Longa entrevista, dada a António Ribeiro Ferreira, autor de um dos artigos de opinião mais trauliteiros das últimas semanas sobre os professores.
Por ser longa e se espraiar por diversos afluentes não é possível uma análise rápida de tudo o que é dito. Embora seja globalmente uma entrevista boa, clara e dando muita informação útil para quem queira perceber destes assuntos sem ser por soundbytes.
Pontos positivos: a existência de uma proposta comum dos catorze sindicatos para negociação com o ME. A desmontagem do discurso ministerial que procura fazer confundir avaliação com classificação.
(…) a senhora ministra confunde, ou se não confunde quer que as pessoas confundam. Confunde duas coisas. Avaliação com classificação. Os sete mil de que a senhora ministra fala, não sei se são ou não, mas o Ministério certamente saberá e certamente fala verdade, são os contratados que necessitariam de ter uma classificação de serviço. Mas a classificação é o último passo de todo o processo. Ou seja, o processo de avaliação tem entrevistas, tem observações, tem fichas, tem isso tudo.
Pontos negativos: o não se perceber (ainda) muito bem qual seria o modelo formal da avaliação proposta pela Plataforma Sindical e alguns desvios de linguagem desnecessários que acabam em manchete, quando o jornalista é o que se já sabia.
Março 16, 2008 at 12:42 pm
“Repararam na figura triste da ministra da educação? Parecia o Emplastro a bater-se às câmaras !”
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1322734&idCanal=58
Março 16, 2008 at 12:54 pm
Tenho pena que metade da entrevista não tenha sido publicada no jornal impresso, tendo-se ficado pelo jornal online. Para quem quiser ler a entrevista completa, aqui vai o link: http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=281805&idselect=229&idCanal=229&p=200
Achei uma excelente entrevista, a clarificar muitos assuntos, nos quais existem muitas opiniões, mas pouco conhecimento!
Março 16, 2008 at 12:57 pm
Eu não gostei.
Março 16, 2008 at 1:19 pm
E quem não gostou porque não gostou?
É certo que ficava bem a apresentação de uma proposta de avaliação pelos sindicatos, mas, pergunto-me, será que é aos sindicatos que compete a apresentação de propostas de lei?
Geralmente é do lado de quem exige aos sindicatos a apresentação de alternativa que vemos afirmar que o governo tem a legitimidade conferida em eleições para fazer as leis que bem entenda.Contradições.
Março 16, 2008 at 1:33 pm
Pêndulo,
Os sindicatos não se podem limitar a recusar ou a mudar as vírgulas das propostas, como o próprio MN declarou algures.
A entrevista não é nada má e é bem longa, com aquela espécie de jornalista razoavelmente calado, ao que parece.
Tem lá umas coisitas que enfim, mas quase nada é perfeito, tirando uma músicas pop, meia dúzia de filmes do Hitchcock e outros tantos do Woody Allen.
Março 16, 2008 at 1:34 pm
E uns quantos álbuns de banda desenhada, claro.
(entre as coisas perfeitas)
Março 16, 2008 at 1:47 pm
Da entrevista, parece-me positivo:
– a ideia de que 14 associações conseguiram chegar a consenso;
– a referências aos aspectos contraditórios do discurso ministerial;
– a ideia de que é preciso avaliar o modelo de gestão e autonomia existente e só depois propor outro (ou alterar o que existe);
– a demonstração da propaganda que o ministério usa para denegrir a imagem dos professores;
– a referência à indisponibilidade da ministra para negociar com os sindicatos;
– o conhecimento que Mário Nogueira revela do funcionamento do sistema educativo.
Parecem-me aspectos mais fracos:
– a utilização de um registo de língua familiar, em algumas (poucas) passagens;
– o facto de não ter explicado a proposta que apresentaram ao ministério (esta ideias já tinham sido apresentadas pelo Paulo).
Março 16, 2008 at 2:05 pm
Sócrates a tentar saber as previsões para as próximas eleições….
A vidente concentra-se, fecha os olhos e diz:
– Vejo o senhor a passar numa avenida, num carro aberto, e uma imensa multidão acenando…
Sócrates sorri e pergunta:
– Essa multidão está feliz?
– Sim, feliz como nunca!
– E eles correm atrás do carro?
– Sim, a toda a volta do carro. Os batedores têm dificuldades em abrir caminho.
– Eles carregam bandeiras?
– Sim, bandeiras de Portugal, e faixas com palavras de esperança e de um futuro muito melhor…
– Eles gritam, cantam?
– Gritam frases de esperança “Agora sim!!! Agora vai melhorar!!”
– E eu, como estou a reagir?
– Não dá pra ver.
– E porquê?
– Porque o caixão está lacrado…
Março 16, 2008 at 2:07 pm
Agradeço ao visiense a informação do link com a entrevista completa. De facto, é muito esclarecedora quanto às posições da Fenprof. A forma clara e objectiva como Mário Nogueira respondeu às diversas questões demonstra um conhecimento muito completo dos dossiers e deixou o entrevistador sem margem para a desinformação. Á dada altura, até desabafa: Isso não sabia.
Só um senão. MN dizer que é adepto ferrenho do Sporting. Ninguém é perfeito.
Março 16, 2008 at 2:10 pm
Por favor não encares este comentário como uma crítica, é uma sugestão: para quê dar tanto eco a certos disparates que por aí se lêem? Gostava de ler aqui mais elogios a professores que, apesar de indirectamente serem tão maltratados e até insultados pela “vox populi”, continuam a fazer o seu trabalho com uma qualidade a toda a prova. Também gostaria de saber como é que tu definirias um professor inovador.
Março 16, 2008 at 2:15 pm
Paulo,
Eu salientei a contradição de quem ataca a Plataforma Sindical que me parece ridícula.
Um sindicato existe para defender os interesses dos seus sócios, de forma corporativa, não há que ter medo de o assumir. Um sindicato de professores existe para o bem estar dos professores, não dos electricistas, dos médicos e até dos pais.Dito isto entendo que a Educação, de que os professores são parte integrante é assunto de tal forma abrangente e fundamental de qualquer sociedade que aos professores e suas organizações como os sindicatos, até por também serem pais, cabe um papel que ultrapassa a mera esfera profissional. Não há o tal bem estar no exercício da profissão no seio de uma sociedade problemática, tudo se reflecte na sala de aula. É por isso que concordo com o Paulo. É no seu próprio interesse que os sindicatos devem apresentar propostas. Além disso nas actuais circunstâncias seria um trunfo importantíssimo a apresentação de uma proposta que fosse bem divulgada fora dos limites da classe. Uma proposta clara e entendível pelo grosso dos portugueses. Ao ler a entrevista a Mário Nogueira fiquei esclarecido sobre muita coisa que ignorava. Como o Paulo diz é uma entrevista boa, gostei, todavia como não professor fiquei sem saber qual a proposta da Plataforma. E nisso também dou toda a razão ao Paulo.
É a mim e a outros como eu que não são professores que a mensagem dos sindicatos tem de chegar. A Plataforma sabe disso ou não teria organizado a manifestação. Eu já vi que há muita coisa errada nas leis agora aprovadas. Falta-me ver como deveria ser.
No vosso interesse, vós professores, têm de me convencer a “mim” do correcto.Porque é a “mim” e aos milhões de “mins” não professores que o Governo teme. Falta isso para uma defesa eficaz dos interesses da vossa corporação que em muito são coincidentes com os meus. E é nessas coincidências que eu estou convosco. Eu e os outros. Fora delas estamo-nos borrifando para os professores e para as injustiças de que sejam vítimas. É triste mas é a verdade.
E faltou isso a Mário Nogueira.
Março 16, 2008 at 2:25 pm
Esse está a ser o nosso ponto fraco, já aqui o disse hoje, por outras palavras. É preciso demonstrar que há melhor do aquilo que nos propõem, no interesse dos alunos, dos professores, das famílias. E que a escola pública tem de ser de qualidade, a bem dos alunos e do seu futuro.
Março 16, 2008 at 2:44 pm
O “Pêndulo” diz “estamo-nos borrifando para os professores e para as injustiças de que sejam vítimas”. É uma linda forma de pensar e muito sábia e válida para educar os jovens. Nós os professores damo-nos conta, através de muitos dos nossos alunos, de que é essa a formação que lhes é dada em casa. Diz-se na minha aldeia: estando eu bem, comigo ninguém se incomode. Vou imprimir e levar para discussão na aula de Cidadania!
Março 16, 2008 at 2:47 pm
Repudio o post 13! É o grau zero do que quer que seja!! Se esse internauta é professor é LAMENTÁVEL!!!
Março 16, 2008 at 2:55 pm
Pendulo,
Tens toda a razão no teu comentário 11.
O ME debita demagogia por todo o lado, durante 3 anos, e os sindicatos que têm meios poderosíssimos para reverter esse discurso, basta pensar que têm o contacto de dezenas de milhares de professores, etc,
continuam a não conseguir passar a mensagem essencial para a opinião pública.
Março 16, 2008 at 3:00 pm
…para que conste e dê força a outras escolas…
“Ontem, 15 de Março, por unanimidade e com a presença de todos os membros (incluindo alunos, representantes dos pais e do pessoal não docente), o Conselho Pedagógico da E.S.Estarreja suspendeu a aplicação da Lei 3/2008.
Bom fim de semana
morfeu
Março 16, 2008 at 3:06 pm
O se ter conseguido a Plataforma Sindical foi uma vitória. Foi necessário ultrapassar MUITOS azedumes (razões de facto) entre sindicalistas dos varios sindicatos.
Posições negociais concertadas junto da tutela é um (grande) êxito.
Gabinetes jurídicos fortes (a fenprof tem).
Pois.
Março 16, 2008 at 3:07 pm
…as minhas desculpas…no comentário 17, deve ler-se “Lei 2/2008” e não “3/2008”.
Morfeu
Março 16, 2008 at 3:10 pm
o comentário 13 é lastimável mesmo que seja de 1 não professor
Sócrates, se o seu português já é suficientemente mau (mas lá se vai compreendendo), porque insiste no inglês e castelhano técnicos?
Março 16, 2008 at 3:16 pm
Aplausos para Estarreja!
Março 16, 2008 at 3:18 pm
por que ou porque? (é que sou da científica) lol
quanto às propostas dos sindicatos e movimentos, devem pressupor sempre uma revisão do ECD.
Março 16, 2008 at 3:18 pm
Fartei-me de rir a ouvir o nosso primeiro a hablar. rsrsrsrs
Março 16, 2008 at 3:24 pm
Parabéns aos colegas e EE de Estarreja.
Março 16, 2008 at 3:24 pm
Citizen:
Veja aqui:
http://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=193
Março 16, 2008 at 3:26 pm
Os Sindicatos continuam a avisar que vivemos num Estado de Direito
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=333612&visual=26
Março 16, 2008 at 3:37 pm
Não resisto a mais um texto do blog “Almocreve das Petas”.
Quem se mete com o PS …
… leva com 7.000 (sete mil) almas, que graciosamente viajaram de “Elvas, Resende, Reguengos, Montalegre, Idanha-a-Nova, Guimarães, Castelo Branco” de lábios abertos e olhos entaramelados, para a cidade do Porto, para o comício dos 3 anos de governo.
A energia desses validos da União Nacional, contou ainda com a presença rija de altos funcionários do Governo, como a laureada Maria Lurdes Rodrigues (exterminadora da escola pública), o sr. Manuel Pinho (enternecido ministro da coisa económica), o irresistível Augusto Santos Chavez (restaurador do conchego democrático), o cintilante padrinho Almeida Santos (génio da civilização indígena), o vigário par(a)lamentar Alberto Martins (astro da pia Assembleia Nacional), o alevantado José Lello (sábio pensador do futebol) & outras inclemências da rosa.
Consta que foi imponentíssima a recepção, com o brilho e o aparato de antanho. As caprichosas toilettes da estação, em louvor do sr. Presidente do Conselho, colheram grande luzimento e apreço, principalmente entre o corpo da blogosfera acreditado junto do governo e que vem comentando com brilho e inexcedível competência técnica a situação da nação.
Do grupo excursionista, registe-se a eloquente prelecção, com que deliciou o espírito da canalha, feita pelo sr. Jorge Coelho – e que nos disse não têm “qualquer cargo político ou partidário” sendo “um cidadão que trabalha e vive do seu trabalho” -, que após trepidante fugidela da consultoria da Mota & Engil, e ainda ofegante de vitalidade e talento, excedeu com as suas impressões inapagáveis o espírito dos fiéis. O auditório aplaudiu freneticamente, em especial quando o sr. Coelho fez a oração de louvor à defunta educação. Por último o eng. José Sócrates disse qualquer coisa, decerto importante que, seguramente, o sr. José Miguel Júdice esclarecerá e o sr. Henrique Monteiro ilustrará no seu jornal.
Eis tudo!
Março 16, 2008 at 3:38 pm
Maria, obrigado
por que, então. 🙂
Março 16, 2008 at 3:55 pm
filhos da… dívida
“Filhos da dívida
Somos todos filhos da dívida. Esse vírus que, ciclicamente, assalta as contas do Estado. Se houve “hackers” antes do tempo da Internet, eles chamaram-se “vírus do défice”. Pelo menos em Portugal. Não custa perceber que este temível vírus tenha atacado as defesas do sector da Educação no nosso país. Nele há muito que os professores se tornaram o alvo favorito dos pelotões de fuzilamento do Ministério da Educação, que vão fazendo leis, regulamentos e outros delírios, sem se preocuparem com a criação de um sistema onde não reine o facilitismo, a mediocridade e a burocracia. Para o ME, há já muitos anos (e Maria de Lurdes Rodrigues é mais um Capuchinho Vermelho inocente à espera de ser devorada), o que interessa são valores de igualdade, que é como quem diz de criação de um ensino cheio de mediocridade (que eles justificam como “igualdade”). A isso junta-se um PS atordoado, que não percebe que os professores são uma das suas mais fundamentais bases de apoio sociológico, um Augusto Santos Silva que vive no ilusório mundo de tentar perceber se há comunistas debaixo da cama (lembrando a Fonte Luminosa, no tempo em que estava do outro lado da barricada), uma PSP a ir às escolas sem se entender por ordem de quem (e nem um pio governamental sobre o assunto) a uma oposição que quer é tornar-se uma versão laranja de Sócrates (o meu partido é como uma seara igual, quando algo desponta acima da linha, lá vem a ceifeira, diria o célebre Todor Jivkov). Começamos todos a ser filhos de uma dívida com o futuro do país.”
http://www.negocios.pt/default.asp?Session=&SqlPage=Content_Opiniao&CpContentId=313360
Março 16, 2008 at 4:04 pm
O comentário 13 é de facto lamentável até porque toda a gente sabe que o nosso 1º é adepto da necrofilia.
Março 16, 2008 at 4:07 pm
Para descomprimir~
neste blogue:
http://asvicentinasdebraganza.blogspot.com/
“Era um horror, ver a mulher, completamente esbugalhada e cheia de comprimidos, a olhar, de um lado para o outro, à espera do primeiro tomate no focinho, mas não veio, o Augusto Santos Silva amparava-a de um lado, e os seguranças da Lady Castilho atrás, não fosse estoirar algum palestiniano da Al-Qaeda da 5 de Outubro, e, de repente, um grito, cá do fundo, como no antigamente, “Viva Salazar!…”, lá, lá, lá, ah, sim, “AH, GRANDE MINISTRA!…”, coitada, 1,55 m., mais os encolhimentos próprios da idade, que levam a coluna a tornar-se a encurvar-se para baixo, até à forma clássica do nariz a arrastar pelo chão, das velhas recolectoras do saco, mas a Tia Ambrósia de Vilar de Maçada estava eufórica, o petróleo a $111U.S., um dia, a coisa transborda sobre o preço de tudo, quer dizer, imagine um “Simplex” em que, de repente, o preço de todos os géneros subia 5 vezes, e você ia-se sentir gratificadíssimo por ter um Governo à altura, mais um ano e meio desta merda, e vão acontecer coisas muito más, desde as fissuras da Ponte — é só fumaça!… — e depois vem um …”
Março 16, 2008 at 4:08 pm
Aconselho um pouco de riso para não andarem tão sisudos:
http://asvicentinasdebraganza.blogspot.com/
Março 16, 2008 at 4:08 pm
Vou eliminar o comentário anteriormente conhecido por 13.
Março 16, 2008 at 4:12 pm
Não sei que anda utilzar o meu nome para dizer barbaridades, mas renego desde já todas as declarações feitas aqui em meu nome.
Embora não goste de tal personagem não levaria esse meu ódio a semelhante baixaria.
quero lá saber se é homo, bi, ou o raio que seja não é por aí que o devemos atacar.
Março 16, 2008 at 4:18 pm
http://sol.sapo.pt/blogs/arrebenta/default.aspx
Divirtam-se em leituras domingueiras.
Março 16, 2008 at 4:20 pm
Entevista interessante na revista do JN com o autor do blog ” A educação do meu umbigo”.
Março 16, 2008 at 4:22 pm
Hoje?
Paulo, publica se fazes favor, não consigo arranjar esse jornal por aqui.
Março 16, 2008 at 4:25 pm
É um jornal do Norte. Também gostei do felino que aparece na fotografia!
Março 16, 2008 at 4:26 pm
Ainda bem que o post 13 foi iliminado, ainda mais porque se serviram do nick de um outro internauta. Isso é grave!!
Março 16, 2008 at 4:28 pm
Olha olha o senhor guinote está FICAR FAMOSO!
qUALQUER AINDA LHE DÃO UM LUGAR NA fne , OU ATÉ, QUEM SABE , NO cONSELHO DE EDUCAÇÃO.
Março 16, 2008 at 4:31 pm
Senhor contra a maré, com a pressa, deixou de fora uma série de letras. Componha-se homem. Como dizem os brasileiros, não vá com tanta sede ao pote! Respire.
Março 16, 2008 at 4:33 pm
Se o Paulo não conseguir o jornal eu tenho-o e posso enviar por mail depois de fazer scann.
É só dizer.
Março 16, 2008 at 4:33 pm
Não costumo comprar o JN. Alguém pode digitalizar a entrevista?
Março 16, 2008 at 4:35 pm
Ah, creio que a revista do JN em que está a entrevista é comum ao Jornal de Notícias e ao Diário de Notícias. Parece-me que publicam a mesma revista aos domingos.
Março 16, 2008 at 4:35 pm
Já leram? Projecto para prova pública e concurso a Professor titular?
Março 16, 2008 at 4:40 pm
Pagam por letra a quem escreve estas leis, despachos , circulares, etc???
Março 16, 2008 at 4:56 pm
Bom, obrigado pela publicidade, mas realmente gostava de ver Valter Lemos à Gomes de Sá, e Lurdes Rodrigues com castanhas 🙂
Março 16, 2008 at 5:02 pm
Arrebenta
Adoro a tua forma humorística de ver as coisas.
Obrigada por nos fazeres rir nestes tempos conturbados.
Março 16, 2008 at 5:19 pm
não sei se a ministério sabe ou não dialogar, percebe-se que não quer. Sabe pressionar, manipular e, aparentemente, conta com a colaboração de órgãos de gestão que, eleitos pela via democrática, agem como correias de transmissão, antecipando o novo modelo de gestão.
Os sete mil contratados estão a ser usados como chantagem, para pressionar executivos e coordenadores. São contratados há 10, 15, vinte ou mais anos e agora quem os prejudica são os seus colegas?
Antes de 8 de Março percebeu-se que não havia condições para prosseguir com este modelo de avaliação. Daí para cá não houve qualquer alteração e subitamente o processo avança sem qualquer problema… Na minha opinião há apenas uma diferença: a trapalhada agravou-se ainda mais, se é possível. Há escolas que avançaram muito rapidamente e suspenderam o processo, há escolas que se mantiveram paradas neste aspecto e agoram decidem (sem ouvir o corpo docente) dar o salto em frente afirmando que este modelo não está em questão e olham de soslaio para quem questiona.
Há contratados que leccionam em mais do que uma escola. Numa escola exigem-lhes os planos de aula (para todas as aulas), noutra assistem-lhes a uma aula, noutra ainda poderiam dizer que o modelo “SIMPLIFICADO” significa que apenas preenchem uma ficha de auto-avavliação e são avaliados pelo C.E., e a avaliação pelo C.E. também pode incidir sobre os itens mais disparatados. Os critérios podem ser tão divergentes que o professor é considerado apto num estabelecimento e uma nódoa noutro. Não há qualquer problema, qual é a média?
Foi constituído o Conselho Científico que ainda não se pronunciou. etc etc etc e está tudo a decorrer com ¿normalidade? 100.000 calam-se docilmente no espaço de uma semana com a promessa de créditos horários, remuneração para avaliadores e C.E., alargamento do quadro de titulares?
Vamos cumprir a ordem para a desordem chamada “simplificação”? Ranger os dentes às escondidas, aplaudir em silêncio uns comentadores, odiar resignadamente outros e confessar os pecados na segurança de uma capela, esperar um redentor? Foi ontem que um ambiente destes durou meio século.
Acredito que a reforma de um sector “ainda” não se pode fazer sem os seus agentes, mas o que está aqui em causa não se pode baptizar de reforma do ensino…
Março 16, 2008 at 5:24 pm
Mário Nogueira demonstrou ser um burocrata competente e conhecedor dos dossiers técnicos sobre a educação.
Curiosamente não disse uma palavra sobre o tipo de escola que defende, sobre o tipo de realações pedagógicas que devem prevalecer e sobre o tipo de cidadania que deve estar presente.
Mesmo assim parece que os docentes gostaram.
Esta entrevista de Mário Nogueira permite ver bem o homem-burocrata competente e dedicado à causa, mas sem qualquer laivo de humanidade ou sequer uma ligeira nota de ironia ou humor, sem elevação e sem profundidade, para além do debitar contínuo de informações e estatísticas.
Diria que é uma boa réplica do Sócrates em versão PCP, e que a apreciação positiva retrata o nível de exigência a que chegámos.
A menos que se considere que um burocrata é assim mesmo, e aí então estaremos de acordo.
Março 16, 2008 at 5:28 pm
Sobre a entrevista do Merio Nogueira:
“E isso não é verdade?
– Não. O que tinha acontecido no último ano de concurso é que 80 e tal por cento dos professores tinham concorrido. O que aconteceu é que mudaram de escola 16 por cento. E isso ela nunca disse. Joga com os números.
– Isso não sabia.
– Foi isso. O número real foi esse. Só 16 por cento mudaram de escola. Repare. Não são 16 por cento dos professores. Foram 16 por cento dos que se candidataram. Isso é que ela devia dizer. E devia reflectir porque é que 80 e tal por cento dos professores concorrem mesmo sem mudar.
– Já agora porque é?
– Concorrem porque a estabilidade não só estar num sítio de que não se pode sair. Estabilidade é estar num sítio em que a pessoa se mantenha, mas que simultaneamente se mantenha com estabilidade do ponto de vista emocional e familiar.
– Este sistema, em sua opinião, não tem grandes vantagens.
– Do ponto de vista prático posso dizer-lhe que as mobilidades este ano não foram muito diferentes dos outros. Porque o concurso era anual, em teoria podiam concorrer 100 por cento dos professores, mas como cada vez havia menos vagas, mesmo com esse sistema as mudanças eram residuais”
Não é verdade que como anterior sistema mudassem apenas 16% dos professores, mas sim perto de 40%. Nas primárias sempre acima dos 50%.
Março 16, 2008 at 5:30 pm
Entrevista
2008-03-16 – 00:30:00
Entrevista CM: Mário Nogueira
Equipa da Educação não tem pejo em faltar à verdade
Pedro Catarino
Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores, afirma que os professores querem ser avaliados, mas não nesta altura do ano lectivo e com este modelo. Diz que Sócrates vai ter um ano complicado se não mudar de ministra e acusa Maria de Lurdes Rodrigues e a sua equipa de fazerem propaganda e de não terem pejo em faltar à verdade.
Correio da Manhã – Os professores aceitam ser avaliados ou não?
Mário Nogueira – Os professores acham que devem ser avaliados. Desde a primeira hora, desde os anos oitenta, quando foi aprovado o primeiro estatuto, os professores e a Fenprof assumiram um modelo de avaliação que, em minha opinião, era mais exigente que este e que os anteriores. O que não era difícil.
– Então o que é que está em causa nesta luta?
– A questão prende-se com o objectivo da avaliação. Uma avaliação, em nossa opinião, deve sobretudo ser orientada para melhorar a qualidade do desempenho dos professores e daí melhorar a qualidade do ensino. Por isso mesmo nós achamos que deve ser uma avaliação sobretudo de matriz formativa.
– O que é que quer dizer com isso?
– Deve servir para que se detectem as dificuldades, os problemas, as lacunas que os professores têm no seu desempenho. Deve servir para elaborar um diagnóstico com esses problemas e deve servir para definir estratégias que podem passar pela formação, pelo acompanhamento e pelo apoio. E podem até, no limite, e nós nunca contrariámos isso, chegando-se à conclusão que o professor não tem condições deve-se, respeitando a sua habilitação, haver um processo de reclassificação de função profissional.
– E na carreira dos professores?
– Também achamos que deve ter repercussão na própria carreira.
– Não aceitam é que condicione a progressão na carreira.
– Não. O que nós somos contra é que a avaliação se oriente sobretudo para isso. Isso está claro nas nossas propostas. E não foi fácil chegarmos a um consenso porque são catorze organizações sindicais. Mas conseguimos construir uma só. O processo começou com catorze propostas diferentes e acabou com uma só de todos os sindicatos. Todos nós fizemos cedências e procurámos assim facilitar a própria negociação.
– Foram negociar com o Ministério uma só proposta?
– Exacto. Porque uma coisa era o Ministério ter uma proposta com que pudéssemos entrar em diálogo e negociação e outra coisa era ter catorze.
– O que é então inaceitável na proposta do Ministério?
– Quando me vêm dizer que esta avaliação tem por objectivo promover a excelência e promovendo-se a excelência parte-se do princípio que os professores vão ser melhores profissionais, vão ter melhor desempenho, vão eventualmente conseguir até na sua avaliação chegar às melhores classificações e depois a promoção da excelência passa por impor mecanismos administrativos, como sejam as quotas, para que os professores não possam ver reflectidas nas classificações aquilo que é o seu desempenho é inaceitável. Somos completamente contra isso.
– Este processo de avaliação, portanto, nem pensar?
– Este processo definitivamente não.
– Querem que seja suspenso.
– Mas sabe que a questão da suspensão neste momento não tem a ver com o modelo. Se fosse o modelo que nós defendêssemos a questão colocava-se na mesma. Neste momento, sobretudo respeitando as crianças, os alunos, introduzir uma coisa que é nova no terceiro período lectivo é irresponsável. É irresponsável.
– Por causa dos testes e dos exames?
– Repare. O terceiro período lectivo é quando os alunos estão a preparar os exames, são os momentos de recuperação, os professores já têm dois períodos lectivos, já têm algum cansaço acumulado, e é quando os professores precisam de ter tudo menos coisas que os distraiam do trabalho com os alunos. Por isso, ir introduzir no terceiro período um factor de instabilidade é irresponsável.
– Essa instabilidade de que fala atinge as escolas?
– Nas escolas. Porque as escolas vão ter de reunir os órgãos, vão ter que aprovar uma série de mecanismos que significa andar a fazer reuniões, a discutir coisas que não estão discutidas, significa aprovar fichas e documentos, instrumentos que as pessoas nem sabem como se têm de fazer, porque não houve formação para isso.
– É uma complicação imensa no final do ano lectivo.
– É. E por isso nós achamos que era lógico que se deixasse, e foi isso que nós dissemos, que se suspendesse neste período.
– Aceitavam que começasse no início do próximo ano lectivo?
– Exactamente. Para que as escolas fossem avançando por si na reflexão e aprovação dos instrumentos e no outro ano começasse em regime experimental.
– Como propôs o socialista António Vitorino?
– O que o doutor António Vitorino disse tem toda a lógica. Primeira era experimental e depois corrigia-se. Muitos dos académicos e especialistas da avaliação consideram que é também aventureirista avançar com a avaliação generalizada a 150 mil professores sem ter havido um teste.
– Não houve experiência nenhuma?
– Nada. Ninguém sabe se, por exemplo, aquelas fichas com aquelas ponderações têm ou não efeitos perversos, o que é que significam no fim da avaliação. A senhora ministra tem afirmado, e muito bem, que não há modelos de avaliação perfeitos. É certo. Agora, ninguém sabe o grau de imperfeição deste. E é um bocado aventureirista e até revela uma falta de responsabilidade avançar com um modelo generalizado, um modelo que até pode ter efeitos perversos na forma como as classificações vão ser feitas. E isto porque ninguém experimentou, eles não experimentaram.
– Não de pode emendar depois de entrar em prática?
– Mas vão fazer o quê se isso acontecer? Andar a remediar, andar a remendar, andar a anular?
– A ministra afirmou que este ano lectivo apenas vão fazer avaliações aos sete mil professores contratados. Isso é não é possível?
– Isso não é verdade.
– Não é verdade?
– Não é verdade, porque a senhora ministra confunde, ou se não confunde quer que as pessoas confundam. Confunde duas coisas. Avaliação com classificação. Os sete mil de que a senhora ministra fala, não sei se são ou não, mas o Ministério certamente saberá e certamente fala verdade, são os contratados que necessitariam de ter uma classificação de serviço. Mas a classificação é o último passo de todo o processo. Ou seja, o processo de avaliação tem entrevistas, tem observações, tem fichas, tem isso tudo.
– É de facto uma grande confusão.
– É estranho. Porque a senhora ministra tem dito muitas vezes que quem contesta a avaliação fá-lo por desinformação mas a senhora ministra no seu discurso procura sistematicamente desinformar as pessoas. E isso é que não é correcto nem justo. Mas mesmo para esses professores contratados a situação é injusta. Estamos a falar de pessoas que foram colocadas no dia 1 de Setembro até final do ano. Só vão ter avaliação para este ano, porque é um contrato de um ano, e é, em nossa opinião, injusto e perigoso fazer incidir a avaliação de um ano de trabalho num período. Quer dizer, desprezar dois terços do seu trabalho e ir avaliar um terço é injusto.
– Recusam por isso que sejam avaliados?
– O que temos dito é que o Ministério da Educação encontre uma forma. Repare, durante dois anos e meio o tempo de serviço na Função Pública esteve congelado e a avaliação de desempenho estava suspensa. E há mais um aspecto curioso. A avaliação de desempenho estava tão ligada à progressão na carreira que os sindicatos durante o tempo do congelamento continuaram a dizer que as pessoas deviam continuar a ser avaliadas nesse período.
– E o que é que respondeu o Ministério?
– Como não havia progressão o Ministério achou que não valia a pena e até deu orientação para não serem avaliadas. Está a ver? Quem é que não quer a avaliação?
– Em vossa opinião, esta avaliação está associada essencialmente a quê?
– Está sobretudo orientada para definir os ritmos de progressão na carreira e a permanência na profissão.
– Apesar disso, há aspectos positivos neste modelo ou não?
– Há alguns parâmetros que poderiam estar na nossa proposta. Isso é evidente. Mas não é essa a questão. Claro que não aceitamos a questão dos resultados e do abandono escolar. É evidente que achamos que os professores devem orientar o seu trabalho para a obtenção dos melhores resultados possíveis dos alunos. Ser avaliados por isso achamos que não.
– Um professor pode chumbar 70 por cento dos alunos e ser excelente.
– Exactamente. É uma situação que deve ser analisada dentro da escola. Se numa turma 70 por cento dos alunos reprovam isso deve merecer uma reflexão. Agora avaliar um professor em função disso não.
– O Ministério diz que esse parâmetro tem um peso reduzido, cerca de 6,5 por cento. É verdade?
– O Ministério diz isso mas até pode ser mais. Nem todos os parâmetros das fichas de avaliação são aplicados a todos os professores. Veja o desempenho de cargos. Há professores que não têm cargos. Neste momento só os titulares. Portanto, a ponderação desse parâmetro vai ser distribuída pelos outros. E nesses casos o parâmetro das notas pode chegar a 10 por cento.
– São 30 parâmetros no todo?
– Sim, no conjunto de todas as fichas. Quando não se aplica um o peso desse é distribuído pelos outros e aumenta a percentagem. Mas achamos bem que seja avaliado na sua relação pedagógica com os alunos, por exemplo.
– E as observações das aulas. Concordam?
– Não somos contra as observações de aulas ou as entrevistas. O que achamos que é um bocado absurdo é que obrigatoriamente por ano os professores tenham de ter três observações. O que significa por ano meio milhão de observações de aulas.
– Mas concordam que existam.
– Sim. Mas o que nós defendemos é que a observação é um instrumento de avaliação que deveria ser utilizado nos casos de avaliação excepcional, ou para cima ou para baixo, para retirar dúvidas que existissem, em situações dúbias ou a pedido das pessoas. Não estamos nada contra isto.
– E as entrevistas.
– Também não. Em situações em que se torna necessário tirar dúvidas é aceitável que a pessoa tenha uma entrevista. Agora que obrigatoriamente, 150 mil pessoas tenham de ser entrevistadas por ano, isso é que achamos que é a burocratização do processo.
– Como é que explica então esta ruptura entre os sindicatos e o Ministério da Educação? Não é só por causa da avaliação.
– Não, eu acho que a avaliação está extremamente valorizada agora porque é uma questão muito em cima da mesa. O problema da avaliação não é o mais grave do Estatuto da Carreira. O problema é mais grosso.
– O problema está no Estatuto da Carreira Docente?
– Quando avançámos para o início da revisão do Estatuto da Carreira Docente nós tínhamos uma experiência positiva em relação aos anteriores. A última e a primeira, que foi em 1997, foi um processo em que com menos reuniões se chegou a resultados.
– No tempo do Governo de Guterres.
– Sim. Foi um processo que começou por aquilo que o secretário de Estado da altura, Guilherme d’Oliveira Martins, chamava de a comissão de partir pedra. Eram reuniões técnicas, não eram políticas, em que nós identificámos o que estava bem, em que não era preciso mexer, e o que é que estava mal. Fomos desbravando terreno até que entrámos na parte negocial, já na negociação política, que terminou com um acordo. O que mostra que nós fazemos acordos.
– A ideia que passa não é bem essa. É que dizem não a tudo.
– Vou-lhe dar um exemplo. Acho que isto é importante porque às vezes se valoriza muito a senhora ministra e os sindicatos são sempre do contra. Ainda recentemente chegámos a acordo com a Associação dos Estabelecimentos Privados (AEP) sobre a avaliação dos professores. Portanto, nem somos contra o modelo de avaliação e até temos no nosso currículo recente precisamente este acordo com a AEP. O que nem sempre é fácil, até porque os graus de dependência são superiores aos da Função Pública.
– Estava a falar nas negociações de 1997. E agora, com esta ministra, como foi?
– Nós partimos para este processo com a senhora ministra da Educação a dizer que vai fazer-se a revisão do Estatuto, vai negociar-se a revisão do Estatuto, mas nem tudo vai estar em cima da mesa, nem tudo vai estar em negociação.
– O que é que ficou de fora?
– Ficaram aspectos fundamentais. As quotas na avaliação, a questão dos resultados escolares como sendo um dos parâmetros com peso na avaliação, a divisão da carreira em categoria com um exame.
– Também estão contra esse exame?
– Nós chegámos a admitir um exame. Em que os professores não tivessem que fazer apenas a avaliação normal mas em que tivessem também de fazer prova curricular, tivessem de fazer uma prova, não lhe vou chamar de exame. Nós admitíamos isso desde que o Ministério da Educação aceitasse que quem mostrasse competência, capacidade e mérito para passar no exame passasse.
– O que é que o Ministério disse?
– Muito simples. Disse que aceitava isso mas que, mesmo que os 150 mil professores passassem era o Ministério que definia quem podia avançar em função das vagas.
– Por um lado as quotas e por outro as vagas?
– Nós temos duas coisas. As quotas e as vagas de acesso aos três escalões de topo. Nós chegámos a admitir isso. Mesmo contra a opinião de alguns colegas. Fizemos essa proposta em nome da Plataforma. Agora, se o professor tem mérito, tem mérito. Não tem, não tem. Fica ali. Não aceitaram. Está a ver. Há a questão das quotas, das vagas, das categorias e dos horários de trabalho. Não aceitaram nada.
– Também contestaram as aulas de substituição.
– Não. Está a ver, isso é outra coisa. Há dias li o que escreveu. Nós nunca fomos contra as aulas de substituição. Isso é outro dos equívocos que a senhora ministra lançou. O que nós dissemos sempre foi que as aulas de substituição devem ser de acordo com o que está na lei. Porque as aulas de substituição não foi uma invenção desta ministra. Já se faziam.
– Então porque é que houve mais esta guerra.
– Repare. A própria ministra, quando se reuniu com a Fenprof em Outubro ou Novembro de 2005, faz agora três anos, disse que era necessário corporizar as aulas de substituição que estavam previstas no Estatuto. Nós dissemos que já existiam.
– E que disse a ministra?
– Disse que existiam apenas em sete por cento das escolas. É verdade. Mas tinham o processo bem organizado. Ora se o Ministério diz que valoriza muito as boas práticas peguemos nesses sete por cento e vamos generalizar.
– Não fez isso?
– Não. A senhora ministra achou que tinha era que liquidar esses sete por cento. E a grande discussão que tivemos foi sobre a organização das aulas. Porque as aulas, nos termos da lei obedeciam a certas regras. Não era só a questão do pagamento.
– Mas também era, ou não?
– Também. Porque a aulas de substituição é um momento de actividade lectiva que acresce à actividade lectiva que o professor tem.
– Os professores têm horários definidos?
– Por exemplo. Um professor tem um horário de 25 horas, um horário lectivo completo e depois quando entra numa aula de substituição fica com mais aula. E a lei previa isso como serviço extraordinário.
– Não era a questão principal?
– Não era só isso. O que a lei previa, e foi sempre o que dissemos e que evitava aquela história do professor de matemática ir substituir o de inglês, era que os professores tinham que informar, pelo menos na véspera, que iam faltar. E a escola tinha de avisar um colega do grupo para dar essa aula de substituição. E foi isso que nós defendemos.
– À primeira vista parece lógico.
– O que nós exigimos foi muito claro. Exigimos que o Ministério respeitasse estritamente o que estava no Estatuto da Carreira Docente, que estava bem, estava correcto.
– E não quiseram porquê?
– Não quiseram essencialmente por causa do dinheiro.
– É sempre uma questão de dinheiro?
– É sempre. Eles não quiseram por causa do pagamento. E a ruptura dá-se precisamente por eles não quererem respeitar a lei. E é isso que nos leva a ir para o tribunal.
– As célebres acções no Tribunal Administrativo. Nem aí há a acordo sobre as sentenças.
– Exacto. O secretário de Estado da Educação foi sempre dizendo que não era nada e que podíamos ir. Nós ganhámos os processos todos.
– Aí também não se entendem.
– Há dias vi-o dizer que tinha nove processos. Gostava de saber quais são porque não tem nada. Mas ganhámos, eles recorreram dos que podiam recorrer – e a incompetência é de tal ordem que até deixaram passar um sem recorrer -, e mesmo nesses perderam. Portanto, nós temos oito, bastavam cinco em que não podem mexer porque já passaram os prazos de recurso, temos mais três em recurso. E deu nisto.
– Esse pagamento vai custar os tais três milhões de euros?
– A questão principal não é essa. A questão não é o professor ir cobrar as duas horas ou três que fez a mais. Alguns já nem se lembram e outros já estão aposentados. A questão é política. Política no aspecto de que as leis são para cumprir. Não somos nós que as fazemos.
– O mesmo acontece nas providências cautelares?
– Exacto. Não fomos nós que concebemos este modelo de avaliação. Não fomos nós que dissemos que tinha de haver um Conselho Científico com recomendações. Foram eles que impuseram isso. Então agora têm de cumprir a lei. E a ministra aproveitou a ruptura nas aulas de substituição para vir dizer que, vejam lá, eu aqui tão preocupada a criar as aulas de substituição e eles agora não as querem. Nunca esteve em cima da mesa querer ou não querer.
– A ruptura com a ministra é total em quase todos os pontos. Mas não houve nada de positivo? Nem mesmo os concursos de colocação válidos por três anos?
– Mesmos nos concursos a senhora ministra parte de uma afirmação que não é verdade. A senhora ministra disse que tinha conseguido que os cerca de 70 ou 80 por cento dos professores que mudavam de escola todos os anos ficassem na mesma escola três anos.
– E isso não é verdade?
– Não. O que tinha acontecido no último ano de concurso é que 80 e tal por cento dos professores tinham concorrido. O que aconteceu é que mudaram de escola 16 por cento. E isso ela nunca disse. Joga com os números.
– Isso não sabia.
– Foi isso. O número real foi esse. Só 16 por cento mudaram de escola. Repare. Não são 16 por cento dos professores. Foram 16 por cento dos que se candidataram. Isso é que ela devia dizer. E devia reflectir porque é que 80 e tal por cento dos professores concorrem mesmo sem mudar.
– Já agora porque é?
– Concorrem porque a estabilidade não só estar num sítio de que não se pode sair. Estabilidade é estar num sítio em que a pessoa se mantenha, mas que simultaneamente se mantenha com estabilidade do ponto de vista emocional e familiar.
– Este sistema, em sua opinião, não tem grandes vantagens.
– Do ponto de vista prático posso dizer-lhe que as mobilidades este ano não foram muito diferentes dos outros. Porque o concurso era anual, em teoria podiam concorrer 100 por cento dos professores, mas como cada vez havia menos vagas, mesmo com esse sistema as mudanças eram residuais.
– E o inglês no primeiro ciclo. Não foi uma medida positiva?
– Nós não estamos contra o inglês. O que nós fomos contra é que o Ministério tivesse introduzido o inglês de uma forma que discrimina alunos e não o tivesse introduzido no currículo. Porque o problema é que ao introduzir o inglês nos prolongamentos de horário está a fazê-lo sem qualidade. Porque há pessoas não habilitadas a dar inglês. E depois está a fazê-lo num tempo onde nem todos os alunos podem estar.
– Está a falar nos prolongamentos dos horários até às cinco e meia da tarde?
– Sim. Porque nem todos os pais têm vida para que os seus filhos estejam na escola até a essa hora. Porque só saem às sete. E ao meter o inglês nesse prolongamento de horário há muitos alunos que não o têm. É facultativo.
– O Governo fala sempre disso como uma grande medida.
– Os cartazes dizem que 99 por cento das escolas têm inglês. Pois têm. Mas agora interessava ver a percentagem de alunos que frequentam as aulas.
– Saindo às cinco e meia não podem ir o resto do tempo para os ATL?
– Os ATL, como é evidente, não os aceitam por hora e meia.
– Os prolongamentos também não são bons, portanto?
– Até às cinco e meia não. Porque os pais trabalham até mais tarde. E por isso muitos pais tiram os filhos da escola mal acabam as aulas obrigatórias e metem-nos no ATL até ao fim da tarde.
– Falou em pessoas não habilitadas. Há muitos casos desses? Com empresas externas?
– Exacto. Lembro-me aqui de uma Câmara que tinha o arquitecto da autarquia a dar inglês.
– Em Lisboa?
– Em Lisboa e em todo o lado. O inglês não é curricular, é fora do horário lectivo, discrimina alunos. E isto é um problema. Porque um professor apanha alunos no segundo ciclo com preparações diferentes. Foi essa a nossa crítica. Não ao inglês propriamente disso. E só fizeram isso para não admitirem professores. Se estivesse no currículo tinham de os contratar.
– Ninguém controla a qualidade?
– Deram essa responsabilidade às Câmaras, as Câmaras contrataram empresas e não se sabe quem é que dá as aulas.
– Mais uma medida falhada, portanto.
– Repare. Uma coisa fundamental para as escolas públicas sobreviverem é terem uma resposta social. É terem uma resposta que sirva as famílias para além das aulas. Porque se isso não acontece as famílias vão procurar escolas privadas.
100% de acordo com o Mário Nogueira, mas a maioria dos profs que por aqui comentam são contra os prolongamentos,
Março 16, 2008 at 5:37 pm
100% de acordo com o Mário Nogueira, mas a maioria dos profs que por aqui comentam são contra os prolongamentos.
Isto refere-se à parte da entrevista onde tal é abordado. O resto copiei por engano.
Março 16, 2008 at 5:41 pm
“100% de acordo com o Mário Nogueira”
Mário Nogueira demonstrou ser um burocrata competente e conhecedor dos dossiers técnicos sobre a educação.
Curiosamente não disse uma palavra sobre o tipo de escola que defende, sobre o tipo de realações pedagógicas que devem prevalecer e sobre o tipo de cidadania que deve estar presente.
Mesmo assim parece que os docentes gostaram.
Esta entrevista de Mário Nogueira permite ver bem o homem-burocrata competente e dedicado à causa, mas sem qualquer laivo de humanidade ou sequer uma ligeira nota de ironia ou humor, sem elevação e sem profundidade, para além do debitar contínuo de informações e estatísticas.
Diria que é uma boa réplica do Sócrates em versão PCP, e que a apreciação positiva retrata o nível de exigência a que chegámos.
A menos que se considere que um burocrata é assim mesmo, e aí então estaremos de acordo.
Março 16, 2008 at 5:47 pm
Continuamos a falar de uma avaliação que está morta e sai mais um diploma para acesso a professor titular!
Março 16, 2008 at 5:53 pm
Em 54 digo prepara-se para sair!
Março 16, 2008 at 5:59 pm
Um bom critério para aferir da qualidade da entrevista de Mário Nogueira é verificar a reacção do picareta. Para quem não sabe, ou não reparou, o Picareta escrevente é aquele que considera a Constituição da República “um texto parido à luz das G-3”. Passo a citar, neste blogue:
1.picareta-na-cabeça-de-trotsky Diz:
Março 12, 2008 at 6:40 pm
Quererão continuar acorrentados à FENPROF porque é o que decorre de uma interpretação compulsiva-policial de um texto parido à luz das G-3 ?
Março 16, 2008 at 6:17 pm
“- Mesmos nos concursos a senhora ministra parte de uma afirmação que não é verdade. A senhora ministra disse que tinha conseguido que os cerca de 70 ou 80 por cento dos professores que mudavam de escola todos os anos ficassem na mesma escola três anos.
– E isso não é verdade?
– Não. O que tinha acontecido no último ano de concurso é que 80 e tal por cento dos professores tinham concorrido. O que aconteceu é que mudaram de escola 16 por cento. E isso ela nunca disse. Joga com os números.
– Isso não sabia.
– Foi isso. O número real foi esse. Só 16 por cento mudaram de escola. Repare. Não são 16 por cento dos professores. Foram 16 por cento dos que se candidataram. Isso é que ela devia dizer. E devia reflectir porque é que 80 e tal por cento dos professores concorrem mesmo sem mudar.
– Já agora porque é?
– Concorrem porque a estabilidade não só estar num sítio de que não se pode sair. Estabilidade é estar num sítio em que a pessoa se mantenha, mas que simultaneamente se mantenha com estabilidade do ponto de vista emocional e familiar.”
Essa é que é essa!
Estabilidade não só estar num sítio de que não se pode sair. Estabilidade é estar num sítio em que a pessoa se mantenha, mas que simultaneamente se mantenha com estabilidade do ponto de vista emocional e familiar.
E eu que o diga… Este ano com esta treta dos Concursos estou colocado a 125 km de casa e toda a gente pensa que os professores estão colocados por 3 anos. E não sou contratado. Sou do QDV.Tenho perto de 20 anos de serviço. Portanto o que o ME faz e diz é só propaganda…
Março 16, 2008 at 7:26 pm
Vejo que o Pedro Falcão já anda a fazer um perfil da minha picareta, tendo já constituído uma pasta sobre a minha putativa filiação em algo de escabroso e inenarrável.
Não sei bem em que direcção fica o Socialismo para que aponta a Constituição, mas se o Pedro Falcão me indicar, ficarei mais tranquilo, apesar de estar com a impressão de que o comboio da História em Portugal está a circular em direcção ao Capitalismo-autoritário.
Claro que isto será apenas um pormenor de pouca importância para quem acredita em textos sagrados e na sua magia.
Mas a questão prendia-se mesmo era com o conteúdo e com o nível das considerações de Mário Nogueira.
Sobre isso nada. Parece que o lançamento de suspeições e a desvalorização das críticas com base na atoarda fazem parte da “arte” argumentativa de Pedro Falcão.
Isto para não me limitar a dizer que Pedro Falcão recorre apenas a um expediente falacioso de ataque “ad hominem”, o que não é de estranhar dada a pobreza com que utiliza o espaço que Paulo Guinote lhe proporciona…
Março 16, 2008 at 7:29 pm
O estado da educação em Portugal, em entrevista de Mário Nogueira ao Correio da Manhã. De tal forma notável que o jornalista, que não morre de amores pelos sindicatos, ficou siderado com a fantástica prestação do secretário-geral da Fenprof.
Leitura obrigatória para professores (e não só).
Março 16, 2008 at 7:46 pm
À consideração do Pedro Falcão e de outros adoradores de Bezerros de Ouro, ou de como
um texto dá vontade de rir (agora) quando se elabora(?) sobre as potencialidades inseridas no Texto Sagrado:
Março 16, 2008 at 7:53 pm
Acho que é uma excelente entrevista.
Março 16, 2008 at 7:55 pm
Esta sim, é uma verdadeira pérola histórica:
Declaração de voto relativamente ao texto constitucional – Intervenção de Vital Moreira
http://www.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=172&Itemid=245
Março 16, 2008 at 8:46 pm
Há comentários que não merecem resposta, porque já dizem tudo. Não se confunda o Manuel Germano com o género humano.
Março 16, 2008 at 11:10 pm
Viva EStarreja!!! Força!!
e…que GRANDE .entrevista!! Belíssima!
Março 16, 2008 at 11:57 pm
Exmª Srª Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, por favor DEMITA-SE!
Petição online:
http://www.petitiononline.com/demissao/