma variada, espontânea e autónoma às estruturas sindicais, surgindo a ameaça de criação de sindicatos independentes e de retoma da unidade de uma Ordem de Professores independente dos partidos políticos. Os sindicatos e os partidos de que dependem, PC e PS, apercebem-se do perigo, surfam a onda e instrumentalizam a luta para benefícios próprios: consolidação da Fenprof-CGTP como principal força sindical dos professores e contestação governativa ao Governo pelo PC; e defesa partidária do governo pela FNE-UGT. O PC aceitou a possibilidade do acordo CCTP-Governo sobre os professores para partir os dentes ao sindicalismo independente que ameaçava nascer, ainda que o acordo lhe desagradasse pela confluência de Carvalho da Silva com o PS.
Todavia, o efeito dos sais de fruto não é duradouro para resolver o problema da azia provocada pela ingestão do heterodoxo Carvalho da Silva. O PC quer substituí-lo há tempo, mas não pode provocar uma ruptura com ele. Manuel Carvalho da Silva tem 59 anos (nasceu em 2-11-48) e não é provável que queira reformar-se tão cedo: no partido a que ainda pertence, tradicionalmente dirigido pela gerontologia, ele ainda se verá como um jovem. Além disso, na CGTP, nos seus 22 anos de reinado, criou um grande grupo de seguidores, principalmente junto das tendências católicas e não-comunistas da central sindical. Uma ruptura com o PC teria um efeito incomparavelmente maior do que a do Grupo dos Seis ou da Plataforma de Esquerda.
O PC prefere a prudência face ao aventureirismo da ruptura com Carvalho da Silva. Substituir Carvalho da Silva na liderança da central, contra a vontade deste e do seu grupo, poderia levar à organização de uma força sindical intermédia, heterodoxa, que assegurasse o grosso dos dirigentes e sindicalistas e partisse o próprio PC. E, sem sindicatos fortes, o PC definharia.
Em vez do enfrentamento em campo aberto, que podia ter forçado no XI Congresso da CGTP-IN em Fevereiro de 2008 (novo congresso só em 2012), a direcção do PC prefere o combate de erosão. Agora, o PC já está liberto da ameaça de criação sindicalismo independente dos professores que depreciaria a sua força sindical. Um sindicato independente é um perigo, pois defende e promove os interesses da classe profissional em vez das necessidades da central sindical e do partido que nele manda. Então, o PC age para travar a aliança Carvalho da Silva-PS, intermediada pela facção ex-férrica, que lhe prejudica o resultado eleitoral acima dos 10% que espera na próxima votação do Outono de 2009 e que a sondagem Intercampus/TVI de 27-6-2008 (10,1%) já regista. Como faz? A propósito do novo Código Laboral, o PC provocou o endurecimento da luta contra o executivo, através da linguagem mais áspera e das manifestações de rua, encostando Carvalho da Silva e reduzindo a sua margem de acção, inviabilizando o acordo com o Governo PS no novo Código do Trabalho (apesar da abstenção nuancée). O PC forçou até o próprio Carvalho da Silva a empregar uma linguagem mais violenta face ao Governo nos seus discursos e intervenções.
A facção ex-férrica do PS e Carvalho da Silva
A facção ex-férrica do PS é considerada da ala esquerda, mas na verdade, à excepção dos costumes, é tão capitalista como os demais. Na verdade, o que a determina não é a posição anti-capitalista – quem é anti-capitalista não junta capital! -, nem sequer ideológica, mas o controlo e exercício do poder total. A posição variará conforme lhe seja conveniente: mais à esquerda ou mais… à flexi-segurança…
Esta facção tem acumulado poder por três motivos: a extraordinária organização de favores, dependências e lealdades próprias, para o que conta com o rico Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, que lhe foi distribuído na reconquista do Estado em Fevereiro de 2005 (o PS, e José Sócrates, como secretário de Estado, ministro e primeiro-ministro, deteve o poder durante onze dos últimos treze anos); a política capitalista de José Sócrates, prosseguida mesmo num contexto de crise económica grave e crescente; e a aliança com Carvalho da Silva. Esta aliança com Carvalho da Silva não é nova: na época dura, ele foi solidário.
Por causa do estado de necessidade do Governo, com um índice de aprovação em queda, devido ao fecho de empresas, ao desemprego, à emigração e ao endividamento e empobrecimento das famílias, e à forte contestação sindical e popular, o ultra-liberal José Sócrates tolera até a assunção pública da tendência ex-férrica. Além do faz-que-anda-mas-não-anda de Manuel Alegre, a tendência ex-férrica é consequente: tem poder, demonstra-o e usa-o. O líder não se pode expor – e Vieira da Silva não tem voter-appeal. Assim, precisa de se montar em António Costa para tomar o poder do PS e, a seguir, do País, quando Sócrates cair corroído pela aceleração do agravamento da crise económica. Essa táctica não os preocupa: estão habituados a trabalhar na sombra.
Conclusão
O ponto fraco da estratégia da facção ex-férrica, e do próprio José Sócrates, é também o seu ponto forte: o controlo do iscteano Carvalho da Silva.
Sócrates e o PS precisam de Carvalho da Silva para lhes neutralizar a contestação substancial à esquerda e conseguir acordos com o Governo, de modo a que o PC e o Bloco não façam em conjunto os 25% que lhes faria perder as eleições daqui a quinze meses.
A facção ex-férrica carece, entretanto, da aliança com Carvalho da Silva como salvo-conduto para passar pelas linhas socratinas e afirmar a sua força no PS. Se Sócrates perder as eleições – como creio há meses -, é provável que, falhando a táctica funcional que serve (neutralização do poder eleitoral do PC e Bloco), resulte a estratégia de tomada do poder no PS. O País virá depois e a facção, por outros motivos, até precisa de ganhar tempo.
Se, e só se, Sócrates, ganhar com maioria absoluta, o que a conjuntura económico-política não vai consentir, destronaria a facção ex-férrica do rival, por esta ter alcançado um poder que o ameaça. Mas se Sócrates ganhar com maioria relativa continua a necessitar da facção ex-férrica para o acordo à esquerda com o Bloco, um partido que tem há muito um pacto do Diabo com essa facção.
A hipótese de ressurreição pós-eleitoral do Bloco Central PS-PSD pode pôr em causa a tomada do poder interno no PS pela facção ex-férrica. Esse acordo é desejado pelos empresários ameaçados pela Operação Furacão, e outros grandes casos; é acarinhado pela promiscuidade político-capitalista que teme a maior autonomia do poder judicial face ao poder político, de que é expoente a procuradora Maria José Morgado; e é apadrinhado paradoxalmente pelo presidente Cavaco Silva, que precisa dos socialistas no poder para capitalizar à direita o descontentamento e neutralizar a força do candidato Manuel Alegre.
Todavia, a viabilidade de um Bloco Central, como em 2005 na Alemanha, com Manuel Ferreira Leite na posição de Angela Merkel, também implica o afastamento de José Sócrates do Governo como aconteceu com Gerhard Schröder…
Mas não é só a linguagem esquerdista da facção ex-férrica que seria obstáculo para a sua inclusão no Governo: se esse léxico radical seria rapidamente substituído, existe o problema de António Costa, líder provisório da facção, que já troca convites com Rui Rio, o número dois do PSD, não pretende trocar o lugar de presidente da Câmara Municipal de Lisboa por vice-primeiro-ministro, tendo de se encontrar um suporte de menor influência, e de Cavaco não querer certos nomes manchados no poder. Isto é, o mais provável, se o PSD ganhar as eleições, como prevejo, é uma solução Sarkozy com o governo Fillon: um governo abrangente dito de Salvação Nacional, com a inclusão de algumas personalidades independentes e algum ainda militante socialista.
A chave das eleições de 2009 está na aliança ex-férricos/Sócrates/Carvalho da Silva. A táctica a empregar para romper esta tríplice aliança é denunciá-la já. Exposto o uso de Carvalho da Silva, liberta-se o PC, reduz-se a força da facção ex-férrica no PS e isola-se Sócrates que, então, perderá as eleições de 2009.
E os Silvas acabam, eles próprios, picados na sua ousadia das rosas: Vieira voltará para a sua concha e Carvalho partirá para o bosque da memória.
________________________
* Sobre o assunto de base – o entendimento iscteano de 11-4-2008 – veja-se ainda: o Expresso de 19-4-2008 (“Carvalho da Silva foi sensível à argumentação do primeiro-ministro”, na notícia de que o acordo entre a Plataforma Sindical dos professores e o Governo foi conseguido por Vieira da Silva e Carvalho da Silva); e a evidência da relação iscteana pelo atento Prof. Ramiro Marques e por José Xavier no Satyricon e ainda num mail publicado no BlogEscolaPública por Paula Montez. O negócio da venda dos professores foi aqui analisado em post de 12-4-2008.
Julho 3, 2008 at 8:12 pm
http://doportugalprofundo.blogspot.com/
Julho 3, 2008 at 8:13 pm
Eu já disse o PS tem comprado esta gente toda com dinheiro e mordomias…O POLVO
Julho 3, 2008 at 8:13 pm
Bem me parecia que “o senhor director” ia ser o capataz de serviço de um qualquer “presidanta da Câmara” do burgo.
E já que há crise no betão, vão-se dedicar ás “crianças”.
O Valter esfrega as mãos de contente. Dizem as más línguas, que ele dá-se muito bem (mesmo) com autarcas.
Alguém me sabe dizer porque será que os “autarcas” se calaram todos, depois do basqueiro que foi com a aprovação das finanças locais? Ora, foi-lhes logo prometido “gerir os ordenados dos professorzecos”. Claro.
Alguém pensa mesmo que esta alteração da administração central para a adiministração local, não altera a carreira e a retribuição salarial?
O Mário Nogueira anda em “entendimentos” com a Associação Nacional de Municípios desde início. Tem piada.
Julho 3, 2008 at 8:14 pm
para melhor apreciação aqui ficam
e a
Julho 3, 2008 at 8:15 pm
Já sei, como sempre vão muitos ficar aqui a tecer loas às mais variadas deidificações.
Como sempre não fizeram nem farão nada.
Julho 3, 2008 at 8:16 pm
Para vergonha da luta genuína dos docentes, através de vários protestos e da Marcha da Indignação que juntou 100 mil professores em Lisboa (onde Carvalho da Silva faz questão de discursar…), o acordo de mão-cheia-de-coisa-nenhuma, sem contrapartida séria do executivo, entre os sindicatos e o Governo foi celebrado: Carvalho da Silva vendeu os professores ao Governo e o PC aceitou – o PC podia não ter aceite e nenhum acordo seria feito. Só não se sabe se desta vez se brindou o acordo com vinho do Porto, como fizeram Torres Couto e Cavaco…
Vieira da Silva, Maria de Lurdes Rodrigues, José Sócrates, Carvalho da Silva. Em comum têm a ligação ao ISCTE. Vieira da Silva e Maria de Lurdes Rodrigues são originariamente ali docentes (e Maria de Lurdes até ganha, como se apontou acima, uma citação na tese de Carvalho da Silva); José Sócrates fez lá a sua “Pós-Graduação em Gestão de Empresas designada por MBA” (sic); Carvalho da Silva fez lá a licenciatura e o doutoramento. Tudo em família.
António Costa é um parente afastado, sem família própria, que não faz parte deste filme negro: pode ser convocado para representar, mas apenas temporariamente, os interesses da família ex-férrica.
Entretanto, há mais duas pistas a seguir: a da facção ex-férrica do PS e a do PC.
Julho 3, 2008 at 8:21 pm
Aprendam meus queridos…o PS sabe a cartilha toda…
Julho 3, 2008 at 8:23 pm
A ex-férrica ainda tem que “casapiar” e a do pc que “farcar”. Estes últimos pelo menos, já lá vão mais uns milhões de assassinados, todos amigos.
Julho 3, 2008 at 8:24 pm
Lembrem-se o Carvalho da Silva vendeu os professores…:
A chave das eleições de 2009 está na aliança ex-férricos/Sócrates/Carvalho da Silva. A táctica a empregar para romper esta tríplice aliança é denunciá-la já. Exposto o uso de Carvalho da Silva, liberta-se o PC, reduz-se a força da facção ex-férrica no PS e isola-se Sócrates que, então, perderá as eleições de 2009.
E os Silvas acabam, eles próprios, picados na sua ousadia das rosas: Vieira voltará para a sua concha e Carvalho partirá para o bosque da memória.
Julho 3, 2008 at 8:25 pm
Conclusão: votar CDU e vamos lá trocar as voltas a esta gentinha medíocre
Julho 3, 2008 at 8:25 pm
O Bloco desta vez não me convence…ainda vendem a alma ao Diabo
Julho 3, 2008 at 8:26 pm
E já agora façam o favor de ler:
Julho 3, 2008 at 8:27 pm
e já agora
Julho 3, 2008 at 8:27 pm
Julho 3, 2008 at 8:28 pm
Esqueçam o PSD: o Bloco Central está a nascer porque o José Sócrates está a jogar em várias frentes…
Julho 3, 2008 at 8:30 pm
Meus queridos a única salvação é virar completamente à esquerda…já disse: já não confio o Bloco: o José Sócrates está a jogar em várias frentes…e os “vendidos” vão aparecer…
Julho 3, 2008 at 8:30 pm
Ainda não se entendeu o que é essa brincadeira do(a) CDU. E o que é que faz aqui.
Julho 3, 2008 at 8:30 pm
no Bloco
Julho 3, 2008 at 8:33 pm
Agora é jogar no voto útil ou ser morto à paulada…
Julho 3, 2008 at 8:36 pm
Somos apenas peões mas temos força – em 2009 – isto é que é sociologia pura e dura (adoro História!: isto não muda à milhares de anos)
Julho 3, 2008 at 8:36 pm
A questão é simples, embora em diversas vertentes. O problema é o medo e a redução ao conhecido.
Não se discute onde colocar o fulcro, mas em quem manobra a alavanca.
Isso supra, além de ser estúpido, é peculiar e diverte-me.
Julho 3, 2008 at 8:38 pm
Não esqueçam

Julho 3, 2008 at 8:40 pm
E eu não percebo como é que pode existir um Ministério sem os seus principais funcionários!
Julho 3, 2008 at 8:40 pm
Até amanhã: pensem muito bem onde vão por a cruzinha em 2009
Julho 3, 2008 at 8:41 pm
Antigamente, quando um navio se ia afundar, os primeiros a sair eram os ratos. Agora, nos tempos modernos, até os ratos têm consultores, os primeiros a sair, claro.
Julho 3, 2008 at 8:48 pm
E em 2º lugar…
“A transferência de pessoal não é para poupar dinheiro, mas no pressuposto de que ganharemos eficiência com isso e que isso trará melhorias para as escolas e para o trabalho educativo”
Não percebo em que é que a transferência de pessoal faz ganhar eficiência e traz melhorias para as escolas e para o trabalho educativo.
E fico com algumas dúvidas:
1 – Os professores terão que ser mais eficientes só porque são funcionários das câmaras? (não percebo)
2 – O facto dos professores serem funcionários das câmaras vai ser melhor para as escolas? (não estou a ver, sff expliquem em quê)
3 – O facto dos professores serem funcionários das câmaras vai melhorar o trabalho educativo? (não percebo porquê)
Julho 3, 2008 at 8:54 pm
Por último,
Segundo o secretário de Estado, esta transferência é inevitável.
“Não percebo como é que uma autarquia explicaria aos seus eleitores não querer cuidar das suas escolas, das suas crianças”
Não percebo esta afirmação.
Não percebo. Não compreendo. Não entendo.
Não percebo por
Julho 3, 2008 at 8:55 pm
Não percebo porque é que “esta transferência é inevitável”.
Não percebo. Não compreendo. Não entendo.
Sff expliquem-me porquê.
Julho 3, 2008 at 8:58 pm
e não se pode extermina-lo?
Julho 3, 2008 at 9:02 pm
em 36 sorry é o teclar rápido:
…isto não muda há milhares de anos
Julho 3, 2008 at 9:02 pm
A verdade é que fui sempre radicalmente contra a passagem da gestão das escolas para as autarquias. Mas depois de ver este triunvirato, já não digo nada.
A verdade é que também o tempo ocupado a produzir decretos, portarias, regras e “regretas” não dará tempo para muito mais preocupações.
Quem achava que o poder executivo pertencia aos governos, enganou-se! Nem Montesquieu seria capaz de prever tal coisa! 🙂
Julho 3, 2008 at 9:04 pm
44 raio de pergunta: assim a corrupção espalha-se mais depressa e os professores – a classe pensante – é formatada para não criticar e não pensar
Julho 3, 2008 at 9:05 pm
44 lê esta e percebes:
Julho 3, 2008 at 9:07 pm
O maior cancro é o poder local: um antro de corrupção, de capelinhas, de tachos,…
Julho 3, 2008 at 9:07 pm
Eles sabem para onde vão e eu também
Julho 3, 2008 at 9:07 pm
44 lê
Julho 3, 2008 at 9:08 pm
Os Valentim Loureiros são mais que muitos:
Julho 3, 2008 at 9:13 pm
Livresco
Não é “que raio de pergunta”.
Eu percebo bem o que quer dizer e muita gente pensa logo o que você pensou.
O que eu queria (e não vai acontecer, sabe-se lá porquê) era que alguém do Ministério viesse dar uma justificação com pés e cabeça e não fazer afirmações como as que foram feitas.
Eu acho que os políticos têm que justificar certas decisões e esta é sem dúvida uma decisão que deveria ser explicada com argumentos claros e que não deixassem dúvidas a ninguém.
Apenas isso.
Julho 3, 2008 at 9:15 pm
Foi criada uma empresa chamada Parque Escola – investiguem – para quê? – tirem conclusões – é óbvio – é o Lobby do Betão Armado a funcionar:
http://livresco.wordpress.com/2008/06/29/se-ja-havia-dinheiro-a-passar-por-baixo-da-mesaagora-e-por-baixo-e-por-cimae-pelos-lados/
Julho 3, 2008 at 9:16 pm
Parque Escolar
Julho 3, 2008 at 9:17 pm
“Eu” não transfiro os funcionários daqui para ali só porque acho que.
Mudo porque há razões para isso (enunciar quais são), mudo porque há vantagens nisso (enunciar claramente quais são).
Julho 3, 2008 at 9:17 pm
54 Vanessa peço-te desculpa: mas eles sabem a cartilha toda…e a retórica que utilizam é uma máquina de propaganda bem pensada
Julho 3, 2008 at 9:19 pm
A justificação é: querem por a mão em tudo o dê dinheiro e sabes – a maior vaca leiteira é o Estado: estes srs não acreditam na iniciativa privada
http://livresco.wordpress.com/2008/06/27/ministra-da-educacao-admite-rever-lei-das-financas-locais/
Julho 3, 2008 at 9:20 pm
em tudo
Julho 3, 2008 at 9:21 pm
Portugal está a saque ou porque é que achas que estamos na cauda da Europa…
Julho 3, 2008 at 9:22 pm
http://livresco.wordpress.com/2008/07/01/grande-descoberta-nada-que-nao-tivesse-ainda-notado-olhem-que-na-educacao-acontece-o-mesmo-com-colegios-a-receberem-10-milhoes-de-euros-num-ano/
Julho 3, 2008 at 9:25 pm
Tenho de ir e o VL está metido em golpadas…
Julho 3, 2008 at 9:26 pm
Nem a propósito o ar de alarmado do livresco e o meu ar de zombie.
Julho 3, 2008 at 9:26 pm
Sexta-feira, 27 de Junho de 2008
GPS, educação e escola pública
(actualizado)
Imagem picada daqui
O Grupo GPS, SGPS, S.A., que detém a G.P.S. – Educação e Formação, S.A. (GPS é aqui o acrónimo de “Gestão de Participações Sociais” – Diário XXI de 14-12-2006), foi criado em 2003, a partir da GPS – Educação e Formação, e está sediado no Louriçal, Pombal, possui e opera vários colégios e escolas profissionais, principalmente na região Centro. Para além da sua área nuclear, a educação e formação, na qual está em grande expansão, a holding GPS, SGPS, S.A., integra “mais de meia centena de empresas na área do imobiliário, serviços (onde integra empresas do turismo)”, como se pode comprovar no seu organograma (clicar em Mapa GPS e depois em Organograma), e continua em forte crescimento da sua actividade, conforme se pode verificar num motor de busca.
A GPS, SGSP, S.A., é uma sociedade gestora de participações sociais e está matriculada na Conservatória do Registo Predial e Comercial de Pombal com o número de pessoa colectiva 506 607 062. A G.P.S. – Educação e Formação, S.A., está também matriculada na Conservatória do Registo Predial e Comercial de Pombal com o número de pessoa colectiva 507 177 630, e é uma sociedade anónima, com acções nominativas e ao portador. O seu líder, que ocupa o cargo de Presidente do Conselho de Administração da SGPS e da sociedade anónima, é António Jorge Freire de Brito Calvete, “antigo deputado do PS” (segundo notícia do JN de 17-3-2008, via O Sexo e a Cidade, link original fornecido pelo JPG do Apdeites na caixa DPP). Além da sua ligação ao ensino básico e secundário, também terá estado ligado ao ensino superior: segundo o CM, terá alegadamente gerido também a “Escola Universitária Vasco da Gama, em Coimbra (EUVC), durante o período (…) 2004/2005”.
Expande-se o ensino privado pelo básico e secundário e mirra a escola pública…
Do Portugal Profundo escrevo sempre com a preocupação da verdade – factos-factos-factos! – e, por isso, não afirmo, nem publico, o que não confirme. Portanto, coloco uma pergunta, em nome da transparência e escrutínio de cidadania no sensível sector da educação: haverá algum público e notório defensor da escola pública que seja accionista das sociedades GPS, SGPS, S.A./G.P.S. – Educação e Formação, S.A. ou das suas participadas?
Nota: Como sempre procuro fazer, contactei hoje, 27-6-2008, a GPS, SGPS, S.A./GPS-Educação e Formação S.A., mas não foi possível falar até este momento com nenhum responsável do grupo. Se entretanto, obtiver alguma resposta para a questão acima, publicá-la-ei.
Pós-Texto (14:35 de 28-6-2008): O grupo GPS – Educação e Formação tinha no final de 2006, “mais de 10 mil alunos”, segundo o seu líder António Calvete, no III Fórum GPS – Educação e Formação em 4/5-9-2006 na Escola Internacional de Torres Vedras perante cerca de 800 professores do grupo. A Escola Internacional de Torres Vedras do grupo GPS foi inaugurada em Setembro de 2005 com direcção pedagógica (“gestor educacional”) do dr. José Maria de Almeida, ex-director regional da Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL) em 2004/2005 e agora indicado, em 13-6-2008, como “supervisor pedagógico do grupo” GPS (SIC, 26-6-2008), na apresentação da Escola Internacional da Covilhã que abrirá em Setembro de 2008.
Pós-Texto 2 (22:33 de 30-6-2008): A expansão territorial do grupo GPS no ensino básico, secundário e profissional, parece seguir um padrão de urgência coincidente com os últimos meses do exausto governo PS, conseguindo rapidamente o máximo de aquisições e contratos neste período final. Nesse sentido, por exemplo, está a alargar a sua actividade a Viseu.
Actualização: este post foi actualizado às 17:49 de 27-6-2008 e 14:35 de 28-6-2008 e 22:33 de 30-6-2008; e emendado às 23:10 de 30-6-2008.
Julho 3, 2008 at 9:26 pm
O VL anda por aqui
Julho 3, 2008 at 9:29 pm
Mais uma:
Quinta-feira, 26 de Junho de 2008
O feiticeiro avarento e as mezinhas de última hora
Do semanário Sol de 20-6-2008:
“QREN
Fundos da UE a zeros
Por Graça Rosendo e Helena Pereira
Portugal ainda não utilizou um único euro do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Os milhões dos fundos comunitários para investimentos que o Governo tem vindo a anunciar estão no banco a render juros, à espera que os primeiros projectos aprovados estejam em condições de receber o dinheiro de Bruxelas
Até agora, dos mil milhões de euros recebidos, as únicas verbas gastas serviram para pôr em funcionamento a ‘máquina’ administrativa do QREN.”
Este facto da notícia, que a administração não desmente, corresponde à estratégia de Governo de José Sócrates: conter a despesa até à véspera da eleição e concentrar a prodigalidade no último ano de mandato. Porém, a decisão de atrasar em 1 ano e 9 meses a execução do Quadro de Referência Estratégico Nacional-QREN (o plano de atividades e investimentos em Portugal subsidiados pela União Europeia), que deveria ter começado no início de 2007 trouxe a consequência da contracção meta-maquilhagem do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e o agravamento da crise económica estrutural interna e da crise conjuntural e estrutural externa. Mais além, o problema financeiro não está ultrapassado, pois num Estado frágil qualquer crise desequilibra ainda mais as contas, apesar das máscaras, e o problema económico está mais difícil de resolver.
O erro de José Sócrates, de negligência absurda para um primeiro-ministro, consistiu na redução contracícilica do défice do Estado durante um crise estutural grave da economia portuguesa. Em vez de dar prioridade à revitalização da economia, do investimento e do emprego, o Governo preferiu a contenção da despesa do Estado. E criou, além do problema económico persistente, um problema social. Repito: de que serve ter a “casa arrumada”, se os filhos têm fome?!…
O País não morreu da doença do défice mas piorou por causa do deliberado retardar do medicamento. E agora já não acredita nas promessas de melhoras que o feiticeiro nos afiança com a oferta de mezinhas de última hora.
Actualizações: este post foi emendado às 18:25 de 28-6-2008.
Julho 3, 2008 at 9:30 pm
doportugalprofundo.blogspot.com/
Julho 3, 2008 at 9:31 pm
Secretário de Estado condenado
Expresso (03-03-2007)
Página: 18
Secretário de Estado condenado
O Tribunal anulou um concurso aberto por Valter Lemos. Um só despacho deu origem a cinco recursos à Justiça
O actual secretário de Estado da Educação viu anulado pelo Tribunal Administrativo de Coimbra um concurso para professores coordenadores — aberto por sua iniciativa quando era presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB). O tribunal considerou que Valter Lemos violou diversas normas legais, entre as quais os Estatutos da Carreira Docente e do próprio instituto. “São falhas demasiado grosseiras para serem devidas a ignorância”, disse um dos advogados do processo. O Gabinete do secretário de Estado afirma que “foram abertos dezenas de concursos, sem qualquer problema” e que, neste caso, “a docente chumbou e por isso recorreu da decisão, não do processo”.
Num único despacho, de 2002, Valter Lemos abriu cinco concursos públicos. Dois deles foram logo anulados por irregularidades. Dos três que seguiram para a frente, existem cinco processos a correr nos tribunais. “Irresponsável” foi como, na altura, o Sindicato Nacional do Ensino Superior (Snesup) classificou o modo como o presidente do IPCB “resolveu avançar para a abertura destes concursos”.
Em carta enviada ao próprio Valter Lemos, o sindicato enumerava os vícios de forma de que o processo sofria e pedia-lhe que reconsiderasse. Não o fez. “Queria fazer um concurso à medida”, afirma Araújo Gomes, um dos candidatos aos três lugares a concurso para professores coordenadores de três áreas distintas, mas todas da Escola Superior de Tecnologia. Acabaria afastado do lugar, mas desencadeou três processos no Tribunal Administrativo de Lisboa, que ainda estão a correr os trâmites normais.
Duas outras professoras candidatas (também elas recusadas) processaram a escola. No caso de Aline Baião, apesar do recurso interposto pelo Instituto, os juízes mantiveram a decisão tomada em primeira instância: o concurso está ferido de ilegalidades várias e terá de ser anulado.
O gabinete de Valter Lemos considera que “a decisão do recurso ainda é recorrível” e garante que a sentença “não implica a anulação” do concurso,
O advogado que acompanha o processo discorda. Em causa estão “erros básicos e muito grosseiros” provados em tribunal, garante. Valter Lemos abriu o concurso sem consultar o conselho científico do Instituto — obrigatório por lei — e nomeou o júri de forma irregular: vários dos jurados escolhidos não tinham competência para avaliar os candidatos. Em tribunal provou-se que ou não tinham habilitação suficiente (eram professores auxiliares a avaliar professores coordenadores, que são um posto acima do seu) ou não pertenciam sequer às áreas científicas a que o concurso se destinava.
Valter Lemos contesta, explicando que, na altura dos factos a escola se encontrava em regime de instalação, razão pela qual o conselho científico não tinha “capacidade para abrir o concurso”.
Em Dezembro último, o acórdão foi proferido mas, até agora, a Escola Superior de Tecnologia não lhe deu sequência. Armando Ramalho, actual director, explicou ao Expresso conhecer “muito bem este caso” mas nada fez, pois aguarda ordens superiores.
“Estatutariamente é a presidência do Instituto quem toma decisões de matéria contratual”, diz.
Curiosamente, Armando Ramalho foi um dos professores a accionar judicialmente o IPCB a propósito do mesmo concurso.
Candidato a professor coordenador da área de Engenharia Industrial contestou judicialmente o processo ainda o assunto não tinha passado do edital. “O meu processo acabaria arquivado, porque, entretanto, o próprio presidente do Instituto anulou o concurso que tinha aberto”, diz.
ROSA PEDROSO LIMA
Julho 3, 2008 at 9:32 pm
Esta é que é a verdadeira Biografia do Menino de Ouro: sabe a cartilha toda…
Julho 3, 2008 at 9:34 pm
O VL manobra a dita cuja cá com um estilo: o tipo é “inteligente”: queima a tipinha o mais que pode para defender os interesses dele..
Julho 3, 2008 at 9:44 pm
Secretário de Estado irrita-se com deputados socialistas
Andreia Félix Coelho
O SECRETÁRIO de Estado da Educação, Valter Lemos, reuniu-se na quarta-feira à noite com deputados socialistas da comissão parlamentar de Educação e os ânimos exaltaram-se quando surgiram críticas ao processo de regulamentação do Estatuto da Carreira Docente.
«O Secretário de Estado berrou, amachucou os papéis e atirou-os ao ar numa atitude inimaginável e indigna para um governante», contou ao SOL fonte do PS. E reforçou: «Não foi um berro isolado. Gritou de forma continuada. Estava totalmente descontrolado. Os deputados ficaram estupefactos e preferiram continuar a falar como se estivessem perante uma pessoa no seu estado normal». Deputados-professores’ prejudicados. Segundo a mesma fonte, a tutela pretende que as novas regras do Estatuto dos professores tenha efeitos retroactivos por sete anos no que diz respeito, por exemplo, à assiduidade. Por isso, os professores que interromperam a sua actividade para exercer outras funções podem ser prejudicados em termos de progressão na carreira. É o caso de muitos deputados que deixaram as aulas em stand by para assumir funções políticas. Só no grupo parlamentar do Partido Socialista existem 26 deputados cuja actividade principal é a docência. Valter Lemos argumentou, a propósito: «Queremos privilegiar quem está na escola». Contactado pelo SOL para comentar o caso, Valter Lemos não deu qualquer resposta em tempo útil.
Esta fricção com os deputados socialistas surge em pleno processo negocial com os sindicatos para a regulamentação do novo Estatuto da Carreira Docente. As negociações estão a decorrer de forma acesa e sem acordo entre a tutela e as diversas estruturas sindicais. O ponto mais contestado é a contabilização das faltas para os professores que já estão no topo da carreira poderem progredir para a categoria de professor titular: um docente que falte mais de nove vezes num ano lectivo recebe zero pontos na avaliação – mesmo que as faltas sejam justificadas por doença, morte de familiar ou presença em acções de formação.
(…)
Julho 3, 2008 at 9:44 pm
Que cansaço estes comentários hoje. Desculpem lá…..
Julho 3, 2008 at 10:26 pm
Agora é que estamos lixados com Ph de farmácia!
E o país não ficas a ganhar. Ao contrário: o futuro está a ser apagado.
Portugal está a saque!
Fujam!!!!
Julho 3, 2008 at 10:28 pm
Quais comentários?
É o copiar e o “pastar” e ligações porque calha.
Nem sequer existe cansaço, há é sensaboria. E ainda não chegaram as citações, que são para mostrar cultura.
Julho 3, 2008 at 10:30 pm
(continuação de 72)
“PCP e PSD exigem alterações
A alteração do estatuto dos professores foi ontem discutida em plenário na Assembleia da República. O PCP e o PSD apresentaram propostas de alteração que serão agora discutidas em sede de comissãoparlamentar. Entretanto, a Fenprof anunciou que «irá envolver os professores na tomada de decisão e na concretização das acções e lutas reivindicativas». Por isso, convocou os professores para se juntarem ámanifestação da CGTP, que teve lugar em Lisboa ontem à tarde.”
Julho 3, 2008 at 10:38 pm
Tudo copiado. É uma espécie de TPC…
Opiniões? “Nicles”!
Julho 3, 2008 at 10:45 pm
Pergunto:
– A gestão das escolas pelas autarquias não poderá ser considerada uma “regionalização” disfarçada, embora sectorial?
– Se sim, não se trata de desrespeito pelo voto popular no referendo?
Julho 3, 2008 at 10:46 pm
O Ualtar está (mesmo) desesperado. E mostrou o “jogo” antes de tempo.
O homem não sabe que o Povo Português votou, em Referendo ou Consulta Popular, contra a regionalização do País.
Bem sei que ele se considera a própria Lei. Mas “isto” (ainda) não é a república (total) das bananas. Vai fazer birra, arrancar cabelos. Ingratos. Ele que tanto se tem esforçado pelas “crianças” do país.
Julho 3, 2008 at 10:47 pm
at (78),
É inconstitucional.
Julho 3, 2008 at 11:07 pm
Fafe :
Hoje dou-lhe a razão toda…está cheio dela…era isso mesmo que eu queria dizer (salvo raras excepções) mas que cansa, cansa!!!
Julho 3, 2008 at 11:11 pm
Inconstitucional…
Já se leu tanta coisa sobre estas e outras alterações na Educação, e opiniões apareceram sobre a inconstitucionalidade de várias medidas, que de facto dá que pensar:
Se essas opiniões tiverem um fundo de verdade, isto é, se, de facto, algumas das medidas tomadas por este ministério forem mesmo inconstitucionais, como é possível um governo “atentar” contra os princípios da constituição e continuar no poder como se nada fosse?
Eu pergunto-me se foi isto que os revolucionários de Abril sonharam este país. ^o)
Julho 3, 2008 at 11:16 pm
Vanessa 82,
É possível manterem-se no poder da mesma forma que se mantêm depois de condenados em tribunal. Porque atentar contra a lei e ser condenado, em Portugal não é impedimento para se ter uma fulgurante carreira política.
Julho 3, 2008 at 11:18 pm
vanessa [82]
se calhar é por causa deste amparo
Julho 3, 2008 at 11:20 pm
… é caso para dizer : olha a grande descoberta !…pois se a até aqui as escolas eram geridas por professores, que além de saberem do seu ofício, onde chegaram por concurso público, com habilitação superior, e mesmo assim, reconheçamos,nem sempre as coisas foram fáceis, o que é que se pode esperar de autarcas eleitos ,sem qualquer critério de competência técnica, sem exigência de habilitação académica, e em que o “marketing” e o seguidismo perante as directivas do seu partido, pesam mais que tudo… o que é que pode, em termos de formação de cidadãos livres dizer aos jovens, um autarca que foi eleito com o contributo dos sacos de plástico e aventais que distribuiu na feira semanal da sua terra ? Nem de educação ambiental tem legitimidade para falar….
Julho 3, 2008 at 11:22 pm
esta, que vai uma repetida
Julho 3, 2008 at 11:34 pm
parece bruxo
“A primeira das formas a avançar será a municipalização do sistema, já prevista para 2008/2009. Depressa (se é que já não têm consciência disso) as Câmaras Municipais vão chegar à conclusão que não têm vocação, capacidade, meios técnicos e humanos para gerir com eficiência toda a enorme massa estrutural que lhes vai cair nos braços, com os seus problemas muito específicos e exigências muito próprias.
Daí a passarem a tarefa para “empresas especializadas” transferindo-lhes na totalidade (ou quase) as competências que o governo lhes delegará será um pequeno passo. E, também num futuro não muito distante vamos ver os programas curriculares (com excepção dos programas estruturantes de língua materna, matemática e língua estrangeira – inglês) serem decididos pelos grupos de cidadãos com interesses religiosos ou económicos ou outros. Naturalmente, nenhuma dessas empresas funcionará por “amor à causa” ou por caridade. O seu objectivo será a produção de mais valias – o lucro!”
http://reinodamacacada.blogspot.com/2008/04/agenda-oculta-da-educao-parte-iv-o.html#links
desculpem o copiar/pastar mas… eu não diria melhor
Julho 3, 2008 at 11:36 pm
“Não se discute onde colocar o fulcro, mas em quem manobra a alavanca.” – Fafe
De facto, parece que as reflexões não estão centradas no objecto de preocupação, mas sim, no sentimento de preocupação.
Há que racionalizar para agir.
Se já não é tarde…
Julho 3, 2008 at 11:44 pm
Por aqui, hoje, o clima está pesado!
Julho 3, 2008 at 11:47 pm
João 83,
Pois não. E aquilo a que eu acho mais graça é quando aparece uma notícia sobre alguma “fuga” a um imposto (não foi o António Vitorino que aqui há uns anos foi alvo de notícia por não ter pago a Sisa de uma casa que tinha comprado no Alentejo?), ou sobre alguma condenação, e mesmo assim ei-los que surgem um tempo mais tarde como “se nada fosse”.
Julho 3, 2008 at 11:51 pm
E eu também não estou leve. Lá na escola andam a cozinhar as grelhas.Já comecei a sentir o cheira a esturro.Tão unidos que nós estivemos!
Julho 3, 2008 at 11:53 pm
90 – cheiro
Julho 3, 2008 at 11:53 pm
91 – cheiro
Julho 4, 2008 at 1:52 am
Responsáveis escolares e construtora desvalorizam anomalia na cobertura do Centro Escolar da Naia, em Braga
Caiu tecto de escola nova
http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=82FD51D4-57D4-4277-9847-55DEC5765188&channelid=ED40E6C1-FF04-4FB3-A203-5B4BE438007E
Julho 4, 2008 at 8:44 am
Parece evidente que a transferência da gestão das escolas para as autarquias visa:
a) estabelecer a DILUIÇÂO DO PODER REIVINDICATIVO dos docentes, ao cortar o bolo em várias fatias, umas para o PS , outras para o PSD, outras para o PCP e algumas migalhas para o BE e o CDS.
A partir do momento em que as escolas e os respectivos docentes estejam “salamizados” pelos municípios, os problemas passam a ser autárquicos e político-partidários, para não dizer MAFIOSOS.
b) permitir uma maior “abertura da escola”, como aconteceu na Universidade de Évora, com a jogada de protocolos com empresas dispostas a beneficiar da sua influência junto dos alunos-clientes e das suas famílias.
A balcanização do sistema educativo será então uma realidade incontornável, ligada apenas pelo mercado capitalista e controlada pelos burocratas de Bruxelas.
Os mafiosos QUE NESTE MOMENTO DOMINAM AS AUTARQUIAS terão assim nas escolas um terreno favorável para as suas políticas de perversão, corrupção e negócios com as clientelas locais.
Muitas escolas poderão descambar em esquemas como o do lixo em Nápoles, atendendo à inexistência de controlo e supervisão credível e tendo em conta o tipo de gentinha que povoa as autarquias.
Julho 4, 2008 at 11:54 am
Subscrevo na quase totalidade o comentário do H5N1, em especial a ideia da fragmentação do sistema educativo ara melhor controlar a força dos protestos.
Julho 4, 2008 at 2:54 pm
95/96
Acertaram em cheio!
Julho 5, 2008 at 5:35 pm
As autarquias são tidas como “antros da mais elevada corrupção” em Portugal. Autarquias, betão e “crianças”, combinam na perfeição.
Qual é a próxima anedota?