Qualidade No Ensino
Não podemos, de boa consciência, estar satisfeitos com a qualidade do nosso ensino em geral, embora existam honrosas excepções.
(…)
Poucas profissões, em Portugal, terão tantos sindicatos como os professores. Uma pergunta pertinente será a de saber o porquê de tamanha quantidade dessas estruturas, as quais têm centenas de profissionais pagos pelo erário público, cuja missão em prole da qualidade do ensino se desconhece.
Igualmente se desconhece se algum sindicato tem alguma proposta concreta para estabelecer um modelo de avaliação dos professores em geral.
Se têm, deveriam apresentá-la quanto antes, para que não se façam ideias incorrectas acerca dos seus méritos.
O recuo do Governo, quanto à gestão dos professores do ensino básico, pelos municípios, ainda que começando por experiências piloto, é um sinal de fraqueza e de cedência ao facilitismo e ao descontrole.
(…)
Algum gestor empresarial aceitaria comandar uma empresa e responder pelos seus resultados, quando mais de metade do pessoal não depende de si, nem pode dar-lhe sugestões? Por estas e outras razões, as mudanças estruturais e as verdadeiras reformas ainda não foram feitas e não se sabe quando o serão
As manifestações de professores constituem um acto de liberdade, em democracia, no entanto, eles ainda não explicaram se se manifestam pela melhoria da qualidade do ensino, ou se apenas estão contra qualquer mudança que toque nos seus interesses instalados. (Macário Correia)
Macário Correia escreve que , afinal, as escolas deveriam mesmo ser completamente geridas pelos municípios.
É a opinião dele, tem todo o direito. Assim como aquela parte sobre os sindicatos.
O problema é o nexo dos argumentos.
Para começar ainda não percebi onde está a plena demonstração das mais-valia da gestão autárquica de micro-sistemas de ensino. A avaliar pelas gestão das empresas municipais e inter-municpais eu temeria o pior.
Por outro lado, descompreendo aquele referência ao gestor empresarial que não manda sobre metade do pessoal. O que quer ele dizer? Que os presidentes de Câmara querem mesmo ser os patrões dos professores e não lhes chega terem deitado a mão ao pessoal não-docente? E desde quando um autarca é equiparável a um gestor e uma escola a uma empresa de fazer alfinetes?
É que o que Macário Correia não explica é o que, para além de querer mandar em pleno nas Escolas, ele propões para melhorar a qualidade do ensino.
Mudar o patrão, para mais deslocando-o para um dos universos mais nebulosos da vida pública nacional, parece-me pouco.
Acredito em excepções em termos de gestão autárquica, mas acho que são isso mesmo, excepções.
Março 14, 2008 at 5:46 pm
Candidato a gestor de uma Escola Municipalizada:
Habilitações e requisitos: o cartão do partido certo na altura certa.
Março 14, 2008 at 6:00 pm
O que a mim me incomoda é ver textos deste tipo, ou bem piores,publicados e ler textos com tão boas ideias aqui fechados nos blogs e que não chegam ao conhecimento da opinião publica em geral.
Março 14, 2008 at 6:19 pm
Dois vice-presidentes de escola de Leiria demitem-se devido a ficha de avaliação
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1322607
Março 14, 2008 at 6:23 pm
Então caiu o CE de Leiria.
Março 14, 2008 at 6:29 pm
Pela prosa de Macário Correia ficamos a saber que desconhece para que servem os Professores.
Não se percebe, então, porque dicho é que pretende gerir as escolas e mandar neles.
Se isto é grave num autarca que já foi ministro, embora de pastas menores, dá para ver o que seria a gestão autárquica dos estabelecimentos de ensino.
As auarquias têm um papel inegavelmente importante numa vasta gama de áreas que não cumprem capazmente e, por isso mesmo, acabam por concessionar a privados, excepto quando não são rentáveis, caso em que criam empresas municipais, em substituição dos respectivos serviços camarários, cuja única utilidade é proporcionar tacho e automóvel aos seus administradores pois os prejuízos continuam e, em muitos casos não são sequer passíveis de ser eliminados por se tratar de verdadeiro serviço público.
E é a esta gente que se entrega a gestão das escolas?
Já imagino algumas empresas municipais de ensino a gerir o parque escolar, a contratar os professores e quiçá a dispor sobre os programas das várias disciplinas a ministrar no município.
Março 14, 2008 at 6:58 pm
Estava para enviar a ligação
http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=81979
mas, afinal,cheguei atrasado.
Cada vez mais alastra a mancha hierárquica “Common Assessment Framework”, a “qualidade standard” e respectivos interesses (pesquisa google paginas de portugal/Common Assessment Framework) que na sua maioria já estão instalados, muitos deles com o tratado de Lisboa, penso eu, ouvi dizer…
Março 14, 2008 at 11:18 pm
Macário Correia é um homem muito ambicioso. Mas os corredores do poder da capital não cobitam bem com “um serrano algarvio”é regressou a casa (Tavira). Contudo, o concelho é pequeno demasiado para ele e logo ficou na Associação de Municipios do Algarve como presidente. E a seguir, como continuava a não se fazer ouvir como ambiciona esteve ao lado de Marques Mendes…mas perdeu tb.
Todos sabem que tem “outros objectivos políticos” que passam pelo Comité das Regiões na U.E. Por isso está a perceber que através do Ensino (professores) pode ter acesso e quiçá através do partido sócrates.
Na gestão autarquica das escolas do primeiro ciclo no que respeita a instalações, equipamentos, e pessoal auxiliar foi e tem sido uma verdadeira lástima.
Abril 1, 2008 at 8:57 pm
Já temos belíssimos exemplos de gestão desses senhores nas empresas municipais e outros domínios, agora querem também as escolas! Belos exemplos de transparência que os Municípios nos dão! Valha-nos Deus, ao que chegámos!