
Aquela em que se faz o apelo explícito à delação, sem qualquer suporte ou esclarecimento sobre o que pode ser considerado “ilegal” em matéria de conteúdos na Internet.
É só anonimamente inserir uma url e esperar que os problemas aconteçam.
Aos outros.
Não tenho mais palavras para explicar o asco que é impossível deixar de sentir perante isto, pelo que recomendo a leitura desta curta crónica de Manuel António Pina, do Alhos Vedros ao Poder e do Citadino, tudo recomendações chegadas por mail.
Entretanto há muitos outros silêncios. Comprometedores e muito, em especial por parte de quem diz que era contra tudo isto nos outros tempos. Os do outro senhor que usava botinhas de meio cano.
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Certamente todos se lembram do que se passou a meio da primeira metade dos anos 90 e da famosa defesa do direito à indignação por parte de Mário Soares, então Presidente da República e assumida força de bloqueio de um cavaquismo em segundo mandato decadente e cada vez mais fechado sobre si mesmo.
Passaram cerca de 15 anos e algumas coisas mudaram muito, mas foram muitas outras as que pouco evoluíram, sendo que nos dois casos nem sempre para melhor.
Eu estava a preparar-me para uma prosa verborreica, indo buscar citações aos diários da Assembleia Nacional dos anos 30 quando o Estado Novo exigia dos seus funcionários obediência máxima ao chefe, assim como sisudez e discrição na execução da política salazarista. Até pensei em ir buscar as minhas passagens weberianas favoritas sobre o que é, ou deve ser, uma burocracia de Estado.
Mas desisti.
Não vale a pena o esforço de erudição livresca.
Decidi antes lembrar-me da nossa História recente e entristecer-me com a falta de coerência da nossa classe política – claro, já sei que me dirão que isso é um dado adquirido, algo que é assumido a partida por todos, incluindo os próprios – e da sua absoluta falta de coragem em assumir frontalmente ao que andam quando passeiam à procura de votos.
O pai (agora mais avô) do direito à indignação, depois de recrutado para uma humilhante derrota nas eleições presidenciais, foi agora arrumado num daqueles cargos honoríficos que servem de prateleira dourada para quem acha que o seu lugar na História ainda precisa de mais uma norta de rodapé. O outro pai, o da teoria das forças de bloqueio, está por sua vez em Belém, em primeiro mandado à espera do segundo, sabendo que não lhe é muito vantajoso, em termos estratégicos, dar muito nas vistas.
Os filhos da época inverteram posições:
- os que então clamavam contra o autismo cavaquista, que apoiavam todo o tipo de manifestação contra o Governo, subscrevendo rabos mostrados ao léu na 5 de Outubro e dando força a todo o tipo de ataques aos ministros, a começar pelos da Saúde, hoje tornaram-se seríssimos homens de Estado, que defendem o respeitinho como a norma e desaconselham, à força de processos disciplinares e jurídicos, mais demissões, tudo o que lhes pareça atentado à sua (hipotética) honradez e dignidade pública.
- os outros, os que então estavam do lado contrário ao buzinão e as gravuras não sabem nadar, yô, agora são os que falam em claustrofobia democrática. Esquecendo todo o seu passado e toda uma prática que durou quase uma década.
O problema, como dizia Medina Carreira na entrevista dada esta semana à Sic-Notícias é que os políticos não têm a coragem de apresentar honestamente o seu programa real de governo em período pré-eleitoral, preferindo as promessas vazias de sentido e de exequibilidade. Chegados ao poder, arranjando subterfúgios vários para fazer o contrário do que tinham prometido, vêem rapidamente a sua legitimidade ser colocada em causa pelos cidadãos que se sentem enganados.
Porque o problema nem sempre são algumas das medidas coplocadas em prática, mas sim a opacidade dos métodos usados – o mais habitual actualmente é lançar apara a comunicação social as pretensas conclusões de “estudos técnicos” para ver a reacção geral – e a sua ausência do programa eleitoral visível para os eleitores comuns.
E mais grave do que isso com este governo – ainda a meio do seu mandato – é a conjugação de uma evidente aborrência para com a necessidade de aturar o zé-povinho que devia estar calado durante 4,5 anos – só falta ouvir o deixem-nos trabalhar que tão jocosamente criticaram outrora – e a actual falência da capacidade de controle e gestão da informação para esconder ou camuflar uma ausência de política consequente em relação aos sectores mais críticos da governação, o que se traduz num absoluto desnorte de diversos ministros ou o desaparecimento completo de outros.
Tudo isto sintomas de uma fraqueza intrínseca que, quando percebida pelos próprios, tenta disfarçar-se com actos de repressão arbitrária no sentido de dissuadir quem levante a voz.
Triste.
Patético.
E pouco mais.
Mas nem por isso menos inquietante.

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Eu tinha postado uma outra imagem da declaração que professores (e também outros funcionários públicos) eram obrigados a assinar durante o Estado Novo, em parte como mera curiosidade alfarrabística há menos de um ano, mas parece-me que afinal ainda poderá vir a estar actual e a servir de modelo para algo que já esteve mais longe de voltar.
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A descida do PS está longe de ser um factor isolado – é acompanhada pelo decréscimo de popularidade do próprio primeiro-ministro. Em Maio, Sócrates contava um saldo positivo de 2% na avaliação da sua actuação. Agora, chumba na avaliação, contando 14 pontos negativos. Uma tendência que é generalizada no Executivo, com 15 ministros em 16 a baixarem na popularidade. Mário Lino é o caso mais flagrante, mas a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, não anda longe: desce 16 pontos. Ainda assim, não há queda que valha a Correia de Campos. O ministro da Saúde completa o trio dos piores, mantendo-se destacado como o governante com pior imagem junto dos portugueses – volta a cair nove pontos, agora para os 50 negativos.
E ainda temos as últimas novidades. O problema é temos uma espécie de Oposição.
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