As instituições de vanguarda da sociedade civil (…) inspiram graus de lealdade extremamente baixos. Não é difícil descobrir porquê. Se um empregador disser a alguém que terá de se desenvencilhar sozinho, que a instituição não o ajudará quando estiver em apuros, por que haveria essa pessoa de ter um forte sentimento de lealdade em relação à instituição? A lealdade é uma forma de participação; nenhum projecto empresarial, por muito belo e lógico que seja, poder, por si só, obter a lealdade daqueles a quem ele é imposto pela simples razão de que os empregados não participaram na sua gestação. (Richard Sennett, A Cultura do Novo Capitalismo, 2007, p. 50)
Junho 11, 2007
O ME Está Nesta Vanguarda
Posted by Paulo Guinote under Citações, Sociologia q.b., Teorias[6] Comments
Junho 11, 2007 at 8:53 pm
E a lealdade dos executivos quando chegar o diploa da gestão? será lealdade?!!!!
Junho 11, 2007 at 8:53 pm
Ups! “diploma”
Junho 11, 2007 at 9:23 pm
Ora Paulo você hoje acertou mesmo no alvo! Tenho andado com esse sentimento há largos dias. E palavra de honra que no outro dia dei por mim a pensar (simplesmente a sonhar) na possibilidade de outra profissão e do que seria a minha vida se a tivesse. Pensei em tudo, nos prós, nos contras, nas certezas e nas incertezas, mas o que é facto é que pensei.
Mas o que querem? Eu gosto de ser professor! Mas não com “esta gente”!
Junho 11, 2007 at 10:18 pm
Creio que um aspecto essencial neste questão, prende-se com o conceito de “comunidade” educativa.
Numa perspectiva identitária, de ideias, de objectivos, por muito incipientes que sejam, desde que que persista um “ethos” de responsabilidade perante o Outro, existem condições de assegurar alguma coesão de grupo, um sentido de empenhamento social, ou “lealdade” se preferirem.
Se se quebrarem as “amarras” interpessoais, com a elevação dos cálculos de merceeiro (vulgo comissário político) a factor principal de ponderação, então só resta a vontade de se atingir objectivos pessoais, como parte integrante de um projecto impessoal mais vasto do poder central e amoral.
A relação do acréscimo de poder do estado, combinada com a redução da responsabilidade/autoridade, mascarada de “autonomização”, vai a par com a desvalorização e redução do poder local/individual real.
Tudo se combina para que uma renovada Nomenklatura seja reforçada à imagem do modelo da Condessa DRENcula.
Feios/feias, porcos/porcas e maus/más!
Junho 11, 2007 at 11:14 pm
É da minha vista ou alguém foi completamente seduzido por Richard Sennett?
Junho 12, 2007 at 8:35 am
Completamente eu não diria, mas agradavelmente surpreendido pelo facto de ele agora admitir, sem remorso, que algumas coisas que escreveu há 20 anos não estavam totalmente certas.
(ele leva boa parte do início deste livro a rever as suas teses de outrora e a retocá-las)
Eu admiro quem tem a coragmem de fazer isso, sem remoques, e enquadrando a mudança de opinião numa evolução do pensamento e não no encobrimento das “falhas” de leitura.