Valter Lemos em Castelo Branco
O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, desloca-se segunda-feira, dia 18 de Fevereiro, a Castelo Branco, para participar na apresentação do Programa Operacional do Potencial Humano (www.poph.qren.pt).
A sessão realiza-se no Cine Teatro Avenida, a partir das 09:30 horas.
O Programa Operacional do Potencial Humano tem uma dotação global de 8,8 mil milhões de euros e visa estimular o potencial de crescimento sustentado da economia portuguesa.
Para tal, obedece a algumas prioridades, entre as quais a de superar o défice estrutural de qualificações da população portuguesa, consagrando o nível secundário como referencial mínimo de qualificação, para todos.
Façam o favor de não fazer trocadilhos e observações sobre potencial humano, défice estrutural e… bem… vocês sabem.

Fevereiro 18, 2008 at 11:19 am
Um fim-de-semana prolongado.
Para além da chuva que fustiga a cidade, é sempre um consolo saber que caem em torrente dinheiros para o crescimento humano dos Albicastrenses.
Fevereiro 18, 2008 at 11:37 am
Sou espécie rara no habitat dos comentários do Umbigo. E nas ocasiões em que decido deixar aqui uma ou outra opinião, uma ou outra frase, tento não ser muito verborreico, nem entremear nas minhas palavras as palavras de outros.
Hoje, contraditoriamente (pedido escusa ao Paulo pela ousadia de ‘decorar em demasia a sua sala’) farei o oposto… mesmo não sendo este, talvez, o post mais indicado para o efeito. Adiante…
Já em 1960 Douglas McGregor, no seu livro “The Human Side of Enterprise”, ao abordar questão da produtividade aliada à motivação, discursava sobre duas formas de condicionar o mesmo fenómeno, às quais atribuiu os ‘rótulos’ Teoria X e Teoria Y… defendendo esta última.
É notório que quer o compulsivamente aprovado ECD, quer o edíficio legal que tem sido montado pelo actual ME (da qual a questão da avaliação de desempenho é ‘apenas’ um dos seus pontos de maior relevo), enquandram-se, indubitavelmente, nos parâmetros postulados pela Teoria X. Só assim se pode compreender alguns dos princípios inerentes aos mesmos … e só assim se explica declarações como as que têm sido feitas, mais ou menos recentemente, pelo triunvirato.
Parece-me portanto que o Governo, na pessoa da sua Ministra da Educação, tem dos professores as seguintes ideias:
– Os professores não gostam de trabalhar.
Têm uma aversão natural ao trabalho e evitam-no a todo o custo. Logo é urgente que se crie mecanismos [quanto mais não seja… legais] para impedir que estes sigam aquilo que é natural neles… que fujam a sete pés de tudo o que seja labor e empenho profissinal.
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– Os professores precisam de ser controlados e punidos.
Caso assim não o fosse seria uma anarquia nas escolas onde cada um tentaria fazer menos e pior que o parceiro do lado. Para evitar tal fenómeno é necessário implementar formas rígidas de controlo de modo a identificar comportamentos desviantes e punir quem fuja da linha.
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– Os professores são massas medíocres. Não sabem o que é o melhor para si nem para o seu futuro.
Precisam de alguém que os oriente de forma assertiva e inflexível. Reflexo da sua fraca ambição, facilmente se perdem nos objectivos a cumprir, necessitando de alguém mais inteligente e com a razão sempre do seu lado para os dirigir no melhor caminho a seguir.
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– No fundo, os professores apenas buscam segurança.
Sentem-se desnorteados, confusos… inseguros! Precisam de se sentir escudados da realidade ao confiarem o seu destino nos braços fortes da liderança centralizada.
Assim se percebe que com todo este afã regulamentador se pretenda implementar uma estrutura muito mais hierarquizada e piramidal, assente numa visão pessimista sobre quem educa, sobre quem gere as aulas e as escolas!
E dificilmente, ao contrário do que muitos pensarão, o rumo se alterará. Esta equipa irá manter-se até ao final da legislatura (a não ser que acontecimentos excepcionais ocorram…) e mesmo que tal aconteça… que outros se sentem nas cadeiras agora ocupadas por MLR, VL ou JP ou que se assista a uma dança de cadeiras entre eles (hipótese mais provável) é de todo impossível que, como por artes mágicas, as estratégias de política educativa do actual ME sofram uma inflexão tal que comecem a ser orientadas por uma outra ‘ideia’ de Escola, mais na linha que o mesmo Douglas McGregor definiu como Teoria Y.
Mas tal só poderia suceder caso o Governo, na pessoa da sua Ministra da Educação ou quem a substituisse, passasse a ter dos professores as seguintes ideias:
– Os professores tiram prazer do seu trabalho.
Afinal, o dispêndio de esforço físico e mental no trabalho é algo tão natural como o descanso e o lazer. Para os professores o trabalho é fonte de satisfação e realizam-no voluntariamente… apenas quando o trabalho é visto como fonte de castigo é que ele será evitado a todo o custo.
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– Os professores não necessitam de controlo externo e ameaça de castigo.
Estes não são os únicos meios que levam as pessoas a esforçar-se por atingir objectivos. Os professores têm capacidade de auto-governo e de auto-controlo que colocarão ao serviço dos objectivos que tão empenhadamente procuram atingir. Afinal… os professores possuem uma identidade e autonomia próprias.
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– Os professores empenham-se.
O empenho e compremetimento com o ofício de ensinar são factores resultantes do seu sucesso profissional e não factores formatados por corpus exteriores de controlo e punição.
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– Os professores são responsáveis.
Afinal, a maioria das pessoas aprendem, em condições adequadas. Quando profissionalmente consideradas e bem sucedidas as pessoas não só aceitam como procuram situações de maior responsabilidade e ambição.
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– Os professores são criativos.
As suas capacidades de identificação e resolução de problemas serão potenciados com uma forte aposta na sua capacidade de auto-direcção e auto-controlo.
……
Mas… tudo ‘isto’ parece-me completamente inverossímel… com estes… com outros que os possam substituir… ou mesmo com uma nova equipa depois das legislativas de 2009.
No entanto, ainda mais decepctionante é o constatar que uma significativa percentagem de professores teima em jogar no X do ‘totobola da profissão’.
Fevereiro 18, 2008 at 12:04 pm
“(a não ser que acontecimentos excepcionais ocorram…)”… é isso que eu mais anseio e, no fundo, acredito que ainda vá acontecer. Mas, para isso, temos de nos mexer!
Não bastará a dança das cadeiras… terá de ser a “queda da cadeira”, como outrora.
Fevereiro 18, 2008 at 12:34 pm
Boa análise LMML.
E os patrões que adoptaram a teoria X tiveram grande insucesso.
Tem razão para a sua decepção. São muitos os professores que embarcam no X. Que razões por trás desta escolha?
Fevereiro 18, 2008 at 12:39 pm
http://campolavrado.blogspot.com/2008/02/os-recados-de-scrates-aos-professores.html
Fevereiro 18, 2008 at 1:01 pm
Em relação ao comentário 4, não tenho dados para afirmar se tantos embarcarão assim na teoria X… na realidade quotidiana de que faço parte, tenho sérias dúvidas. Nos casos de elementos menos assertivos, vejo mais a indecisão (espero que não seja do género:”vamos ver para onde sopram os ventos…”, embora possa ser isso mesmo)- o país já tem tradição de “maiorias silenciosas” e aqui não interessa aprofundar as causas de tal atitude, alguns sociólogos mais isentos que o façam.
Também se desconhece- corrijam-me se estou a divagar- se algumas propostas “criativas” oriundas de algumas escolas terão expressão nacional ou reflectirão a posição de uma maioria.
Já se tem tornado bem claro através de muitas vozes que não é a avaliação que nos assusta, mas sim a forma como a mesma possa vir a ser implementada, já que quem pretende avaliar com rigor agradece a retribuição.
Fevereiro 18, 2008 at 3:22 pm
O Paulo tem mesmo é a mania que é esperto! Um orgulhoso adepto do “chico-espertismo”. Vem isto à conversa pelo facto de ele me fazer lembrar os miúdos que estão sempre a procurar acertar com os seus raciocínios mais ou menos elaborados, mas ficam sempre distantes da realidade.
Começou por colocar “n” nicks no IP que ele achava ter identificado, agora transforma os vários nicks daqueles que entram aqui e não apoiam as suas parvoeiras, como se fosse o único autor.
Eu por mim até não me importo, mas reconhece que gozar-se deste maneira com um professor que eventualmente até pode ser de um dos nossos educandos, é de mais!
Quem ler estes comentários com atenção, apercebe-se que quem se autoridiculariza tão ostensivamente, é ele !
Já sei que ele vai responder-me , que é muito esperto e sabe que todos são os mesmos e que tem 18 comentários meus como spam (o que é falso! meus deve ter para aí uns 8 +/-) enfim, a lenga lenga do costume…
(olhe para mim a comentar o seu comentário assinado com o mail iav@ratac.pt! Que tal como chico-espertismo? PG)
Fevereiro 18, 2008 at 3:53 pm
CATA-TE A TI POIS OS QUE SE CATAM A SI MESMOS SÃO PESSOAS QUE REVELAM UMA AUTO ESTIMA TÃO ELEVADA QUE SE JULGAM OS SENHORES DA VERDADE, OS ILUMINADOS -OU ILUMINATI-AQUELES PARA QUEM A FAMÍLIA +E UM ESTORVO, OS AMIGOS SERVEM PARA JOGOS DE INFLUÊNCIA E OS FILHOS SÃO UM PESO MORTO.
RESUMINDO:PARA ESTES SERES A VIDA É EM SI MESMA UM NADA CHEIO DE VAZIO QUE PTENTAM PREENCHER COM O ÓDIO VISCERAL AO OUTRO.
cONCLUINDO: pARA ESTES SERES A LEI É A LEI PROVAVELMENTE APOIARIAM O HOLOCAUSTO PORQUE OS QUE ERAM PODER DIZIAM QUE ERA O MELHOR PARA O PAÍS. QUESTIONAR PARA QUÊ?
Fevereiro 18, 2008 at 4:29 pm
O dinheiro dos Fundos Estruturais para o Desenvolvimento do País é delapidado integralmente para “alimentar seitas de oportunistas cujo única motivação é governarem-se”.
Fevereiro 18, 2008 at 4:52 pm
O vídeo do Largo do Rato
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=326934&headline=98&visual=25&tema=27
José Sócrates vaiado junto à sede nacional do PS
Fevereiro 18, 2008 at 5:16 pm
Li o post do LMML e o seu ensaio sobre a lógica de representações que o actual triunvirato tem dos professores, inferido através de todos os seus comportamentos nestes quase 3 anos. Mas ao contrário de LMML, creio que é justamente essa a ideia que querem fazer passar à “opinião pública”. Ou seja, partem de algumas ideias distorcidas das pessoas menos lúcidas 8banalidades e generalidades)para imporem aí sim um modelo conforme aos seus verdadeiros “ideais” de matriz ideológica clara. É uma questão política. Portanto apropriam-se de um conjunto de “lugares comuns sobre a profissão” e dão a entender que “vão combater esses lugares comuns”. Claro que é pura mentira. É jogo. Daí a pressa em fazer. O tempo joga sempre a favor dos professores. Não podem pensar. Têm que se manterem entretidos com milhentos brinquedos nas escolas para eles avançarem para o modelo de espatifar o país.
Mas continuo a considerar que o grande problema radica na escolha das sucessivas equipas governativas do M.E. na sua maioria oriundas do Ensino Superior. O que subjaz a estas escolhas?
. Os professores a trabalharem nos sistemas de ensino politécnico e universitário detêm uma superioridade intelectual, de importância e prestígio social superiores ao do Ensino Básico e Secundário.
No caso específico do actual triunvirato, as coisas ainda são mais complexas na medida que são os três muito inseguros e incompetentes.
E…
Os 2 sectores prestam o mesmo tipo de serviço aos alunos. Pura ignorância. Daí o decalque que o trio maravilha está a verter para os ensinos básico e secundário, a partir do ensino universitário e politécnico. É o total desastre.
(peço desculpa ao Paulo por estar utilizar demais este espaço de forma longa e quiçá “chata”).
Fevereiro 18, 2008 at 5:28 pm
Obrigado Maria Lisboa, ainda não tinha visto esta reportagem.
Fevereiro 18, 2008 at 6:42 pm
Comecei a ensinar em 1990 com meio curso de engenharia (engenharia com cédula profissional, note-se). Como eu, vários estudantes universitários ganhavam para os alfinetes à custa do ensino público, emprego de fácil acesso dada a falta crónica de professores de algumas áreas. Vamos voltar ao tempo em que qualquer um com necessidade de ganhar uns trocos dava umas aulas.
Fevereiro 18, 2008 at 7:43 pm
DA,
de nada! Encontrei-a num post do forum do educare. Não fosse isso, também não a conhecia.
Fevereiro 18, 2008 at 8:34 pm
Lemos Castelo em Branco, Valter.
Fevereiro 18, 2008 at 10:56 pm
Maria A (6)
O que é isso de avaliar com rigor?
Para que serve para o trabalho efectivo na escola rotular este de Bom aquele de Muito Bom e o outro de Suficiente?
Vê que vantagens nisso?
Eu não preciso de ser avaliada. Não me serve para nada dizerem-me que sou muito boa ou suficiente. O que me servia era que pudéssemos trabalhar melhor nos nossos colectivos – os conselhos de turma, os departamentos… Isso é que era bom e para isso estas avaliações são entrave. Quer sejam rigorosas quer faz de conta.
Mas se há tantos a achar que querem ser rigorosamente avaliados e que isso serve muito bem o seu desenvolvimento profissional, devo ser eu que ando a ver mal.
Mas se alguém me explicar para que serve fico muito grata.
Não me venham é dizer que serve para subir ou não subir na carreira que essa parte (sobretudo a do não subir para a larga maioria dos professores)eu sei. Para isso sei que serve.
Fevereiro 19, 2008 at 8:42 am
Setora:
Quando falo em não recearmos ser avaliados não pretendo com isso afirmar que o sejamos com as quotas (anti-défice). Se gritarmos “não à avaliação”, poderemos estar a alimentar uma certa opinião pública mais manipulável pelos media (ou que nos ataca por razões que não vêm à colação). Há alguns anos houve uma inspecção pedagógica na minha escola e a experiência de ter sido avaliada enquanto professora de L.Portuguesa não foi traumática,antes pelo contrário, por vezes um “feedback” é bem recebido. Já quanto a um outro momento dessa inspecção- contacto entre um inspector e os directores de turma, aí a coisa não foi tão pacífica. Quando assim é, penso que um direito que nos assiste será expressarmos a nossa apreensão. Isso foi o que fiz em carta enviada (e divulgada) ao Público que “repesquei” e “colei”:
“Quem inspecciona os inspectores???
De acordo com uma actuação generalizada e sistemática previamente anunciada pelo governo, a escola de ensino básico de 2º e 3º ciclos na qual lecciono há mais de uma década foi alvo de uma inspecção de carácter formativo.
Como é do domínio público, os resultados apurados a nível nacional virão a ser publicados, por estabelecimento de ensino, no ano de 2005.
No âmbito da medida foi entrevistado, na escola, um grupo de docentes no qual me encontrava incluída. Das informações fornecidas pela senhora inspectora pudemos retirar diversas ilações das quais destacarei as seguintes:
1. nem todos os professores têm idêntica actuação na sala de aulas (será a clonagem uma prática ancestral e generalizada que nos terá passado à margem pelo facto de leccionarmos numa zona rural, longe da área de experimentação dos cientistas?);
2. como medida correctiva e pedagógica deverão ser retirados os intervalos aos alunos reincidentes no absentismo (se os jovens não se encontram sistematicamente na sala de aulas como lhes poderemos retirar o intervalo?);
3. se a medida enunciada no ponto anterior não for eficaz, os alunos absentistas deverão ser transferidos de turma, mesmo a três meses do final do ano lectivo (com que intuito?);
Em tom de conclusão ou «chave de oiro» ouvimos terei detectado na oradora um tom assertivo, quiçá profético? que não nos deveríamos entusiasmar por não vivermos no nosso espaço de trabalho situações indiciadoras de grave indisciplina e delinquência pois, certamente, dentro de poucos anos, viríamos a sentir as mesmas «dores de cabeça» dos colegas e auxiliares de acção educativa de grande percentagem das escolas do país.
Procurando desesperadamente o carácter formativo deste encontro só me resta parafrasear o nosso Fernando Pessa : « e esta?»”
(carta publicada em Abril de 2001)