Eu sei que os tempos não correm de molde a encontrarmos na governação do país figuras modelares pelas sua postura ética, pelo seu percurso pessoal e profissional. Neste momento, a rede está larga e já conta como gema (semi-) preciosa qualquer calhau que apareça. Poderia dar alguns exemplos resultantes de conhecimento directo.
Mas aqui traz-nos essencialmente a questão da Educação e por aí vou ficar, pois a imprensa deste final de semana tem material de valia sobre um mesmo figurão, talvez antes figurinha, que neste momento vai espalhando toda a sua inabilidade técnica e política pelo sector, desrespeitando tudo e todos, num afã de desgoverno que terá sérios custos para o interesse público a não ser travado enquanto é possível.
Se à Ministra da Educação não encontro currículo ou percurso que justifique o cargo, e se quanto ao secretário de Estado Jorge Pedreira me confunde a forma rápida c omo passou de sindicalista a anti-sindicalista, tudo o que conheço e vou conhecendo ao secretário de Estado Valter Lemos – antes e depois da sua entrada no Governo – é de molde a desaconselhar que ocupe tal cargo, num sector e momento tão críticos. Só mesmo com uma malha muito larga, ou cumplicidades e amizades que se adivinham, é possível que alguém assim chegue onde chegou. É a minha opinião, sei que há quem critique quem escreve ou fala quando se fazem ataques pessoais em nome do policamente correcto, mas eu fui criado ainda em tempos não liofilizados pela hipocrisia discursiva generalizada. E acho que quem com ferro quer matar, do ferro deve saber defender-se
Vamos lá por partes:
- No Sol vem o relato do indescritível comportamento do senhor secretário de Estado Valter Lemos noa comissão parlamentar da Educação. Como pessoa aparentemente pouco atenta às formalidade das democracia e do Estado de Direito, parece que o dito senhor considera estar acima do escrutínio e crítica por parte de quem, com todas as limitações do sistema, ainda é quem foi eleito pelo povo. Valter Lemos não foi eleito por ninguém e quando o foi, o mandato acabou no nebulosidade que sabemos. Perante o confronto por deputados do próprio partido do Governo (sinceramente não sei se VLemos ainda é do CDS como há uma década, se é independente ou se já arranjou cartão cor de rosa), o senhor «berrou, amachucou os paéis e atirou-os ao ar numa atitude inimaginável e indigna para um governante». Isto é atribuído a uma fonte socialista e não da Oposição. Pelos vistos nem foi um «berro isolado»; o homem «gritou de forma continuada. Estava totalmnete descontrolado. Os deputados ficaram estupefactos e preferiram continuar a falar como se estivessem perante uma pessoa no estado normal». Percebo a educação dos interlocutores, mas sinceramente acho que nem sempre a civilidade deve ser a recompensa para este tipo de atitudes. Todos nos podemos irritar, mas há justificações e limites para tudo. E neste caso as primeiras escasseiam e os segundos foram torpedeados. Só gostava de saber a que horas se deu esta reunião. Cá por coisas…
- Entretanto no Expresso temos outra matéria sumarenta, que são as atribulações judiciais de Valter Lemos, já não só como governante que até são bem mais graves pelo nível das decisões tomadas e impugnadas, mas ainda como presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, reduto ideal para tiranetes e caciques locais que usam e abusam dos poderes que a lei lhes confere e ainda inventam outros, apostando na impunidade. A descrição das tropelias – já com as devidas demonstrações judiciais – de Valter Lemos no seu couto particular depois da queda do cavaquismo é perfeitamente aterradora, pois envolve todo o tipo de desmandos: desrespeito pelas leis em vigor e nomeação de júris contra todas as regras. Como afirma uma dvogado, «são falhas demasiado grosseiras para serem devidas a ignorância».
Grosseria e ignorância, duas palavras a reter sempre que se falar neste protagonista.
Mas mais adiante não deixa de ser interessante como, a propósito dos atropelos quanto a concursos públicos para contratação de docentes, se cita o SNESup (lembremo-nos que foi onde o outro secretário de Estado Jorge Pedreira se destacou como sindicalista desde 1989 e como presidente até 1998) que qualificou o modo de agir de VLemos como «irresponsável», pois, de acordo com um dos envolvidos «queria fazer um concurso à medida».
Irresponsabilidade, coisas feitas à medida, mais duas ideias a reter quando se aborda o comportamento deste protagonista.
Mas a coisa continua e o Expresso faz a lista – não exaustiva e apenas dos actos que já mereceram desautorização judicial – das enormes falhas da acção de Valter Lemos como governante, curiosamente todas revelando um determinado padrão: o desrespeito pelas leis em vigor, aliado a uma aparente incapacidade técnica para elaborar documentos escorreitos, a que poderíamos ainda acrescentar em algumas nomeações e decisões sensíveis o manifesto favorecimento do meio politécnico onde tem as suas raízes.
Tudo isto seria mais do que suficiente – mesmo numa República das Bananas – para que este senhor, mais do que ser afastado, nunca chegasse a secretário de Estado da Educação num período tão complicado.
Março 3, 2007 at 2:00 pm
Neste texto existem muitas verdades contidas:
– As vezes, os Institutos Politécnicos são “reduto ideal para tiranetes e caciques locais que usam e abusam dos poderes que a lei lhes confere e ainda inventam outros, apostando na impunidade”;
– Faltam figuras modelares na governação educastiva “pela sua postura ética, pelo seu percurso pessoal e profissional”, e não pela simples amostra do cartão rosa, o que nas últimas decádas vem sendo habitual;
– Os “atropelos” quanto a concursos públicos para contratação de docentes”, têm sido mais que muitos!!!!!!
Parabéns pelo blog e pelo post!
Março 3, 2007 at 2:35 pm
Ontem, antes de me integrar na manifestação da CGTP, fui com outros colegas professores à Assembleia da República onde se estava a discutir o Estatuto. Duas notas:
-o Valter que estava acompanhado do Augusto Santos Silva, mentiu despudoramente ao dizer que nehum professor iria sofrer alguma penalização por ser mãe ou por estar doente; ao encher a boca com o “mérito” quando nós sabemos o que se passa na realidade;
-ontem todas as oposições estiveram unidas ao dizerem que este estatuto foi aprovado apenas pelo governo/PS.
Custou ouvir em silêncio. Só que nós que lá estavamos éramos obrigados a assistir em silêncio.
Talvez por isso, na manifestação, uma das palavras de ordem mais fortemente ditas pelos professores manifestantes ao passar no Largo do Rato foi: Mentirosos, mentirosos, mentirosos…
Este senhor além de mentiroso é um caso de tribunal pela acumulação de ilegalidades cometidas.
Março 3, 2007 at 2:56 pm
O http://www.com (Valter, Vai à Vida, Come …e Cala-te)
é mal educado, bruto, mentiroso e tem este jeito meio estúpido de se comportar. Além disso é feio, o que é ainda mais imperdoável.
Março 3, 2007 at 3:52 pm
O Valter é amigo pessoal do Sócrates, é por isso que está no governo.
Custa-me ver o Augusto Santos Silva, ele que faz parte do “núcleo duro” do governo e tido como da “ala esquerda” do PS(mto embora não tenha gostado dele enquanto ME), cujo filho mais novo é aluno da minha escola, absolutamente complacente com este TRIO ministerial, não é capaz de lhes aconselhar “tento” na língua? dar-lhes algumas ideias de como é o nosso sistema de ensino?
Março 3, 2007 at 3:59 pm
Eu sei que as amizades lá da interioridade terão pesado imenso nesta nomeação. E concordo que é uma pena que o ASSilva, que enquanto sec. Estado conheci em reunião de trabalho sobre projectos relaciondados com a inclusão social (em 96 ou 97, salvo erro, ainda era eu mero contratado), se deixe arrastar para este lamaçal, logo ele que é uma pessoa de relacionamento pessoal extremamente agradável e que sabe ouvir os outros.
Março 3, 2007 at 5:38 pm
Meu caro, tu quando escolhes vítimas, é de saborear, calçar as pantufas e assistir da plateia de pipocas e coca-cola na mão… 😉
Tenho adorado os teus reparos a este, este….como hei-de colocar, besta!? Sim senhor, ainda bem que sou teu amigo, ó Paulo.
Março 3, 2007 at 6:12 pm
Olha estás a ver como só tens a ganhar…
Mais que não seja, folga-te o lombo.
😀
Março 3, 2007 at 7:19 pm
Valter Lemos vai cumprindo a sua missão com verdadeiro sentido de missionário como já alguém referiu no Umbigo. Não se pense que é uma missão fácil, e que o homem não cultive por ela uma dedicação canina: trata-se de folgar as costas à parelha MLR+JS. É para isso que os seus superiores lhe “pagam” (com o dinheiro dos contribuintes).
Março 3, 2007 at 7:44 pm
Ó António Ferrão, francamente!!!!
Março 3, 2007 at 7:56 pm
Ó Fernanda, nunca ouviu falar no vilão da história?
Março 3, 2007 at 8:05 pm
A minha mente perversa levou-me para outras paragens ao ler o seu texto. Me desculpem….
Março 3, 2007 at 8:36 pm
Ainda se lembram da bronca das faltas do valterzinho quando era eleito numa qualquer autarquia do país? É este sr, que “chumbou por falta de assiduidade” quando lá estava que nos proíbe até uma simples gripe?
Mas sobre ele não quer dizer mais nada. Desde o princípio (talvez porque já lhe conhecia a fama de outras lides…) que sei que é incompetente,ignorante, irrascível e como todos os que são assim, arrogante e cheio de um ego maior do que o mundo.
Sobre o que eu queria falar, era mesmo sobre o “outro lado”… o tal lado dos deputados. E aqui percebo a reacção do sr… até aqui tudo tinham sido rosas nas relações entre ambos os lados. De repente apareceram os espinhos… e ele “sofreu profundamente a dor de ser picado”. 🙂
O que eu queria dizer era que, nisto tudo, o que mais me irrita e entristece, é ter sentido que, até agora, os srs deputados, especialmente os socialistas, pecaram quer por se omitirem, quer por baterem palmas a todas as políticas deste sr (e do resto do trio). Omitiram-se quando fomos espezinhados publicamente, omitiram-se enquanto houve a discussão do estatuto (não tenho conhecimento de nenhuma posição dos srs relativamente às políticas que estão na mesa, nem aos insultos de que fomos alvo). Omitiram-se e até aplaudiram os dislates que a ME perorou perante eles (e isto vi eu na TV!). Acordaram, agora que se sentem prejudicados! Acordaram, agora que foram eles, alguns dos atinjidos! É pena que os nossos representantes só percebam o que se passa quando são os factos lhes batem à porta. Enquanto tudo o que passava era “com os outros”, “os que estão a dar a cara nas escolas”, nunca se sentiram incomodados. Por aqui se percebe em nome de quem se governa este país. Este exemplo, palpável, é na educação. É somar todos os outros que proliferam, diariamente, por esse país fora. E assim se vai tratando a Res Publica!
Março 3, 2007 at 11:55 pm
Parece que os ditos deputados socialistas acordaram desta vez.
Mas o interessante é que nesta área da Educação a Oposição, da Esquerda à Direita, tem sido do mais pífio que se pode arranjar.
Lamentavelemente.
É que até aprece que, afinal, estão quase todos de acordo no essencial e só nas flores (do vestido da ministra desenhadas pelo Antero) é que discordam.
Raios e carambas.
😦
Março 4, 2007 at 2:52 am
Há gente ainda com fé!
Mas estavam à espera de quê?
Março 4, 2007 at 11:14 am
Este (des)governo enche a boca com o “mérito” quando nós sabemos o que se passa na realidade é o (des)mérito.
Porventura existe mérito:
– quando se realizam concursos públicos com perfil previamente construído concidente com o existente na instituição?
– quando o docente que é apontado como pedagogicamente correcto é ultrapassado por outro que é bajulador ou possui cartão rosa?
Março 4, 2007 at 3:23 pm
nós somos perfeitos e os governantes imperfeitos?
Março 4, 2007 at 4:04 pm
…que spleen, Fontez, que spleen…
… qual Lord Byron, imagino-o a passear por Monserrate aspirando a fragrância da Primavera e a maldizer os indígenas pela sua falta de gosto…
Março 4, 2007 at 10:41 pm
As atitudes do senhor Valter, não ficam atrás do estilo iniciado por este governo, a começar pelo 1º Ministro, de arrogâncias, teimosias e más-criações. Os homens julgam que têm o rei na barriga, que são «muito inteligentes» e, pior de tudo, que são paternalistas ao ponto de acharem que todos os outros estão errados, ou são burros! Se formos analisar então “as bocas” do Ministro da Saúde, ai Jesus!
Este é o estilo deste governo, do qual a “nossa” Ministra também fez jus a não fugir “do estilo” ao princípio: atiram o “roto contra o nú” afirmando que o dito roto é previligiado, pois está vestido. Foi isso que aconteceu em relação à classe dos professores antes de iniciar “esta cruzada” que acabou (espero eu) no actual ECD.
Depois quando deparados com determinadas realidades ou argumentos, disparam em diatribes e disparates!
Deram-lhes os votos??? Agora aguentem!!!
Março 4, 2007 at 11:24 pm
Porque quando estamos de “fora” temos muitas teorias para dar e muitas teorias para contrariar?
Março 5, 2007 at 8:20 am
De fora Fontez está o meu caroamigo.
Aliás, ouso mesmo afirmar que mais do “fora” anda “por cima”, a planar… fazendo exactamente o que critica – não, que desperta aos outros que um bem-pensante não critica.
Por acaso, mal por mal, antes o Valter.
Não sei se fui muito directo…
Março 5, 2007 at 12:38 pm
se foi directo? é irrelevante…
sim tou de fora e em paz, tem razao!
Março 5, 2007 at 1:46 pm
Está em paz, que bom, mas permite-se criticar os que criticam porque são críticos de algo.
Para ser coerente, não deveria abster-se de fazer sos críticos o que lhes critica?
Mas a liberdade, pacífica ou guerreira, é sua.
Continue de fora.
Eu gostava, mas não posso.
Por diferentes ordens de imperativos.
Março 5, 2007 at 5:16 pm
o senhor disse q tou de fora? e o senhor ta dentro? é entao o q? q decisoes tem de tomar pelas quais é responsavel? q pressoes é submetido?
…
Março 5, 2007 at 7:38 pm
Não há paciência meu amigo… fique na sua, em paz, fora, dentro, onde calhar. A mim tanto se me dá.
Março 8, 2007 at 10:38 am
🙂
Eiii estou a ser brincalhao 🙂
Nao levo nada a serio …
sempre a brincar