Esqueçamos a retórica inflamada dos intervenientes e concentremo-nos nos factos.
Na minha opinião, e olhando a partir da minha cadeira, a avaliação dos docentes, tal como inicialmente idealizada no novo modelo idealizado pelo ME está morta, excepção feita à questão das quotas.
Perante a rebelião generalizada dos docentes, titulares-avaliadores incluídos, o ME recuou para posições que revelam já um razoável minimalismo:
- Tem que haver avaliação (já havia, só muda o modelo).
- Essa avaliação deve ser simplificada (quem a complicou foi o ME).
- As Escolas devem gerir e flexibilizar as agendas e metodologias da avaliação (podiam ter pensado nisso desde o início).
Do modelo original restarão a breve prazo meros frangalhos, fragmentos desconexos com uma única preocupação: salvar a face a todo o custo, mantendo a ficção de uma avaliação rigorosa e o mecanismo das quotas.
O que nos faz pensar se, eventualmente, essa não será a última trincheira que o ME traçou para esta batalha.
O que nos pode levar a pensar se não será altura de – a confirmarem-se estas evoluções – a contestação tornear esta trincheira e dedicar-se a outro objectivo, ou seja, a apresentar modelos alternativos para a organização da carreira, o que passa naturalmente pela construção de modelos diferentes para o desenhado pelo Estatuto da Carreira Docente.
Mas nunca esquecendo algo muito importante: renovada a legitimidade maioritária em 2009, a vendetta não se fará esperar…
Março 14, 2008 at 5:32 pm
Boa perspectiva!Mas acho que deviamos continuar a lutar pela suspensão da avaliação.
Março 14, 2008 at 5:33 pm
O que para aqui vai hoje, por causa de Sábado. Concordo com o que se diz neste texto. Temos que construir nós, os professores, um NOVO MODELO DE CARREIRA e rapidamente. Penso que o que está agendado para amanhã – ainda espero que não aconteça – pode ser mau para nós e desmotivador, se não correr bem, para aquilo que nos espera. Porque se queremos alternativas, temos que as criar. E vou fazer uma acta, para variar.
Março 14, 2008 at 5:38 pm
continuando apreensiva com a eventual presença de colegas no porto, penso que na escola temos
que continuar a lutar porque já é a nossa dignidade que está em jogo. é a luta mais difícil, mas nós, como profs, temos a obrigação de a travar até ao fim…
Março 14, 2008 at 5:41 pm
Os modelos de avaliação nas escolas de outros países da europa não se assemelham a este que nos querem impor.
Fazer uma recolha desses modelos seria um estudo interessante. Não esqueçamos que os resultados dos alunos até são bem melhores do que os dos nossos.
A avaliação tem que passar pela avaliaçºao das escolas como um todo e não pela avaliação individual dos professores. Só faz sentido a avaliação individual em casos pontuais. E esses não são difíceis de detectar.
Suspender este modelo que ainda nem começou. Estudar modelos de outros países da europa. è apenas uma sugestão.
Março 14, 2008 at 5:42 pm
Apoiado Paulo
Passo seguinte: um novo modelo de carreira!
Março 14, 2008 at 5:43 pm
A avaliação está moribunda. Ponto final.
Março 14, 2008 at 5:49 pm
Acabei agora de ouvir o jorge Pedreira na Sic noticias e ele continua sem perceber que estiveram 100000 professores a protestar. Acho que este governo sofre todo ele do “sindrome Carriho”,isto é, os outros é que são os culpados de tudo o que acontece ou que possa vir acontecer.Aliás o Senhor Vitalino Canas,dos melhores papagaios que já vi falar, disse que o ps não ligava aquilo que tinha corrido mal. Isto só mostra que este governo é autista e demagogo.
Março 14, 2008 at 6:08 pm
Não é minha intenção dividir a classe, mas vou ser sincero, não concordo com a manisfestação de Sabado no Porto. Acho que é algo que o PS e o governo podem aproveitar para atacar os professores de forma rasteira e sem escrupulos.Basta apenas que haja uma troca mais acalorada de palavras para o governo e o PS afirmarem que estão a ser perseguidos e impedidos de realizar a sua própria festa.Acho que temos de pensar noutras formas de protesto e não dar tanta importância aos caciques do PS E do Governo. Já que este comicio festa será certamente para os caciques e seus seguidores, ou seja, uma reptição daquilo que aconteceu aquando dos festejos da eleição de Antonio Costa.
Março 14, 2008 at 6:12 pm
Alguém conhece um modelo de avaliação com esta divisão em professores e professores titulares? Terá sido uma invenção (é preciso registar patente) nacional?
Concordo que outros modelos de avaliação, dentro do espaço da União Europeia, deviam ser conhecidos publicamente.
Março 14, 2008 at 6:26 pm
Há modelos assim, mas com características ligeiramente diferentes.
Parte do modelo anglo-saxónico tem esse tipo de divisão com os head-teachers e os principals.
A questão são é o modelo ser inédito.
Para mim é a questão da sobreposição hierárquica em vez da diferenciação funcional.
Março 14, 2008 at 6:29 pm
A questão colocada no comentário anterior é muito pertinente: do pouco que temos conhecido sobre modelos de avaliação (nem interessará ao poder instituído que os conheçamos) nada comparáveis ao nosso “criativo” exemplo, fica-nos a sensação de uma criação terceiro-mundista. Não pude deixar de me lembrar das palavras de Ramiro Marques, remetendo para a Política de Aristóteles:
“Os professores, por serem 140000 e por estarem sistematicamente divididos enquanto grupo profissional, foram os escolhidos para a realização desse processo de transferência de riqueza. Dentro de meia dúzia de anos, dois terços dos professores não passarão do meio da carreira e estarão condenados a trabalharem até aos 65 anos (ou mais) com um salário inferior ao de um sargento.”- é isto que devemos evitar com todo o nosso empenho.
Março 14, 2008 at 6:44 pm
Exactamente. O modelo anglo-saxónico tem muitas semelhanças:
http://www.tda.gov.uk/teachers/performance_management/whatisdifferent.aspx
e links na página. No entanto, a hierarquização prof. / titular não existe, sobretudo assente num processo como foi o nosso.
De referir ainda, como muito bem sublinha o Paulo, o papel dos “headteachers” e do “board of governors” (comunidade e autarquias). Estarão as nossas escolas e comunidades preparadas? Tradição não temos…
Março 14, 2008 at 6:48 pm
O modelo em França não tem qualquer semelhança.
http://blogdaformacao.wordpress.com/2008/03/11/a-avaliacao-de-professores-em-franca/
Março 14, 2008 at 7:29 pm
Para saber sobre outros modelos de avaliação dos docentes:
e também podem consultar
http://www.teval.eu/
um projecto sobre avaliação docente, com a coordenação do IPBeja.
Março 14, 2008 at 7:57 pm
Fazer uma análise de vários modelos de avaliação parece-me um bom princípio mas não é só a avaliação que me preocupa, é o estatudo do aluno e essencialmente o ECD. Não entendo como foi possível deixar publicá-los!
Concordo com o João Duro (8).
Tudo o que possa descontrolar-se tem de ser evitado. Se se fizer a concentração de professores que seja bem afastada da do ps. Como alguém já disse por aqui, que tenha comunicação social, muita visibilidade mas nenhum contacto visual com os camaradas ps.
Março 14, 2008 at 10:58 pm
Paulo,
Em muitos comentários anteriores dei ideias sobre carreira…não gravei naturalmente. Pode rever. Se considerar que tem interesse.
Março 14, 2008 at 11:40 pm
O bracarus tem razão. A avaliação a ser feita é das escolas. Devemos rejeitar de todo a avaliação dos professores.
E naturalmente que os titulares não têm sentido e que tudo isto visa apenas poupar erário.
O trabalho dos spin está a ser perfeito. Atira-se para cima da opinião pública a ideia da avaliação dos professores salvadora do ensino e os professores embarcam dizendo que até querem ser avaliados, melhorando o
processo e bla, bla, bla quando sabemos todos que nada disto alterará o que está de facto mal.
E claro que os sindicatos fazem o mesmo.