José António Saraiva faz hoje, na revista Tabu do Sol, uma quase completamente esclarecida crítica à polémica entre Miguel Sousa Tavares e Vasco Pulido Valente. Acerta na “muge” quando afirma que os dois são terroristas verbais e que usam a intimidação para afastar críticos da sua obra. E que reagem mal quase sofrem qualquer crítica, porque se sentem como que intocáveis pelo vulgo, a quem desprezam de forma ácida. E que são malcriados. E pouco coerentes, em especial MST.
É uma crónica quase perfeita, quase servindo de penitência por algumas dezenas de crónicas anteriores a roçar o lamentável.
Só que esbarra em dois problemas menores: um de contexto e outro de conteúdo.
- O de contexto é que JASaraiva escreve muito sobre os pecados dos outros e esquece-se que na mesma revista o seu último livro é promovido com pouco pudor em jeito de reportagem de duas páginas apologéticas, sem qualquer tipo de análise crítica (pelo menos no Independente fingiam que faziam uma espécie de recensão aos livros de VPV, mesmo se acabassem sempre com o diagnóstico de “obra genial”).
- O de conteúdo é porque, para enquadrar a polémica MST/VPV, Saraiva saca da sua erudição vasta e cuidada e escreve:
Em Portugal, as polémicas no mundo literário têm história. A segunda metade do século XIX assistiu a duelos verbais inesquecíveis. Nos alvores do Estado Novo ficou célebre o tiroteio entre Almada e Júlio Dantas (imortalizado no Manifesto Anti-Dantas).
Problemas:
- O Manifesto Anti-Dantas não imortalizou nenhuma polémica. Deu início a uma.
- O Manifesto Anti-Dantas é de 1915.
- O Estado Novo inicia-se em 1933 com o plebiscito da Constituição preparada por Salazar no ano anterior quando ascende a Presidente do Conselho de Ministros.
- Com sorte, os alvores do Estado Novo podem retrospectivar-se a meados dos anos 20 e à Ditadura Militar.
- José António Saraiva é o autor de obra sobre este período histórico.
Dezembro 8, 2007 at 7:21 pm
O JAS,de vez em quando, bem podia pôr a erudição no bolso.
Nem VPV nem MST pertencem ao “mundo literário”, nem sequer se opõem correntes literárias e nem surge nada de novo.
Comparar qualquer um deles ao Almada Negreiros…
PIM
Dezembro 8, 2007 at 7:36 pm
E, por muito respeito que tenha pelo trabalho do Almada, a verdade é que ele acabou por fazer o “beija-mão” ao Dantas aquando da Grande Exposição do Mundo Português (se não estou em erro).
Além disso, não me parece que tenha havido duelo, já que o Dantas encarou o Manifesto com uma traquinice de juventude.
Dezembro 8, 2007 at 8:00 pm
Isto é preciso vender jornais, não é?
E livros em “tops de venda” para prendas de Natal.
Dezembro 8, 2007 at 8:16 pm
Exacto Antero, porque o jovem Almada foi uma espécie de jovem Dantas e o velho Almada quase foi um velho Dantas.
Dezembro 8, 2007 at 8:46 pm
No Natal escolham prendas boas.
Dezembro 8, 2007 at 8:52 pm
“Acerta na “muge” quando afirma que os dois são terroristas verbais e que usam a intimidação para afastar críticos da sua obra. E que reagem mal quase sofrem qualquer crítica, porque se sentem como que intocáveis pelo vulgo, a quem desprezam de forma ácida. E que são malcriados”
Nesta critica, cabia muito bem uma terceira personagem em ponto pequeno, chamado Paulo Guinote
Dezembro 8, 2007 at 9:55 pm
Voltou a “cheirar mal”. Alguém sabe porquê?
Dezembro 8, 2007 at 10:07 pm
Moi…?
Não posso.
O meu nome público só tem duas iniciais.
Sou vulgo.
Dezembro 8, 2007 at 10:14 pm
Podem não te reconhecer na rua, mas aqui sabem quem tu és. Cão ou não.
(Paulo Querido)
Dezembro 8, 2007 at 10:41 pm
Não é usual tanto expansividade por aqui…
Dezembro 8, 2007 at 10:41 pm
Essa foi-lhe dedicada, caro 213.22.***.**?
Dezembro 8, 2007 at 11:15 pm
Sócrates afirma que “Esta é uma cimeira entre iguais”.
Aqui
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1313153&idCanal=11
Sócrates lá saberá porque se compara assim com democratas-ditadores como Kadhafi, dos Santos, Mugabe, Nino Vieira, e tantos outros.
Esta é pois uma confissão esperada. 🙂
Dezembro 9, 2007 at 11:40 pm
“Podem não te reconhecer na rua, mas aqui sabem quem tu és. Cão ou não.
(Paulo Querido)” – anti falsos pedagogos
Olhe que a sua citação já está carunchosa. Mas a parte anterior é bem mais gira e versa assim:
“A frase pode então ser reformulada mantendo o seu humor inicial: na Internet todos sabem que tu és um cão.” (PQ)
É bem mais gira.
Dezembro 9, 2007 at 11:41 pm
E já agora o linkezito para a citação fica sempre bem: Credibilidade e Anonimato