Esta colega de Sacavém é a autora do documento (questoes-de-estatuto.doc) de que a Ministra da Educação mostrou uma folha no programa Grande Entrevista da RTP1, qualificando-o de forma pouco caridosa. Esta é a resposta que decidiu enviar para quem acho de direito ser informado:
Exmos Senhores
No dia 6 de Março do corrente ano, sua excelência a Ministra de Educação foi entrevistada no programa da Dra Judite de Sousa, na RTP1. Não pretendendo debruçar-me de qualquer forma sobre o conteúdo da entrevista, julgo assistir-me o direito de resposta e em concreto o direito do contraditório e de defesa. Respondo apenas agora por, tão simplesmente, ter dado prioridade ao trabalho com os meus alunos . Agora que terminou o 2º Período, não quero prescindir do meu direito de resposta.
Logo no início do referido programa, a Srª Ministra exibiu alguns trabalhos de docentes que classificou como de “má-fé”, como “manobras de desinformação” e como “incompetentes”. Quando questionada pela entrevistadora acerca do eventual conhecimento dos docentes que terão elaborado tais trabalhos afirmou desconhecê-los.
Não creio que o cargo que sua excelência ocupa lhe confira o poder ético-moral ou profissional de acusar e insultar e neste caso, de forma dirigida e explícita, profissionais que desconhece. Vou mais longe: considerarando a exigência do cargo que a Srª Ministra exerce, todas as suas atitudes deveriam primar por princípios de ponderação, de equidade e justiça. Essa preocupação deveria ser ainda maior quando as suas palavras chegam a casa de milhões de portugueses.
Um dos trabalhos que a Srª Ministra “exibiu” (mostrado, ainda que de forma fugaz, pelas câmaras por duas vezes mas reconhecido por mim e por diversas pessoas das minhas relações pessoais e profissionais) é da minha autoria. Ao cabo de quase vinte anos a leccionar fui acusada, pela primeira vez, de “má-fé”, de “incompetente” e de adulterar a verdade.
O trabalho que enviei a várias entidades salvaguardava nomeadamente “…O tratamento pode ser discutível em alguns aspectos mas, na essência, penso que traduz algumas questões importantes para compreender a inexequibilidade de tudo isto (que é, sem mais, o princípio de tudo)…”. Segue em anexo o referido trabalho (páginas 1 e 2) mas, também, a base e alguns dos cálculos (estatística elementar) que a ele conduziram (páginas 3 e 4). De “má-fé”? – Eu, nunca! Alguma que exista estará, porventura, no próprio Estatuto!
Enganos, todos podemos cometer mas falsidades já é uma questão de carácter. E, eu sou (sem falsas modéstias) uma pessoa de bom carácter: íntegra, honesta, trabalhadora, disciplinada e com permanente preocupação de justiça e equidade.
Durante toda a minha vida profissional fui frontal, directa e objectiva. Nunca recorri a subterfúgios e sempre me debati, com clareza, convicção e no respeito pela Lei, por posições de equidade e justiça (quer relativamente a docentes quer a discentes).
Sempre assumi e assinei as minhas posições e nunca me escondi atrás de nada nem de ninguém.
Não reconheço, sem mais, o direito à srª Ministra de denegrir a minha imagem ou de pôr em causa o meu bom nome.
Lisboa, 19 de Março de 2008
Atenciosamente,
Mª João Fernandes
(PQND da Esc. Secundária de Sacavém)
Março 24, 2008 at 3:07 pm
Maria João Fernande, felizmente que nem todas as mulheres são como a Ministra… ela um dia destes morde na propria língua e cai envenenada com o próprio veneno.
Março 24, 2008 at 3:15 pm
vamos contribuir?
(sei que a vida tá má mas… a belha da tal avenida merece)
http://www.dame-telemovel.pt.vu/
Março 24, 2008 at 3:25 pm
O comércio não pára.
E a voz da criança a berrar como toque de telemóvel? Já se lembraram?
Março 24, 2008 at 4:40 pm
A srª deveria era ter sido pouco caridosa com o personagem que lhe fez uma cábula da avaliação de desempenho a 2 colunas.
Março 24, 2008 at 5:15 pm
Alguém por acaso leu este artigo no “the independent”???
Alguém nos explica porque é que o que não deu resultado, ou melhor tev resultados desastrosos noutros países, tem que ser bom para o nosso???!!!!
Leiam!
http://www.independent.co.uk/news/education/education-news/failed-political-interference-is-damaging-childrens-education-report-claims-789333.html
Março 24, 2008 at 5:15 pm
***Teve (este wordpress sem prévisualização….dá nisto) oooopssss!
Março 24, 2008 at 5:35 pm
A táctica é encharcar os microfones de palavras. Pois, essa já conhecemos.
Março 24, 2008 at 6:06 pm
Papoilix,
penso que há várias razões para que se aplique cá no burgo o que não resultou noutros países:
1- A malta que decide não leu os relatórios da aplicação das reformas nos outros países (deve ser porque não sabem inglês técnico…);
2- Se a malta que decide leu os relatórios não os percebeu (mais uma vez deverá ser devido a um problema de língua);
3- A malta que decide até leu os relatórios e depois entrou na zona de distorção da realidade (ZDR) e achou que afinal os outros gajos eram uma cambada de incompetentes que não souberam aplicar correctamente as reformas e que aquelas coisas nunca aconteceriam cá no burgo;
4- As reformas falharam nos outros países devido à interferência do Partido Comunista Português. 🙂
Março 24, 2008 at 6:48 pm
As tácticas deste ministério cada vez são mais sujas, e não lhes importa quem atinjam… Muito bem respondido por esta colega, que fez um trabalho de cruzamentos de dados bem meritório, e realmente, dá que pensar sobre a organização do trabalho docente…
Março 24, 2008 at 6:55 pm
O Herr Macintosh está coberto de razão.
Março 24, 2008 at 7:13 pm
LOL Herr Macintosh!!!
Março 24, 2008 at 7:25 pm
É o que dá planificação centralizada da educação! As organizações “escolas” têm cada vez menos autonomia, consequentemente os professores e os resultados estão à vista! Quando os governos querem planificar ao detalhe a vida das pessoas e das organizações, destroem a eficácia das mesmas! É exactamente o que acontece nas escolas deste país, onde o ECD e o EA ao quererem regular tudo o que se passa na Escola, destruiram as características culturais e funcionais de cada Escola!
Março 24, 2008 at 7:29 pm
Lindo. Parabéns, Mª João. O trabalho, que li há meses, era excelente. Não há que esperar que aquela sra o entenda, sim que exigir que o respeite.
Março 24, 2008 at 7:49 pm
Maria João Fernandes,
Vi essa entrevista na RTP1 e fiquei esclarecida
sobre quem é que estava de má fé e era incompetente.
Fez bem em pôr os pontos nos iiiii.
Março 24, 2008 at 8:09 pm
Parabéns Maria João. É assim mesmo…
Março 24, 2008 at 8:44 pm
(…)Segue em anexo o referido trabalho (páginas 1 e 2) mas, também, a base e alguns dos cálculos (estatística elementar) que a ele conduziram (páginas 3 e 4). De “má-fé”? – Eu, nunca! Alguma que exista estará, porventura, no próprio Estatuto!(…)
Onde está o link para esse anexo?
Ou será que o Guinote acha que a Ministra tem razão?
Março 24, 2008 at 8:46 pm
Caramba, que nem consegue perceber que o documento está linkado na introdução do post!!
Como quer que o leve(m) a sério?
Março 24, 2008 at 8:53 pm
Paulo,
Não se enerve!
Há quem tenha dificuldades de aprendizagem…
Ensino especial?!
Março 24, 2008 at 10:01 pm
Caro [],
O Semanário SOL está a preparar um trabalho sobre casos de agressões a professores, na sequência do vídeo divulgado na semana passada no You Tube com uma cena de violência no Carolina Michaelis.
Queria, por isso, pedir-lhe a sua ajuda para encontrar professores que possam contar as suas histórias (obviamente, sem serem identificados, caso assim o desejem).
Acha que me pode ajudar?
Preciso dos contactos/histórias até quarta-feira.
Obrigada.
Cumprimentos,
Margarida Davim
Jornal Sol
E-mail- margarida.davim@sol.pt
Rua de São Nicolau, 120
1100-500 Lisboa
96 133 02 33
21 324 65 22
Março 24, 2008 at 10:10 pm
Colega Maria João. Parabéns pelo belo trabalho realizado. Nunca me tinha lembrado fazer um estudo assim detalhado sobre o trabalho do professor baseado no ECD
Março 24, 2008 at 11:18 pm
Belo trabalho e excelente ideia esta de trabalhar sobre os dados que o ME deita boca fora.
Publique-se, em todos os jornais!
Março 25, 2008 at 1:36 am
O ME, leia-se serviços centrais, não têm (nenhumas) estatísticas credíveis sobre o sector do Ensino. E se, por acaso, tiverem alguma não está nos Serviços!
Março 25, 2008 at 9:24 am
Ana Henriques,
o ME tem imensa informação sobre as escolas que, ultimamente, têm de enviar os dados dos professores e alunos para a MISI (estes dados são os que constam nos programas dos alunos e dos funcionários). O problema é que a maltinha do ME tem uma abordagem da estatística do género “a olhómetro” (é que dá muito trabalho analisar aqueles dados todos). Como diz Keith Devlin, Infosense: Turning Information into Knowledge, “(…) o valor da informação está no seu potencial de ser transformada em conhecimento. É que, em última instância, o conhecimento é o que faz a diferença no que podemos fazer, e o valor da informação depende do valor do conhecimento a que dá origem”. O ME, obviamente, ainda não percebeu isto…
Março 25, 2008 at 10:25 am
Exacto.
O mínimo detalhe sobre a nossa vidinha nas Escolas está a ser medido: todas as aulinhas, divididas por tipo (regulares, apoios, substituições), etc, etc, etc.
As tabelas que andam a ser preenchidas fazem lembrar os delírios antropométricos dos eugenistas positivistas do final do século XIX.
Mas, tal como então, o problema é que é muita informação ao serviço de teorias erradas e muitos preconceitos.
Março 25, 2008 at 4:25 pm
É fundamental a publicação destes documentos!
Cada vez me parece mais necessária a luta das 35 horas.Só assim poderiamos mostrar a falsidade de todas as actuais prpostas. A opinião pública, Pais, necessitam de saber, urgentemente, que o que está a ser pedido é que não sejamos Professores, mas fazedores de evidências.