Este é o mundo onde eu vivo e trabalho, não um qualquer mundo de fantasia criado na cabeça de alguns teóricos de gabinete, que acham que tudo se faz por decreto.
Da 5 de Outubro mandam transferir competências em Setembro. No terreno, as autarquias da Área Metropolitana de Lisboa e, especificamente, as da Península de Setúbal, recusam-se a recebê-las. No meio do fogo cruzado, as Escolas, os alunos, os funcionários, os professores.
Ao reler algumas passagens do livro Imperial Life in the Emerald City sobre a vida na Zona Verde de Bagdad nos meses após a invasão americana do Iraque e sobre o completo desfasamento entre a vida nessa espécie de oásis e o que se passava na cidade cada vez mais caótica em seu redor, encontro muitos pontos de contacto entre o que se passa na cabeça e nos gabinetes do ME e o mundo real em que a maior parte de nós vive.
Logo no início descreve-se como, perante um atentado que matou dezenas de pessoas numa mesquita a dez minutos da dita Zona Verde, ao jantar, os burocratas enviados por Washington afirmavam que não tinham tido tempo de ver os noticiários porque estavam a preparar um óptimo projecto de Constituição para o Iraque, que iria servir de modelo para todo o Médio Oriente.
Azar nosso, os que vivemos do lado «de fora» das bolhas da irrealidade legislativa.
A notícia, com declarações de autarcas de vários concelhos da Margem Sul e do presidente da Fersap, é do jornal Sem Mais, distribuído com o Expresso aos fins de semana.
Junho 28, 2008 at 4:28 pm
Pois eu receio o contrário. Há câmaras desejosas de deitar a mão às verbas e de as repartir da “melhor” forma em projectos “estruturantes”.
Assusta-me pensar que se vai repetir a gestão que conhecemos do parque escolar do 1.º Ciclo: obras em casas de banho adiadas, falta de aquecimento, papel higiénico racionado, computadores que nunca vêem uma actualização durante anos…
Pode haver autarquias que cumpram o seu papel com diligência, mas a realidade que eu conheço é assustadora.
Junho 28, 2008 at 11:38 pm
O problema reside no facto de o ME não querer dar verbas para a manutenção dos edificios, e já há muitas escolas EB23, com 15, 20, 30 anos, bastante degradadas.
Solução:
As que tiveram dispostas a receber as novas competências, recebem.
As que se recusarem, fica como está.