Nada que aqui já não se tivesse escrito, mas é sempre bom encontrar a confirmação (via referência da Amélia Pais) por quem está por dentro do sistema, que eu sou soldado raso (felizmente, neste caso). Autonomia das escolas, agilização de processos? É tudo falso e só os ingénuos ou mal informados podem acreditar no contrário. O que se passa é a completa desregulação do sistema com perdas irreparáveis para todos os envolvidos ao nível das Escolas que andam nisto de boa fé. Os outros e a tutela, bom, isso é todo um outro problema.
A verdade da contratação directa de professores pelas escolas
Autêntica, resistente e possuidora de uma resiliência absolutamente admirável, a escola pública portuguesa tem encaixado (pelo menos aparentemente) as directrizes e os desmandos dos actuais inquilinos do ME [Ministério da Educação]. É algo que se constata e deve ser motivo de orgulho de todos os que a compõem e formam as comunidades educativas que a sustentam.
Mas para tudo há limites.
Devo confessar que a ruptura esta próxima e encontra-se à porta da escola o elemento que mais corrói a nossa democracia: a corrupção!
Como membro de um Conselho Executivo de uma escola do Sul do país, devo publicamente, e porque já o fiz a quem de direito, informar da situação que se vive neste momento em dezenas de escolas deste país. Até aqui, sempre que necessitámos de um professor substituto, bastava aceder à aplicação da DGRHE (Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação) e, no máximo, em cinco dias úteis o ME colocava o novo professor na escola, pronto a trabalhar. Tal rapidez devia-se a que existe uma lista nacional de graduação, que resultou de um concurso nacional onde estavam graduados os professores disponíveis que haviam concorrido à área da nossa escola. Este mecanismo, altamente funcional e prático, pode ser consultado nas páginas da referida Direcção-Geral, tem o nome de “Colocações Cíclicas”.
Neste momento, as referidas colocações via net foram suspensas. Resulta daí que, esta semana, necessitámos de substituir um colega. Contrariamente ao procedimento anterior, foi necessário procedermos à publicação da oferta de trabalho na imprensa, nas página web da escola e na DREL. Neste momento, já passados oito dias (os alunos continuam sem professor), temos a incumbência e a responsabilidade de considerar e conferir 223 candidaturas. Queremos fazer um trabalho sério, mas, por mais que nos empenhemos, não conseguiremos graduar estes candidatos em menos de 3 dias. Quando chegarmos a um veredicto, o professor escolhido terá 48h para se apresentar ao serviço. Os alunos estarão sem professor o dobro do tempo que em face do procedimento anterior.
Se não bastasse o exposto, devo confessar que a escola e os seus responsáveis já receberam algumas “recomendações” em relação a alguns candidatos.
Por fim, devo referir que muitas destas pressões exteriores resultam da voz corrente (jornais e ME) que fez constar que as escolas poderiam definir o “perfil” do professor a contratar. Tendo em conta que seria impossível entrevistar todos os candidatos, e desvalorizando o mérito que resulta de uma graduação séria, o critério da cunha e do favorecimento pessoal torna-se, na perspectiva dos que nos contactaram, muito apropriado.
Considero a contratação directa dos professores uma questão imponderável, desnecessária e, em alguns casos, promotora da corrupção.
Maria Lurdes M.
SetúbalCartas ao Director- Público de 13.02.07
Fevereiro 13, 2007 at 1:06 pm
Uma coisa é apontar o problema da morosidade da contratação directa (imagino que resolúvel à medida que as escolas se forem habituando ao novo processo), outra coisa é questionar o próprio interesse da escola em poder contratar directamente. Quanto a isto parace-me que não se pode querer que os executivos sejam progressivamente mais autónomos e responsáveis e depois questionar se devem ter responsabilidade de contratação… Não é preferível a escola escolher os seus docentes (ou parte deles) em vez de pegar num docente já previamente escolhido com um critério nacional ? Quanto à corrupção e às pressões , esse é um problema real que coloca um fardo de resposabilidade adicional em cima dos executivos. Se eles querem mais autonomia então é esse o preço a pagar…
Fevereiro 13, 2007 at 2:44 pm
Curioso que Manyfaces não tenha sequer tentado abordar a questão do prejuizo para os alunos, que passaram de cinco para dez dias de interrupção de aulas. Para quem se reclama dos bons princípios de gestão, certamente conhecedor das fases transitórias de sobreposição dos sistemas para salvaguarda da integridade dos serviços, vir dizer: aguentem-se à bronca é sintomático. Hum…
Fevereiro 13, 2007 at 3:37 pm
“Para quem se reclama dos bons princípios de gestão, certamente conhecedor das fases transitórias de sobreposição dos sistemas”
Para evitar broncas dessas só é preciso um certo bom senso (há quem diga que a gestão é mesmo só isso): se a escola no início do ano tiver capacidade de estimar por alto as necessidades de substituição (com base no histórico anterior por exemplo), pode sempre criar uma lista da candidatos potenciais (as empresa estão sempre e fazer isso), e garantir a qualidade e actualização dessa lista com entrevistas periódicas. Quando surgir a necessidade já se sabe onde está o candidato que interessa e se está disponível (não se vai a correr lançar um anúncio).
Não é só nas escolas que surgem imprevistos que exigem substituição. Esse problema pode sempre ser gerido em cima do joelho ou pode ser gerido como um processo. E é com processos como este que se resolvem esses problemas. Passou-se dum sistema em que papinha vinha toda feita pelo Ministério, para um sistema mais exigente para as escolas porque as obriga…a gerir…
Fevereiro 13, 2007 at 5:34 pm
Continuo a não perceber o que tem de bom este sistema que o ManyFaces referiu, tendo em conta o critério de melhoria da qualidade do ensino e a tal autonomia das escolas? Neste momento, essa autonomia, passará muito mais pela gestão de verbas e equipamentos logísticos, tão necessários para o implemento curricular, assim como pela colocação e formação adequada de pessoal auxiliar, do qual curiosamente, não há CONFAP que faça alarde.
O resto já se sabe, será o compadrio a toda a força, as simpatias e, em muitos casos as compatibilidades ideológicas e até partidárias, quando não dos “capos” das pedagogias em moda, onde a “força e interesses dos pais” farão lei! Nas escolas de província, em terras pequenas, é só adivinhar. Quanto ao resto, acho que o artigo de Maria de Lurdes M. é bastante elucidativo e não necessitará de mais explicações!.
Fevereiro 13, 2007 at 5:47 pm
Tenho as minhas dúvidas em relação a esta questão…
Estarão os CE em condições de contratar professores? E as pressões e as cunhas?
Por outro lado parece-me uma boa maneira de as escolas escolherem os professores competentes e não andarem a dizer “temos maus resultados porque os professores que nos calharam são incompetentes”
No meu agrupamento optou-se por, este ano lectivo, contratar os professores pela graduação, tal como o ME faria, uma vez que não há tempo de preparar tudo o que seria preciso para contratar um professor (critérios, entrevistas, etc.). Mas a verdade é que estamos há mais de 1 semana sem uma professora que ainda não foi substituída e receberam-se mais de 1000 currículos!
Fevereiro 13, 2007 at 6:42 pm
1000 Currículos… Que luxo… Vejam só o manancial de qualidade que deve existir em 1000 currículos… É só (saber) escolher. A probalilidade de 1% dessas pessoas serem professores excepcionais é muito elevada. Já a probabilidade do primeiro na lista nacional do Ministério ser excepcional não será necessariamente elevada. Não será por ter muitos anos de experiência e boa nota de curso que tem de ser necessariamente bom, sabendo nós como são dadas as notas em certas Universidades… A entrevista pessoal e intransmissível, cruzada com informação curricular e referências é o melhor método de recrutamento. É só aplicá-lo.
Quanto às cunhas e pressões. Actualmente o executivo é eleito por Professores e constituido por Professores. Se eles forem particularmente afectos da cunha e fizerem uma mau trabalho podem sempre ser eleitos outros… Só dependerá dos… professores.
Fevereiro 13, 2007 at 7:28 pm
Manyfaces realmente não faz ideia dos recursos que tem um Conselho Executivo e da quantidade de trabalho que lhes cai em cima!… Acha um luxo mil currículos.
OK . E TEMPO E MEIOS PARA SELECCIONAR ISSO TUDO EM TEMPO ÚTIL?
Faz-me lembrar um determinado representante da Associaçãode Pais no Conselho Pedagógico que não fazia ideia de que ESCREVÍAMOS OS SUMÁRIOS À MÃO E CONTÁVAMOS O NÚMERO DE AULAS DADAS E PREVISTAS À PATA! Imaginava que estava tudo informatizado e era tudo automático e simples…
Fevereiro 13, 2007 at 8:08 pm
Contentemo-nos então com o possível. É a melhor maneira de não mudar nada. Das 3 ou 4 últimas coisas que propus por aqui acho que ainda nenhuma terá passado no fino crivo da “realidade escolar”. Será que as propostas são simplesmente tolas ou será que estamos todos prisioneiros do possível?
Muito do que vou dizendo por aqui resulta de conversas que vou tendo com as múltiplas nacionalidades que se juntam ao almoço e das ideias que surgem (o tema é muitas vezes a educação e os vários modelos nos vários Paises, tópico viciante e fascinante)… E pelas conversas posso concluir que se sou tolo não estarei pelo menos sozinho no Mundo dos tolos… Haverá se calhar muitos paises tolos que aplicam muitas das tolas ideias que não parecem ser possíveis por aqui. Deixo uma provocação: se calhar é este País que é tolo.
Fevereiro 13, 2007 at 9:25 pm
Manyfaces, continuamos à volta de um problema que é do tipo pesacdinha de rabo na boca.
como mudar um sistema sem mudar as pessoas que colocam o sistema a funcionar.
Eu repito as vezes que necessário for, por muito tolo que pareça a um simpático finlandês ou americano de Yale: com uma tutela em que a maioria dos docentes não confia é impossível irmos lá.
A desconfiança instalou-se com razão e existe muito ressentimento perante a menorização a que os docentes foram votados por uma equipa ministerial de currículo curto e ideias pré-formatadas e fraquinhas, fraquinhas, como costumam dizer os Gato Fedorento.
E agora uma farpa: se o sistema de quotas de mérito e valor é (vagamente) válido de acordo com a sua lógica para os professores, quantos dos convivas desses almoços terão boas ideias – independentemente das nacionalidades?
😉
Fevereiro 13, 2007 at 9:44 pm
Parece bastante óbvio, MAnyfaces, que é preciso ter os RECURSOS adequados para fazer seja o que for. É a velha história da omolete e dos ovos.
Posso garantir-lhe que para a maioria das escolas o simples facto de terem que colocar anúncios nos jornais é DIFICILMENTE COMPORTÁVEL para o seu orçamento.
Ninguém lhe chamou tolo: apenas desinformado. É difícil ter ideias que funcionem quando não se conhece a realidade para a qual se estão a desenvolver as soluções, não acha?…
Fevereiro 13, 2007 at 9:59 pm
Gostei da ideia dos almoços multiculturais onde se discute educação e políticas educativas.
Sempre são melhores do que as meras conversas de café monoculturais.
Fevereiro 13, 2007 at 10:07 pm
Aliás, o país tolo está, certamente, aberto a outras ideias tolas que nos dizem não poderem ser aplicadas aqui: melhores condições de saúde, de habitação, de emprego, de regalias sociais, melhores salários, efectiva protecção à família, teletrabalho, trabalho em part-time….
Fevereiro 13, 2007 at 11:21 pm
Estou mesmo a imaginar o CE do meu Agrupamento, que mal tem tempo para atender um telefonema de um Coordenador de Escola para tirar uma dúvida sobre o que quer que seja… a ter de ler 100 ou 200 currículos (não vou ser mauzinho e falar em 500 ou 600) e depois entrevistar outros tantos professores! Credo!…
E vou ficar esta noite a imaginar/sonhar como é que com a leitura de um currículo e uma simples entrevista se descobre que alguém é um “professor excelente”! Enfim…
Fevereiro 14, 2007 at 11:41 am
“E agora uma farpa: se o sistema de quotas de mérito e valor é (vagamente) válido de acordo com a sua lógica para os professores, quantos dos convivas desses almoços terão boas ideias – independentemente das nacionalidades?”
As boas ideias de almoço não contam para avaliação de mérito :-), mas se contassem o método seria concerteza semelhante ao que é aplicado no contexto profissional:
Num grupo de topo (Engenheiros consultores) de cerca de 15 pessoas, em cada ano pelo menos 2 delas em média vão descer de nível, 2 são promovidas e as restantes mantêm-se. Essa avaliação é feita pela chefia directa e ratificada pela chefia imediatamente acima. E o curioso é que isso não impede de continuarmos a almoçar todos juntos, chefes incluídos. As regras do jogo são claras e aceites. O facto de 2 pessoas descerem de nível não impede que continuem na empresa a fazerem um bom trabalho noutras áreas. O facto de terem pertencido a um grupo de topo é bastante mais valorizado do que o facto de não se terem mantido no grupo. O ambiente é competitivo mas saudável.
“Ninguém lhe chamou tolo: apenas desinformado. É difícil ter ideias que funcionem quando não se conhece a realidade ”
Entre aluno e docente passei 25 anos da minha vida no sistema… Sempre dá para ficar com uma ideiazinha…
“E vou ficar esta noite a imaginar/sonhar como é que com a leitura de um currículo e uma simples entrevista se descobre que alguém é um “professor excelente”! Enfim…”
Eu entrevisto Engenheiros. Baseio a minha avaliação em 1 hora de entrevista, análise de referências e currriculo. O resultado não é perfeito: em média 90% dos contratados correspondem à avaliação. Nos outros 10% falhamos. Como o período experimental é de 6 meses, conseguimos detectar a falha em 80% dos casos. Não tenho dados objectivos para saber qual seria o resultado se não fizesse a entrevista, mas pela experiência que tive noutros lados não acredito que conseguisse ter uma taxa de sucesso de 90%.
Fevereiro 14, 2007 at 11:56 am
Gato escondido com rabo de fora?
Num grupo de topo (Engenheiros consultores) de cerca de 15 pessoas, em cada ano pelo menos 2 delas em média vão descer de nível, 2 são promovidas e as restantes mantêm-se.
Há quotas (peço desculpa, mas isto do 2-2)? A promoção implica substituir o chefe? Se não, em que consiste: prémio anual de três mensalidades, elevação salarial, conforto moral, rotação das cadeiras de virtual technical leader???
Fevereiro 14, 2007 at 12:22 pm
Meu caro Manyfaces, eu não me recuso a almoçar com quem me avalie.
Aliás, pelo que prevejo, já hoje almoço com quem me deverá ir avaliar.
Do que não gostamos não é disso…
Conhaque é conhaque, até aí todos chegamos.
O problema é que, provavelmente, quem definiu as regras de tal avaliação não começou tudo por afirmar que os seus caros convivas chegaram a engenheiros-consultores sem esforço e com base num sistema que não premiava o mérito.
É que para appetizer este tipo de abordagem indispõe o estômago menos sensível.
E já agora os promovidos no seu grupo são só necessariamente os mais antigos?
E desculpe-me lá a azia, mas eu não consigo confiar em quem, por regra, desconfia de mim.
Aquela história de dar a outra face à bolachada é capaz de ser um dos principais problemas que eu tenho com o catolicismo.
Fevereiro 14, 2007 at 1:23 pm
“Há quotas (peço desculpa, mas isto do 2-2)? A promoção implica substituir o chefe? Se não, em que consiste: prémio anual de três mensalidades, elevação salarial, conforto moral, rotação das cadeiras de virtual technical leader???”
A promoção pode implicar substituir o chefe se este for promovido… ou demitido 🙂 Normalmente implica prémios adicionais, promoção para funções internacionais, project manager, etc… Já a despromoção tem uma lógica de renovação desde que esta se justifique, ou seja, desde que de facto existam pessoas com desempenho abaixo da fasquia definida… E uma despromoção nunca é definitiva. Há sempre uma segunda oportunidade.
“E já agora os promovidos no seu grupo são só necessariamente os mais antigos?”
Nem pensar. A antiguidade só conta na medida em que a experiência é um factor importante… mas não é de todo condição suficiente…
Fevereiro 14, 2007 at 1:45 pm
Manyfaces, obrigado por explicar como funciona esse sistema, pois é perfeitamente diferente daquele que é proposto para os profes.
Aliás, se bem se lembrar, esse sistema algo “rotativo” que nos descreve é admiravelmente parecido com o que funciona(va) nas escolas.
Pode parecer-lhe que não , é (era!).
E o que dizer-lhe da antiguidade não ser condição necessária?
É só ler o ECD e estes diplomas para se perceber que o ME atribui em exclusiovo funções de responsabilidade acrescida apenas com base numa antiguidade que a própria tutela afirmou ter sido conseguida sem demonstração cabal de mérito.
Vá lá, desta vez (já o fez outras vezes, é certo…) pode confirmar que se calhar os renitentes e inertes dos profes terão as suas razões de queixa contra as incongruências que lhes estão a despejar em cima.
O método está conceptualmente errado, está desadequado da realidade das escolas (baseia-se em valores médios do nº de docentes por escalões) e a sua regulamentação vai ser do “melhor”.
Fevereiro 14, 2007 at 1:52 pm
” no máximo, em cinco dias úteis o ME colocava o novo professor na escola, pronto a trabalhar” Falso!!!!, na escola do meu filho, um horário de 12 horas de Geometria Descritiva, foi a concurso nacional duas vezes, nas duas o prof. colocado não apareceu, curiosamente, o problema só se resolveu em janeiro com uma oferta de escola. É o 3.º professor, para o mesmo horário, desde setembro.
Fevereiro 14, 2007 at 1:54 pm
1) Prémios adicionais (por desempenho da actividade no período em avaliação). Era bom que houvesse tal coisa no Ministério da Educação. Talvez a mensagem devesse ter outro destinatário.
2) Promoção para funções internacionais (estou a fazer um esforço, até agora inconclusivo, para tentar imaginar o equivalente na vida de um professor)
3) Project Manager: como todos os projectos têm duração limitada, não se trata de uma promoção, no sentido de alterar o nível estatutário. Dependente do resultado do projecto (volume de vendas), poder-se-á reflectir numa distribuição mais favorável dos prémios anuais.
É preciso dar o contexto em que as palavras são usadas, pois o seu significado varia e podemos não estar a falar da mesma coisa.
Fevereiro 14, 2007 at 2:26 pm
Caro DA, um horário de Geometria Descritiva (área complicada para arranjar docentes) de 12 horas não vai a concurso nacional.
Desculpe-me lá, mas isso não será bem assim.
O horário provavelmente esteve a concurso para as colocações cíclicas e o facto de serem 12 horas (o que equivale a um salário de 50% do normal) não encoraja muita gente a concorrer.
Agora restam saber duas coisas.
a) Porque será que faltava esse docente nos quadros da Escola ou do respectivo QZP.
b) Como será que “subitamente” surgiu esse candidato em Janeiro. Sem desprimor para o colega, será que estava debaixo de uma pedra?
Já inquiriu se ele terá as habilitações necessárias para sequer entrar no concurso anterior?
Fevereiro 14, 2007 at 10:20 pm
Avaliar o currículo/trabalho de um engenheiro é bem capaz de ser diferente do que avaliar o trabalho de um professor. Fartei-me de discutir isso com alguém que hoje gere um Departamento da Universidade de Coimbra, que nunca me conseguiu convencer que fazer uma ponte se mede/avalia do mesmo modo do que “edificar” uma pessoa! A comparação é parva? Que seja… mas onde quero chegar é que o trabalho dos professores está carregado/minado de factores externos a si… e muito subjectivos, dificilmente mensuráveis!
O que podem “medir” é quantas vezes faltei por ser bom pai e por não ter mandado a minha filha doente para a creche! Passo a não merecer progredir, mesmo que nos outros 300 dias de trabalho tenha conseguido desempenhos notáveis?
Este sistema é injusto… para não dizer outra coisa! 🙂
Fevereiro 14, 2007 at 10:47 pm
Manyfaces as suas contas são engraçadas: acha então que são “25 anos no sistema”, e parece-lhe exactamente a mesma coisa ser DOCENTE ou ALUNO?…
Muito significativo, sem dúvida!… 😉
Não precisa de dizer mais nada: sinto-me completamente esclarecida… 🙂
Fevereiro 15, 2007 at 1:32 pm
Por acaso mesimoes estará a insinuar que não se aprende nada sobre o sistema como aluno? Se referi os 25 anos é porque acho que a visão que tenho do sistema foi marcada pela experiência como aluno e como docente. Ambas foram importantes. O curioso é a frequência com que é utilizada nestas discussões argumentação do tipo “você não pode opininar porque está fora do sistema”, como se o ensino devesse ser uma discussão restrita aos profissionais do ensino. Não gosto do esquema argumentativo por que é utilizado quase sempre para remeter o “leigo” opinador ao silêncio. E a verdade é que toda a gente tem algo a dizer sobre o assunto, porque em relação ao sistema todos são ou profissionais, ou usuários ou contribuintes…
Fevereiro 15, 2007 at 11:29 pm
Por ter tantas ideias, ser tão esclarecido e competente, não entendo porquê que o ManyFaces não continuou como professor. Faz tanta falta ao sistema!
Fevereiro 16, 2007 at 1:35 am
Manyfaces: não estou a INSINUAR nada.
AFIRMO peremptoriamente que não é a mesma coisa ser professor ou ser aluno. Os alunos sabem os efeitos que o sistema tem sobre eles, mas não CONHECEM realmente o sistema. Também pago IMPOSTOS, oh se pago, e isso não faz de mim um perito em fiscalidade. E compro medicamentos na Farmácia e isso não faz de mim um farmacêutico ou gestor de farmácia. E uso o mac mas isso não faz de mim uma conhecedora do que é gerir uma empresa do ramo ou uma engenheira informática. E como em restaurantes e isso não faz de mim uma gestora de hotelaria ou uma cozinheira profissional. E compro alfaces e couves e isso não faz de mim uma agricultora.
Pode apresentar sugestões, sim, ( enquanto houver liberdade de expressão, claro!!!) mas convinha ter a noção de que só conhece o sistema como UTENTE.
Se não consegue ver as DIFERENÇAS, então nada do que diz tem qualquer utilidade, para além de fornecer dados para estatísticas de opiniões com as nossas TVs gostam de promover.
Desculpe, mas é assim mesmo.
O facto de afirmar que a sua qualidade de engenheiro lhe dá pleno conhecimento do sistema educativo só pode ser uma brincadeira da sua parte! A não ser que seja ignorância pura e simples do que a palavra SABER realmente significa – hipótese perfeitamente aceitável que ainda não me tinha ocorrido!
Fevereiro 16, 2007 at 6:33 pm
Cara mesimoes,
Já disse por aqui que fui 6 anos docente. Parece que esta declaração é condição essencial para alguém lhe merecer credibilidade argumentativa… Já posso então continuar a opinar no Umbigo? Será que atingi o patamar mínimo de credibilidade?
Quanto ao anti-rousseau: se bem entendo a laracha, acha então que se eu fosse competente e esclarecido teria continuado como Professor… Por acaso a “visão anedotária” da profissão custuma apontar para o outro lado: dizem os mal dizentes que quem não sabe fazer ensina e quem não sabe ensinar ensina na Universidade. Eu pelo que vi na Universidade até concordo com a segunda parte.
Fevereiro 16, 2007 at 9:28 pm
Apenas um esclarecimento:
Já que V. Ex se acha o máximo de conhecimento e competencia (e os outros são todos burros), deveria ter continuado como professor Universitário, ou melhor ainda, deverá candidatar-se a professor do ensino básico e secundário.
Mas uma coisa é certa, a sua visão do ensino (básico e secundário) é bastante redutora.
Infelizmente, por muito que queiramos, não podemos saber tudo, principalmente quando não temos essas experiências!
O grande mal é que este sistema de ensino tem sido dominado, no topo, por pessoas exactamente iguais.
Fevereiro 17, 2007 at 1:25 am
ANTI-ROUSSEAU, dá cá mais vinte 🙂
ANTI-ROUSSEAU” Diz:
Fevereiro 13th, 2007 at 5:34 pm
“Continuo a não perceber o que tem de bom este sistema (…)”
[Não li o resto posso ter perdido grandes intervenções … Coisas de feeling]
Fevereiro 17, 2007 at 1:33 am
Fora isso e dado o avançado da hora acho que me apetece dizer uma asneira. Não digo, mas penso.
Fevereiro 18, 2007 at 6:08 pm
Para o PG, expliquei-me mal, o tal horário de 12 horas foi às cíclicas(que são nacionais) 2 vezes, mas os professores colocados não apareceram. O que queria dizer era que neste caso, se o horário fosse logo para oferta de escola a substituição teria sido mais rápida, e rebater a afirmação da autora da carta ao director quando diz que em 5 dias úteis uma substituição estava feita.
Fevereiro 18, 2007 at 7:23 pm
Pois, eu percebi que a sua descrição era claramente lacunar em algo. De qualquer modo, não confunda o concurso nacional com as cíclicas. São coisas bem diferentes, com origens não comuns e lógicas nem sempre concordantes.
Diz-me que com oferta de escola seria mais rápido, mas não percebo porquê. Um concurso público que receba dezenas de candidaturas para analisar é mais rápido do que uma sucessão de trocas de mails ou telefonemas?
Não será que a área em questão, a Geometria Descritiva, não explicará a escassez de interessados em 12 horas?
E acerca da pessoa que entrou, que “perfil” e currículo terá?