Logo pela manhã abro o Umbigo e nos comentários deparo com várias referências para filmagens ocorridas em salas de aula, com situações absolutamente pavorosas, embora não inéditas.
Por razões que adiante exporei, acho que não devo aqui amplificar as imagens. Mas já lá vamos.
Sobre a substância dos factos só poderei dizer que não sendo novidade – para além o fácil registo audiovisual que agora é possível – muito está por fazer para verdadeiramente inculcar uma cultura de civismo nas Escolas e essa responsabilidade atribuo-a, sem qualquer hsitação, à ideologia dominante na 5 de Outubro na maior parte dos últimos 20 anos, com destaque para a década de 90, a mais catastrófica nesse aspecto.
Eu fiz os meus estudos equivalentes ao preparatório e secundário no imediato pós-25 de Abril, em plena zona revolucionária e em explosão de liberdades. Sei o que é clima de turbulência na sala de aula e em todo o redor. Sei o que foi passar boas horas em Conselhos Disciplinares, enquanto delegado de turma empurrado quase sempre para a defesa do indefensável, ouvindo abismado muitos professores a compreender condutas atrozes que os visavam. Vejam lá que «a família dele isto e aquilo», o «coitadinho até que…», «ela não estava a medir as consequências».
Nesse aspecto 30 anos depois estamos quase no mesmo ponto. Os Conselhos Disciplinares continuam um pouco nesse registo. Quase todos queremos «compreender» os comportamentos disruptivos, evitando querer ficar com o ónuc da «repressão» ou «punição». Parece que todos leram Foucault e ficaram muito sensibilizados pelos aparatos usados para constrangir os comportamentos e liberdades individuais. Não sei como o Vigiar e Punir não está nas listas de best-sellers acima dos MST’s e JRS’s da ordem.
Entretanto o que mudou foi que quase tudo evoluiu no sentido errado quando podia ter e deveria ter sido no sentido certo. Falo, obviamente da década de 90, em que se destruiu toda a parte boa da reforma idealizada por Roberto Carneiro e se deixaram quase só as partes mais equívocas ou claramente erradas, cedendo à aliança ideológica entre o nacional-porreirismo e as boas intenções do que aprendemos a designar como eduquês.
- Depois das erupções da tal época mítica, as coisas foram caminhando para alguma normalização das condutas nas salas de aula – na minha velha Secundária a relva até começou a conseguir crescer quando lá voltei como professor – e ali por alturas da viragem para os anos 90 as coisas pareciam poder entrar nos eixos. Mas tudo correu mal. Havia dinheiro (europeu), já havia recursos humanos qualificados (foram-se definindo as regras da profissionalização dos docentes), a explosão da frequência abrandou e tudo se proporcionava para que a Educação arrancasse de forma qualitativa e não apenas quantitativa. Para que a Democratização da Educação no sentido da consolidação de uma Escola de Massas se traduzisse numa Democratização da Qualidade.
- A via a seguir, pouco populista e vulnerável às críticas dos herdeiros das ideologia igualitaristas dos anos 60-70 que se encaixaram na perfeição no nicho das Ciências da Educação evocando Paulo Freire, Bourdieu e Foucault, entre outros a cada parágrafo, teria sido a do rigor e do centramento do trabalho pedagógico no desenvolvimento das aprendizagens (e não apenas na detecção de competências potenciais).
- Em vez disso, surgiu a ideologia do Sucesso para todos. A ambição de garantir o Sucesso, da forma mais rápida e indolor para todos os indivíduos envolvidos. A avaliação foi re-re-reavaliada e considerada um mecanismo de exclusão (confundiram-na com classificação, mas esse é um erro recorrente ainda hoje); a disciplina foi considerada como um mecanismo de repressão (confundiram autoridade com autoritarismo, mas também é coisa comum); o esforço foi considerado inibidor da criatividade (não sei se sabem, mas alguns dos meus pintores favoritos levaram muito tempo a fazer quadros de pequenas dimensões, olhem-me o Vermeer, por exemplo) e tudo ficou às avessas. Alunos e professores tornaram-se pares na aprendizagem e perdeu-se um centro nuclear na relação pedagógica: a transmissão de conhecimentos, tanto na forma do «saber fazer» como no do «fazer» mesmo. Os professores até compreenderam – mas quando discordavam – a solução; infelizmente, os alunos e muitas famílias não estavam preparados para essa evolução ou «novo paradigma» (que «novos paradigmas» há muitos) da avaliação e da disciplina.
Apesar de considerarem que o produto se deveria subordinar ao processo, os ideólogos oficiais e oficiosos na nossa Educação queriam resultados.
Para isso criaram aparatos legislativos tendentes a controlar o trabalho de avaliação e classificação dos docentes e foram-lhes retirando progressivamente instrumentos para (se) aplicarem de forma eficaz os melhores e mais eficazes métodos de trabalho.
E assim se perdeu uma década crucial para o desenvolvimento da nossa Educação, com sucessivos remendos que só iam agravando o imenso equívoco em que tínhamos caído. Diga-se em abono da verdade que o mesmo aconteceu com a qualificação, com os fundos do FSE a escorrerem abundantemente, mas sendo agora visível que sem evidentes vantagens práticas.
Esta década também está a caminho de ser perdida. A primeira metade parecia ir estancar os erros cometidos, mas a instabilidade existente na definição de uma «nova» política bloqueou tudo. A segunda metade está a ser perdida com o regresso ao fascínio pela imposição de aparatos legislativos preocupados com a produção artificial e estatística do Sucesso. Quanto á qualificação, daqui por uma década perceberemos que as Novas Oportunidades também terão sido globalmente um logro equivalente ao dos famosos cursos do FSE, panaceia com efeitos a curto prazo.
Pior, regressou-se – e de forma mais vocal – a uma ideologia culpabilizadora dos docentes pelo fracasso do sistema.
Onde antes se desautorizavam os docentes através de um discurso mavioso e legislação armadilhada, agora desautorizam-se os professores expondo-os à sociedade como os causadores primeiros da falência da Educação nacional, como maus profissionais, absentistas, avessos à avaliação, carreiristas bem pagos mas sem mérito. A estratégia é a da intimidação para qu, desta vez, nem que seja a força, o Sucesso apareça em, forma de núemros e gráficos exibíveis para as câmaras, instâncias internacionais e eleitorado anestesiado.
Agora coloquem-se no lugar de jovens adolescentes, com todo o vigor dentro de si e o desejo natural de terem sucesso, e vejam lá se não vos apetece bater nessas Professoras e professores incompetentes, faltistas, repressores e culpados por não vos garantirem o Sucesso garantido a que têm direito de acordo com o próprio Governo da maioria?
Claro que apetece.
E gravar para a posteridade para exibirem a todos os colegas e ao mundo como colocam essa corja no lugar.
Mas é por isso mesmo que não devo, e por reservas de pudor pela privacidade alheia (já bastante destruída) e ética, amplificar as imagens que existem. Para isso temos sempre as televisões e os órgãos de comunicação social.
Março 20, 2008 at 12:03 pm
Nos últimos anos, a aproximação professor aluno estreitou-se. Essa nova realidade deu azo a muitas confusões… Com a recorrente desvalorização do professor, o aluno começa a confundir uma aproximação pedagógica com aproximação de autoridade dentro da sala de aula. Neste momento, muitos alunos, e não falo daqueles com graves problemas de disciplina, quando são chamados à atenção, muitas vezes não acatam, e continuam, porque não reconhecem no professor essa autoridade. A maioria dos professores vale-se da sua posição de adulto para fazer ver essa diferença, mas aquela imagem do professor, autoridade na sala de aula, não autoritário, está a desvanecer-se. Não sou contra a aproximação entre professores e alunos, pelo contrário, considero que traz muitos benefícios, mas, quando existe uma estrutura e uma mentalidade de fundo que permita cada um saber o seu lugar! Quando os próprios pais não nos reconhecem autoridade, como poderão as crianças fazê-lo…
Março 20, 2008 at 12:04 pm
Certíssimo e correcto. Também coloquei esse mesmo problema de divulgar no meu blog esses filmes incríveis sem serem novidade absoluta e também rejeitei essa divulgação pelos motivos apontados pelo Guinote!
Março 20, 2008 at 1:04 pm
Se a violência doméstica conta como crime e pode ser eventualmente comprovada por registo vídeo, porque é que neste caso da sala de aula remete para uma questão de privacidade e de pudor pessoal ?
Não será uma certa forma de ocultação de provas e de reserva moral perante a destruição da escola enquanto lugar de respeito e de civilização ?
Trata-se de um problema individual e privado que cada docente deve resolver por si, ou antes de uma caso de política educativa em que os docentes estão a ser co-responsáveis, precisamente pela inoperância e pela condescendência demonstrada ao longo dos anos?
Como diria o outro, que fazer ?
Março 20, 2008 at 1:18 pm
Isto é considerado violência ou não?
Poderemos continuar a esconder estes casos e a evitar que se saibam estas tristezas?
Penso que devem ser divulgados e debatidos ao máximo deixando-nos de os considerar como questões que põe em causa a privacidade.
Março 20, 2008 at 1:23 pm
Eu optei pela colocação no meu blog do vídeo cujo link coloquei num dos comentários aqui no Umbigo. E isso para chamar a atenção para muitos dos aspectos que passam despercebidos a muitos pais e treinadores de bancada:
– a facilidade e a tranquilidade com que alunos filmam uma aula e a colocam no youtube
– a maneira como ainda se gabam, como se tivessem sido uns grandes heróis
– se não tivesse havido aí alguns alunos a intervir, embora com pouca insistência, qual poderia ter sido outro desfecho deste episódio?
– etc
Coloquei o vídeo não para o sensacionalismo, mas como base para reflexão.
E para responder à tua questão “Agora coloquem-se no lugar de jovens adolescentes, com todo o vigor dentro de si e o desejo natural de terem sucesso, e vejam lá se não vos apetece bater nessas Professoras e professores incompetentes, faltistas, repressores e culpados por não vos garantirem o Sucesso garantido a que têm direito de acordo com o próprio Governo da maioria?” – Não, não me apetece nem apeteceria, porque tive uma educação que em primeiro lugar me levaria a reflectir e não a descarregar as minhas frustrações em cima dos mais disponíveis.
Não fui “realizadora” do filme, nem o coloquei na internet. Para a questão da privacidade parece-me bem que quem deve responder perante isso, de preferência num tribunal, será quem o fez. E espero bem que a nossa colega assim proceda.
Março 20, 2008 at 1:30 pm
O certo, Paulo, é que viste o vídeo e ele te inspirou uma reflexão bem longa sobre a política educativa e outras questões…
Março 20, 2008 at 1:32 pm
Olinda, penso que o Paulo tem toda a razão. Expor a privacidade alheia, por mais indignadas que estejamos, é impensável. A ética deve ser observada, sempre com o máximo rigor. No entanto,este problema deve (tem de) ser discutido.
Março 20, 2008 at 1:35 pm
Brit, pediu autorização à colega filmada??
Março 20, 2008 at 1:36 pm
bOA BRIT É POR ESSAS E POR OUTRAS QUE COM A DESCULPABILIZAÇÃO DE QUE NÃO EXISTEM MENINOS MAUS -POIS AQUELES QUE EM INGLATERRA PUSERA UM MIUDO DE TRÊS ANOS DEBAIXO DO COMBOIO ERAM TRAUMATIZADOS -QUE AS COISA SE VÃO AGRVANDO.
Acordem, qualquer dia a genética ainda vai determinar que a maldade está relacuionada com um gene.
Devem-se expôr esses casos sim senhor; senão um dia destes é com facas, pistolas….e olhem que não está longe
Março 20, 2008 at 1:37 pm
Sorry the mistakes
Março 20, 2008 at 1:39 pm
Percebo que pode ser perigoso.Afinal somos educadores e devíamos estar preparados para lidar com situações destas.
E temos tentado gerir a situação como podemos, muitas vezes em solidão.
No entanto, ultimamente apetece-me ser politicamente e pedagogicamente incorrecta.Quando toda uma classe profissional tem sido atacada por todos os males da escola, quando somos apelidados a toda a hora de incompetentes, privilegiados, inúteis, hooligans, bem pagos e preguiçosos, então não será legítimo saber-se o que se passa em algumas escolas? E mostar o que está no Estatuto do Aluno?
Quando a opinião pública ainda diz “Força, Sr Ministra”, quando se usou tanta propaganda para tentar conquistar esta opinião de modo desonesto, começo a pensar se….
Março 20, 2008 at 1:39 pm
Tita, eu fiz um link. A questão é perguntar se o tal aluno do 9ºC pediu autorização.
Mais umas vezes as questões de fundo se perdem… Não vou aqui perder tempo a discutir a colocação de um link, quando a questão de fundo é bem maior…
Março 20, 2008 at 1:41 pm
Olhe, escolas com pistolas e “naifas” por onde passei nunca me causaram mossa, bem pelo contrário, aprendi bastante com a dureza da vida dos meus alunos. Porém, também conheci histórias bem complicadas que foram resolvidas e serviram de exemplo sem nunca se expor a privacidade de ninguém.
Março 20, 2008 at 1:41 pm
Mas ainda existe esperança na poesia
Março 20, 2008 at 1:45 pm
depois de fazer uma pesquisa no you tube sobre “filmes do género”, parece evidente que não se tratam de casos isolados.
Se estes casos derivam de politicas educativas, parece, também, que a estas se deve juntar o contributo das escolas, no que concerne à sua inacção faces aos problemas que todos conhecem.
Março 20, 2008 at 1:46 pm
Tita, só mais umas perguntas:
– viu o meu nome na autoria do filme?
– viu o meu nome como tendo colocado o mesmo no youtube?
– fui eu que mandei o aluno filmar?
– fui eu que mandei o aluno colocar o filme no youtube?
– está a discutir a questão de ética comigo?????
Uma sugestão: Descubra a escola em que foi, veja a lista dos alunos do 9ºC e discuta a questão da ética e da privacidade com eles, não comigo. Pode ainda colocar essa questão no próprio youtube, pois os vídeos colocados permitem comentários.
Março 20, 2008 at 1:48 pm
Dou também razão ao leonel cunha. Há muitas escolas cuja política disciplinar é muito permissiva. Escolas onde os docentes apresentam as suas queixas disciplinares e os alunos saem do CE ainda com uma palmadinha nas costas e com um contrato pedagógico na mão…
Março 20, 2008 at 1:50 pm
Estamos num mundo global não existe privacidade, quem sabe se um satélite não nos está aver agora’ Ou não estamos a ser escutados pelo echelon.
Deixemo-nos de tretas..eu já passei por escolas com naifas e pistolas, no barreiro, baixa da banheira, laranjeiro…verdade que não tive grandes problemas (pura sorte e algum saber)mas ouvi falar de problemas impressionantes de coisas que aconteceram com colegas nesses anos á noite e noutros anos anteriores ( ameaças com facas, empurrões na aula, carros riscados ded alto a baixo….)
E se a pobreza explica algo ela não exoplica tudo: a bem dizer podiamos então dizer que todos os pobres são marginais não?
Março 20, 2008 at 1:52 pm
se houvesse marchas de indignação por estas razões eu agradeceria pelos meus!
Março 20, 2008 at 1:52 pm
Lembro-me de uma certa reportagem da RTP… Muitos docentes a aplaudiram por finalmente vir a lume uma questão muito escondida até à altura…
Março 20, 2008 at 1:53 pm
Relacionado com o tema do post:
“Era só o que faltava”, de Madalena.
Quanto à questão que Paulo levantou, dividindo as águas. Não é a mesma a mensagem que passa para um grupo de responsáveis pelo ensino ou para uma visita inadvertida de um grupo de adolescentes, ainda que o vídeo seja exactamente o mesmo. Sem falar que anda por aí muito adolescente serôdio, alguns até já com filhos. Ao se iludir este aspecto, caímos no dilema da liberdade/utilidade. A banalização da violência pode ter efeitos imprevistos, não é verdade H5N1?
Março 20, 2008 at 1:54 pm
A ministra da Educação responde a perguntas no jornal Acção Socialista. Não tive tempo de ler. Mas registei uma pergunta sobre a incongruência de um professor de Biologia, por exemplo, (e este caso passa-se também na minha escola)ir avaliar um professor de Matemática.A resposta é: a delegação de competências é do conhecimento de todos. O professor de Biologia pode delegar num professor de Matemática “não-titular”,quando o número de professores de Matemática for de 12 ou mais.
E se forem 10?
Já pode o colega de Biologia avaliar?
Não entendo.
Março 20, 2008 at 1:55 pm
As escolas permissivas existem. As rigorosas do ponto de vista disciplinar, também. Pobreza não é sinónimo de marginalidade. O professor deve ser uma referência ética.
Março 20, 2008 at 1:57 pm
leonel cunha, essa marcha contra a permissividade faço-a todos os dias na minha escola. Tenho todo o respeito pelo CE da minha escola em quase todas as questões, menos na disciplinar. Felizmente é uma escola onde os problemas não eram muito graves, mas já se começam a notar os efeitos dessa política conjugada com muita permissividade e passividade dos pais.
Março 20, 2008 at 2:07 pm
Vou-me ausentar daqui. Para mais alguma questão dirigida directamente a mim, podem-me encontrar no meu blog.
Até mais logo.
Março 20, 2008 at 2:18 pm
Lá, como (NÃO) cá…
“Manifestação
Reforma social causa greve de milhões na Grécia
Milhões de gregos aderiram à greve geral de 24 horas na quarta-feira, contra o plano de reformas, cancelando voos, fechando escolas, ministérios e bancos
(…)
Os sindicatos dizem que o primeiro-ministro, Costas Karamanlis, não cumpriu a sua promessa e que as reformas limitam os benefícios dos trabalhadores sem melhorar o sistema.”
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=85824
Março 20, 2008 at 2:32 pm
Os portugueses são mansinhos, bonzinhos, pachorrentozinhos, tolinhos…
Março 20, 2008 at 2:42 pm
Brit e Picareta,
Compreendo as várias posições sobre o assunto.
Lamento se a analogia é imperfeita, e admito que a questão até possa remeter para aspectos do meu foro psicológico e emocional, mas não conseguiria postar aqui vídeos do Youtube com lutas entre cães para demonstrar o quanto as detesto.
Ou actos de violência de claques desportivas para o mesmo efeito.
Ou cenas de tortura.
Se este blogue fosse um órgão de comunicação social institucional seguiria os trâmites normais para veicular as imagens, com as devidas ressalvas pela privacidade dos intervenientes.
Como não consigo “empastar” as imagens das pessoas envolvidas, prefiro esta opção.
Não é ser politicamente correcto.
É mesmo com uma reacção de rejeição quase física.
Março 20, 2008 at 2:59 pm
O vídeo, que eu julgo de que se fala é público, encontra-se no YouTube, pelo que quem o lá colocou não pediu autorização à professora em questão. Quem o colocou não teve nenhumas questões éticas e divulga-lo.
Este caso só manifesta e reflecte o enorme poder dado aos alunos em contraste com a desautorização e falta de autoridade do professor.Por isso julgo que o divulgar não afecta a imagem do professor – aliás está no Youtube-, mas pode ajudar a que mais alguém reflicta no novo estatuto do aluno e depois em outras aberrações do ME.
Quanto ao facto de só com 12 elementos se poder delegar competências, o meu Departamento só tem 7 profs, pelo que irei ser obrigado, a observar e avaliar aulas de colegas de Geografia , quando eu sou um mero prof do segundo ciclo de HGP.
Março 20, 2008 at 3:00 pm
Na minha escola, o único caso de que tive conhecimento levou, há dois anos atrás, à transferência de escola por parte do aluno que ousou atitudes infames para vir a ser filmado, o prazo da transferência por parte do ME é que foi desajustado… a mesma foi decidida em conselho disciplinar de início Janeiro e o aluno só foi transferido em final de Maio – o jovem foi o mentor do “evento”, incutiu a um colega que filmasse e ele ousou poses inadmissíveis de total desrespeito para com a professora, o “realizador” do filme foi penalizado de modo menos “pesado” com dias de suspensão. O telemóvel foi apreendido por tempo considerável e o filme eliminado (mas soube que a gestão andou a passar a “pente fino” o youtube, não tivesse havido 2ª versão do filme) .
Não espreitei os links, mas um vídeo exposto no youtube de um professor a ser ridicularizado, só comprova o laxismo na escola e nada mais. Há países onde é proibido o uso de telemóveis na aula e ninguém transgride, a desculpa do relógio ou da calculadora não tem substância. No início do seu mandato a ministra afirmou, em entrevista à 2, que o problema da disciplina dependia estritamente de cada professor e não da legislação, aspecto polémico e que nunca veio a ser publicamente desmontado sendo, uma vez mais, uma afirmação manipuladora de alguma opinião pública menos documentada.
No entanto, tenho consciência de ser a minha escola facilmente gerida em termos disciplinares por se encontrar num meio pequeno e isolado, constituindo uma realidade completamente diversa das restantes do concelho em que se insere. Este factor pesa muito mais do que a firmeza de atitudes dos professores A ou B.
Março 20, 2008 at 3:04 pm
O desastre da Educação
A Educação é porventura o recurso mais decisivo para o progresso e o desenvolvimento de uma sociedade.
Muito mais do que uma uma actividade essencialmente lúdica e divertida, dominada pelo facilitismo e a ideia de que os objectivos estão à partida alcançados, ensinar e aprender são sobretudo trabalho. Ambas exigem dedicação, esforço, competência, a todos quantos nelas estão envolvidos.
Assim sendo, a relação pedagógica, elemento absolutamente fundamental do processo educativo, não pode nem deve ser igualitária. Os seus intervenientes, professores e alunos, têm papéis bem distintos: aos primeiros, exige-se que exerçam a autoridade, aos segundos, que a acatem. Com normalidade mas, sobretudo, sem ver nesse exercício qualquer tipo de autoritarismo ou atropelo à democracia.
É isto que se tem vindo a perder, nas últimas décadas, no nosso país, com as políticas educativas dos sucessivos governos e ministérios da Educação. Eles são os principais e primeiros causadores do desastre social a que chegámos, cujas consequências são agora, por demais, evidentes. Não adianta, por isso, escondê-las. Importa, isso sim, denunciá-las, explicá-las, desmascarar os seus responsáveis. Porque ontem já era tarde!
Março 20, 2008 at 3:22 pm
Ecos:
http://clix.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/272662
Março 20, 2008 at 3:23 pm
Quanto pior, melhor, bem dizia o outro.
Quando as coisas chegarem ao ponto que já não o tolere a menpr decência pessoal e colectiva, oh, talvez se inicie o retrocesso. E então é deixar, ao gosto da sinistra e desta como de já passadas tolerâncias. Pois, afinal, profs não são pra isso? Pra aturar a cambada enquanto os pais laboram? enquanto os pais dos crios trabalham? Pra mais em tempo de leccionação constante?, sem espaço sequer à brincadeira? Bah, deixem os putos folgar um pouco, afinal, tudo é passar o tempo, caramba!
Março 20, 2008 at 3:36 pm
O vídeo desapareceu do youtube. Agora é um caso que nunca aconteceu, não há provas da agressão à professora.
Março 20, 2008 at 3:38 pm
o vídeo desapareceu.
ver comentários em
http://blasfemias.net/2008/03/20/sai-da-frente/
e
http://origemdasespecies.blogs.sapo.pt/798553.html
Março 20, 2008 at 3:39 pm
O vídeo de que se fala circula pela Net a toda a velocidade. Aliás, foi através de mails que tive acesso ao mesmo.
E creio ser uma belíssima base de reflexão.
E repito. No programa “prós e prós” da RTP1, João Lobo Antunes referiu-se a um seu aluno de Medicina que estava de tlm…lembram-se!?
Registei.
Se João Lobo Antunes tivesse pela frente uma situação destas, como reagiria?
Março 20, 2008 at 3:45 pm
O que me choca no video é a filmagem e a reacção da turma. O resto já todos conhecemos. Mas para os que dizem não conhecer, realmente, é sempre bom recordarem as “piratarias que faziam (fazíamos) aos deles/nossos professores”. E recordar que trabalhamos com JOVENS e não com adultos. Pelo que o cuidado da 5 de Outubro deveria ser redobrado. Infelizmente, ha três anos, é o oposto.
Que consequências sociais!!!!!!!!? Nem é bom pensar!
Março 20, 2008 at 3:56 pm
Março 20, 2008 at 4:05 pm
Paulo, só coloquei o comentário para explicitar a minha decisão sobre a colocação do vídeo no blog, não contestar a tua por não o colocares. Penso que ambas as posições têm o seu mérito e contribuíram para que aqui se assistisse a mais um debate bem interessante.
Há dias que passo mais tempo no teu blog do que no meu. :))
Março 20, 2008 at 4:05 pm
*Há dias em que… (Correcção)
Março 20, 2008 at 4:21 pm
Para falar sobre o mesmo…Na minha escola estão avisado que não é responsável pelo desaparecimento de telemóveis e que naos os devem usar na aula. No entanto um telemóvel desapareceu a uma aluna do 5º ano e a EE foi à escola a pedir explicações. Acabou por ir apresentar queixa à policia.
Não vale a pena enterrar a cabeça na areia e fingir que nada acontece.
Março 20, 2008 at 4:25 pm
brit,
“eu fiz um link. A questão é perguntar se o tal aluno do 9ºC pediu autorização.
Mais umas vezes as questões de fundo se perdem… Não vou aqui perder tempo a discutir a colocação de um link, quando a questão de fundo é bem maior…”
Quando procedemos à divulgação de materiais, mesmo através de link, não podemos deixar de ter em consideração aspectos tão simples como a identificação das fontes, os eventuais direitos de autor/propriedade intelectual e, em casos extremos, a eventual afectação da imagem de alguém, que, sem o seu conhecimento, se vê publicamente exposto no exercício de uma actividade pública mas reservada.
Eu faria o mesmo compasso de espera mental que levou o Paulo a não divulgar, ainda que a intenção fosse daquelas que vão preenchendo a metáfora do inferno. No seguimento da conversa, mais duas ou três considerações: (i) O/s aluno/alunos que recolheram imagem são inimputáveis e exibem estes “troféus” como a sua coroa de glória. Eles sabem que, por princípio, nada lhes vai acontecer, além de – façam o que fizerem -, terão o mesmo certificado do 9º ano, como todos os outros; a mensagem vem do alto!
A questão da ética, sem ir muito longe, deve entender-se como uma reflexão sobre o bem e o mal e, dando de barato que uma ética utilitarista, no seu formato simplista, advoga o maior bem para o maior número, a divulgação do link e do vídeo, fica em que fronteira? nem vou responder. Para além da ética, também o pudor me tornava difícil optar pelo sim da exposição.
Podem parecer questões sem fundo, ou com pouco fundo, como refere brit, mas por aqui também se vai saindo do armário e se legisla a caça aos fantasmas, ou fundamentalmente por aqui.
Estes vídeos têm contudo um estranho (vantajoso?!) efeito: servem para documentar, até como memória futura, até que ponto se deixou – sempre com a superior batuta de ME – degradar o exercício da actividade docente e de como o novíssimo, e já suspenso, estatuto do aluno, não trazendo nada de novo para a defesa de uma escola e de um ensino de qualidade, ainda aprofundará mais a sua degradação se a tempo e horas não se evitarem os estragos.
Soube, entretanto, que a Margarida Moreira Charrua vai abrir um inquérito, vou desejar que a professora não seja ainda mais “bombo da festa”.
Março 20, 2008 at 4:37 pm
Aqui vai uma resposta muito simples:
O Fernando perguntou-me se me poderia citar no seu comentário?
Ao citar-me declara-se responsável e subscritor das minhas afirmações?
Não está a divulgar o meu comentário, citando-o, pois poderá haver quem não tivesse lido o comentário original?
É engraçado que a ética funciona para uns e não para outros. Por menos que goste da ministra, não me lembro de ninguém colocar a questão da ética quando circulou o famoso vídeo de Santa Maria da Feira…
Março 20, 2008 at 4:38 pm
Peço desculpa. O comentário anterior dirige-se a jcosta e não a Fernando. Falha minha.
Março 20, 2008 at 5:27 pm
Acho que estamos a ver as coisas do lado errado. Se na televisão, na internet, ou nos jornais, virmos imagens ou filmagens de situações chocantes, que merecem reflexão, quer dizer que não as podemos também publicar, de modo a divulgar e a fazer uma reflexão crítica? Eu também publiquei no meu blog, pois é um vídeo retirado de uma plataforma digital de publicação de vídeos. Se alguém errou foi quem filmou! Tendo em conta a situação grave que mostra, tem todo o sentido divulgar para que certas pessoas, cegas, vejam o que realmente se passa nas escolas!
Março 20, 2008 at 5:59 pm
Curiosamente o governo até quer legislar e proibir os piercings por questões de saúde pública, enquanto noutras matérias se pactua com a destruição das relações de respeito e se alimenta a insanidade pedagógica.
Os problemas decorretes da colocação de uma tacha no mamilo são mais relevantes para o interesse público do que a perturbação causada pela utilização do telemóvel na sala de aula, a ponto de se querer proibir a primeira e continuar a tolerar a segunda.
Governantes, pais, docentes, alunos e terapeutas da vida saudável parecem estar de acordo em preservar uma juventude saudável.
O desvario toca a todos quando já ninguém consegue perceber o que é realmente importante e o que não passa de arregimentação por padrões de corrupção moral e de desprezo pelo Outro.
Este baralhar de questões privadas e públicas, esta incapacidade de perceber o que remete para o foro da liberdade individual e o que conta como atitude responsável no espaço público, faz parte da dominação absoluta do Capital sobre todos e cada vez mais ínfimos aspectos da Vida.
Depois de expropiados ou dispensados da responsabilidade moral, os sujeitos já não sabem (como dizia B. Russel) quando começarão a uivar
Março 20, 2008 at 6:19 pm
A verdade nua e crua esta no ar. O vídeo anda neste momento à velocidade-luz por rádios e Tv´s…Violência na escola não é nova e não é de ontem. Não podemos fechar os olhos só pk foi documentada.
Acho bem que tenha sido documentada e haja medidas de prevenção contra isto.
Para não voltar a ver estas cenas tão tristes.
Professores unidos em prol de uma melhor Educação, right?
Março 20, 2008 at 6:21 pm
Uma pergunta para todos aqueles que criticam a publicação do vídeo: como é que viram o vídeo? Certamente não vos caiu no vosso computador! E se consideram grave esta situação, obrigatório de ser discutido e criticado, como o poderiam fazer se não o tivessem visualizado nalgum blog, ou nalgum mail que vos tenham enviado? A partir do momento em que este vídeo foi tornado público (ilegalmente ou não) passou a ser do domínio público, e não poderemos fechar os olhos por essa razão! Esta situação é demasiada grave para não se tornar público!
Março 20, 2008 at 7:29 pm
Brit,
Algumas considerações sobre as suas pertinentes perguntas:
Quando escreve:perguntou-me se me poderia citar no seu comentário? Como estamos numa plataforma de comentários, sem reserva de contraditório, desde que respeitadas as regras em uso para uma citação, nao encontro impedimento legal ou ´etico para me restringir nesse direito, até porque daí, não resulta objectivamente qualquer prejuízo para quem é citado. Considero a questão “irrelevante” para o esclarecimento da matéria em questão.
Ao citar-me declara-se responsável e subscritor das minhas afirmações? Como chegou a tão implícita conclusão? As duas realidades não são comparáveis e, por isso, está a laborar em inacreditável falácia: A professora, na sala de aula, foi gravada (som e imagem) contra a sua vontade e posteriormente o video foi tornado público, sem autorização! O que o/a brit fez, foi (e isso não se faz…) comparar um comentário, citado numa plataforma pública, feito livremente, sem reserva, certo?
Não está a divulgar o meu comentário, citando-o, pois poderá haver quem não tivesse lido o comentário original?
Os danos “colaterais” que imagina levantam várias questões; fico-me por uma: Então comenta na suposição de não ser lida por alguns e considera prejuízo seu se eventualmente for citada, por ser lida por quem não leu? Está a brincar, não?!
Poderia eventualmente reclamar, com justiça se lhe retirassem parte do comentário do contexto e lhe dessem um uso indevido. Não foi o caso, pois não?
É engraçado que a ética funciona para uns e não para outros. Por menos que goste da ministra, não me lembro de ninguém colocar a questão da ética quando circulou o famoso vídeo de Santa Maria da Feira…
Não tem graça nenhuma!
Não gosto do que a ministra faz. A ministra, como pessoa, é-me indiferente. Saiba: A ministra, em Sta Maria da feira, actuou como política, logo como figura pública que deve ser escrutinada pelos seus actos. Teve um comportamento público indecoroso, perante o público e a comunicação social: Ninguém a obrigou a ser ministra; é (será?) detentora de um cargo público e o que faz, no desempenho das suas funções, interessa-nos e deve ser divulgado. Comparar as duas situações insere-se dentro do mesmo tipo de raciocínio falacioso. Para o puritanismo americano até a privadíssima alcova é motivo para demissão .
Quanto ao “visiense”, apenas um senão, leia de novo o meu coment 42.
Se possível acompanhem o caso com humanidade e imaginem-se no lugar desta professora.
Uma nota final: muitos vídeos têm sido retirados do Youtube, exactamente por razões próximas ou confinantes com o que defendi e defendo.
Março 20, 2008 at 7:37 pm
A expressão usada na parte final do meu comentário (49):
É engraçado que a ética funciona para uns e não para outros. Por menos que goste da ministra, não me lembro de ninguém colocar a questão da ética quando circulou o famoso vídeo de Santa Maria da Feira… que, inadvertidamente, não foi colocada em itálico é de “brit”. As minhas desculpas.
Março 20, 2008 at 7:39 pm
Caro Brit com
Não me parece que, em termos legais, a situação de Santa Maria da Feira seja comparável com esta. Trata-se do direito à imagem, que no caso das figuras públicas tem tratamento jurídico diferente. Por exemplo, seria absurdo que um jornal, cada vez que pretendesse publicar uma fotografia da ministra da educação, tivesse de lhe pedir autorização! Nos restantes casos, a utilização da imagem de alguém só é legal mediante autorização. Parece-me, no entanto, que é importante a divulgação deste tipo de situações, mas de modo a que não seja possível identificar as pessoas envolvidas (como está a fazer a SIC notícias neste momento, por exemplo).
Março 20, 2008 at 9:14 pm
A pseudopsiquiatra na SIC desvalorizou. O telemóvel é uma extensão da pessoa, disse ela. Ou seja, a professora – mazona – é que procedeu mal! Acho muito bem. Deixem os alunos levarem tudo – absolutamente tudo – o que seja uma extensão do seu corpo para a escola!! Senhores professores, se algum aluno tornar a AGREDIR-ME e a atingir-me na minha dignidade pessoal, VOU À POLÍCIA!!! nÃO QUERO MAIS SABER DO PROFESSORALMENTE CORRECTO. Eu respeito. Quem me desrespeitar vai a tribunal dizer porquê! É a vida! Chega de paninhos quentes!!
Março 20, 2008 at 11:34 pm
Doctor x,
Pois. Vai à polícia. Não precisa, a polícia que vai às escolas saber quantos de nós andam indignados,ou estão dispostos a ir até Lisboa, comprar uns sapatitos Prada ou um fatito Armani também pode recolher as nossas queixas e entregá-las ao Zangado. o maior problema, problema sério mesmo, está nos tribunais. Um dia destes, depois de tanto esforço a desacreditá-los, vão acabar com eles e só por sorte teremos um perto de nós. Vai ser tão difícil ir ao seu encontro que mais vale arranjar uma solução caseira. Não foi o sr. prof. dr. engenheiro David Justino que informou que esta miudagem sabe mais do que nós? Então? Dão eles as aulitas; é fixe, é divertido e ninguém se aborrece.
Março 20, 2008 at 11:59 pm
Ainda sobre a questão do vídeo.
Apenas a RTP1, que de imediato pediu desculpa por ter editado o filme sem proteger os intervenientes [o que não a isenta de um comportamento reprovável], tendo-o feito posteriormente ao exibir, de novo, as imagens, todos os outros canais o fizeram protegendo, de acordo com a ética e com a lei, os rostos dos intervenientes captados.
para o Visiense:
O que se torna público, por esse facto, não passa a ser do domínio público, se o que se torna público, é privado. Há é um crime! E um profundo desconhecimento da lei e da ética, bem como de casos semelhantes que, em tribunal, têm sido decididos com a condenação dos prevaricadores.
O facto de estarmos perante uma situação grave, determina que a devemos divulgar protegendo, como fez a c. social, a identidade dos intervenientes. Podemos não dar crédito à justiça mas fazê-la na praça pública, não a melhora, pelo contrário. O que nós (?!) queremos é erradicar e não potenciar ou aumentar o sofrimento das vítimas, que nos devem merecer respeito mesmo quando consideramos que os nossos actos as não afectam.
Março 21, 2008 at 12:41 am
Picareta
Quando começaremos a uivar?
B. Russel já faleceu em 1972 e a uivar já andamos todos. Ou talvez os lobos entendam melhor os uivos entre eles que nós as palavras (os nossos uivos) uns dos outros 🙂
Março 21, 2008 at 7:54 pm
jcosta, não me diga que se deu ao trabalho de responder às minhas questões deixadas no ar… Agradeço a preocupação, mas não era necessário. Sei muito bem quais eram as respostas…
No entanto, merecem reflexão… a ética não é tão linear como muitos querem fazer crer.
A minha decisão de divulgar o vídeo foi tomada após reflexão… Não foi ver o vídeo e colocá-lo a correr no blog.
Fui a primeira a colocar nos comentários a minha justificação para assim o fazer, não porque alguém ma tivesse pedido, mas porque achei que o Paulo assim o merecia, uma vez que coloquei o link num dos posts dele, nada mais. Da próxima vez se calhar uso o mail… lol
Para outras demais considerações sobre ética, contacte a quem servir a carapuça.
PS: Nunca referi no blog, embora tendo a informação em minha posse logo de início, de que escola se tratava… Repare que eu poderia perfeitamente tê-lo feito, mas não o fiz.
Março 21, 2008 at 7:56 pm
Para snafu, o vídeo a que eu tive acesso relativamente a Santa Maria da Feira e que foi colocado no youtube foi filmado por particular, não pelos OCS. Mas esse foi apenas um dos exemplos que eu poderia ter dado.
Março 22, 2008 at 12:37 am
Brit:
Não há desvios.
ainda sobre a ética, “que não é tão linear…”, pudera! por isso lhe respondi. É preciso olhar as questões ponderando a nossa intenção e os seus efeitos. Nos debates, por termos posições diferentes, a questão não é de “carapuça”, é mesmo de procura pelo melhor, sem com isso magoar ou prejudicar os outros. Não se agaste, conteste. É por aí que nos descobrimos à procura das melhores soluções e, imagino, será esse o seu empenho, sendo também o meu.
nb. O facto do vídeo de Sta Maria da Feira ser filmado por um particular, apenas levanta uma questão: direitos de autor. Nada mais. A srª ministra estava num local público, como membro do governo, representando-me! Eu preciso de saber como sou representado para dispor de livre arbítrio nas minhas escolhas. Estamos perante duas situações incomparáveis.
Março 22, 2008 at 5:28 pm
Na obra «DE PUERIS» («A CIVILIDADE PUERIL»), que Erasmo escreveu há uns bons 5 séculos, referem-se as bases de uma educação infantil considerada adequada para os padrões da época, tendo sido escrita para ajudar os encarregados de educação a fazer aquilo que essa mesma designação pressupõe: educar.
*
Ora o espantoso é que, passados tantos anos, a grande maioria daquilo a que chamamos “normas de convivência”, “de civilidade” ou, mais correntemente, “de boa educação”, lá referidas, estão perfeitamente actuais.
São coisas como «não escarrar para o chão; não fazer ruído ao assoar-se; não mastigar com a boca aberta; não rapar o molho da travessa; não pôr os cotovelos em cima da mesa; fazer as necessidades recatadamente; exprimir-se com moderação; respeitar os idosos e os mestres…», etc., etc.
A única falha a apontar é a ausência de um capítulo sobre o uso de telemóveis nas salas de aula – mas ninguém é perfeito…
.
Março 23, 2008 at 8:05 pm
jcosta, retiro a questão da carapuça… tem razão nisso.
Voltando à ética:
1. Divulguei um vídeo no blog. Esse vídeo era já do domínio público, pois foi um colega meu que me indicou o link no MSN. Eu sabia perfeitamente que mais hora menos hora o mesmo iria circular por emails e afins, como aliás veio a acontecer. (Eu não o enviei por mail a ninguém.) Achei que o assunto merecia uma reflexão mais profunda, como já expliquei aqui e por isso coloquei o video no blog. Continuo a referir que a questão da ética deve ser colocada a quem filmou, assistiu, riu e colocou na net.
2. Ao contrário de outros não divulguei nunca a escola em questão, embora soubesse desde o início de qual se tratava.
3. Coloquei este vídeo, como podia ter colocado outro qualquer do youtube para chamar a atenção para algum problema/alguma situação.
4. Se eu tivesse colocado um vídeo do youtube que se tivesse passado nos EUA sobre a mesma problemática, alguém aqui viria colocar as questões que colocou?
5. Não tenho os conhecimentos técnicos para “tapar” a cara dos protagonistas…
6. Não foi só a ministra que apareceu nas filmagens… mas pronto. Da próxima vez terei de arranjar um argumento melhor. 🙂
Março 24, 2008 at 8:18 pm
brit,
Ambos compreendemos já o que está em causa.
O meu empenho, o seu e de tantos que por aqui comentam ou simplesmente aparecem, assenta num objectivo claro: reflectir,procurar o melhor para o ensino|educação mas, sem dar o flanco, se possível.
Abr.