Parece que houve hoje em Setúbal, no auditório local da Universidade Moderna (por favor, por favor abafem os sorrisos malandros…) uma espécie de Universidade de Verão promovida pela Federação Distrital do PS, aquele tipo de iniciativa que nunca percebi bem para o que serve.
Entre os peroradores esteve a nossa amada ministra da Educação, regressada do cansaço da viagem a Moçambique e incomodada pela decisão do Tribunal Constitucional sobre a repetição dos exames de 12º ano.
Para variar, e pelas citações que lhe são atribuídas e para as quais a Maria Lisboa me chamou a atenção, MLR continua na posse de todas as suas faculdades e conhecimentos técnicos sobre o sector educativo e todas as suas nuances históricas.
Mas nada como ler para acreditar:
Maria de Lurdes Rodrigues lembrou que nos últimos 30 anos as políticas de educação de alargamento da escolaridade obrigatória para seis e depois para nove anos, foram definidas antes de existirem os meios necessários, incluindo escolas e professores, ao contrário do que acontece neste momento com o alargamento do ensino obrigatório até ao 12º Ano.
«Pela primeira vez em muitos anos da história do sistema educativo, o país não precisa de correr atrás do seu próprio objectivo. Podemos considerar que, em termos gerais, o país dispõe dos recursos necessários – escolas, equipamentos, professores, planos curriculares e instrumentos pedagógicos», disse.
Isto é absolutamente fantástico porque percebemos que após mais de dois anos como ministra, MLR ainda desconhece as etapas básicas da História da Educação em Portugal, pois afirma que a escolaridade passou para seis anos nos últimos 30 anos, quando isso aconteceu ainda eu não era nascido, e já passei os 40 há um par de anos, por força do decreto-lei de 9 de Julho de 1964 quando era ministro Inocêncio Galvão Teles.
Esta é uma informação que não é de difícil acesso, podendo colher-se na obra de síntese mais conhecida sobre o assunto, a História do Ensino em Portugal de Rómulo de Carvalho (pp. 801-802). Mas já sei que para ministra cehga uma decisora política esclarecida e determinada, mesmo se desautorizada pelo Tribunal Constitucional.
Quanto ao segundo parágrafo é demasiado ridículo para merecer sequer um comentário muito sério. Se em 2007, 34 anos depois da reforma Veiga Simão e 33 depois da revolução de Abril, quando a demografia abrandou a pressão sobre a rede escolar em alguns pontos do país – no deserto em meu redor isso não acontece, porque os camelos e os beduínos cada vez são mais – e quando existem milhares de professores profissionalizados desempregados, ainda não tivessemos meios para alargar a escolaridade para 12 anos, realmente isso seria um verdadeiro atestado de total fracasso a três décadas de govrnação democrática.
Que MLR não tem responsabilidades nenhumas na construção das escolas agora em funcionamento (mas tem no fecho de muitas), na formação dos professores agora em exercício (mas tem no desemprego e precariedade de colocação de muitos) e na esmagadora maioria dos planos curriculares em vigor (mas tem na continuação da sua instabilização recente, em especial no Secundário), é apenas um detalhe que a senhora Ministra faz por iludir.
Junho 17, 2007 at 1:58 pm
Leio, mas não acredito!
Não acredito que a srª consiga fazer afirmações destas impunemente. (mas também, porque é que me admiro?… acontece de cada vez que abre a boca).
Há menos escolas, há menos professores, tirando a meia dúzia de “computadores dela”, os equipamentos continuam os mesmos, há muito que existem planos curriculares e instrumentos pedagógicos (não fossem “srs”, como ela, passarem o tempo a mexer-lhes e isto funcionava…), mas a srª resolveu resumir a sua actividade nestes dois anos afirmando que “Pela primeira vez em muitos anos da história do sistema educativo,… o país dispõe dos recursos necessários ” blá, blá, blá.
Não terá percebido a srª porque é que os colegas anteriores ainda não tinham implementado este alargamento?
Não saberá a srª que não bastará dizer publique-se para que “as letras” se tornem factos, se concretizem “no terreno”. É que não nos serve de nada que no papel existam mil e uma leis!
O Paulo diz “é apenas um detalhe que a senhora Ministra faz por iludir”… e eu acrescento: que bem que ficava como ajudante do nosso ilusionista Luís de Matos!!!
PS: espero que ao incrementar o aumento da escolaridade obrigatória, não se esqueçam, mais uma vez, de criar tectos etários por ciclo.
No meu agrupamento existem alunos de 15 anos no 1º ciclo.
Se não houver um tecto, poderão passar a existir alunos com 18 anos! O mesmo se passará no 2º ciclo! Isto não serve a ninguém!
É só pensar um pouco nos problemas que advêm desta situação!
Claro que estes pormenores só se colocam a nós… não à lei no papel… não aos srs nos gabinetes
Junho 17, 2007 at 2:03 pm
PS: Esqueci-me!
Chuvas destas são chuvas ácidas, com toda a certeza! Não dão origem a oásis!
😉
Junho 18, 2007 at 4:43 pm
sou completamente contra a escolaridade obrigatória até ao 12.º ano.
Alunos contrariados, todas as escolas secundárias massificadas….
Mas os ME vivem para isto, leis, leis, leis….
Quanto as tectos etários já deveriam ter sido instituidos há muito, mas a solução é passá-los a todos.
Outubro 1, 2007 at 12:59 pm
eu quero saber por que chove!!!
Novembro 28, 2007 at 12:16 pm
por que nao chove em desertos?
Agosto 5, 2013 at 3:42 pm
sacquis legal