Acho que já só consigo sorrir. Como em outros anos – é a minha terceira experiência em quatro possíveis – os critérios para a classificação das provas de aferição provam, de forma exemplar, várias asserções do pós-modernismo. A objectividade não existe, a linguagem constrói a realidade e nada por este mundo não faz, se estivermos para nos preocupar com isso, sentido nenhum.

Naquela parte da prova em que já não se descontafvam os erros de ortografia, pontuação e sintaxe (como desde 2001, recorde-se sempre aos mais distraídos), porque o que interessa é classificar a compreensão da escrita revelada pelo aluno, entrámos na fase do vale tudo menos arrancar olhos e olghem que mesmo assim se for só um, ainda escapa o outro e o Camões foi um grande poeta mesmo assim.

Do GAVE, de um Areópago de estimáveis especialistas que há várias décadas não enfrentam uma aula com petizes, agora já emanam indicações telefónicas para se classificar como boa qualquer resposta que se aproxime vagamente do sentido original do que é pedido na questão. Ou muito me engano ou daqui até sexta-feira (dia da entrega das grelhas com as provas classificadas) ainda somos aconselhados a adivinhar, tomando como bom, o movimento aparente da mão do aluno(a) quando escreveu a cruz no lugar errado numa questão de verdadeiro/falso ou escolha múltipla, por isso se ter devido a uma distração momentânea.

Esta parte da prova vale 25 dos 77 pontos totais. A ortografia é avaliada, no máximo, em dois parâmetros que valem 6 pontos, o mesmo se passando com a pontuação e a sintaxe.

Tá-se bem!