É a medida da dependência da Confap em relação ao ME no ano de 2006. Graças ao acesso às contas da organização (disponíveis em ficheiro de 8Mb no Umbigo ao Quadrado) podem constatar-se coisas que até ao momento não imaginava, pois duplicam as transferências conhecidas do ME para a Confap.

São quatro transferências trimestrais que atingem os 154.870 € num total de 166.172,71 € de receitas. As quotizações são residuais (1.302 €), assim como o resto dos dividendos (ver p. 15 do docuemnto).

Ou seja, a Confap existe porque o ME quer que exista. Deixada a si definharia por falta de oxigénio para viver. Tudo o que é feito pelos seus representantes é directamente pago pelo ME e pelos contribuintes portugueses.

Se isto é a tão glosada “sociedade civil” que o Estado pretende ter a seu lado como “parceira” de negociações, deixem-me rir.

Portanto, não há que ter ilusões. A Confap bem poderia surgir no organograma do ME, que o seu funcionamento seria pouco diferente.

Por isso mesmo há todo o direito de colocarmos em causa o voluntariado em que tudo isto assenta. E a linha de acção e intervenção nos debates sobre políticas educativas. Porque a Confap não depende dos seus associados para viver. É uma superestrutura que vive das verbas do Orçamento.

E, como hoje discutíamos lá pela minha Escola, incitar os sindicatos para que nunca se deixem cair em situações deste tipo, porque a independência conquista-se. E eu prefiro dar 25 euros mensais para uma organização sindical autónoma de quaisquer poderes exógenos do que dar 5 para uma organização que dependa de subsídios estatais ou fundos comunitários. O que acontece(u) com alguns daqueles micro-sindicatos que sabemos que existem para fazer número. Se fizermos uma cronologia da sua fundação certamente ficaremos bem elucidados dos contextos do seu nascimento.

Para quase finalizar, quero sublinhar que nada me move contra o Movimento Associativo de Pais. Pelo contrário. Gostaria dele forte e com uma voz própria. Mas isto é toda uma outra coisa.

Para mesmo finalizar, gostaria que este tipo de trabalho de questionamento e investigação – ajudado, como é óbvio, por fontes que pediram reserva de identidade – fosse feito por quem de direito, ou seja, a imprensa que quer ser de referência neste país.

Porque eu faço isto sem rede, sem qualquer rectaguarda institucional e dando aos visados todo o direito de responderem e esclarecerem o que acharem estar errado ou mal interpretado. O que pode ter custos nos tempos que correm. Porque eu não tenho propriamente muitos gabinetes de advogados nas minhas relações mais próximas.

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