Praticamente o único argumento usado pelos defensores da continuação da implementação da TLEBS no Ensino Básico parece ser o de ser errado parar algo que já estava a ser implementado no terreno.
Desculpem-me, mas é preciso mais melhor do que isso para me convencerem. Pode apontar-se o dedo ao momento tardio em que a decisão foi anunciada, até às consequências nefastas para os alunos cujos professores, por crença ou ingenuidade, se apressaram demasiado por um caminho notoriamente equívoco.
Porque um erro, mais vale emendá-lo tarde do que deixá-lo em “implementação”, porque já está no terreno. E no caso da generalização da TLEBS, mesmo não falando nas polémicas científicas, existiam demasiados problemas como a falta de um claro escalonamento do que se devia aplicar a cada CEB, da falta de materiais de apoio com a quantidade e qualidade indispensáveis para uma matéria tão delicada ou mesmo de uma adaptação do programa da disciplina de Língua Portuguesa aos novos conteúdos termonológicos.
Nesse aspecto, como em muitos outros, a atitude epistemológica popperiana é a mais adequada: tentamos e constatamos que errámos? Então é melhor reiniciar todo o processo. Só assim é possível fazermos avançar os nossos conhecimentos no sentido correcto. Constatar o erro e insistir nele é a negação de qualquer espírito científico responsável.
Abril 20, 2007 at 10:00 am
P. G., assino por baixo.
E, se me permite, aproveito para concordar com José Nunes, no que se refere ao ensino secundário.
O DN de ontem atribui-me a afirmação, segundo a qual eu estaria de acordo com a aplicação da TLEBS a esse nível de ensino. É FALSO!
Nem concordo com esta TLEBS, nem concordo com uma eventual TLES. Trata-se, na melhor das hipóteses, de uma má interpretação que a jornalista terá feito do que lhe (não) disse. Perante a insistência da mesma em saber a minha opinião sobre a TLEBS, sugeri-lhe a leitura da minha entrevista ao “Educare” ou de “Blues pelo Humanismo Educacional?”, dentre muitos outros textos em que contestei esta TLEBS. E fundamentava a minha crítica (em finais de Junho de 2006!) em razões científicas, pedagógicas, institucionais, económicas, culturais…
Que verdade perseguem os nossos jornais?
Depois lamentam-se da fuga dos leitores…
Abril 20, 2007 at 11:11 am
Eu estranhei essa referência, não a tendo comentado porque achei que haveria por ali algum lapaso.
Mas infelizmente o jornalismo anda pelas ruas da amargura em matéria de conhecimentos ou mera capacidade de investigação.
esta semana na Visão, na nota necrológica de Kurt Vonnegut fala-se na publicação da sua obra Utopia 14 entre nós como sendo a única, embora nos anos 70 tenham saído pelo menos mais duas: Pequeno Almoço de Campeões e a tradução nacional do Slaughterhouse Five que por não encontrar o livro, não me ocorre agora exactamente o título adoptado.
Para não falar na sua obra mais recente “Um Homem sem Pátria”.
Enfim…
Abril 20, 2007 at 11:58 am
Como nos admiraríamos de que servidores anfitriões que se prestaram a um dos mais espantosos embustes tenham dificuldade em digerir obras como “Um Homem Sem Pátria”, “Galápagos”, “Matadouro Cinco”, etc.?! Por isso, são uma fatalidade os servidores dos servidores…
Abril 20, 2007 at 3:43 pm
Exacto: Matadouro Cinco (ou o A Cruzada das Crianças), a que me escapava o nome. Edição com mais de 30 anos, esgotadíssima, inspirada pelo bombardeamento de Dresden no fim da Segunda Guerra Mundial.